Multidão saúda o Papa nas ruas de Kinshasa
(AFP or licensors)
O abraço de Francisco a um povo provado
pelos conflitos e pela pobreza, que do Sucessor de Pedro recebe o
estímulo para se libertar de todas as formas de exploração.
ANDREA TORNIELLI
Um país "imenso e cheio de vida", o segundo pulmão do planeta depois
da Amazónia graças à extensão da sua floresta tropical, que é saqueada
avidamente. Um país com imensos recursos naturais, “atingido pela
violência como se fosse um murro no estômago”, que “parece há muito sem
fôlego”. Depois de ser saudado por milhares de pessoas de todas as
idades que se aglomeravam na estrada do aeroporto de N'djili ao centro
da megalópole de Kinshasa, o Papa Francisco enviou a sua primeira mensagem
à República Democrática do Congo e a toda a África.
No jardim do Palais de la Nation, sentado ao lado do presidente Felix
Tshisekedi Tshilombo, o Sucessor de Pedro pronunciou palavras de apoio
aos congoleses que resistem às tentativas de fragmentar o país
atravessado pela violência e recordou mais uma vez o objeto de
exploração do Congo e de forma geral de todo o continente africano.
“Depois do político – disse Francisco – desencadeou-se um
colonialismo económico igualmente escravizador”. É um colonialismo mais
subtil e menos vistoso, que esvazia os povos africanos da liberdade e da
autodeterminação. Assim, acrescentou o Papa, no Congo “chegou-se ao
paradoxo de os frutos da sua terra o tornarem «estrangeiro» para os
próprios habitantes. O veneno da ganância tornou os seus diamantes ensanguentados. É um drama face ao qual, muitas vezes, o mundo economicamente mais desenvolvido fecha os olhos, os ouvidos e a boca.
Francisco quis vir até aqui para abraçar este povo provado pelos
conflitos e pela pobreza, para fazer com que abramos os olhos, os
ouvidos e a boca, lembrando-nos dos conflitos esquecidos que compõem os
pedaços cada vez maiores da Terceira Guerra Mundial e das consequências
de um sistema económico-financeiro que "mata" porque não tem no centro o
homem, mas o deus dinheiro.
"Mas este país e este continente - disse o Papa no seu primeiro
discurso em Kinshasa - merecem ser respeitados e ouvidos, merecem espaço
e atenção: tirem as mãos da República Democrática do Congo, tirem as
mãos da África! Basta com este sufocar a África: não é uma mina para
explorar, nem uma terra para saquear."
Ao falar sobre a primeira das
Bem-aventuranças “os pobres em espírito”, Francisco recordou que “eles
conservam o que recebem; por isso, desejam que nenhum dom seja
desperdiçado”, apontando três desafios contra a mentalidade do
desperdício
Jane Nogara - Vatican News
Neste IV Domingo do Tempo Comum, (29/01) o Papa Francisco na oração
do Angelus falou sobre as Bem-aventuranças segundo o Evangelho de
Mateus. "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino
dos Céus" (v. 3). Francisco quis esclarecer “quem são os pobres em
espírito” explicando que são aqueles que sabem que não são suficientes
por si mesmos, que não são auto-suficientes e vivem como "mendigos de
Deus": “sentem necessidade de Deus e reconhecem que o bem vem d’Ele,
como um dom, como uma graça”. E depois de observar que os pobres em
espírito conservam o que recebem; afirma "por isso, desejam que nenhum dom seja desperdiçado. Disse que hoje deter-se-ia neste aspeto típico dos pobres em espírito: não desperdiçar.
Contra a mentalidade do desperdício
E para isso o Papa propôs três desafios contra a mentalidade do desperdício. Primeiro desafio: não desperdiçar o dom que somos.
“Cada um de nós é um bem, independentemente dos dotes que temos”,
afirmou. “Cada mulher, cada homem é rico não apenas de talentos, mas de
dignidade, é amado por Deus, é valioso, é precioso”.
“Jesus lembra-nos que somos bem-aventurados não pelo que temos,
mas pelo que somos. A verdadeira pobreza, portanto, é quando uma pessoa
se abandona e se deteriora, desperdiçando-se a si mesma. Lutemos, com a
ajuda de Deus, contra a tentação de nos considerarmos inadequados,
errados, e de sentir pena de nós mesmos”
Não desperdiçar os dons que temos
Depois, o segundo desafio: não desperdiçar os dons que temos.
Aqui o Papa refere-se ao desperdício que nos é dado pela criação, os
alimentos que são desperdiçados enquanto tanta gente morre de fome:
“Os recursos da criação não podem ser usados desta maneira; os
bens devem ser conservados e partilhados, para que não falte a
ninguém o que é necessário. Não desperdicemos o que temos, mas
difundamos uma ecologia da justiça e da caridade!”
Não descartar as pessoas
Enquanto que o terceiro desafio: não descartar as pessoas, Francisco fala sobre a cultura do descarte explicando que se joga fora egoisticamente quando alguém não nos interessa mais.
“Mas as pessoas não podem ser jogadas fora, nunca! Cada um é um
dom sagrado e único, em todas as idades e em todas as condições.
Respeitemos e promovamos sempre a vida!”
Concluindo. o Santo Padre propôs nos questionemos sobre estes três
desafios, “Antes de tudo, como vivo a pobreza de espírito? Será que dou
lugar a Deus, será que acredito que Ele seja o meu bem, a minha verdadeira
e grande riqueza?”. E depois: “tenho o cuidado de não desperdiçar, sou
responsável pelo uso das coisas, dos bens? E eu estou disposto a partilhá-los com outros?” Por fim o Papa recordou que devemos perguntar a nós mesmos: “considero os mais frágeis como dons preciosos, que Deus me
pede para cuidar? Será que me recordo dos pobres, daqueles que não têm o
necessário?”.
Após a oração do
Angelus, o Papa recordou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos,
de 18 a 25 de janeiro, sobre o tema: “Aprendam a fazer o bem, procurem a
justiça” e ligou o caminho ecuménico ao “da conversão sinodal da
Igreja”. Novo apelo para não esquecer "o martirizado povo ucraniano que
sofre tanto" com sentimentos, ajuda e oração.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
Após a oração mariana do Angelus, deste domingo (15/01), o Santo
Padre anunciou que de 18 a 25 de janeiro, se realizará a Semana de
Oração pela Unidade dos Cristãos no Hemisfério Norte. No Hemisfério Sul,
as Igrejas geralmente celebram a Semana de Oração pela Unidade dos
Cristãos no período de Pentecostes.
O tema deste ano é extraído do profeta Isaías: "Aprendei a fazer o
bem, procurai a justiça". Agradeçamos ao Senhor que com fidelidade e
paciência conduz o seu povo à plena comunhão, e peçamos ao Espírito
Santo que nos ilumine e sustente com os seus dons.
A seguir, o Papa disse que "o caminho para a unidade cristã e o caminho da conversão sinodal da Igreja estão ligados".
Portanto, aproveito esta ocasião para anunciar que se realizará,
no sábado, 30 de setembro próximo, na Praça de São Pedro, uma Vigília
Ecuménica de Oração, com a qual confiaremos a Deus os trabalhos da 16ª
Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Para os jovens que
virão à Vigília haverá um programa especial durante todo aquele fim de
semana, organizado pela Comunidade de Taizé. A partir de agora, convido
os irmãos e irmãs de todas as confissões cristãs a participar neste
encontro do Povo de Deus.
A seguir, o Papa convidou os fiéis a não se esquecerem do
"martirizado povo ucraniano, que tanto sofre! Fiquemos perto dele com os nossos sentimentos, com a nossa ajuda e coma nossa oração".
Francisco saudou também fiéis espanhóis provenientes de Múrcia e os
de Sciacca, na Sicília. "Que a sua visita ao túmulo de Pedro fortaleça a sua
fé e seu testemunho", concluiu o Papa, pedindo a todos para não se
esquecerem de rezar por ele.
No Angelus deste
domingo, Francisco refletiu sobre o testemunho de João Batista a
propósito de Jesus, depois de tê-lo batizado no rio Jordão. Segundo o
Papa, a declaração de João Batista revela o seu "espírito de serviço.
Ele tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias e o fizera
sem se poupar. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se,
retira-se de cena para dar lugar a Jesus".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo
(15/01), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.
Neste encontro dominical, o Pontífice refletiu sobre o testemunho de
João Batista a propósito de Jesus, depois de tê-lo batizado no rio
Jordão. De facto, João Batista diz: "É este de quem eu disse: Depois de
mim virá um homem, que me é superior, porque existe antes de mim." "Este
é o testemunho", frisou o Papa.
Dar lugar a Jesus
Esta declaração, este testemunho, revela o espírito de serviço de
João. Ele tinha sido enviado para preparar o caminho para o Messias e o
fizera sem se poupar. Humanamente, alguém poderia pensar que ele
receberia um "prêmio", um lugar de destaque na vida pública de Jesus,
mas não. João, tendo cumprido a sua missão, sabe afastar-se, retira-se
de cena para dar lugar a Jesus.
João viu o Espírito descer sobre Jesus, "o indicou como o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo, e agora, por sua vez, ele escuta-o
humildemente. De profet torna.se discípulo. Ele pregou ao povo, reuniu
discípulos e formou-os por muito tempo. No entanto, não prende ninguém a
si". "Isto é difícil, mas é o sinal do verdadeiro educador: não prender
as pessoas a si", ressaltou o Papa, destacando que João "coloca os seus
discípulos nas pegadas de Jesus. Não está interessado em ter seguidores
para si, em obter prestígio e sucesso, mas dá testemunho e depois dá um
passo atrás, para que muitos tenham a alegria de encontrar Jesus.
Podemos dizer que ele abre a porta e vai-se embora".
Libertação dos apegos
Com o seu espírito de serviço, e este é um verdadeiro espírito de
serviço, com a sua capacidade de abrir espaço a Jesus, João Batista ensina-nos uma coisa importante: a libertação dos apegos. Ensina-nos a
libertar-nos dos apegos. Sim, porque é fácil apegarmo-nos a papéis e cargos, à
necessidade de ser estimado, reconhecido e premiado. Isto, embora
natural, não é uma coisa boa, porque o serviço envolve a gratuitidade, o
verdadeiro serviço envolve a gratuitidade, o cuidar dos outros sem
vantagens para nós, sem segundas intenções, sem esperar na troca em
troca. Far-nos-á bem cultivar, como João, a virtude de nos afastarmos no
momento oportuno, testemunhando que o ponto de referência da vida é
Jesus. Afastarmo-nos, aprender a dizer adeus. Cumpri esta missão, fiz esta
reunião, coloco-me de lado e abro espaço para o Senhor. Aprender a
colocar-me de lado, não pegar em algo para ter um retorno para nós.
A seguir, Francisco convidou a pensar "em como isto é importante para
um sacerdote, que é chamado a pregar e celebrar não por protagonismo ou
interesse, mas para acompanhar os outros a Jesus. Pensemos em como é
importante para os pais, que ajudam a crescer os filhos com tantos sacrifícios,
mas depois têm que deixá-los livres para seguirem o seu caminho no trabalho,
no matrimónio, na vida. É bonito e justo que os pais continuem
garantindo a sua presença, dizendo aos filhos: “Não os deixaremos
sozinhos”, mas com discrição, sem intromissão. A liberdade de crescer".
Crescer no espírito de serviço
O mesmo vale para outros âmbitos, como a amizade, a vida conjugal,
a vida comunitária. Libertarmo-nos dos apegos do próprio ego e saber afastar-me, custa, mas é muito importante: é o passo decisivo para crescer
no espírito de serviço. Crescer no espírito de serviço fazendo as coisas
e colocando-me de lado, sem procurcr recompensa.
O Papa convidou-nos a fazer as seguintes perguntas: "Somos capazes de
abrir espaço para os outros? De escutá-los, de deixá-los livres, de não
prendê-los a nós exigindo reconhecimento? Até de deixá-los falar.
Deixá-los falar, abrir espaço para os outros.
alegrar-nos pelo facto de as pessoas seguirem o seu caminho e o seu chamamento,
mesmo que isso implique um pouco de distanciamento de nós?
Regozijamo-nos com as suas realizações, com sinceridade e sem inveja?
Alegramo-nos quando os outros vão adiante, com sinceridade, sem inveja?
Isto é deixar os outros crescer".
"Que Maria, a serva do Senhor, nos ajude a libertar-nos dos apegos, e
a abrir espaço ao Senhor e aos outros", concluiu Francisco.
Contudo, disse
Francisco, "pode acontecer que o ardor apostólico, o desejo de alcançar
os outros com o bom anúncio do Evangelho, diminua. Quando a vida cristã
perde de vista o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em si mesma,
torna-se auto referencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a fé
esmorece".
Vatican News
O Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses na Audiência
Geral, desta quarta-feira (11/01), dedicado a um tema urgente e decisivo
para a vida cristã: a paixão pela evangelização, ou seja, o zelo
apostólico
Segundo o Pontífice, "trata-se de uma dimensão vital para a Igreja:
com efeito, a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica,
missionária, não proselitista e isto desde o início tivemos que
distinguir". "Ser missionário, ser apostólico, evangelizar não é o mesmo
que fazer proselitismo, não tem nada a ver uma coisa com a outra. É uma
dimensão vital para a Igreja", sublinhou Francisco.
Sem zelo apostólico, a fé esmorece
O Espírito Santo plasma a Igreja em saída "a fim de que não permaneça
fechada em si mesma, mas seja extrovertida, testemunha contagiosa de
Jesus, destinada a irradiar a sua luz até aos extremos confins da
terra".
Contudo, pode acontecer que o ardor apostólico, o desejo de
alcançar os outros com o bom anúncio do Evangelho, diminua. Quando a
vida cristã perde de vista o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em
si mesma, torna-se autorreferencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a
fé esmorece. Ao contrário, a missão é o oxigênio da vida cristã: tonifica-a e purifica-a.
A seguir, Francisco iniciou o caminho de redescoberta da paixão
evangelizadora, começando das Escrituras e do ensinamento da Igreja,
para haurir das fontes o zelo apostólico.
No episódio evangélico do chamado do apóstolo Mateus, tudo começa com
Jesus, que “vê” - diz o texto - «um homem». Poucos viam Mateus como
era: conheciam-no como aquele que estava «sentado no banco dos
impostos». Era cobrador de impostos: ou seja, alguém que cobrava os
tributos em nome do império romano, que ocupava a Palestina. Em síntese,
era um colaboracionista, um traidor do povo. Podemos imaginar o
desprezo que o povo sentia por ele: era um “publicano”.
Jesus vai à pessoa, ao coração
"Mas, aos olhos de Jesus", frisou o Papa, "Mateus é um homem, com as
suas misérias e a sua grandeza. Jesus não se limita aos adjetivos, Jesus procura sempre o substantivo. 'Este é um pecador, este é um tal...' são
adjetivos":
Jesus vai à pessoa, ao coração, esta é uma pessoa, este é um
homem, esta é uma mulher, Jesus vai à substância, ao substantivo, nunca
ao adjetivo, deixa passar os adjetivos". E enquanto entre Mateus e o seu
povo há distância, Jesus aproxima-se dele, porque cada homem é amado
por Deus. Este olhar de Jesus que é belíssimo, que vê o outro, quem quer
que seja, como destinatário de amor, é o início da paixão
evangelizadora. Tudo começa a partir deste olhar, que aprendemos com
Jesus
Movimento e meta
Portanto, tudo começa pelo olhar de Jesus. A isto segue-se a - segunda passagem - um movimento.
Mateus estava sentado no banco dos impostos; Jesus disse-lhe:
«Segue-me!». E ele «levantou-se e segui-o». O texto diz: “levantou-se”.
“Por que é tão importante este detalhe? Porque naquela época quem
estava sentado tinha autoridade sobre os outros“, respondeu o Papa. “Em
síntese, quem estava sentado tinha poder. A primeira coisa que Jesus faz
é separar Mateus do poder: do estar sentado para receber os outros,
coloca-o em movimento rumo aos outros; fá-lo deixar uma posição de
supremacia para o colocar ao mesmo nível dos irmãos e para abrir-lhe os
horizontes do serviço. É isto que Cristo faz, e isto é fundamental para
os cristãos", sublinhou Francisco.
Um olhar, um movimento e, no final, uma meta. Jesus vai até à casa de Mateus e ali, Mateus prepara-lhe «um grande banquete», no qual
«participa uma grande multidão de publicanos». "Mateus regressa ao seu
ambiente, mas volta mudado e com Jesus".
A Igreja cresce por atração
Segundo o Papa, "o seu zelo apostólico não começa num lugar novo,
puro e ideal, mas lá onde vive, com as pessoas que conhece. Eis a
mensagem para nós: não devemos esperar ser perfeitos e ter percorrido um
longo caminho atrás de Jesus para dar testemunho d'Ele; o nosso anúncio
começa hoje, lá onde vivemos. E não começa por procurar convencer os
outros, mas testemunhando todos os dias a beleza do Amor que olhou para
nós e fez-nos levantar".
Francisco recordou uma expressão de Bento XVI que dizia a propósito:
"A Igreja não faz proselitismo. Ao contrário, ela desenvolve-se por
atração". E contou que num hospital da Argentina chegou um grupo de
religiosas coreanas que não sabia uma palavra de espanhol, mas logo os
doentes sentiram-se amados porque com os seus gestos e olhares tinham
comunicado Jesus. "Esta é a atração, contrária ao proselitismo",
concluiu o Papa, afirmando que "este testemunho atraente e jubiloso é a
meta para a qual Jesus conduz-nos com o seu olhar de amor e com o
movimento em saída que o seu Espírito suscita no nosso coração".
“Fomos criados
para a plenitude que só se alcança no amor. Viver indiferentes à dor não
é uma opção possível”. Com o tema da compaixão como exercício sinodal
de cura, Francisco apresentou a mensagem para o Dia Mundial dos Doentes
2023
Jane Nogara - Vatican News
“Trata bem dele!” A compaixão como exercício sinodal de cura.
Assim o Papa intitulou a sua Mensagem para o XXXI Dia Mundial do Doente
que será celebrado em 11 de fevereiro de 2023 recordando a parábola do
Bom Samaritano. A doença faz parte da nossa experiência humana, escreveu
Francisco logo no início da sua Mensagem, mas “pode tornar-se desumana,
se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo
desvelo e a compaixão”.
Caminhar juntos
E observa a importância da nossa caminhada ao afirmar que nestes
momentos pode-se ver como estamos a caminhar: “se é verdadeiramente um
caminhar juntos, ou se se vai na mesma estrada mas cada um por conta
própria, cuidando dos próprios interesses e deixando que os outros ‘se
arranjem’. Por isso”, continua, “neste XXXI Dia Mundial do Doente e em
pleno percurso sinodal, convido-vos a refletir sobre o facto de podermos
aprender, precisamente através da experiência da fragilidade e da
doença, a caminhar juntos segundo o estilo de Deus, que é proximidade,
compaixão e ternura”.
A fragilidade faz parte do nosso caminho
“Naturalmente as experiências do extravio, da doença e da fragilidade
fazem parte do nosso caminho: não nos excluem do povo de Deus”,
acrescentou na Mensagem, “pelo contrário, colocam-nos no centro da
solicitude do Senhor, que é Pai e não quer perder pela estrada nem
sequer um dos seus filhos". Enfatizando que se “trata de aprender com
Ele a ser verdadeiramente uma comunidade que caminha em conjunto, capaz
de não se deixar contagiar pela cultura do descarte”.
O Bom Samaritano
Ao falar sobre a parábola do Bom Samaritano exemplificou o estilo de
Deus: “Com efeito, há uma profunda conexão entre esta parábola de Jesus e
as múltiplas formas em que é negada hoje a fraternidade. Não é fácil
distinguir os atentados à vida e à sua dignidade que provêm de causas
naturais e, ao invés, aqueles que são provocados por injustiças e
violências. Na realidade, o nível das desigualdades e a prevalência dos
interesses de poucos já incidem de tal modo sobre cada ambiente humano
que é difícil considerar ‘natural’ qualquer experiência. Cada doença
realiza-se numa ‘cultura’ por entre as suas contradições”.
Reconhecer a solidão e abandono
Voltando ao ponto focal da mensagem acrescenta “O que importa aqui é
reconhecer a condição de solidão, de abandono. Trata-se duma atrocidade
que pode ser superada antes de qualquer outra injustiça, porque para a
eliminar – como conta a parábola – basta um momento de atenção, o
movimento interior da compaixão”.
A nossa vulnerabilidade
“Nunca estamos preparados para a doença”, recorda o Papa, “e muitas
vezes nem sequer para admitir a idade avançada. Tememos a
vulnerabilidade, e a invasiva cultura do mercado impele-nos a negá-la.
Não há espaço para a fragilidade. E assim o mal, quando irrompe e nos
ataca, deixa-nos por terra atordoados”. E assinala as consequências
“então pode acontecer que os outros nos abandonem, ou nos pareça que
devemos abandoná-los a fim de não nos sentirem um peso para eles. Começa
assim a solidão, e envenena-nos a sensação amarga duma injustiça,
devido à qual até o Céu parece fechar-se para nós”.
Igreja: prestação de cuidados
“Por isso mesmo é tão importante, relativamente também à doença, que
toda a Igreja se confronte com o exemplo evangélico do bom samaritano,
para se tornar um válido ‘hospital de campanha’: com efeito a sua
missão, especialmente nas circunstâncias históricas que atravessamos,
exprime-se na prestação de cuidados”.
Objetivos do Dia Mundial do Doente
Por fim o Papa escreve: “o Dia Mundial do Doente não convida apenas à
oração e à proximidade com os que sofrem, mas visa ao mesmo tempo
sensibilizar o povo de Deus, as instituições de saúde e a sociedade
civil para uma nova forma de avançar juntos”. E afirma ainda: “A Palavra
de Deus – não só na denúncia, mas também na proposta – é sempre
iluminadora e de hoje. Na realidade, a conclusão da parábola do Bom
Samaritano sugere-nos como a prática da fraternidade, que começou por um
encontro de indivíduo com indivíduo, se pode alargar para um tratamento
organizado”.
“Trata bem dele!”
Concluindo Francisco reitera a recomendação do samaritano ao
estalajadeiro: “Trata bem dele!”. Porém, continua, Jesus repete-a
igualmente a cada um de nós na exortação conclusiva: ‘Vai e faz tu
também o mesmo’. Como evidenciei na encíclica Fratelli tutti, ‘a
parábola mostra-nos as iniciativas com que se pode refazer uma
comunidade a partir de homens e mulheres que assumem como própria a
fragilidade dos outros, não deixam constituir-se uma sociedade de
exclusão, mas fazem-se próximos, levantam e reabilitam o caído, para que
o bem seja comum’. Efetivamente ‘fomos criados para a plenitude que só
se alcança no amor. Viver indiferentes à dor não é uma opção possível’”.
Pais e amigos participam em Kiev do funeral do soldado morto em combate, Oleksandr
(ANSA)
Não existem
números oficiais de soldados mortos, quer do lado da Ucrânia, quer da
Rússia, mas são milhares. No Angelus, o pensamento especial do Papa sobre
mães que perderam os seus filhos na guerra.
Vatican News
E não nos esqueçamos dos nossos irmãos e irmãs ucranianos! Eles sofrem
tanto com a guerra! Este Natal de guerra, sem luz, sem calor, eles
sofrem muito! Por favor, não nos esqueçamos deles.
Como faz desde 24 de fevereiro de 2022, início da guerra, também no Angelus
deste domingo, festa do Batismo de Jesus, o Papa Francisco dirigiu o seu
olhar para a Ucrânia, recordando de forma especial, as mães, tanto ucranianas como russas, que perderam os seus filhos na guerra:
E hoje, vendo Nossa Senhora com o menino no Presépio, que
amamenta-o, penso nas mães das vítimas da guerra, dos soldados que
morreram nesta guerra na Ucrânia. As mães ucranianas e as mães russas que
perderam os seus filhos. Este é o preço da guerra. Rezemos
O Papa Francisco na janela do apartamento pontifício durante a sua alocução antes de
rezar o Angelus
"Sou uma pessoa
que divide ou que partilha?", perguntou Francisco no Angelus,
convidando-nos a fazer como Jesus, que revelou a sua missão às margens do
Jordão: partilhar, carregar os fardos uns dos outros, olharmo-nos com
compaixão, ajudar-nos uns aos outros.
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"Não dividindo, mas partilhando". Nas margens do Jordão, Jesus
mostra-nos que "a verdadeira justiça de Deus é a misericórdia que salva,
o amor que partilha a nossa condição humana, faz-se próximo, compadece-se da nossa dor, entrando nas nossas obscuridades para levar a
luz". Assim também nós, como discípulos de Jesus, "somos chamados a
exercer deste modo a justiça, nas relações com os outros, na Igreja, na
sociedade".
Após presidir a celebração da Santa Missa na Capela Sistina com o
Batismo de 13 crianças, foi a vez de o Papa Francisco encontrar-se com
os 30 mil fiéis e turistas de várias partes do mundo reunidos na Praça
de S. Pedro para o Angelus, na festa do Batismo do Senhor.
Inspirado no Evangelho de Mateus (Mt 3,13-14) que narra o ambiente
que envolve o Batismo de Jesus por João no rio Jordão, o Santo Padre
começa por explicar que "era um rito com o qual as pessoas se arrependiam e
se comprometiam a onverterem-se". Neste sentido, "um hino litúrgico diz
que o povo ia ser batizado "de alma e pés descalços", uma alma aberta,
sem cobrir nada, com humildade e coração transparente."
A justiça trazida por Jesus
Diante da surpresa da multidão ao ver "o Santo de Deus, o Filho de
Deus sem pecado", ao lado dos pecadores e da sua escolha de receber o
Batismo, Jesus dirige-se a João e disse: «Deixa por agora, pois convém que cumpramos a justiça completa».
Mas, pergunta o Papa, o que significa "cumprir toda a justiça"?
Fazendo-se batizar, Jesus revela-nos a justiça de Deus, aquela
justiça que Ele veio trazer ao mundo. Nós temos tantas vezes uma ideia
estreita de justiça e pensamos que ela significa: quem erra que pague e
assim apaga o mal que cometeu. Mas a justiça de Deus, como ensina a
Escritura, é muito maior: 0 seu propósito não é a condenação do culpado,
mas a sua salvação e o seu renascimento, o torná-lo justo, de injusto a
justo. É uma justiça que vem do amor, que vem daquelas entranhas de
compaixão e de misericórdia que são o próprio coração de Deus, Pai que
se comove quando somos oprimidos pelo mal e caímos sob o peso dos
pecados e das fragilidades.
Deus é misericórdia, com a mão sempre estendida para nos reerguer
A justiça de Deus, portanto - frisou Francisco - "não quer distribuir
penas e castigos", mas, como afirma o Apóstolo Paulo, "consiste em
justificar a nós, os seus filhos, libertando-nos das ciladas do mal,
curando-nos, reerguendo-nos (...). O Senhor está com a mão estendida
para ajudar a reerguermo-nos":
E então compreendemos que, nas margens do Jordão, Jesus revela-nos o
sentido da sua missão: Ele veio cumprir a justiça divina, que é salvar
os pecadores; veio para tomar sobre os ombros o pecado do mundo e descer
nas águas do abismo, naquelas águas da morte, de modo a recuperar-nos e
não nos deixar afogar. Ele mostra-nos hoje que a verdadeira justiça de
Deus é a misericórdia que salva. Nós temos medo de pensar que Deus é
misericórdia, e Deus é misericórdia, porque a sua justiça é precisamente
a misericórdia que salva, a sua justiça é o amor que partilha a nossa
condição humana. A sua justiça faz-se próxima, compadece-se da nossa
dor, entrando nas nossas obscuridades para levar a luz.
A justiça de Deus é misericordiosa
Francisco recorda então a homilia de Bento XVI em 13 de janeiro de
2008, quando afirmou que “Deus quis salvar-nos indo ele mesmo até ao
fundo do abismo da morte, para que cada homem, mesmo quem caiu tão em
baixo que já não vê o céu, possa encontrar a mão de Deus à qual se
agarrar e subir das trevas para ver de novo a luz para a qual ele é
feito."
"Nós - disse o Papa - temos medo de pensar numa justiça assim
misericordiosa. Sigamos em frente. Deus é misericórdia. A sua justiça é
misericordiosa. Deixemo-nos tomar pela mão, por Ele".
Sou uma pessoa que divide ou partilha?
"Também nós - completou - discípulos de Jesus, somos chamados a
exercer deste modo a justiça, nas relações com os outros, na Igreja, na
sociedade":
Não com a dureza de quem julga e condena dividindo as pessoas em
boas e más, mas com a misericórdia de quem acolhe compartilhando as
feridas e as fragilidades das irmãs e dos irmãos, para reerguê-los.
Gostaria de dizer isto assim: não dividindo, mas compartilhando. Não
dividir, mas compartilhar. Façamos como Jesus: compartilhemos,
carreguemos os fardos uns dos outros em vez de fofocar e destruir,
olhemo-nos com compaixão, ajudemo-nos uns aos outros."
"Perguntemo-nos - propôs Francisco: sou uma pessoa que divide ou que partilha?":
Pensemos um pouco: sou discípulo do amor de Jesus ou discípulo da
fofoca, que divide e divide? Mas a fofoca é uma arma letal: mata, mata o
amor, mata a sociedade, mata a fraternidade. Perguntemo-nos: sou uma
pessoa que divide ou uma pessoa que partilha?
"E agora rezemos a Nossa Senhora, que deu à luz Jesus, imergindo-o na
nossa fragilidade para que tivéssemos vida novamente", foi o convite de
Francisco ao concluir sua reflexão.
"Todos somos
chamados por Jesus, todos podemos discernir a sua presença, todos
podemos experimentar as suas surpresas". São palavras do Papa Francisco
no Angelus desta sexta-feira, dia 6 de janeiro, Dia dos Reis Magos
Jane Nogara - Vatican News
No Angelus da Solenidade da Epifania, (06/12) o Papa Francisco
fala-nos dos Reis Magos que chegando a Belém, oferecem a Jesus ouro,
incenso e mirra. Porém continua o Papa, poderíamos dizer que eles, antes
de tudo, recebem três dons: três dons preciosos que dizem respeito também a nós.
Chamamento
O primeiro é “o dom do chamamento”. “Os Magos”, continua,
“deixaram-se maravilhar e disturbar pela novidade da estrela e partiram
rumo ao que não conheciam”. Recordando que sendo cultos e sábios,
fascinaram-se mais pelo que não sabiam do que pelo que sabiam. “Eles
sentiram-se chamados a ir além”. E Francisco esclarece-nos: “somos
chamados a não nos contentarmos, a procurar o Senhor saindo da nossa zona
de conforto, caminhando em direção a Ele com os outros, mergulhando-nos
na realidade”.
Discernimento
O segundo dom que os Magos nos falam, continua o Papa, é o do discernimento.
E explica que foram ao encontro do rei Herodes, e percebendo que este
queria usá-los, não se deixaram enganar. “Sabem fazer a distinção entre a
meta do percurso e as tentações que encontram pelo caminho”, reiterando
em seguida: “Como é importante saber distinguir a meta da vida das
tentações do caminho!".
“O discernimento é um grande dom, e nunca devemos sentirmo-nos cansados de pedi-lo na oração. Peçamos esta graça!”
Surpresa
Por fim, os Magos falam-nos de um terceiro dom: a surpresa.
“Depois de uma longa viagem, o que esses homens de alto nível social
encontram? Uma criança com a sua mãe, certamente uma cena terna, mas não
surpreendente!”. E sugere que talvez esperassem um Messias poderoso e
prodigioso, e encontram uma criança. “No entanto”, continua, “não pensam
terem-se enganado, sabem reconhecê-lo. Acolhem a surpresa de Deus e vivem
com encanto o encontro com Ele, adorando-o: na pequenez reconhecem o
rosto de Deus”.
O dom de saber encontrar a grandeza na pequenez
Por fim Francisco afirma “Humanamente todos somos inclinados a procurar
a grandeza, mas é um dom saber encontrá-la verdadeiramente: saber
encontrar a grandeza na pequenez que Deus tanto ama. Porque o Senhor encontra-se assim: na humildade, no silêncio, na adoração, nos pequenos e
nos pobres”.
“Todos somos chamados por Jesus, todos podemos discernir a sua presença, todos podemos experimentar as suas surpresas.”
Hoje seria belo recordar estes dons, que já recebemos: recordar
quando percebemos na vida um chamamento de Deus; ou quando, talvez depois
de tanto esforço, conseguimos discernir a sua voz; ou ainda, a uma
surpresa inesquecível que Ele nos fez, deixando-nos maravilhados.
"Todos somos
chamados por Jesus, todos podemos discernir a sua presença, todos
podemos experimentar as suas surpresas". São palavras do Papa Francisco
no Angelus desta sexta-feira, dia 6 de janeiro, Dia dos Reis Magos
Jane Nogara - Vatican News
No Angelus da Solenidade da Epifania, (06/12) o Papa Francisco
fala-nos dos Reis Magos que chegando a Belém, oferecem a Jesus ouro,
incenso e mirra. Porém continua o Papa, poderíamos dizer que eles, antes
de tudo, recebem três dons: três dons preciosos que dizem respeito também a nós.
Chamamento
O primeiro é “o dom do chamamento”. “Os Magos”, continua,
“deixaram-se maravilhar e disturbar pela novidade da estrela e partiram
rumo ao que não conheciam”. Recordando que sendo cultos e sábios,
fascinaram-se mais pelo que não sabiam do que pelo que sabiam. “Eles
sentiram-se chamados a ir além”. E Francisco esclarece-nos: “somos
chamados a não nos contentarmos, a procurar o Senhor saindo da nossa zona
de conforto, caminhando em direção a Ele com os outros, mergulhando-nos
na realidade”.
Discernimento
O segundo dom que os Magos nos falam, continua o Papa, é o do discernimento.
E explica que foram ao encontro do rei Herodes, e percebendo que este
queria usá-los, não se deixaram enganar. “Sabem fazer a distinção entre a
meta do percurso e as tentações que encontram pelo caminho”, reiterando
em seguida: “Como é importante saber distinguir a meta da vida das
tentações do caminho!".
“O discernimento é um grande dom, e nunca devemos sentirmo-nos cansados de pedi-lo na oração. Peçamos esta graça!”
Surpresa
Por fim, os Magos falam-nos de um terceiro dom: a surpresa.
“Depois de uma longa viagem, o que esses homens de alto nível social
encontram? Uma criança com a sua mãe, certamente uma cena terna, mas não
surpreendente!”. E sugere que talvez esperassem um Messias poderoso e
prodigioso, e encontram uma criança. “No entanto”, continua, “não pensam
terem-se enganado, sabem reconhecê-lo. Acolhem a surpresa de Deus e vivem
com encanto o encontro com Ele, adorando-o: na pequenez reconhecem o
rosto de Deus”.
O dom de saber encontrar a grandeza na pequenez
Por fim Francisco afirma “Humanamente todos somos inclinados a procurar
a grandeza, mas é um dom saber encontrá-la verdadeiramente: saber
encontrar a grandeza na pequenez que Deus tanto ama. Porque o Senhor encontra-se assim: na humildade, no silêncio, na adoração, nos pequenos e
nos pobres”.
“Todos somos chamados por Jesus, todos podemos discernir a sua presença, todos podemos experimentar as suas surpresas.”
Hoje seria belo recordar estes dons, que já recebemos: recordar
quando percebemos na vida um chamamento de Deus; ou quando, talvez depois
de tanto esforço, conseguimos discernir a sua voz; ou ainda, a uma
surpresa inesquecível que Ele nos fez, deixando-nos maravilhados.
Missa na Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus
Na homilia da
Missa celebrada na Basílica de São Pedro na Solenidade de Maria
Santíssima Mãe de Deus, Francisco confiou Bento XVI aos divinos cuidados
maternos, assim como todas as pessoas que sofrem. "No início deste ano,
precisamos de esperança!"
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Santa Mãe de Deus! Esta aclamação ressoou várias vezes na homilia do
Papa Francisco na missa celebrada na Basílica de São Pedro neste
primeiro dia do ano de 2023, Solenidade de Maria Santíssima.
Além de um dado essencial da fé, esta aclamação é sobretudo uma
notícia maravilhosa: Deus tem uma Mãe e, por conseguinte, está ligado
para sempre à nossa humanidade. E nos ama não só com palavras, mas com
fatos, porque em Maria o Verbo fez-se carne.
Esta aclamação ainda entrou no coração dos fieis principalmente através da oração da Ave-Maria. Todas as vezes que dizemos “Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores –, a Mãe de Deus responde sempre!”
Ela escuta os nossos pedidos, abençoa-nos com o seu Filho nos braços. Numa palavra, disse o Papa, dá-nos esperança.
“E, no início deste ano, precisamos de esperança, como a terra
precisa de chuva. O ano, que se abre sob o signo da Mãe de Deus e nossa,
diz-nos que a chave da esperança é Maria, e a antífona da esperança é a
invocação Santa Mãe de Deus.”
“E, hoje, confiemos à Mãe Santíssima o amado Papa emérito Bento XVI, para que o acompanhe na sua passagem deste mundo a Deus.”
Francisco confia ainda a Maria os filhos que sofrem e já não têm a
força de rezar, os irmãos e irmãs atingidos pela guerra em muitas partes
do mundo, que vivem estes dias de festa na escuridão e ao frio, na
miséria e no medo, submersos na violência e na indiferença.
“Por quantos não têm paz, aclamemos Maria, a mulher que trouxe ao mundo o Príncipe da paz.”
Eu, neste ano, aonde quero ir?
Para que possamos acolher este dom, o Papa sugere deixarmo-nos inspirar
pelos protagonistas do Evangelho de hoje, os pastores de Belém,
destacando dois verbos: ir e ver.
Os pastores foram apressadamente, não ficaram parados, e assim devemos fazer também nós.
Hoje, no início do ano, em vez de ficarmos a pensar e esperar que
as coisas mudem, será bom interrogarmo-nos: «Eu, neste ano, aonde quero
ir? A quem vou fazer bem?»
“Muitos, na Igreja e na sociedade, esperam o bem que tu, e só tu,
podes proporcionar, o teu serviço. E hoje, face à preguiça que anestesia
e à indiferença que paralisa, frente ao risco de nos limitarmos a ficar
sentados diante de uma tela com as mãos no teclado, os pastores
desafiam-nos a ir, a comovermo-nos com o que acontece no mundo, a sujar as
mãos na realização do bem.”
E quando chegaram, os pastores viram o menino. “É importante ver,
abraçar com o olhar, permanecer ali, como os pastores, diante do Menino
nos braços da Mãe.”
“No início do ano, entre tantas novidades que quereríamos
experimentar e as inúmeras coisas que quereríamos fazer, incluamos a de
dedicar tempo a ver, ou seja, a abrir os olhos e mantê-los abertos diante daquilo que conta: Deus e os outros.”
Para Francisco, um bom exercício neste início de ano é dedicar tempo
para ver e escutar quem está ao nosso lado, começando pela esposa, o
marido e os filhos, perguntar como se sentem dentro e não só sobre as
tarefas do dia a dia.
“Ir e ver. Hoje o Senhor veio para o meio de nós e a Santa Mãe de Deus coloca-O diante dos nossos olhos. Redescubramos, no ímpeto de ir e na maravilha de ver, os segredos para fazer verdadeiramente novo este ano.”
O Papa concluiu convidando a assembleia a repetir com ele por três vezes a invocação "Santa Mãe de Deus".