Mulheres em lágrimas em Gaza, diante dos escombros causados por bombardeios (AFP)
Francisco, no final da audiência geral,
citou o Dia Nacional das Vítimas Civis da Guerra, que é celebrado em
Itália no dia 1 de fevereiro e, à memória dos que morreram nas
duas guerras mundiais, uniu a sua oração por aqueles que perdem a vida no
Médio Oriente, na Ucrânia e noutras áreas do mundo: "Que o seu grito de
dor toque os corações dos responsáveis pelas nações". O Pontífice
denunciou a "crueldade" dos conflitos: "Peçamos a paz ao Senhor, que é
sempre manso, nunca cruel
Vatican News
Não há tempo, não há espaço, mas somente um longo rastro de sangue e
de dor que une duas épocas: a das guerras mundiais e a atual, dos
conflitos "em pedaços" que dilaceram a humanidade. Francisco elevou aos
céus uma recordação e uma oração por aqueles que morreram na batalha
hoje e ontem, no final da audiência geral desta quarta-feira na Sala
Paulo VI, no Vaticano, quando - no momento das saudações em italiano -
recordou o Dia Nacional das Vítimas Civis de Guerra que é celebrado em
Itália no dia 1 de fevereiro.
À oração em memória daqueles que morreram nas duas guerras
mundiais, associamos também os muitos – demasiados - civis, vítimas
indefesas das guerras que infelizmente ainda mancham o nosso planeta com
sangue, como no Médio Oriente e na Ucrânia.
Pedimos paz ao Senhor, que não é cruel, mas manso
Notícias dramáticas que chegam nestas horas dos dois territórios em
guerra: mais de dez civis mortos durante um bombardeio numa casa em
Deir al-Balah, no centro da Faixa de Gaza; ataques de drones, casas
destruídas, civis feridos e mortos, em Karkhiv, Bakhmut e outros
territórios ucranianos.
Que o "grito de dor" das vítimas, espera o Papa, "toque os corações
dos responsáveis pelas nações e suscite projetos de paz". Pronunciando
algumas palavras fora do texto previamente preparado, uma constatação
amarga dos limites da desumanidade que a guerra sistematicamente rompe.
Quando se lêem histórias destes dias, na guerra, há tanta
crueldade, tanta... Peçamos ao Senhor a paz que é sempre mansa, não
cruel.
A recordação de Dom Bosco
Antes de concluir a sua saudação aos de língua italiana, o Papa recordou
hoje, 31 de janeiro, a memória litúrgica de Dom Bosco, sacerdote
fundador dos salesianos, modelo de educação, cuidado e acolhimento dos
jovens:
Invoco sobre vós a proteção de São João Bosco que hoje a Igreja
recorda, a fim de que torne fecunda a vocação de cada um na Igreja e no
mundo.
Francisco falou sobre a ira na catequese
da Audiência Geral desta quarta-feira. Segundo ele, "é um pecado
terrível que está na origem das guerras e da violência". "Há homens que
reprimem a ira no local de trabalho, parecendo calmos e controlados,
mas, uma vez em casa, tornam-se insuportáveis para a esposa e os
filhos", sublinhou.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre
"Vícios e Virtudes" na Audiência Geral desta quarta-feira (31/01).
"A ira" foi o tema deste encontro semanal do Pontífice com os fiéis.
Segundo o Papa, a ira "é um vício particularmente obscuro e talvez o
mais simples de identificar do ponto de vista físico". Segundo ele, "a
pessoa dominada pela ira tem dificuldade em esconder esse ímpeto:
reconhece-se pelos movimentos do seu corpo, pela agressão, pela
respiração difícil, pelo olhar sombrio e carrancudo".
A ira é um pecado que destrói as relações humanas
De acordo com o Papa, "na sua manifestação mais aguda, a ira é um
pecado que não deixa trégua. Se surge de uma injustiça sofrida ou que se
acredita ser tal, muitas vezes não é desencadeada contra o culpado, mas
contra o primeiro infeliz que se encontra".
“Há homens que reprimem a ira no local de trabalho, parecendo
calmos e controlados, porém, uma vez em casa, tornam-se insuportáveis
para a esposa e os filhos.”
A ira é um pecado desenfreado: é capaz de tirar-nos o sono e fazer-nos tramar continuamente na nossa mente, sem conseguir encontrar
uma barreira aos raciocínios e aos pensamentos.
A seguir, Francisco disse que a ira "é um pecado que destrói as relações humanas. Expressa
a incapacidade de aceitar a diversidade dos outros, especialmente
quando as suas escolhas de vida divergem das nossas. Não se detém nos
comportamentos errados de uma pessoa, mas joga tudo no caldeirão: é o
outro, o outro como ele é, o outro como tal que causa a raiva e o
ressentimento. Começa-se a odiar o tom da sua voz, os gestos banais do
dia a dia, os seus modos de raciocinar e de sentir".
Perda da clareza
Segundo o Papa, "quando a relação atinge esse nível de degeneração, já se perdeu a clareza.
Porque uma das características da ira, às vezes, é que ela não pode ser
mitigada com o tempo. É importante que tudo se dissolva imediatamente,
antes do pôr do sol. Se durante o dia surgir algum mal-entendido e duas
pessoas não conseguem mais entender-se, sentindo-se subitamente
distantes, a noite não deve ser entregue ao diabo. O pecado mantém-nos
acordados no escuro a remoer as nossas razões e os erros indizíveis, que
nunca são nossos e sempre do outro". "É assim: quando uma pessoa está
sob a ira, ela diz sempre que o problema está no outro. Ela
nunca é capaz de reconhecer as suas próprias falhas, os seus próprios defeitos", acrescentou o Papa.
"No “Pai Nosso”, Jesus faz-nos rezar pelas nossas relações humanas
que são um campo minado: um plano que nunca está em perfeito equilíbrio.
Todos precisamos de aprender a perdoar. Os homens não estão juntos se
não praticarem também a arte do perdão, tanto quanto isso for
humanamente possível", disse ainda Francisco.
“O que neutraliza a ira é a benevolência, a generosidade, a mansidão, a paciência.”
Ira, origem das guerras e da violência
O Pontífice disse outra coisa a propósito da ira: que ela "é um pecado terrível que está na origem das guerras e da violência.
Porém, nem tudo que surge da ira está errado. Os antigos sabiam muito
bem que existe uma parte irascível dentro de nós que não pode e não deve
ser negada".
As paixões são, até certo ponto, inconscientes: acontecem, são
experiências da vida. Não somos responsáveis pelo surgimento da ira, mas
sempre pelo seu desenvolvimento. E às vezes é bom que a ira seja
desabafada da maneira certa.
“Se uma pessoa nunca se irritasse, se não se indignasse diante de
uma injustiça, se diante da opressão de uma pessoa fraca não sentisse
algo tremendo nas suas entranhas, então isso significaria que não é
humana, e muito menos, cristã.”
Santa indignação
"Existe uma santa indignação, que não é ira, mas é um movimento interior, uma santa indignação.
Jesus encontrou-a várias vezes na sua vida: nunca respondeu ao mal com o
mal, mas na sua alma sentiu este sentimento e, no caso dos cambistas do
Templo, realizou uma ação forte e profética, ditada não pela ira, mas
pelo zelo pela casa do Senhor. É preciso distinguir bem, o zelo, a
santa indignação, é uma coisa, a ira, que é má, é outra coisa. Cabe a
nós, com a ajuda do Espírito Santo, encontrar a medida certa das
paixões. Educá-las para que se tornem boas", concluiu o Papa.
Ao comentar o Evangelho deste IV Domingo
do Tempo Comum, Francisco alertou para as insídias de hoje do maligno,
como as dependências, o consumismo e a idolatria do poder.
Vatican News
Para os milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Papa
comentou o Evangelho deste IV Domingo do Tempo Comum, que narra Jesus
enquanto liberta uma pessoa possuída por um “espírito mau”.
Assim faz o diabo, explicou Francisco: quer possuir para “nos
aprisionar a alma”. E nós devemos estar atentos às “amarras” que nos
sufocam a liberdade, porque o diabo tira-nos sempre a capacidade de
escolher livremente. O Pontífice então nomeia algumas correntes que
podem prender o coração, como as dependências, os modismos e a idolatria
do poder, "corrente muito má". Todas estas insídias tornam-nos escravos, sempre insatisfeitos, levam ao consumismo e ao hedonismo, que
mercantilizam as pessoas e comprometem as relações, gerando inclusive
conflitos armados.
Jesus veio para libertar-nos de todas estas amarras, com um detalhe: jamais dialoga com o diabo!
“Jesus liberta do poder do mal, mas - estejamos atentos -, expulsa
o diabo, mas não dialoga com ele. Jamais Jesus dialogou com o diabo. E
quando foi tentado no deserto, as respostas de Jesus eram palavras da
Bíblia, nunca o diálogo. Irmãos e irmãs, com o diabo não se dialoga!
Cuidado: com o diabo não se dialoga, porque se começares a dialogar,
ele vence. Sempre. Cuidado.”
Invocar Jesus!
E quando nos sentirmos tentados e oprimidos, indicou o Papa, é
preciso invocar Jesus, invocá-Lo ali, onde sentimos que as correntes do
mal e do medo apertam mais forte.
Também hoje, afirmou, o Senhor deseja repetir ao maligno: “Saia,
deixe em paz aquele coração, não dividir o mundo, as famílias, as nossas
comunidades; deixe-as viver serenas, para que ali floresçam os frutos
do meu Espírito, não os seus, assim diz Jesus. Para que entre eles
reinem o amor, a alegria, a mansidão, e no lugar de violências e gritos
de ódio, haja liberdade e paz, respeito e cuidado para todos".
Francisco então propõe algumas perguntas aos fiéis: eu quero
realmente libertar-me daquelas amarras que me apertam o coração? E
depois, sei dizer “não” às tentações do mal, antes que se insinuem na
alma? Por fim, invoco Jesus, permito-Lhe agir em mim, para curar-me por
dentro?
"Que a Virgem Santa nos proteja do mal", foi a invocação final.
Durante a Audiência Geral desta
quarta-feira, o tema da catequese do Papa foi dedicado ao vício da
avareza. “Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos
absoluta certeza de uma coisa: eles não caberão no caixão, nós não
poderemos levar os bens connosco”, destacou Francisco.
Thulio Fonseca – Vatican News
Ao dar continuidade ao ciclo de catequeses sobre os vícios e as
virtudes, o Papa, refletiu, na manhã desta quarta-feira (24/01), sobre a
avareza, ou seja, “aquela forma de apego ao dinheiro que impede o homem
de ser generoso”.
Francisco enfatizou, logo no início da Audiência Geral, que este não é
um pecado que diz respeito apenas às pessoas que possuem grandes
patrimónios, “mas sim um vício transversal, que muitas vezes nada tem a
ver com o saldo da conta corrente”, e completou:
“A avareza é uma doença do coração, não da carteira.”
Apego às pequenas coisas
O Pontífice ilustrou a sua meditação com algumas análises que os
padres do deserto fizeram sobre este mal: “Eles evidenciaram como a
avareza poderia também apoderar-se dos monges que, depois de terem
renunciado a enormes heranças, na solidão da sua cela apegaram-se a
objetos de pouco valor: não os emprestavam, não os partilhavam, e muito
menos estavam dispostos a distribuí-los, era um apego a pequenas
coisas”.
Uma espécie de regressão à imagem da criança que segura o brinquedo e
repete: “É meu! É meu!”, continuou o Papa, “este tipo de apego tira-nos
a liberdade, e aí reside uma relação doentia com a realidade, que pode
levar a formas de acumulação compulsiva ou patológica”.
Refletir sobre a morte, a cura para este vício
“Para curar esta doença”, recordou o Santo Padre, “os monges
propuseram um método drástico, mas muito eficaz: a meditação da morte”.
Por mais que uma pessoa acumule bens neste mundo, temos absoluta certeza
de uma coisa: "eles não caberão no caixão, nós não poderemos levar os
bens connosco".
Segundo Francisco, é sobre este aspeto que revela a insensatez desse vício:
“O vínculo de posse que construímos com as coisas é apenas
aparente, porque não somos os donos do mundo: esta terra que amamos não é
na verdade nossa, e nela caminhamos como estrangeiros e peregrinos”.
A riqueza não é um pecado, mas uma responsabilidade
O Papa então destacou que estas simples considerações fazem-nos
compreender a loucura da avareza, mas também a sua razão mais oculta: “é
uma tentativa de exorcizar o medo da morte: procura certezas que na
realidade desmoronam no momento em que as apreendemos”.
Ao recordar a pregação de Jesus no Sermão da Montanha, quando o
Senhor pede para não ajuntarmos tesouros na terra, mas sim tesouros no
céu, (cf Mt 6,19-20), o Pontífice ressaltou:
“Podemos ser senhores dos bens que possuímos, mas muitas vezes
acontece o contrário: em última análise, são eles os nossos donos.”
“Alguns homens ricos já não são livres, já nem têm tempo para
descansar, têm de olhar por cima dos ombros porque a acumulação de bens
também exige os seus cuidados. Sentem-se sempre ansiosos porque um
legado se constrói com muito suor, mas pode desaparecer num instante.
Esquecem-se da pregação evangélica, que não afirma que a riqueza em si é
um pecado, mas é certamente uma responsabilidade”.
“Deus não é pobre, é o Senhor de tudo”, continuou o Pontífice, mas,
como escreveu São Paulo: “Sendo rico, fez-se pobre por vós, a fim de vos
enriquecer pela sua pobreza” (2 Cor 8,9), e completou: "Isto é o que o
avarento não entende. Podia ter sido uma fonte de bênção para muitos,
mas em vez disso acabou no beco sem saída da infelicidade".
Sejamos generosos
Por fim, o Papa, ao evidenciar que uma pessoa imersa no vício da avareza tem uma vida triste, contou uma história:
“Lembro-me do caso de um senhor que conheci noutra diocese, era
um homem muito rico, casado, e tinha uma mãe doente. Os irmãos revezavam-se para cuidar da mãe, e ela costumava tomar um iogurte pela
manhã. Aquele senhor dava-lhe metade pela manhã, e para economizar,
guardava a outra metade para lhe dar à tarde. Isto é avareza, isto é apego às posses. Então, esse senhor morreu, e
os comentários das pessoas que foram ao velório eram: 'Olhem, para este homem
não tem nada com ele, deixou tudo para trás'. E então, de forma um
pouco ir´´irónica, diziam: 'Não puderam nem fechar o caixão porque ele
queria levar tudo com ele', e isto fazia rir os outros . Etse é um
exemplo claro da avareza”
Francisco, na conclusão da reflexão, exortou os fiéis:
“No fim da vida teremos que entregar o nosso corpo e a nossa alma ao
Senhor, e teremos que deixar tudo. Sejamos cuidadosos e generosos:
generosos com todos e generosos com aqueles que mais precisam de nós.”
Milhares de fiéis presentes na Sala Paulo VI durante a Audiência Gera
Anunciar o Evangelho não é tempo perdido:
é ser mais feliz ajudando os outros a serem felizes; é libertar-se de
si mesmo ajudando os outros a serem livres; é tornar-se melhor ajudando
os outros a serem melhores: disse Francisco no Angelus ao meio-dia deste
domingo, 21 de janeiro, III Domingo do Tempo Comum e V Domingo da
Palavra de Deus
Raimundo de Lima – Vatican News
Um cristão que não é ativo, que não é responsável pelo trabalho de
proclamar o Senhor e que não é o protagonista de sua fé não é um cristão
ou, como minha avó costumava dizer, é um cristão do tipo "água de
rosas": disse o Santo Padre no Angelus ao meio-dia deste domingo, 21 de
janeiro, III Domingo do Tempo Comum e V Domingo da Palavra de Deus.
Comentando o Evangelho do dia, Francisco ressaltou que o mesmo narra a
vocação dos primeiros discípulos (cf. Mc 1,14-20). Chamaroutros para se juntarem à sua missãoé uma das primeiras coisas que Jesus faz no inícioda sua vida pública: Ele se aproxima-se de alguns jovens pescadores e convida-os a segui-Lo para "tornarem-se pescadores de homens". E isto diz-nos algo importante - observou: o Senhor ama envolver-nos na sua
obra de salvação, quer que sejamos ativos com Ele, responsáveis e
protagonistas.
Ele não precisaria disso, mas o fá-lo, mesmo que isso signifique
assumir muitas de nossas limitações. Olhemos, por exemplo, para a
paciência que teve com os discípulos: frequentemente não compreendiam
as suas palavras, às vezes discordavam entre si, por muito tempo não
conseguiam aceitar aspetos essenciais da sua pregação, como o serviço.
No entanto, Jesus escolheu-os e continuou a acreditar neles.
Mas isso é importante, o Senhor nos escolheu-nos para sermos cristãos.
E nós somos pecadores, aprontamos uma coisa atrás da outra... Mas o
Senhor continua a acreditar em nós, a acreditar em nós. É maravilhoso
isso do Senhor.
De facto, prosseguiu o Pontífice, trazer a salvação de Deus a todos
foi a maior felicidade de Jesus, a sua missão, o sentido da sua existência
entre nós (cf. Jo 6,38). E em cada palavra e ação com as quais nos
unimos a Ele, na bonita aventura de doar amor, a luz e a alegria
multiplicam-se: não apenas em nosso redor, mas também dentro de nós.
Anunciar o Evangelho, portanto, não é tempo perdido
ajudando os outros a serem livres; é tornarmo-nos melhor ajudando os outros
a serem melhores!
Francisco concluiu deixando-nos algumas interrogações para nossa reflexão pessoal.
Então, perguntemo-nos: eu paro de vez em quando para recordar a
alegria que cresceu em mim e em meu redor quando aceitei o chamamento para
conhecer e testemunhar Jesus? E quando rezo, agradeço ao Senhor por me ter chamado para tornar os outros felizes? Por fim: desejo fazer com que
outras pessoas experimentem, por meio do meu testemunho e da minha
alegria, quão bonito é amar Jesus?
"Construir juntos uma história é melhor
do que correr atrás de aventuras, cultivar ternura é melhor do que curvarmo-nos ao demónio da posse. Porque se não há amor, a vida é uma triste
solidão", destacou Francisco durante a Audiência Geral desta
quarta-feira (17/01), ao dedicar a catequese sobre o vício na luxúria.
Thulio Fonseca – Vatican News
Na manhã desta quarta-feira, 17 de janeiro, Francisco deu
continuidade ao itinerário de catequeses sobre os vícios e as virtudes. O
tema da reflexão durante a Audiência Geral na Sala Paulo VI foi
dedicado ao vício da luxúria, do qual "os antigos Padres ensinam que,
depois da gula, é o segundo 'demónio' que está sempre à porta do
coração".
“Enquanto a gula é a voracidade por comida”, destacou o Papa, “esse
segundo vício é uma espécie de ‘voracidade’ por outra pessoa, ou seja, o
vínculo envenenado que os seres humanos mantêm entre si, principalmente
no âmbito da sexualidade”.
O Cristianismo não condena o instinto sexual
O Pontífice então enfatizou que “no Cristianismo não há condenação do
instinto sexual”. E recordou aos fiéis que “um livro da Bíblia, o
Cântico dos Cânticos, é um maravilhoso poema de amor entre dois noivos,
contudo, esta bela dimensão da nossa humanidade não está isenta de
perigos”.
Como exemplo, Francisco apresentou a exortação de São Paulo presente
na primeira Carta aos Coríntios: “Ouve-se dizer constantemente que se
comete, no vosso meio, a luxúria, e uma luxúria tão grave que não se
costuma encontrar nem mesmo entre os pagãos” (5,1), e completou: “a
repreensão do Apóstolo diz respeito precisamente a uma gestão pouco
saudável da sexualidade por parte de alguns cristãos”.
Apaixonar-se, uma realidade surpreendente
Ao voltar seu olhar para a experiência humana do apaixonar-se,
o Papa afirmou que esta é uma das realidades mais surpreendentes da
existência: “a maioria das canções que ouvimos no rádio é sobre isso:
amores que se iluminam, amores sempre buscados e nunca alcançados,
amores cheios de alegria ou que atormentam até as lágrimas”.
“Se não estiver poluído pelo vício, o apaixonar-se é um dos
sentimentos mais puros. Uma pessoa apaixonada torna-se generosa, gosta
de dar presentes, escreve cartas e poemas. Deixa de pensar em si mesmo
para se projetar completamente nos outros. E se perguntais a um
apaixonado por qual motivo ama, não encontrará uma resposta: em muitos
aspetos o seu amor é incondicional, sem qualquer motivo”.
Segundo Francisco, esse amor, tão poderoso, é também um pouco
ingênuo: “o apaixonado não conhece bem o rosto do outro, tende a
idealizá-lo, está pronto a fazer promessas cujo peso não compreende
imediatamente”. Este “jardim” onde se multiplicam as maravilhas não
está, porém, a salvo do mal, sublinhou o Papa, mas tantas vezes é
desfigurado pelo demónio da luxúria.
O luxurioso desconhece o caminho do amor
O Pontífice notou que este vício é particularmente odioso por dois motivos:
“Em primeiro lugar porque devasta as relações entre as pessoas.
Infelizmente, as notícias do dia a dia são suficientes para documentar
tal realidade. Quantos relacionamentos que começaram da melhor maneira transformaram-se em relacionamentos tóxicos, de posse do outro,
desprovidos de respeito e de senso de limites? São amores em que faltou a
castidade: virtude que não deve ser confundida com a abstinência
sexual, mas sim com a vontade de nunca possuir o outro.”
“Amar é respeitar o outro, procurarar a sua felicidade, cultivar a
empatia pelos seus sentimentos, colocar-se no conhecimento de um corpo,
de uma psicologia e de uma alma que não são os nossos, e que devem ser
contemplados pela beleza de que são portadores. Amar é belo!”
A luxúria, por outro lado, sublinhou o Papa, “zomba de tudo isto:
ataca, rouba, consome às pressas, não quer ouvir o outro, mas apenas a
sua própria necessidade e prazer; a luxúria considera enfadonho todo
o namoro, não procura aquela síntese entre razão, impulso e sentimento que
nos ajudaria a conduzir a nossa existência com sabedoria. O luxurioso só procura atalhos: não entende que o caminho do amor deve ser percorrido
devagar, e essa paciência, longe de ser sinónimo de tédio, permite-nos
tornar felizes as nossas relações amorosas”.
Amar é o oposto de possuir
Ao recordar que “entre todos os prazeres do homem, a sexualidade tem
uma voz poderosa”, o Papa evidenciou a segunda razão pela qual a
luxúria é um vício perigoso:
“A sexualidade envolve todos os sentidos; reside tanto no corpo
quanto na psique; se não for disciplinada com paciência, se não se
inscrever numa relação e numa história onde dois indivíduos a
transformam numa dança amorosa, ela transforma-se numa corrente que
priva o homem de liberdade. O prazer sexual é prejudicado pela
pornografia: satisfação sem relacionamento que pode gerar formas de
dependência. Devemos defender o amor, a pureza de doação um ao outro,
esst é a beleza de uma relação sexual.”
“Vencer a batalha contra a luxúria, contra a “coisificação” do outro, pode ser uma tarefa para toda a vida.”
Por fim, destacou o Papa, o prémio desta batalha é o mais importante
de todos, porque consiste em preservar aquela beleza que Deus escreveu
na sua criação quando imaginou o amor entre o homem e a mulher:
“Construir juntos uma história é melhor do que correr atrás de
aventuras, cultivar ternura é melhor do que curvarmo-nos ao demónio da
posse, o verdadeiro amor não possui, doa-se, servir é melhor do que
conquistar. Porque se não há amor, a vida é uma triste solidão”.
Fiéis durante a Audiência Geral com o Papa Francisco
Numa recente deslocação a Lisboa para
falar sobre o Percurso Alpha numa Assembleia Diocesana do Renovamento
Carismático Católico, tive a oportunidade de ouvir o ensinamento feito
por um sacerdote, no qual ele citou uma frase que tinha ouvido ou lido
em francês, e que era mais ou menos assim: “Não fales tanto de Deus se
não te pedirem, mas vive de tal modo que to peçam.”
Fiquei
com a frase no meu coração e no meu pensamento e já me servir dela duas
ou três vezes em que fui chamado a falar sobre a minha vivência da fé.
Com
efeito algumas vezes com a ânsia de falar de Deus, (com um certo
proselitismo, talvez), acabamos por incomodar, por invadir o espaço dos
outros, e as nossas palavras acabam por ter o efeito contrário ao que
pretendíamos.
São
Paulo avisa-nos para isso mesmo, julgo eu, quando nos diz: «Procedei
com sabedoria para com os que estão fora, aproveitando as ocasiões. Que a
vossa palavra seja sempre amável, temperada de sal, para que saibais
responder a cada um como deveis» Cl 4, 5-6
Regressando
à frase que refiro acima, quero perceber que, se realmente vivermos em
Cristo, para Cristo e com Cristo, isso será notório na nossa vida e, com
certeza, levará outros que assim não vivem a questionar-nos, e mesmo
que não seja com perguntas específicas sobre Deus, pelo menos o porquê
de assim querermos viver.
Ora
essas perguntas, dúvidas, ou até sarcasmos, serão a meu ver, o
“aproveitar as ocasiões”, de que nos fala São Paulo, nos versículos
acima referidos.
Então
já não será uma espécie de “intrusão” na privacidade de outros, mas a
resposta às suas perguntas, dúvidas ou qualquer outro tipo de
intervenção que nos queiram dirigir.
E
isso acontecerá porque afinal vivemos de tal modo a fé que nos move e
faz viver, que outros nos pedem para falar do que vivemos.
Se
assim vivermos e fizermos, estaremos a entregar-nos ao Espírito Santo,
para que seja Ele a colocar as palavras em nós, e não seja a nossa
pretensa sabedoria a falar, por vezes, infelizmente, apenas porque nos
querermos mostrar.
Ou
seja, afinal se vivermos verdadeiramente a fé que nos anima, estaremos
sempre a falar silenciosamente com o nosso testemunho de vida, para
depois, se para tal formos chamados, colocarmos em palavras a fé que nos
move e faz viver.
O Papa Francisco rezou o Angelus deste II
Domingo do Tempo Comum na Praça São Pedro, comentando o Evangelho do
dia que fala do encontro de Jesus com os primeiros discípulos.
Silvonei José – Vatican News
''O Senhor não quer fazer prosélitos, não quer 'followers'
superficiais, mas pessoas que se questionem e se deixem interpelar
pela sua Palavra”. Foi o que disse o Papa Francisco no Angelus deste II
Domingo do Tempo Comum na Praça de São Pedro, comentando o Evangelho do dia
que fala do encontro de Jesus com os primeiros discípulos.
"Esta cena – sublinhou Francisco – convida-nos a recordar o nosso
primeiro encontro com Jesus – cada um teve o primeiro encontro com Jesus
-, a renovar a alegria de segui-Lo e a perguntarmo-nos: o que significa
ser discípulos do Senhor? Segundo o Evangelho de hoje podemos tomar
três palavras: procurar Jesus, morar com Jesus, anunciar Jesus", disse o
Papa.
“Para sermos discípulos de Jesus é preciso antes de tudo
procurá-lo, ter um coração aberto, em busca, não saciado ou satisfeito.
Nós somos seus discípulos na medida em que o frequentamos, ouvimos a sua
Palavra, dialogamos com Ele na oração, O adoramos, O amamos e o
servimos nos irmãos. Em suma, a fé não é uma teoria, é um encontro, é ir
e ver onde o Senhor mora e morar com Ele''.
procurar, morar e, finalmente, anunciar. Este primeiro encontro com Jesus
foi uma experiência tão forte que os dois discípulos recordaram-se para
sempre da hora: "eram cerca de quatro horas da tarde". E os seus corações
estavam tão cheios de alegria que imediatamente sentiram a necessidade
de comunicar o dom que tinham recebido. De facto, um dos dois, André,
apressa-se em compartilhá-lo com seu irmão Pedro.
Praça de São Pedro durante o Angelus
Irmãos e irmãs, também nós hoje recordemos o nosso primeiro encontro
com o Senhor. “Cada um de nós teve o primeiro encontro, seja dentro da
família, seja fora dela... Quando encontrei o Senhor? Quando o Senhor
tocou o meu coração? E acomodamo-nos numa fé feita de
hábitos? Moramos com Ele na oração, sabemos ficar em silêncio com Ele?
E, enfim, sentimos a necessidade de compartilhar, de anunciar esta
beleza do encontro com o Senhor?
E Francisco concluiu: “Que Maria Santíssima, a primeira discípula de
Jesus, nos conceda o desejo de procurá-Lo, de estar com Ele e de
anunciá-Lo”.
Na Audiência Geral desta quarta-feira
(10/01), Francisco continuou o ciclo de catequeses sobre vícios e
virtudes, alertando especificamente contra o pecado da gula. "A relação
que temos com a alimentação é a manifestação de algo interior: diz-me
como comes e eu te direi que alma tens”, destacou o Pontífice.
Thulio Fonseca - Vatican News
Ao dar continuidade no percurso de catequeses sobre vícios e
virtudes, o Papa Francisco, nesta quarta-feira, 10 de janeiro,
concentrou a sua reflexão no vício da gula.
O Santo Padre introduziu a meditação fazendo referência aos textos
dos evangelhos: “observemos Jesus e o seu primeiro milagre nas bodas de
Caná, Ele revela a sua simpatia pelas alegrias humanas, preocupa-se para
que a festa termine bem e dá aos noivos uma grande quantidade de um
vinho muito bom, diferente de João Batista", sublinhou o Papa, “lembrado
pela sua ascese, enquanto ele comia o que encontrava no deserto, Jesus é
o Messias que vemos muitas vezes à mesa”.
“O comportamento de Jesus causa escândalo”, completou Francisco,
“porque Ele não só é benevolente para com os pecadores, mas até mesmo
come com eles; e este gesto demonstrava o seu desejo de comunhão e
proximidade com todos”.
“Jesus quer que sejamos alegres na sua companhia; mas quer também
que participemos dos seus sofrimentos, que são também os sofrimentos dos
pequenos e dos pobres. Jesus é universal.”
É preciso cultivar uma boa relação com a alimentação
Ao recordar que o Cristianismo não contempla a distinção entre
alimentos puros e impuros, o Papa falou sobre a atenção que devemos ter
com a alimentação, que não deve estar voltada apenas para a comida em
si, mas para a nossa relação com ela:
“Quando uma pessoa tem um relacionamento desordenado com a comida,
come apressadamente, como com vontade de se saciar, mas nunca se sacia:
é escrava da comida.”
As doenças relacionadas à gula
Esta relação serena que Jesus estabeleceu em relação à alimentação
deve ser redescoberta e valorizada, notou Francisco, especialmente nas
sociedades do chamado bem-estar, onde se manifestam muitos
desequilíbrios e patologias:
“Comemos demasiado, ou demasiado pouco. Muitas vezes comemos
sozinhos. Os distúrbios alimentares estão a espalhar-se: anorexia,
bulimia, obesidade... E a medicina e psicologia tentam resolver a má
relação com a comida, que é a raiz de muitas doenças”.
O Santo Padre recordou que essas são doenças, muitas vezes dolorosas,
que estão principalmente ligadas aos tormentos da psique e da alma, e
sublinhou:
“Como Jesus ensinava, não são os alimentos em si que fazem mal, mas a relação que temos com eles.”
Um pecado social
Francisco recordou que a relação que temos com a alimentação é a
manifestação de algo interior e revela “a empatia de quem sabe repartir a
comida com o necessitado, ou o egoísmo de quem guarda tudo para si”, e
completou: “Diz-me como comes e eu dir-te-ei que alma tens”.
Ao abordar o vício da gula do ponto de vista social, o Pontífice
observou que este pecado “está a matar o planeta” e compromete “o futuro
de todos”.
“Nós apoderamo-nos de tudo, para nos tornarmos donos de tudo,
enquanto tudo foi entregue para a nossa custódia, não para a exploração.”
Francisco recordou que os Padre da Igreja chamavam a gula de
"gastrimargia", um termo que pode ser traduzido como "loucura do
ventre", e exortou a todos sobre um mal que atinge a sociedade atual:
“Eis então o grande pecado, a fúria do ventre: renunciamos ao nome
de homens, para assumir outro, o de ‘consumidores’. Nem mesmo
percebemos que alguém com chamar-nos assim.”
Vigilância e sobriedade
No fim da sua reflexão o Papa enfatizou que fomos feitos para ser
homens e mulheres “eucarísticos”, capazes de agradecer, discretos no uso
da terra, porém nos transformamo-nos em predadores, "atualmente estamos a dar conta de que essa forma de gula tem causado muitos danos ao
mundo".
Peçamos ao Senhor que nos ajude no caminho da sobriedade para que
todas as formas de gula não tomem conta de nossas vidas, concluiu
Francisco.
Na Festa do Batismo do Senhor, o Papa
refletiu sobre o gesto realizado por João Batista no rio Jordão e o
sacramento que nos torna cristãos, que é o dom de uma vida nova, porque torna-nos em Cristo, filhos de Deus amados para sempre. "Procurem saber
o dia do vosso batismo, é um novo aniversário e deve ser celebrado",
exortou o Pontífice.
Thulio Fonseca - Vatican News
No primeiro Angelus dominical deste ano (07/01), que coincide com a
celebração da Festa do Batismo do Senhor, celebrado no Vaticano e noutros países, o Papa encontrou-se com fiéis e peregrinos, os quais,
mesmo sob chuva, foram saudar o Pontífice durante a oração mariana, na
Praça de São Pedro.
Francisco, ao enfatizar a importância deste sacramento na vida dos
cristãos, recordou o ato realizado no rio Jordão, onde João, chamado
"Batista", realiza um rito de purificação que significa o compromisso de
deixar o pecado e converter-se, e completou: “o povo vai para ser
batizado com humildade,o seu ministério, e mostra
que deseja estar perto dos pecadores, que veio para eles, para nós, para
todos nós!”
Deus vem a nós, purifica e cura os nossos corações
O Santo Padre então afirmou que nessa narração presente no evangelho de Marcos, acontecem algumas coisas extraordinárias: “João Batista diz
algo incomum, reconhecendo publicamente em Jesus, aparentemente igual a
todos os outros, alguém ‘mais forte’ do que ele, que ‘batizará no
Espírito Santo’. Então os céus abrem-se, o Espírito Santo desce sobre
Jesus como uma pomba e, do alto, a voz do Pai proclama: ‘Tu és o meu
Filho, o Amado: em ti pus a minha confiança’”.
“Tudo isto, se por um lado revela-nos que Jesus é o Filho de Deus,
por outro fala-nos do nosso Batismo, que nos tornou filhos de Deus.”
“No Batismo Deus vem a nós, Ele purifica e cura os nossos corações,
faz de nós os seus filhos para sempre, o seu povo e a sua família, herdeiros do
Paraíso. Deus torna-se íntimo de nós e não mais nos deixa.”
É importante recordar a data do nosso batismo
"É importante lembrar o dia do batismo e também saber a sua data",
enfatizou o Santo Padre, "pergunto a todos vós, que cada um reflita:
será que me lembro da data do meu batismo? Se não se lembram, quando
voltarem para casa, procurem saber para que nunca mais se esqueçam,
porque é um novo aniversário, porque com o Batismo vocês nasceram para a
vida de Graça. Agradeça ao Senhor pelo batismo!"
“Agradecemos ao Senhor pelos pais que nos levaram à pia batismal,
por aqueles que administraram o Sacramento, pelo padrinho, pela madrinha
e pela comunidade em que o recebemos. Celebrem o batismo. É um novo
aniversário.”
Antes de encerrar a sua meditação, Francisco convidou os fiéis e peregrinos a questionarem-se:
“Estou ciente do imenso presente que trago dentro de mim por meio
do Batismo? Reconheço, na minha vida, a luz da presença de Deus, que me
vê como seu filho amado, como sua filha amada?”
E por fim, o Pontífice pediu a todos os presentes na Praça de São Pedro, a
realizarem um ato concreto: “em memória do nosso Batismo, vamos acolher
a presença de Deus em nós. Podemos fazer isso com o sinal da cruz, que
traça em nós a memória da graça de Deus, que nos ama e deseja estar
connosco. Vamos fazer isso juntos: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo.”
“Maria, templo do Espírito, ajude-nos a celebrar e acolher as maravilhas que o Senhor realiza em nós”, concluiu Francisco.
Contemplar Jesus, permanecer diante
d’Ele, adorá-lo na Eucaristia, tal como fizeram os Magos ao encontrar o
Menino Jesus, foram os pontos que inspiraram a reflexão do Papa
Francisco durante o Angelus da Solenidade da Epifania, celebrada no
Vaticano neste sábado, 6 de janeiro.
Thulio Fonseca – Vatican News
Após a celebração da Santa Missa, na Basílica vaticana, por ocasião
da Solenidade da Epifania, o Papa rezou, também neste sábado (06/01) a
oração mariana do Angelus, com os milhares de fiéis e peregrinos
presentes na Praça de São Pedro.
Na sua meditação, Francisco recordou que “a Epifania do Senhor
significa a Sua manifestação a todos os povos, personificados pelos
Magos que encontram Jesus, “com Maria, sua mãe”, prostram-se e
oferecem-lhe “ouro, incenso e mirra.
“Detenhamo-nos por um momento nesta cena, naqueles homens sábios
que reconhecem a presença de Deus num simples Menino: não num
príncipe ou num nobre, mas num filho de gente pobre, e prostram-se
diante d’Ele, adorando-O”.
A humildade de Deus
O Papa sublinhou que esse encontro é uma experiência decisiva para
aqueles Magos, e também é importante para nós, pois em Jesus Menino, de
facto, vemos Deus feito homem. E seguidamente pediu aos fiéis que se
maravilhem com a humildade do Senhor:
“Contemplar Jesus, permanecer diante d’Ele, adorá-lo na
Eucaristia: não é perder tempo, mas é dar sentido ao tempo; é
reencontrar o caminho da vida na simplicidade de um silêncio que nutre o
coração. Fiquemos também nós diante do Menino, paremos diante do
presépio.”
Aprender com as crianças
Francisco disse que é preciso encontrar tempo também para olhar para
as crianças, os pequenos que nos falam de Jesus, com a sua confiança, o
seu imediatismo, o seu estupor, a sua sã curiosidade, a sua capacidade
de chorar e de rir com espontaneidade, de sonhar.
“Se ficarmos diante do Jesus Menino e na companhia das crianças”,
destacou o Pontífice, “aprenderemos a maravilharmo-nos e retomaremos o
caminho de forma mais simples e melhores, como os Reis Magos. E
saberemos ter olhares novos e criativos diante dos problemas do mundo”.
Ao concluir sua reflexão, o Santo Padre incentivou os fiéis a questionarem-se:
“Nestes dias, paramos para adorar, demos um pouco de espaço para
Jesus no silêncio, rezando diante do presépio? Dedicamos tempo às
crianças, conversando e brincando com elas? E por fim, conseguimos olhar
para os problemas do mundo com o olhar das crianças?”
“Que Maria, Mãe de Deus e nossa, aumente o nosso amor pelo Jesus
Menino e por todas as crianças, especialmente as atingidas por guerras e
pelas injustiças” concluiu Francisco.
Na catequeses da Audiência Geral desta
quarta-feira, Francisco falou sobre "O combate espiritual". "Todos
somos tentados e temos de lutar para não cair nessas tentações", disse o
Papa, acrescentando que "Jesus acompanha-nos. Jesus nunca nos deixa
sozinhos".
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"O combate espiritual" foi o tema da segunda catequese do Papa
Francisco, na Audiência Geral, desta quarta-feira (03/01), no âmbito do
ciclo de catequeses sobre "Vícios e virtudes".
No encontro semanal do Pontífice com os fiéis realizado, na Sala
Paulo VI, no Vaticano, Francisco disse que esse tema "recorda a luta
espiritual do cristão".
A vida espiritual do cristão não é pacífica
“Com efeito, a vida espiritual do cristão não é pacífica, linear e
isenta de desafios, mas, pelo contrário, exige um combate contínuo. O
combate cristão para conservar a fé e para enriquecer o dom da fé em
nós.”
Não é por acaso que a primeira unção que todo cristão recebe no
Sacramento do Batismo – a unção catecumenal – não tem perfume e anuncia
simbolicamente que a vida é uma luta.
Segundo o Papa, "nos tempos antigos, os lutadores eram completamente
ungidos antes da luta, tanto para tonificar os músculos quanto para
fazer com que o corpo escapasse das garras do oponente. A unção dos
catecúmenos deixa imediatamente claro que o cristão não é poupado da
luta, que um cristão deve lutar".
Todos temos de lutar para não cair nas tentações
A seguir, Francisco recordou "um famoso ditado atribuído a Santo
Antão, primeiro grande pai do monaquismo, que diz o seguinte": "Suprime
as tentações, e ninguém será salvo". "Os santos não são homens que foram
poupados à tentação, mas sim pessoas bem conscientes de que as seduções
do mal aparecem repetidamente na vida, para serem desmascaradas e
rejeitadas", disse o Papa, acrescentando:
Todos nós temos experiência disso, todos nós. Vem um mau pensamento, um desejo de falar mal do outro. Todos somos tentados e temos de
lutar para não cair nessas tentações. Se alguém de vós não tem
tentações que o diga porque seria algo extraordinário. Todos nós somos
tentados e todos nós temos de aprender como prosseguir na vida nessas
situações.
Ninguém está "em ordem"
Segundo o Papa, existem pessoas que, no entanto, se absolvem, que se
consideram "em ordem": "Sou uma pessoa boa, não tenho problema". "Mas,
nenhum de nós está em ordem e se alguém estiver em ordem, está sonhando.
Cada um de nós há muitas coisas para consertar e vigiar também. Todos
somos pecadores e um pouco de exame de consciência, de introversãonos fará bem", disse Francisco.
O Pontífice disse que "todos devemos pedir a Deus a graça de nos
reconhecermos como pobres pecadores, necessitados de conversão, mantendo
no coração a confiança de que nenhum pecado é demasiado grande para a
infinita misericórdia de Deus Pai. Essa é a lição inaugural que Jesus
nos dá".
Jesus acompanha todos nós pecadores
De acordo com o Papa, Jesus é um Messias muito diferente de como João
Batista "o apresentou e como as pessoas o imaginavam: Ele não encarna o
Deus irado e não convoca para julgamento, mas, pelo contrário, faz fila
com os pecadores. Jesus acompanha todos nós pecadores. Ele não é
pecador, mas está entre nós. Jesus nunca nos deixa sozinhos. Jesus
entende o nosso pecado, nos perdoa e nos acompanha. Nos momentos mais
difíceis, no momento em que escorregamos no pecado, Jesus está junto de
nós para nos levantar e isso nos consola".
Não devemos perder essa ideia, essa realidade. Jesus está junto de
nós para nos ajudar e proteger e para nos ajudar a levantarmo-nos depois
do pecado. Jesus perdoa tudo. Ele veio para perdoar, para salvar. Jesus
quer apenas o nosso coração aberto. Ele nunca se esquece de perdoar.
Somos nós que muitas vezes perdemos a capacidade de pedir perdão.
Retomemos a capacidade de pedir perdão. Cada um de nós tem muitas
coisas para pedir perdão. Cada um pense e fale com Jesus sobre isso:
Senhor, preciso que ti não te afastes de mim, preciso que me
perdoes. Senhor, sou um pecador, uma pecadora, mas, por favor, não te
afastes. Esta seria hoje uma bonita oração a Jesus: Senhor, não te afass
de mim.
Na sua reflexão durante a oração do
Angelus neste primeiro dia do ano, o Papa destacou o silêncio com que
Maria acolhe Jesus e, e seguidamente, recordou o silêncio de tantas mães:
"olhemos para Maria e, com o coração agradecido, pensemos e olhemos
também para as mães, para aprender aquele amor que é cultivado sobretudo
no silêncio."
Thulio Fonseca - Vatican News
O Papa Francisco, junto com milhares de fiéis e peregrinos reunidos
na Praça de São Pedro, rezou a oração do Angelus no primeiro dia de 2024,
solenidade da Santíssima Mãe de Deus, e confiou a proteção de Maria “o
novo tempo que nos foi dado”. O Santo Padre, na sua alocução destacou o
silêncio de Maria:
"O silêncio da Mãe é uma bela característica. Não se trata de uma
simples ausência de palavras, mas de um silêncio cheio de admiração e de
adoração pelas maravilhas que Deus está a realizar. Maria - observa São
Lucas - guardava todas aquelas coisas, meditando-as no seu coração
(2,19). Desta forma, ela abre espaço dentro de si para Aquele que
nasceu; em silêncio e adoração, ela coloca Jesus no centro e dá
testemunho d’Ele como Salvador."
Catedral do silêncio
Francisco afirmou que Maria é Mãe não apenas porque carregou Jesus no
seu ventre e o deu à luz, “mas porque o traz à luz, sem ocupar o seu
lugar”. Ela, continuou o Papa, “permanecerá em silêncio também sob a
cruz, na hora mais sombria, e continuará a abrir espaço para Ele e a
gerá-Lo para nós”.
O Pontífice apresentou aos fiéis a citação de um religioso e poeta do
século XX, que escreveu: "Virgem, catedral do silêncio”. Para Francisco
esta é uma bela imagem, pois “com o seu silêncio e sua humildade, Maria tornou-se a primeira catedral de Deus, o lugar onde Ele e o homem podem encontrar-se”.
“Também as nossas mães, com o seu cuidado escondido, com o seu carinho,
muitas vezes são magníficas catedrais do silêncio. Elas trazem-nos ao
mundo e continuam a seguir-nos, muitas vezes sem serem notadas, para que
possamos crescer. Lembremo-nos disto: o amor nunca sufoca, o amor abre
espaço para o outro e o faz crescer.”
Rejeitar todas as formas de posse, opressão e violência
“Olhemos também para as mães”, enfatizou o Papa, “para aprender
aquele amor que é cultivado sobretudo no silêncio, que sabe dar espaço
ao outro, respeitando a sua dignidade, deixando a liberdade de se
expressar, rejeitando todas as formas de posse, opressão e violência. Há
tanta necessidade disto hoje!”, sublinhou o Papa, que seguidamente,
recordou um techo da Mensagem para o Dia Mundial da Paz que também é celebrado hoje:
"A liberdade e a coexistência pacífica são ameaçadas quando os
seres humanos cedem à tentação do egoísmo, do interesse próprio, do
desejo de lucro e da sede de poder. O amor, por outro lado, é feito de
respeito e gentileza: deste modo, ele rompe barreiras e ajuda a viver
relações fraternas, a construir sociedades mais justas e humanas, mais
pacíficas.”
“Oremos à Mãe de Deus e nossa Mãe”, concluiu o Papa, “para que no
novo ano possamos crescer nesse amor gentil, silencioso e discreto que
gera vida, e abre caminhos de paz e reconciliação no mundo”.