domingo, 29 de novembro de 2020

Homilia no Primeiro Domingo do Advento e Ordenação de Diáconos

  

 

O raiar da aurora de Cristo que vem

Caríssimos irmãos: Em Domingo de Advento e de Ordenação de Diáconos, aqui estamos, como assembleia celebrante, corpo eclesial de escuta, louvor e  missão. E em ação de graças, sempre e apesar da pandemia, lembrando especialmente os que mais sofrem, por si ou pelos seus. Ação de graças por não estarmos sós, mas sempre acompanhados pelo Senhor que veio, vem e há de vir, na sequência total do seu Advento.
Assim o preanunciara Isaías, a um povo arduamente desenganado de si mesmo: «Nunca os ouvidos escutaram, nem os olhos viram que um Deus, além de vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam. Vós saís ao encontro dos que praticam a justiça e recordam os vossos caminhos». 
Aqui escutámos a Palavra que ilumina, aqui celebramos o sacramento que alimenta e em tudo recebemos o serviço do Senhor Jesus, assim mesmo apresentado: «Eu estou no meio de vós como um diácono» (cf Lc 22, 27). O Advento de Jesus traduz-se desse modo, como presença certa e cuidadosa, Bom Samaritano da humanidade inteira. 
É certo que vos destinais ao presbiterado, caríssimos ordinandos, mas o tempo de diáconos não se reduz a uma etapa. É a base essencial de tudo o mais, unindo-vos sacramentalmente a Cristo servo. E o serviço é muito especialmente esse mesmo, de assegurar a quem esteja só, doente, ou mais atingido pelas atuais circunstâncias, que pode contar com a presença de Cristo, que por vós lhe advém.

A palavra que hoje mais ressoa é: “Vigiai!” Alude aos antigos vigias, de olhos fixos na escuridão e até raiar o sol. Mas indica sobretudo a atitude que este tempo litúrgico nos aviva, muito para além da gramática comum. Vigiamos, porque a noite é densa e anoitece-nos também. Mas quem vigia adivinha a aurora e assim se confirma – a si e aos outros. 
Sim, a casa deste mundo tem realmente um Senhor, que a ganhou ao preço da sua própria vida. Partiu donde estava para voltar agora e em qualquer circunstância. À tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou já de manhãzinha; como nos correr o tempo ou o estado de alma, Ele advém. E o que mais nos toca é sabê-lo assim e despertar a todos. 
Não deixemos que qualquer “noite” nos reduza a expetativa, pessoal, social ou eclesial que seja. Nós sabemos e faremos saber que não há realidade que o Advento de Cristo não possa alcançar e salvar. 
Deixemo-nos preencher também por esta certeza, para que de nós chegue a muitos e por nós se apresse. Há hoje tanta urgência a reclamá-la… Retenhamos, a propósito, estas palavras fortes da Mensagem da CEP para este Advento: «O Deus que vem não vem mudar as situações. Vem mudar os corações. E são os nossos corações mudados que podem mudar as situações. […] Sim, porque a resposta de Deus hoje somos nós. […] O Deus do Advento vem para o meio desta pandemia, pega na nossa mão, muda o nosso coração e envia-nos a mudar a situação». 
O vosso serviço, caríssimos ordinandos, e convosco o de nós todos, é ser Advento de Cristo e manifestação da sua presença no mundo. O Advento, que na altura foi do Natal, é agora pascal, na omnipresença do Ressuscitado. Veio, vem e virá, cabendo-nos a nós demonstrar, por palavras e obras, o realismo do seu Advento, para ser mais patente em tudo e a todos.  
Muito depende de nós, para que tal aconteça, desejando mais e manifestando melhor a chegada desse dia total e conclusivo. Assim mesmo se dizia aos primeiros cristãos: «… como deve ser santa a vossa vida e a vossa piedade, enquanto esperais e apressais a chegada do dia de Deus» (2 Pe 3, 11-12). 

O Evangelho que escutámos refere os “plenos poderes” que o senhor deixou a cada um dos seus servos... Detenhamo-nos um pouco neste passo, aplicando amplamente a parábola. Vejamo-nos a nós como aqueles servos, incumbidos de vigiar por si e por todos e na iminência da vinda do Senhor. Vejamo-nos também como ativadores duma expetativa salvadora e única. No que a cada um diz respeito, significará viver em Advento, sem que nada nos distraia do objetivo final que é estar com Cristo em Deus, como Deus vem ao nosso encontro em Cristo. 
O mundo que integramos é uma dimensão a respeitar e a servir, para que todos possam viver e crescer, fruindo e compartilhando a criação. Mas tal só acontecerá, com verdadeira justiça para cada um, se o horizonte não se encerrar aqui, mas se alargar como Cristo o alargou e O desejarmos plenamente a Ele. Para alcançarmos quem já nos alcançou, para resumir a nossa vida como Paulo resumiu a sua: «Não que já o tenha alcançado [a Cristo] ou já seja perfeito; mas corro, para ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus» (Fl 3, 12).
Manter este espírito em nós e compartilhá-lo com os outros, sobretudo os que se encerram em desejos curtos, ou as circunstâncias atingem mais pesadamente, por doença, carência ou solidão, pode ser difícil e parecer impossível, dada a nossa falta de aptidão ou coragem. Recordemos porém, que o Advento é de Cristo e o poder é exclusivamente seu, mesmo quando atua em nós para chegar aos outros. 
É de novo São Paulo quem o experimenta e declara, em trechos como este: «É, pois, em Cristo Jesus que me posso gloriar de coisas que a Deus dizem respeito. Eu não me atreveria a falar de coisas que Cristo não tivesse realizado por meu intermédio, em palavras e ações» (Rm 15, 17-18).  Ou, como ouvimos há pouco, na segunda leitura desta Missa: «Dou graças a Deus, em todo o tempo, a vosso respeito, pela graça divina que vos foi dada em Cristo Jesus. Porque fostes enriquecidos em tudo: em toda a palavra e em todo o conhecimento; e deste modo, tornou-se firme em vós o testemunho de Cristo. De facto, já não vos falta nenhum dom da graça, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo».

 

Caríssimos ordinandos, caríssimos irmãos aqui presentes: Deixemos que esta certeza nos preencha, por nós e para todos. Saibamos entrever, “embora seja noite”, a alvorada de Cristo, plena manhã do mundo. Deste mundo, que hoje dói a tantos, de horizonte cerrado por pandemias várias, físicas, mentais, ou espirituais que sejam. Deste mundo que não deixa de esperar, como em dores de parto, a revelação dos filhos de Deus. Dos que o são em Cristo, que os une a si, pessoa e missão (cf. Rm 8, 19-22). 
Ajude-nos a Virgem Maria, cujo sim permitiu o primeiro Advento. Sejamos com Ela o raiar da aurora de Cristo que vem.

Sé de Lisboa, 29 de novembro de 2020
+ Manuel, Cardeal-Patriarca

NOTA: Se estiver a utilizar o seu TELEMÓVEL, o acesso ao VIDEO contido nesta página, apenas será possível se seguir as informações indicadas AQUI

Patriarcado de Lisboa

O Papa no Angelus: nas tempestades da vida Deus estende sempre a sua mão

 Papa - Angelus  (Vatican Media) 

Hoje tem início um novo ano litúrgico. O Advento – disse o Papa - é um apelo incessante à esperança: recorda-nos que Deus está presente na história para o conduzi-la ao seu último fim e à sua plenitude, que é o Senhor Jesus Cristo.

Silvonei José – Vatican News

No Angelus deste domingo, primeiro do tempo de Advento, o Papa Francisco recordou que "a liturgia de hoje convida-nos a viver o primeiro 'tempo forte' do ano litúrgico, o Advento, que nos prepara para o Natal, como um tempo de espera e de esperança:

"O nosso Deus é o Deus que vem: Ele não desilude a nossa espera! Ele veio num momento preciso da história e tornou-se homem para tomar sobre Si os nossos pecados; Ele virá no fim dos tempos como juiz universal; Ele vem todos os dias para visitar o Seu povo, para visitar todos os homens e mulheres que O acolhem na Palavra, nos Sacramentos, nos seus irmãos e irmãs".

Jesus, diz-mos a Bíblia, está à porta e bate. Todos os dias. Ele  - continuou o Papa - está à porta dos nossos corações. Ele bate. "Consegues ouvir o Senhor bater à porta? Quem veio hoje visitar-te, que bate no seu coração com uma inquietação, com uma ideia, com uma inspiração? Ele veio a Belém, virá no fim do mundo. Mas todos os dias ele vem até nós. Estejam atentos, vejam o que sentem no coração quando o Senhor bate à porta".

A coragem nasce da esperança

A vida", disse o Pontífice, "é feita de altos e baixos, de luzes e sombras".  Cada um de nós experimenta momentos de desilusão, de fracasso e desorientação:

“Além disto, a situação em que vivemos, marcada pela pandemia, gera em muitas pessoas preocupação, medo e desânimo; corremos o risco de cair no pessimismo, no fechamento e na apatia. Como devemos reagir a isto? O Salmista sugere-nos: "A nossa alma espera pelo Senhor, é ele o nosso auxílio e o nosso escudo. Nele se alegra o nosso coração” (Sl 32,20-21). A espera confiante do Senhor faz-nos encontrar conforto e coragem nos momentos sombrios da existência. E de onde nasce esta coragem e esta aposta confiante? Nasce da esperança”.

 Fiéis na Praça de S. Pedro 

  

Deus estende sempre a sua mão

A esperança, disse enfim o Papa, marca este período do ano litúrgico de preparação para o Natal:

"O Advento é um apelo incessante à esperança: recorda-nos que Deus está presente na história para a conduzi-la ao seu último fim e à sua plenitude, que é o Senhor Jesus Cristo. Deus está presente na história da humanidade, Ele é o "Deus connosco", Ele caminha ao nosso lado para nos apoiar. O Senhor nunca nos abandona; Ele acompanha-nos nos nossos acontecimentos existenciais para nos ajudar a descobrir o significado do caminho, o significado da vida quotidiana, para infundir coragem nas provações e na dor. No meio das tempestades da vida, Deus estende-nos sempre a sua mão e liberta-nos das ameaças".

Na conclusão o Papa invocou Maria Santíssima mulher da espera, para que “acompanhe os nossos passos neste novo ano litúrgico que estamos a iniciar, e nos ajude a cumprir a tarefa dos discípulos de Jesus, indicada pelo apóstolo Pedro: dar razão à esperança que há em nós”.

 Palácio Apostólico 

Vatican News

Papa: despertar do sono da mediocridade e da indiferença com oração e amor

 
 Celebração Eucarística com os novos cardeais 
 
“Rezar e amar: aqui está a vigilância. Quando a Igreja adora a Deus e serve o próximo, não vive na noite. Ainda que esteja cansada e provada, caminha rumo ao Senhor.” O Papa Francisco presidiu à missa no I domingo do Advento na Basílica de São Pedro. Com o Pontífice, concelebram os novos cardeais.

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

“Senhor, fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.” Com esta invocação, o Papa Francisco concluiu a sua homilia ao presidir à Santa Missa na Basílica de São Pedro neste I Domingo do Advento.

Concelebraram com o Pontífice os cardeais criados ontem no Consistório Ordinário Público. Ao comentar as leituras do dia, Francisco ressalta duas palavras: proximidade e vigilância.

 

Proximidade de Deus e vigilância nossa

O Advento, afirmou, é o tempo para nos lembrarmos da proximidade de Deus, que desceu até nós. O primeiro passo da fé, explicou, é dizer ao Senhor que precisamos Dele, da sua proximidade. E a primeira mensagem do Advento e do Ano Litúrgico é também reconhecer Deus próximo.

“Façamos nossa esta invocação característica do Advento: «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20). Podemos dizê-la no princípio de cada dia e repeti-la com frequência, antes das reuniões, do estudo, do trabalho e das decisões a tomar, nos momentos importantes e de provação: Vem, Senhor Jesus!”

Invocando assim a sua proximidade, treinaremos a nossa vigilância. Esta palavra, aliás, é repetida quatro vezes no Evangelho deste domingo. É importante permanecer vigilantes, porque na vida é um erro perder-mo-nos em mil coisas e não dar-mos conta de Deus. Arrastados pelos nossos interesses e distraídos por tantas vaidades, corremos o risco de perder o essencial. Vigiar é não nos deixarmos dominar pelo desânimo, é viver na esperança. 

A fé é o contrário da mediocridade 

Para o Pontífice, dois sonos nos ameaçam: o sono da mediocridade e o da indiferença. 

A mediocridade sobrevém quando esquecemos do primeiro amor e avançamos apenas por inércia, prestando atenção somente ao viver tranquilos. 

“E isto corrói a fé, porque a fé é o contrário da mediocridade: é desejo ardente de Deus, audácia contínua em converter-me, coragem de amar, é caminhar sempre para diante. A fé não é água que apaga, mas fogo que queima.”

A vigilância da oração é o que nos pode despertar do sono da mediocridade. A oração oxigena a vida: tal como não se pode viver sem respirar, assim também não se pode ser cristão sem rezar. 

Não se pode ser cristão sem caridade

Já quem dorme o sono da indiferença vê tudo igual, não se interessa por quem está perto de  si. “Quando orbitamos apenas em torno de nós mesmos e das nossas necessidades, indiferentes às dos outros, a noite desce sobre o coração”, disse o Papa.

Trata-se de um sono que atualmente acomete muitos e só poderemos despertar com a vigilância da caridade. 

“A caridade é o coração pulsante do cristão: tal como não se pode viver sem pulsação, assim também não se pode ser cristão sem caridade.”

Ajudar os outros não é ser perdedor; pelo contrário, é ser vitorioso, pois é com as obras de misericórdia que nos aproximamos do Senhor. 

“Rezar e amar: aqui está a vigilância. Quando a Igreja adora a Deus e serve o próximo, não vive na noite. Ainda que esteja cansada e provada, caminha rumo ao Senhor.”

O convite final do Papa é para fazer a seguinte invocação: “Vinde, Senhor Jesus! Vós sois a luz: despertai-nos do sono da mediocridade; despertai-nos das trevas da indiferença. Vinde, Senhor Jesus! Tornai vigilantes os nossos corações distraídos: fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar.”

Vatican News

domingo, 22 de novembro de 2020

JMJ Lisboa 2023: Papa desafia jovens a servir quem sofre, rejeitando «febre» consumista

 


 

A celebração contou com a presença de uma delegação portuguesa que recebeu os símbolos da Jornada Mundial da Juventude – a Cruz peregrina e o Ícone de Nossa Senhora – no final da Eucaristia.

O Papa desafiou hoje os jovens católicos de todo o mundo a viver com dedicação a quem sofre, rejeitando uma mentalidade consumista e o “pensamento dominante”, que descarta os mais necessitados. “Faço alguma coisa por quem tem necessidade, ou pratico o bem somente para as pessoas queridas e os amigos? Ajudo alguém que não me pode restituir? Sou amigo duma pessoa pobre? E muito mais, tantas perguntas que podemos fazer”, referiu Francisco, na homilia da Missa da solenidade de Cristo Rei, a que preside na Basílica de São Pedro.
O Papa alertou para a “febre de consumir” e a “obsessão pelo divertimento” que afetam as novas gerações, observando que “amar é principalmente dom, escolha e sacrifício”. A intervenção convidou os jovens a assumir “escolhas vigorosas, decisivas e eternas”.

“Hoje, escolher é não se deixar domesticar pela homogeneização nem anestesiar pelos mecanismos do consumo, que desativam a originalidade, é saber renunciar às aparências e à exibição. Escolher a vida é lutar contra a mentalidade do usa e deita fora, do tudo e imediatamente, para orientar a existência rumo à meta do Céu, rumo aos sonhos de Deus”.


Francisco destacou a importância dos “grandes sonhos” na vida dos jovens, para que estes alarguem os seus “horizontes” e não fiquem “estacionados nas margens da vida”. “Não fomos feitos para sonhar aos feriados ou ao fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida”, indicou.
O Papa comentou uma das passagens que tem como referência do seu pontificado, do Evangelho segundo São Mateus (Mt 25, 37-40), sobre a necessidade de identificar Jesus Cristo nos necessitados e em quem sofre. “O bem que fizermos a um dos seus irmãos mais pequeninos – esfomeados, sedentos, forasteiros, necessitados, doentes, reclusos – será feito a Ele”, observou.
Francisco sublinhou que são estas obras que “tornam eterna” a vida. “As obras de misericórdia são as obras mais belas da vida. Se tens sonhos de verdadeira glória – não da glória passageira do mundo, mas da glória de Deus –, esta é a estrada; pois as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa”, referiu.
O Papa alertou ainda que “escolhas banais levam a uma vida banal”, realçando que “a beleza das opções depende do amor”.

“Se escolhemos roubar, tornamo-nos ladrões; se escolhemos pensar em nós mesmos, tornamo-nos egoístas; se escolhemos odiar, tornamo-nos furiosos; se escolhemos passar horas no telemóvel, tornamo-nos dependentes. Mas, se escolhermos Deus, vamo-nos tornando dia a dia mais amáveis; e, se optarmos por amar, tornamo-nos felizes”.

A homilia recordou o exemplo de São Martinho, cuja festa litúrgica se celebra a 11 de novembro, um jovem romano de 18 anos, que, ainda não batizado, “cortou o seu manto e deu metade ao pobre, suportando o riso de escárnio de alguns à sua volta”. “São Martinho era um jovem que teve aquele sonho porque o vivera, embora sem o saber, como os justos do Evangelho de hoje”, acrescentou.

“Jesus sabe que, se vivermos fechados e na indiferença, ficamos paralisados, mas se nos gastarmos pelos outros, tornamo-nos livres. O Senhor da vida quer-nos cheios de vida e dá-nos o segredo da vida: só a possuímos, se a dermos”.

Francisco admitiu que, na vida dos mais novos, há “obstáculos” no momento de decidir, “o medo, a insegurança, os porquês sem resposta”. “A vida já está cheia de escolhas que fazemos para nós mesmos: ter um diploma, amigos, uma casa; satisfazer os próprios passatempos e interesses. De facto, corremos o risco de passar anos a pensar em nós mesmos, sem começar a amar”, advertiu.
No final da homilia, o Papa deixou um “conselho” para os jovens possam “escolher bem”. “A opção diária situa-se aqui: escolher entre o que me apetece fazer e o que me faz bem. Desta busca interior, podem nascer escolhas banais ou escolhas vitais. Olhemos para Jesus, peçamos-Lhe a coragem de escolher o que nos faz bem, de caminhar atrás d’Ele pela via do amor e encontrar a alegria”, precisou.

Concelebraram com o Papa o Cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e os Cardeais portugueses D. José Tolentino Mendonça e D. Manuel Clemente; os Bispos Auxiliares de Lisboa D. Américo Aguiar e D. Joaquim Mendes, coordenadores-gerais do Comité Organizador Local da JMJ 2023; e três sacerdotes: o padre Filipe Diniz, diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil; os padres José Alfredo Patrício e António Estêvão Fernandes, reitor e vice-reitor do Colégio Pontifício Português, que colaboram com as atividades da JMJ 2023, em Roma.

Ecclesia


JMJ Lisboa 2023: Entrega dos símbolos da JMJ é “momento marcante” para Lisboa - Cardeal-Patriarca

 

  

Os símbolos da JMJ foram entregues esta manhã, no Vaticano, à delegação portuguesa

O Cardeal-Patriarca de Lisboa disse hoje no Vaticano que os jovens católicos são desafiados a ir “ao encontro dos outros, das necessidades dos outros”, em resposta aos apelos do Papa, na passagem dos símbolos das Jornadas Mundiais. “Foi muito bonito que o Papa, na homilia, tenha pegado nas obras de misericórdia para dizer aos jovens – aos que cá estavam e aos de todo o mundo, que também seguiram – que são o melhor ideal possível, as obras de misericórdia concretizadas na vida”, referiu D. Manuel Clemente, em declarações aos jornalistas, após a Missa que decorreu na Basílica de São Pedro.

Uma delegação portuguesa recebeu esta manhã a Cruz peregrina e o Ícone mariano que são os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), marcando assim a passagem de testemunho do Panamá, que recebeu a edição internacional de 2019, para Lisboa, que acolhe o evento no verão de 2023. “Foi um momento marcante, num caminho que já anda como sonho há muito tempo e agora começa a ser cada vez mais realidade”, referiu D. Manuel Clemente.

“Se esta Jornada se realiza em Lisboa, tem muito a ver com este caudal de juventude que se vem agigantando em Portugal, concretamente ligados a jovens católicos, mas que se alargam depois a muitos outros”.

O Cardeal-Patriarca de Lisboa elogiou o trabalho desenvolvido no mundo universitário, onde jovens católicos “têm feito muitas realizações a propósito da misericórdia, da caridade, aproximando-se das pessoas, de terras, vilas e aldeias, na Missão País e outras missões, campos de férias, que eles organizam”. D. Manuel Clemente aludiu, por exemplo, à colaboração nos lares onde há falta de pessoal, por causa da pandemia. “Tudo isto é um caudal de misericórdia que é a melhor garantia de futuro. As jornadas nasceram deste caudal e agora reforçam-se nestas iniciativas, que vão no mesmo sentido”, apontou.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que tutela a área da juventude, participou nesta cerimónia, em representação do primeiro-ministro de Portugal. O responsável disse aos jornalistas que o Papa tem representado “uma mensagem de esperança para todo o mundo”, promovendo a paz e o diálogo, da educação, em particular das mulheres, e do “papel ativo” da juventude, para a “construção de sociedades mais maduras”. Tiago Brandão Rodrigues desejou que a JMJ 2023 sejam um “lugar de encontro”, um pouco por todo o país. “As Jornadas Mundiais da Juventude são sinais, jornadas de trabalho, de encontro”, realçou. Questionado sobre os desafios lançados aos jovens e educadores pelo Papa Francisco, o ministro declarou que “é importante pensar nas coisas a médio, longo prazo, ir acumulando blocos, na construção desta casa comum”.

"As jornadas estão já aí, à porta”
A Cruz Peregrina foi entregue a três jovens portugueses, entre eles Fernando Vieira (Diocese de Braga), para quem que foi “uma honra” participar neste momento, que considera “o arranque para uma grande Jornada”, em 2023, “com muito trabalho e muitos jovens envolvidos”.
Guilhermino Sarmento, (Diocese de Lisboa) destaca que a passagem simbólica ajuda a “ganhar a consciência de que as Jornadas estão já aí, à porta”. “Foi uma experiência incrível e que levo como memória muito agradecida para Portugal”, acrescentou.
João Amaral (Diocese das Forças Armadas e de Segurança) considerou “um grande privilégio” representar o país e a sua diocese, nesta entrega dos símbolos da JMJ. “Espero que possamos receber os jovens de todo o mundo como fomos recebidos aqui”, desejou.
As duas jovens que receberam o Ícone de Nossa Senhora, por sua vez, falam num gesto que tornou mais “real” a certeza de que a JMJ se vai realizar em Portugal.
Tatiana Severino (Diocese do Porto) sublinha que “vai começar agora a grande responsabilidade” na preparação do evento.
Daniela Calças (Diocese de Lisboa) fala numa experiência “inesquecível”, no dia do seu aniversário. “Hoje foi mais um passo desta grande caminhada que temos pela frente”, aponta.

Eclésua

O Papa aos jovens: tornamo-nos aquilo que escolhemos, tanto no bem como no mal

 
 O Papa Francisco na missa de Cristo Rei e entrega dos símbolos da JMJ 
 
Na homilia da missa na Solenidade de Cristo Rei, celebrada na Basílica de São Pedro, na manhã deste domingo, Francisco disse não termos sido feitos para sonhar aos feriados ou o fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo, fazendo grandes escolhas. "A beleza das escolhas depende do amor", disse o Pontífice.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco celebrou a missa na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, na Basílica de São Pedro, na manhã deste domingo (22/11), ocasião em que os jovens do Panamá entregaram aos jovens de Portugal os símbolos da Jornada Mundial da Juventude.

“A página que acabamos de ouvir é a última do Evangelho de Mateus antes da Paixão: antes de nos doar o seu amor na cruz, Jesus transmite-nos as suas últimas vontades. Ele diz-nos que o bem que fizermos a um dos seus irmãos mais pequeninos, famintos, sedentos, estrangeiros, necessitados, doentes e encarcerados, será feito a Ele”, disse o Pontífice no início de sua homilia.

Segundo o Papa, “deste modo o Senhor nos entrega a lista dos dons que deseja para as núpcias eternas connosco no Céu. São as obras de misericórdia que tornam eterna a nossa vida. Cada um de nós pode interrogar-se: coloco-as em prática? Ajudo alguém que não me pode restituir? Sou amigo de uma pessoa pobre?”. “Eu estou ali”, diz Jesus, nos pobres. Eu estou ali, diz Jesus também aos jovens que “procuram realizar os sonhos da vida”.

Realizar os sonhos de Deus neste mundo

Eu estou ali: disse Jesus, séculos atrás, a um jovem soldado. Era um jovem de dezoito anos, ainda não batizado, que cortou o seu manto e deu metade ao pobre, suportando a zombaria de alguns ao redor. Esse jovem era São Martinho que teve um sonho e viu Jesus com a parte do manto que ele tinha coberto o pobre. “São Martinho era um jovem que teve aquele sonho porque o viveu, mesmo sem saber, como os justos do Evangelho de hoje”, sublinhou o Papa. A seguir, Francisco disse:

Queridos jovens, queridos irmãos e irmãs, não renunciemos aos grandes sonhos. Não nos contentemos com o que é devido. O Senhor não quer que restrinjamos os horizontes, não nos quer estacionados nas margens da vida, mas correndo para metas elevadas, com júbilo e ousadia. Não fomos feitos para sonhar aos feriados ou ao fim de semana, mas para realizar os sonhos de Deus neste mundo. Ele tornou-nos capazes de sonhar, para abraçar a beleza da vida. E as obras de misericórdia são as obras mais belas da vida. As obras de misericórdia vão ao centro dos nossos grandes sonhos. Se tens sonhos de verdadeira glória, não da glória passageira do mundo, mas da glória de Deus, esta é a estrada; pois as obras de misericórdia dão mais glória a Deus do que qualquer outra coisa. Ouçam bem isto: as obras de misericórdia dão glória a Deus mais do que qualquer outra coisa. Seremos julgados no final, sobre as obras de misericórdia.

Escolhas banais levam a uma vida banal

“Mas, de onde se começa para realizar grandes sonhos?”, perguntou o Papa. “Das grandes escolhas. Hoje, o Evangelho também nos fala disto. No momento do juízo final, o Senhor baseia-se nas nossas escolhas. Quase parece que não julga: separa as ovelhas dos cabritos, mas ser bom ou mau depende de nós. Ele apenas tira as consequências de nossas escolhas, trá-las à luz e respeita-as. Assim a vida é o tempo das escolhas vigorosas, decisivas e eternas.”

Escolhas banais levam a uma vida banal; escolhas grandes tornam a vida grande. De facto, tornamo-nos aquilo que escolhemos, tanto no bem como no mal. Se escolhemos roubar, tornamo-nos ladrões; se escolhemos pensar em nós mesmos, tornamo-nos egoístas; se escolhemos odiar, tornamo-nos furiosos; se escolhemos passar horas no telenóvel, tornamo-nos dependentes. Mas, se escolhermos Deus, tornamo-nos mais amados em cada dia e, se optarmos por amar, tornamo-nos felizes. É assim, porque a beleza das escolhas depende do amor. Não se esqueçam disto! Jesus sabe que, se vivermos fechados e na indiferença, ficamos paralisados; mas, se nos dedicarmos aos outros, tornamo-nos livres. O Senhor da vida nos quer cheios de vida e nos dá o segredo da vida: só a possuímos doando-a.

“Mas existem obstáculos que tornam as escolhas difíceis: com frequência, são o medo, a insegurança, os porquês sem resposta”, disse ainda o Pontífice, ressaltando que “o amor pede para ir além, não ficarmos agarrados aos porquês da vida, esperando que chegue do Céu uma resposta. Isto não. O amor impele a passar dos porquês ao para quem: do porque vivo, ao para quem vivo; do porquê de me acontecer isto, ao para quem posso fazer o bem. Para quem? Não só para mim; a vida já está cheia de escolhas que fazemos para nós mesmos: ter um diploma, amigos, uma casa; satisfazer os próprios interesses e passatempos. De facto, corremos o risco de passar anos a pensar em nós mesmos, sem começar a amar”.

Escolher o que lhe faz bem

Segundo Francisco, “não existem apenas as dúvidas e os porquês a insidiar as grandes escolhas generosas; existem muitos outros obstáculos”.

Existe a febre do consumo, que narcotiza o coração com coisas supérfluas. Existe a obsessão pela diversão, que parece o único caminho para fugir dos problemas, quando, ao contrário, é apenas um adiamento do problema. Existe a fixação nos próprios direitos de reivindicar, esquecendo o dever de ajudar. E, depois, há a grande ilusão do amor, que parece algo a ser vivido ao som de emoções, quando amar é principalmente dom, escolha e sacrifício. Sobretudo hoje, escolher é não fazer-me domesticar pela homogeneização, é não deixar-me anestesiar pelos mecanismos de consumo, que desativam a originalidade, é saber renunciar às aparências e à exibição. Escolher a vida é lutar contra a mentalidade do usa-e-joga-fora e do tudo-e-imediatamente, para orientar a existência rumo à meta do Céu, rumo aos sonhos de Deus. Escolher a vida é viver, e nós nascemos para viver, não para sobreviver. Isto foi dito por um jovem como vós [o Beato Pier Giorgio Frassati]: “Eu quero viver, não sobreviver”.

“Todos os dias apresentam-se muitas opções no coração”, disse ainda o Papa, dando um último conselho para se treinar a escolher bem.

Se olharmos dentro de nós, veremos que muitas vezes surgem duas perguntas diferentes. A primeira: o que me apetece fazer? É uma pergunta que engana frequentemente, porque insinua que o importante é pensar em mim mesmo e satisfazer todos os desejos e impulsos que me vêm. Mas a pergunta que o Espírito Santo sugere ao coração é outra: não aquilo que me apetece, mas aquilo que me faz bem. A escolha diária situa-se aqui: escolher entre o que me apetece fazer e o que me faz bem. Desta procuraa interior, podem nascer escolhas banais ou escolhas vitais, depende de nós.

Varican News

sábado, 21 de novembro de 2020

JMJ Lisboa 2023: Símbolos marcam “novo ritmo” no caminho de preparação para a JMJ Lisboa 2023

 

 

D. Manuel Clemente interveio no encontro internacional online ‘Do Panamá a Lisboa', da Santa Sé.

No encontro internacional online ‘Do Panamá a Lisboa – chamados à sinodalidade missionária’, promovido pelo Dicastério para os Leigos a Família e a Vida (Santa Sé), D. Manuel Clemente sublinhou que a “peregrinação dos símbolos da Jornada” marcam o início de um “novo ritmo” no caminho até ao encontro internacional de jovens, em Lisboa, no verão de 2023. “Esta peregrinação, mesmo que nem todos tenhamos acesso direto a esses símbolos até ao momento da jornada, lembra-nos que ela anda toda à volta do que é essencial, ou seja, de Jesus Cristo e de sua Mãe, Nossa Senhora. Também é com Ela que nós nos dispomos, agora, para partir apressadamente para ir ao encontro de quem nos espera”, sublinhou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, perspetivando o contributo do caminho de preparação para a JMJ Lisboa 2023. “Vamos já por tudo aquilo que estamos a fazer, pela oração que nos está a impelir e porque temos a certeza de que é no presente – quando é assim vivido – que se constrói um melhor futuro”, apontou.

Na mensagem vídeo, o Cardeal-Patriarca de Lisboa começou por saudar os responsáveis pelo Dicastério para os Leigos a Família e a Vida, da Santa Sé e todos os responsáveis da Pastoral Juvenil das várias conferências episcopais e movimentos internacionais que, entre 18 e 22 de novembro, participam no encontro online e garantiu o empenho da organização portuguesa da JMJ em Lisboa. Até ao verão de 2023 “vai ser um tempo muito preenchido e, por isso, vai parecer curto, tal é o empenho que todos estamos a pôr nesta realização”, sublinhou. 

NOTA: Se está a utilizar o seu TELEMÓVEL, o acesso ao VIDEO contido nesta página, apenas será possível se seguir as instruções indicadas AQUI

No final da sua intervenção, D. Manuel Clemente desejou que o caminho até à próxima JMJ “seja um caminho muito realizador para todos”. “Porque é exatamente no caminho que nós nos revelamos como discípulos de Jesus Cristo que se fez para todos Caminho, Verdade e Vida. Boa viagem!”, concluiu o Cardeal-Patriarca de Lisboa que preside à comitiva que vai receber amanhã, Domingo, no Vaticano, os símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude.

Patriarcado de Lisboa

JMJ tem de ser mais do que um megaevento – D. José Tolentino Mendonça

 

 

O Cardeal português defendeu que a JMJ Lisboa 2023 deve levar ao compromisso dos jovens católicos.

O cardeal português D. José Tolentino Mendonça disse hoje em Roma que a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude que Lisboa vai receber, tem de ser mais do que um megaevento. “As jornadas devem – e muito em particular nestes anos de preparação – fazer chegar a cada jovem a boa notícia de que ela, de que ele, foram encontrados por Jesus e que isso faz a diferença”, declarou.

Falando à delegação portuguesa que vai receber em Roma os símbolos da JMJ, este Domingo, o colaborador do Papa apelou ao combate de uma “cultura dominante do egoísmo” e entender a vida como “serviço e dedicação” aos outros. As JMJ, sublinhou o bibliotecário e arquivista do Vaticano, são um “sinal” e ultrapassam a lógica do “mega-acontecimento pontual”, que deixa tudo “como estava”. “As jornadas não são apenas uma das maiores concentrações humanas e juvenis do planeta, com tudo o que isso representa em termos de organização”, indicou o cardeal português.

Para o responsável católico, as JMJ são uma “oportunidade extraordinária para acender o Evangelho nos corações” e uma intensa “jornada de evangelização”. “Sinal profético, atualizando no coração dos jovens a consciência de que eles próprios são um sinal”, acrescentou.

O encontro decorreu na igreja de Santo António dos Portugueses, na capital italiana, seguindo-se uma Eucaristia presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente. D. José Tolentino Mendonça defendeu que os jovens católicos são chamados a arriscar e fazer da vida “uma manifestação de Deus”. “Não podemos ser cristãos de bancada ou de sofá, como insiste o Papa Francisco”, observou. O Cardeal e poeta sustentou que “Deus faz dos jovens protagonistas da história”. 

“Os sonhos de Deus não se dissipam no nada, como bolas de sabão, no tempo, mas transformam efetivamente a vida, rasgando-a a uma esperança maior do que ela própria”.

A catequese apresentada por D. José Tolentino Mendonça centrou-se no tema para a JMJ Lisboa 2023, ‘Maria levantou-se e partiu apressadamente’ (Lc 1, 39) – passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 1, 39) relativa à visita da Virgem Maria à sua prima, Santa Isabel, mãe de São João Batista. “Com Maria, aprendemos que, se nos levantamos e partimos, é porque, primeiro, Deus vem ao nosso encontro”, disse.

O especialista no estudo da Bíblia abordou a decisão de partir, por um caminho “mais difícil”, e as motivações de Maria, ligadas a “uma experiência de amor e de fé”. “A viagem constitui uma forma clara e comprometida de resposta”, realçou.

Este Domingo, a partir das 10h00 locais (menos uma em Lisboa), a representação de Portugal participa na Eucaristia presidida pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro. No fim da celebração, a delegação dos jovens do Panamá, cidade que acolheu a JMJ em 2019, entrega os símbolos das Jornadas – a Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora – aos jovens portugueses. A celebração pode ser acompanha em direto, na RTP1.

Ecclesia

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Beatificação: Padre Cruz, sj - Encerramento do processo diocesano supletivo de beatificação

 

 

A ‘Sessão de Clausura’ do processo está marcada para o próximo dia 17 de dezembro de 2020.

O Cardeal-Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente marcou a Sessão de Clausura do processo diocesano supletivo para a causa de beatificação do Servo de Deus Francisco Rodrigues da Cruz, sj (Padre Cruz) para o próximo dia 17 de dezembro de 2020, às 15h00, na igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa. A celebração é aberta à participação dos fiéis e serão observadas as medidas sanitárias em vigor. 

A decisão do encerramento do processo pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa foi tomada após ouvir o Tribunal constituído para a causa e o Vice-Postulador. 

O processo de canonização do Padre Cruz teve início a 10 de março de 1951 e a fase diocesana decorreu até 18 setembro de 1965 – data em que foi entregue na Sagrada Congregação para a Causa dos Santos Cópia Pública dos três processos (Virtudes, non culto e Escritos). Sendo necessário completar aquele processo com os elementos requeridos pelas novas normas para a instrução dos processos de canonização, incluindo uma Comissão de Peritos em História, a 12 de setembro de 2009, o então Cardeal-Patriarca D. José Policarpo nomeou um novo Tribunal e Comissão Histórica para darem seguimento ao requerido.

Entre março e maio de 2011 foram ouvidos os testemunhos sobre as virtudes heroicas do Servo de Deus e, depois de exaustivo trabalho, a Comissão Histórica – esta já nomeada a 11 dezembro de 2018 pelo Cardeal-Patriarca D. Manuel Clemente – entregou, no dia 1 de outubro de 2019, os documentos e a sua análise crítica. 

Cumprida a clausura do Processo supletivo este será apresentado à Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé) pelo Postulador da Companhia de Jesus, o P. Pascual Cebollada, sj, seguindo-se os procedimentos habituais nestas circunstâncias.

Patriarcado de Lisboa

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Delegação com dez jovens portugueses vai receber os símbolos da JMJ

 

 

O grupo que vai receber os símbolos da Jornada Mundial da Juventude, no Domingo, Solenidade de Cristo Rei, no Vaticano, vai estar presente, neste sábado, 21 de novembro, num encontro com o Cardeal D. José Tolentino Mendonça, na Igreja de Santo António dos Portugueses, ao qual se seguirá a celebração da Eucaristia, presidida pelo Cardeal-Patriarca de Lisboa D. Manuel Clemente, anunciou hoje, em comunicado, o Comité Organizador Local (COL) da JMJ Lisboa 2023. 

A delegação é presidida por D. Manuel Clemente e “irá participar na Eucaristia presidida pelo Papa Francisco, durante a qual os jovens de Portugal vão receber a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’”, refere a nota.

A organização assegura o “cumprimento de todas as normas de segurança sanitárias portuguesas e italianas” por parte do grupo composto por “uma dezena” de jovens “de diversas dioceses nacionais e alguns elementos da organização” da JMJ Lisboa 2023.

“A entrega dos símbolos esteve inicialmente agendada para o dia 26 de abril, Domingo de Ramos, e foi adiada para 22 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, por decisão do Papa Francisco”, lembra o comunicado COL da JMJ Lisboa 2023.

 

 

A cruz peregrina e o ícone  
Com 3,8 m de altura, a Cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por João Paulo II aos jovens no Domingo de Ramos do ano seguinte, para que fosse levada por todo o mundo. Desde aí, a Cruz peregrina, feita em madeira, iniciou uma peregrinação que já a levou aos cinco continentes e a quase 90 países.  
A réplica do ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’, que retrata a Virgem Maria com o Menino nos braços, foi introduzida pelo Papa João Paulo II, em 2000, como símbolo da presença de Maria junto dos jovens. O original encontra-se na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.  


Patriarcado de Lisboa

Francisco: a oração transforma a inquietude em disponibilidade

 
O Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta feira
 
"Estou inquieto, rezo e a oração abre-me o coração e torna-me disponível à vontade de Deus. A inquietude  faz-nos mal", disse o Papa na Audiência Geral.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

“No caminho destes nossos encontros sobre a oração, hoje deparam-mo-nos com a figura da Virgem Maria como mulher orante”, disse o Papa Francisco no início da sua catequese na Audiência Geral, desta quarta-feira (18/11), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

Quando o mundo ignora Maria, “quando ela é uma simples jovem futura esposa de um homem da casa de David, Maria reza. Podemos imaginar a jovem de Nazaré recolhida em silêncio, em contínuo diálogo com Deus, que logo lhe confiaria a sua missão. Ela já está cheia de graça e imaculada desde a conceção, mas ainda não sabe nada de sua surpreendente e extraordinária vocação e do mar tempestuoso que terá de enfrentar. Uma coisa é certa: Maria pertence à grande multidão daqueles humildes de coração que os historiadores oficiais não inserem nos seus livros, mas com quem Deus preparou a vinda do seu Filho.”

A oração acalma as nossas inquietudes

Maria "espera que Deus tome as rédeas do seu caminho e a guie para onde Ele quiser. Está em oração quando o arcanjo Gabriel vem trazer-lhe o anúncio em Nazaré. Não há melhor modo de rezar do que nos colocarmos como Maria em atitude de abertura, coração aberto a Deus: “Senhor, aquilo que quiseres, quando quiseres, e como quiseres!” O coração aberto à vontade de Deus e Deus responde sempre".

Quantos fiéis vivem deste modo a sua oração! Aqueles que são humildes de coração rezam assim, com humildade essencial, com humildade simples. “Senhor, aquilo que quiseres, quando quiseres, e como quiseres!” Eles rezam assim não se irritando porque os dias são cheios de problemas, mas indo ao encontro da realidade e sabendo que no amor humilde, oferecido em cada situação, tornamo-nos instrumentos da graça de Deus.

“Senhor, aquilo que quiseres, quando quiseres, e como quiseres!” "Uma oração simples. É colocar a nossa vida nas mãos do Senhor. Que seja ele a guiar-nos. Todos nós podemos rezar assim, quase sem palavras, simples. “Senhor, aquilo que quiseres, quando quiseres, e como quiseres!” A seguir, o Papa acrescentou:

A oração acalma as nossas inquietudes, mas nós somos inquietos, queremos as coisas antes de pedirmos, queremos rápido, rápido. A vida não é assim. Esta inquietude faz-nos mal. A oração acalma a inquietude, sabe transformá-la em disponibilidade. Estou inquieto, rezo e a oração abre-me o coração e torna-me disponível à vontade de Deus. A Virgem Maria, naqueles poucos instantes da Anunciação, soube rejeitar o medo, apesar de ter previsto que o seu “sim” lhe teria dado provações muito duras. Se na oração entendemos que cada dia doado por Deus é um chamamento, então alargamos os nossos corações e acolhemos tudo. Aprende-se a dizer: “Aquilo que quiseres, Senhor”. Promete-me apenas que estará comigo a cada passo do meu caminho. Isto é importante, pedir ao Senhor a sua presença a cada passo do nosso caminho. Que Ele não nos deixe sozinho, que não nos abandone na tentação, que não nos abandone nos momentos difíceis. O final do Pai-Nosso é assim, a graça que Jesus nos ensinou a pedir ao Senhor.

A oração de Maria é silenciosa

Segundo o Papa, “Maria acompanha em oração toda a vida de Jesus, até à sua morte e ressurreição; e no final acompanha os primeiros passos da Igreja nascente. Maria reza com os discípulos que passaram pelo escândalo da Cruz. Reza com Pedro, que cedeu ao medo e chorou de remorso. Maria está lá, com os discípulos, entre os homens e mulheres a quem o seu Filho chamou para formar a sua Comunidade. Maria não se comporta como um sacerdote entre eles, é a mãe de Jesus que reza com eles, em comunidade, como uma da comunidade. Reza com eles e por eles. E, mais uma vez, a sua oração precede o futuro que está prestes a acontecer: por obra do Espírito Santo tornou-se Mãe de Deus e, por obra do mesmo Espírito, torna-se Mãe da Igreja.”

Rezando com a Igreja nascente, torna-se mãe da Igreja, acompanha os discípulos nos primeiros passos da Igreja. Na oração esperando o Espírito Santo e depois nos primeiros passos, em silêncio, sempre em silêncio. A oração de Maria é silenciosa. O Evangelho conta-nos uma oração de Maria, em Canaã, quando pede ao seu filho por aquelas pessoas que estão a cometer uma gafe na festa. Imaginamos fazer uma festa de casamento servindo no final chá e leite porque acabou o vinho! Mas que gafe! Ela reza e deixa o filho resolver o problema. A sua presença é uma oração e a sua presença no Cenáculo em oração com os discípulos deu à luz a Igreja.

“Na Virgem Maria, a intuição feminina natural é exaltada pela sua união singular com Deus na oração. Por isso, lendo o Evangelho, notamos que às vezes ela parece desaparecer, para depois ressurgir nos momentos cruciais: Maria está aberta à voz de Deus que guia o seu coração e os seus passos onde a sua presença é necessária. Presença silenciosa de mãe e discípula. Maria está presente porque é mãe, mas também porque é a primeira discípula, porque aprendeu em primeiro lugar as coisas de Jesus. Maria nunca diz, “vem que eu vou resolver as coisas”, mas "façam o que Ele vos disser". Ela indica sempre Jesus. O discípulo faz assim e ela é uma discípula. Reza como mãe e como discípula. Como seria belo se a nossa vida de oração fosse mais semelhante à da nossa Mãe! Com o coração aberto à palavra de Deus, com o coração silencioso, com o coração obediente, com o coração que sabe receber a palavra de Deus e a deixa crescer como uma semente para o bem da Igreja”, concluiu o Papa.

Vatican News

domingo, 15 de novembro de 2020

Papa no Dia Mundial dos Pobres: vamos estender a mão e ver Jesus nos pobres

Francisco na missa especial dedicada aos pobres 

Neste domingo (15), a data instituída pelo próprio Pontífice foi celebrada na Basílica de São Pedro, lembrando também dos milhões de novos pobres que surgiram com o pandemia. Francisco insistiu para que3 nsejamos servos fiéis a Deus, estendendo a mão aos pobres que encontramos diariamente: “peçamos a graça de ver Jesus nos pobres”, “a graça de sermos cristãos não em palavras, mas em obras”.

Andressa Collet – Vatican News

O Dia Mundial dos Pobres deste ano está a ser vivido em contextos desafiadores sobretudo porque a pandemia, segundo dados do Banco Mundial, já fez mais de 100 milhões de novos pobres. No Vaticano, neste domingo (15), o tradicional almoço comunitário com o Papa foi cancelado, mas Francisco presidiu uma missa especial pela data, na Basílica de São Pedro, respeitando as medidas sanitárias para prevenir a Covid-19. Cem pessoas carentes participaram na celebração, representando os pobres do mundo inteiro.

Assista à missa (integral) com o Papa Francisco »

Na homilia, Francisco insistiu para que sejamos servos fiéis a Deus, estendendo a mão aos pobres que encontramos diariamente...

A parábola dos talentos

Na homilia, ao comentar a parábola dos talentos (Mt 25, 14-30) do Evangelho do dia, o Pontífice refletiu sobre o início, o centro e o fim da vida. O início, quando o patrão confiou os talentos, ou seja, as riquezas monetárias aos servos, também Deus o fez connosco:

“Somos portadores de uma grande riqueza que não depende da quantidade de coisas que temos, mas daquilo que somos: a vida recebida, o bem que há em nós, a beleza intangível com que Deus nos dotou. Feitos à imagem d’Ele, cada um de nós é precioso aos seus olhos, é único e insubstituível na história!”

O Papa destacou a importância de nos lembrarmos sempre desta graça recebida, em vez de olharmos para a nossa vida e ceder à tentação que, o próprio Pontífice define como “quem dera…”: quem dera se eu tivesse aquele emprego, aquela casa, dinheiro e sucesso, se não tivesse tal problema, quem dera que eu tivesse pessoas melhores ao meu redor. Esta é a “ilusão do ‘quem dera’”, enalteceu Francisco, que nos impede “de ver o bem e nos faz esquecer os talentos que possuímos”.

A fidelidade a Deus é servir os pobres

O Pontífice então abordou o centro da parábola: a atividade dos servos, isto é, o serviço, que representa a nossa atividade, que faz frutificar os talentos e dá sentido à vida. Um estilo de serviço identificado pelos servos bons que, no Evangelho, “são aqueles que arriscam”, disse Francisco. Por exemplo, se não se investir e não se fazer o bem, ele acaba se perdendo:

“Quantas pessoas passam a vida só a acumular, pensando mais em estar bem do que em fazer bem! Como é vazia, porém, uma vida que se preocupa das próprias necessidades, sem olhar para quem tem necessidade! Se temos dons, é para ser dons.”

Segundo o Evangelho, recordou o Papa, “não há fidelidade sem risco”: “é triste quando um cristão se coloca à defesa, prendendo-se apenas à observância das regras e ao respeito dos mandamentos. Isto não basta!”, disse Francisco, pois são cristãos que sempre têm medo do risco, são “mumificados”. O servo preguiçoso da parábola, por exemplo, escondido atrás de um medo inútil, foi classificado de mau:

“E, contudo, não fez nada de mal… É verdade! Mas, de bom, também não fez nada. Preferiu pecar por omissão do que correr o risco de errar. Não foi fiel a Deus, que gosta de Se dar; e fez-Lhe a ofensa pior: devolver-Lhe o dom recebido. Ao contrário, o Senhor convida a envolver-mo-nos generosamente e a vencer o temor com a coragem do amor, a superar a passividade que se torna cumplicidade. Nestes tempos de incerteza e fragilidade que corre, não desperdicemos a vida pensando só em nós mesmos, com aquela postura da indiferença.”

A fidelidade a Deus é servir os pobres, que estão no centro do Evangelho, que nos enriquecem no amor, salientou o Papa, sobretudo se pensamos a quem devemos servir durante o Natal:

A maior pobreza que devemos combater é a nossa pobreza de amor. O livro dos Provérbios elogia uma mulher diligente e caritativa, cujo valor é superior ao das pérolas: devemos imitar esta mulher que, como diz o texto, ‘abre a mão ao indigente’ (Prv 31, 20). Em vez de exigir o que te falta, estende a mão a quem passa necessidade: assim multiplicarás os talentos que recebeste.”

A graça de ver Jesus nos pobres

No final da parábola ou no fim da vida e “do espetáculo”, como disse o Papa citando São João Crisóstomo, será retirada “a máscara da riqueza e da pobreza”, será desvendada a realidade do poder e do dinheiro ou das obras do amor e da doação. “Se não queremos viver pobremente, peçamos a graça de ver Jesus nos pobres, servi-Lo nos pobres”, comentou Francisco, que finalizou a homilia trazendo o exemplo dos servos fiéis de Deus de que não se fala, como no Padre Roberto Malgesini, assassinado em 15 de setembro deste ano por um dos pobres que servia:

“Este padre não fazia teorias; simplesmente, via Jesus no pobre; e o sentido da vida, em servir. Enxugava lágrimas com mansidão, em nome de Deus que consola. O início do seu dia era a oração, para acolher o dom de Deus; o centro do dia, a caridade para fazer frutificar o amor recebido; no final, um claro testemunho do Evangelho. Este homem compreendera que devia estender a sua mão aos inúmeros pobres que encontrava diariamente, porque em cada um deles via Jesus. Irmãos e irmãs, peçamos a graça de sermos cristãos não em palavras, mas em obras... para dar fruto, como Jesus deseja.”

NOTA: Se estiver a utilizar o seu TELEMÓVEL, o acesso ao VIDEO contido nesta página, apenas será possível, seguindo a informação apresentada AQUI

Vatican News