quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Audiência Geral: o Evangelho está vivo hoje para nós

 

Francisco não deixou de estar presente na Audiência Geral desta quarta-feira (29/11). A entrada do Papa na Sala Paulo VI foi aclamada pelos fiéis e peregrinos. No início da catequese o Pontífice saudou os fiéis e passou a palavra ao monsenhor Ciampanelli, que leu o texto preparado para a ocasião.

Realizada na Sala Paulo VI, devido às quedas da temperatura que antecedem o inverno no hemisfério norte, a Audiência Geral desta quarta-feira, 29 de novembro, contou com a presença de inúmeros fiéis e peregrinos que acolheram o Santo Padre com muito afeto durante o seu ingresso para a Audiência Geral.  

O Papa Francisco, que ainda recupera de uma infeção pulmonar, ao saudar os fiéis, afirmou: "ainda não estou bem com esta gripe e a voz não está boa”, e passou a palavra a monsenhor Filippo Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado, que leu o discurso preparado para o ciclo de catequeses sobre a Paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente.

A proclamação é para hoje

“Quase sempre ouvimos coisas más sobre o hoje” - destaca o texto lido por mons. Ciampanelli -   “entre guerras, alterações climáticas, injustiças planetárias e migrações, crise da família e da esperança, não faltam motivos de preocupação. De uma forma geral, o hoje parece habitado por uma cultura que coloca o indivíduo acima de tudo e a tecnologia no centro de tudo, com a sua capacidade de resolver muitos problemas e o seu progresso gigantesco em muitos campos”.

O texto do Papa sublinha que a cultura do progresso técnico-individual leva à afirmação de uma liberdade que não quer impor limites e parece indiferente para com aqueles que ficam para trás. E ao ilustrar a catequese com a história da cidade de Babel, Francisco destaca:

“Ainda hoje a coesão, mais do que a fraternidade e a paz, baseia-se muitas vezes na ambição, nos nacionalismos, na homologação, em estruturas técnico-económicas que inculcam a crença de que Deus é insignificante e inútil: não tanto porque procuramos mais conhecimento, mas sobretudo porque procuramos mais poder. É uma tentação que permeia os grandes desafios da cultura atual.”

 

Não ter medo do diálogo

“Na Evangelii gaudium”, ressalta o texto do Papa, “apelei a uma evangelização que ilumine os novos modos de te relacionares com Deus, com os outros e com o ambiente, e que suscite os valores fundamentais”.

“O zelo apostólico nunca é uma simples repetição de um estilo adquirido, mas um testemunho de que o Evangelho está vivo aqui para nós hoje.”

“Conscientes disto, olhemos, portanto, para a nossa época e para a nossa cultura como uma dádiva. Elas são nossas e evangelizá-las não significa julgá-las de longe, nem ficar numa varanda gritando o nome de Jesus, mas sair às ruas, ir aos lugares onde moramos, frequentar os espaços onde sofremos, trabalhamos, estudamos e refletimos, habitar as encruzilhadas onde os seres humanos partilham o que faz sentido para as suas vidas. Significa ser, como Igreja, «um fermento de diálogo, de encontro, de unidade. Afinal, as nossas próprias formulações de fé são o resultado de um diálogo e de um encontro entre diferentes culturas, comunidades e instâncias. Não devemos ter medo do diálogo: na verdade, são precisamente a comparação e a crítica que nos ajudam a evitar que a teologia se transforme em ideologia»”

“Precisamos de permanecer nas encruzilhadas do hoje. Abandoná-las significaria empobrecer o Evangelho e reduzir a Igreja a uma seita. Frequentá-las, porém, ajuda a nós, cristãos, a compreender de forma renovada as razões da nossa esperança, para extrair e partilhar «coisas novas e velhas» do tesouro da fé.”

 Uma pastoral que incorpore melhor o Evangelho

Na conclusão do texto Francisco ressalta: “em vez de querer reconverter o mundo de hoje, precisamos de converter a pastoral para que ela incorpore melhor o Evangelho”.

“Façamos nosso o desejo de Jesus: ajudar os nossos companheiros de viagem a não perder o desejo de Deus, para que lhes abra o coração e encontrem o único que, hoje e sempre, dá paz e alegria ao homem.”

Vatican News

domingo, 26 de novembro de 2023

Angelus, Papa: amar Jesus significa servi-lo nos pequeninos e nos pobres

 
Papa Francisco no Angelus da Capela da Casa de Santa Marta. Ao seu lado monsenhor Paolo Braida 
 
 Papa Francisco convida a não te voltares para o outro lado diante dos pobres, dos doentes, dos presos, dos mais fracos. A reflexão que precedeu o Angelus deste domingo foi lida por monsenhor Braida, na Capela da Casa Santa Marta. 
 

Silvonei José – Vatican News

"Hoje não posso assomar à janela porque tenho este problema de inflamação nos pulmões". Foi o que disse o Papa Francisco, em conexão vídeo da Capela da Casa de Santa Marta, para a recitação do Angelus neste domingo, explicando que monsenhor Braida "lerá a reflexão, que a conhece bem porque é ele quem a faz, e sempre a faz muito bem. Muito obrigado pela sua presença". Monsenhor Paolo Braida é chefe do escritório da Secretaria de Estado.

"De acordo com os critérios do mundo, - destaca o texto lido por mons. Braida - os amigos do rei devem ser aqueles que lhe deram riqueza e poder, que o ajudaram a conquistar territórios, a vencer batalhas, a tornar-se grande entre outros governantes, talvez aparecer como uma estrela nas primeiras páginas dos jornais ou nos médias sociais, e a eles ele deveria dizer: "Obrigado, porque vocês me tornaram rico e famoso, invejado e temido". Isto de acordo com os critérios do mundo.

"No entanto, de acordo com os critérios de Jesus, os amigos são outros: são aqueles que o serviram nas pessoas mais frágeis", afirma o Papa, comentando o Evangelho da Solenidade de Cristo Rei, que "nos fala do juízo final e nos diz que será sobre a caridade".

"O Filho do Homem", explicou Francisco, "é um Rei completamente diferente, que chama os pobres de 'irmãos', que se identifica com os famintos, os sedentos, os estrangeiros, os doentes, os presos". "Ele é um Rei que é sensível ao problema da fome, à necessidade de uma casa, à doença e à prisão – continuou - todas realidades que, infelizmente, são sempre muito atuais".


 Angelus - 26 de novembro de 2023 

"Pessoas famintas, sem-teto, muitas vezes vestidas como podem, enchem as nossas ruas: nós encontramo-las todos os dias. E também em relação à enfermidade e à prisão, todos nós sabemos o que significa estar doente, cometer erros e arcar com as consequências".

O Papa enfatizou  no texto lido que "o Evangelho de hoje diz-nos que somos 'benditos' se respondemos a estas pobrezas com amor, com serviço: não olhando para o outro lado, mas dando de comer e beber, vestindo, hospedando, visitando, numa palavra, estando perto dos necessitados".

E isto porque "Jesus, nosso Rei que se define Filho do Homem, tem as suas irmãs e irmãos prediletos nas mulheres e homens mais frágeis". "E o estilo com o qual os seus amigos são chamados a distinguirem-se, aqueles que têm Jesus como Senhor, é o seu próprio estilo", acrescentou: compaixão, misericórdia, ternura".

"Então, irmãos e irmãs, perguntemos a nós mesmos", insistiu o Pontífice - acreditamos que a verdadeira realeza consiste na misericórdia? Acreditamos no poder do amor? Acreditamos que a caridade é a manifestação mais real do homem e é uma exigência indispensável para o cristão? E, enfim, uma pergunta particular: sou um amigo do Rei, ou seja, sinto-me envolvido  na primeira pessoa nas necessidades dos sofredores que encontro no meu caminho? O convite final do Papa foi, portanto, "amar Jesus nosso Rei nos seus irmãos mais pequeninos”.

Vatican News

domingo, 19 de novembro de 2023

O Papa exorta a superar o medo que paralisa e a lançarmo-nos com confiança em Deus

 

 

"Ou tens medo diante de Deus ou tens confiança no Senhor". E a exemplo dos protagonistas da parábola, também nós, recordou o Papa Francisco no Angelus, “recebemos talentos, todos, muito mais preciosos do que o dinheiro. Mas muito do modo como os investimos depende da nossa confiança no Senhor, que liberta o coração, torna-nos ativos e criativos na prática do bem”.
 

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“O medo paralisa, a confiança liberta”. Medo ou confiança, duas posturas que podemos ter diante de Deus e que serão determinantes na nossa relação com Ele e por consequência na multiplicação ou não dos talentos que gratuitamente d'Ele recebemos.

Dirigindo-se aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, neste XXXIII Domingo do Tempo Comum, o Papa falou das duas maneiras diferentes de nos aproximarmos de Deus. Para tal, inspirou-se na Parábola dos Talentos narrada no Evangelho de Mateus 25, 14-30.

Francisco começa por explicar que os talentos confiados aos seus servos, por um senhor que sai em viagem  “eram os seus bens, um capital", e foram distribuídos “de acordo com as capacidades de cada um”.

Ao retornar, este senhor pede contas aos servos. Dois deles dobraram os talentos que receberam, o que é elogiado pelo senhor, enquanto o terceiro, por medo, enterrou o seu, devolvendo o mesmo que tinha recebido, atitude que recebe uma repreensão.

O medo que bloqueia

O Santo Padre então, explica a primeira maneira de nos aproximarmos de Deus, que é aquela movida pelo medo de alguém que não confia na sua bondade e por isso fica bloqueado:

É aquela daquele que enterra o talento recebido, que não sabe ver as suas riquezas dadas por Deus: ele não confia nem no patrão, nem em si mesmo (...). Ele sente medo dele, não vê a estima, não vê a confiança que o senhor deposita nele, mas vê somente o agir de um patrão que exige mais do que dá, de um juiz. E esta é a sua imagem de Deus: não consegue acreditar na sua bondade, não consegue acreditar na bondade do Senhor em relação a nós. Por isso fica bloqueado e não se deixa envolver na missão recebida. 

A atitude de confiança que liberta

Atitude diferente, por sua vez, têm os outros dois protagonistas, “que retribuem a confiança do seu senhor, confiando por sua vez nele”:

Esses dois investem tudo o que receberam, mesmo que inicialmente não saibam se tudo irá correr bem: estudam, veem as possibilidades e prudencialmente pçrocuram o melhor; aceitam o risco de se envolverem. Confiam, estudam e arriscam. Assim, têm a coragem de agir com liberdade, de forma criativa, gerando nova riqueza.

E diante de Deus, temos esses dois caminhos a seguir, observa o Papa, “medo ou confiança. Ou tens medo diante de Deus ou tens confiança no Senhor". E a exemplo dos protagonistas da parábola, também nós, recorda Francisco, “recebemos talentos, todos, muito mais preciosos do que o dinheiro. Mas muito do modo como os investimos depende da nossa confiança no Senhor, que liberta o coração, torna-nos ativos e criativos na prática do bem”:

Superar o medo e confiar em Deus

Não esqueçamos isto: a confiança liberta, sempre, o medo paralisa. Recordemos: o medo paralisa, a confiança liberta. E isto também se aplica à educação dos filhos. E perguntemo-nos: acredito que Deus é Pai e me confia dons porque confia em mim? E eu, confio n'Ele ao ponto de me lançar sem desanimar, mesmo quando os resultados não são certos nem óbvios? Sei dizer em cada dia na oração: ‘Senhor, eu confio em Ti, dá-me forças para seguir em frente: confio em Ti, nas coisas que me deste. Deixe-me saber como, como levá-las em frente...'. Por fim, também como Igreja: cultivamos nos nossos ambientes um clima de confiança e de estima recíproca, que nos ajuda a seguir em frente  juntos, que desbloqueia as pessoas e estimula a criatividade do amor em todos? Pensemos nisto.

Que a Virgem Maria, disse ao concluir, nos ajude a superar o medo e a confiar em Deus - nunca ter medo de Deus! Temor sim, medo não - e a confiar no Senhor.

Vaticam News

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Papa: o Evangelho não é uma ideologia, é o anúncio da alegria

 
 
Durante a catequese desta quarta-feira (15), aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, Francisco enfatizou que “o Evangelho ainda é esperado nos dias atuais, e a humanidade de todos os tempos necessita do seu anúncio”.
 

Thulio Fonseca - Vatican News

“Após falar sobre diversas testemunhas do anúncio do Evangelho, proponho, como síntese destas catequeses sobre o zelo apostólico, quatro pontos baseados na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, que completa neste mês dez anos. O primeiro ponto, que examinamos hoje, só pode dizer respeito à atitude da qual depende a substância do gesto evangelizador: a alegria.”

Com estas palavras, Francisco iniciou a sua catequese durante a Audiência Geral desta quarta-feira (15). Diante dos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Papa enfatizou que "a mensagem cristã, conforme ouvimos nas palavras do anjo aos pastores, é o anúncio de uma 'grande alegria'".

"E qual é o motivo dessa grande alegria? Uma boa notícia, uma surpresa, um belo acontecimento?”, questionou o Pontífice, para então responder: “É muito mais do que isso, é uma Pessoa: Jesus! Ele é o Deus feito homem que nos ama sempre, que deu a sua vida por nós e deseja-nos conceder a vida eterna! Ele é o nosso Evangelho, a fonte de uma alegria perene!”

“Ou proclamamos Jesus com alegria, ou não o proclamamos, porque qualquer outra forma de anunciá-Lo não é capaz de trazer a verdadeira realidade de Jesus.”

A evangelização não é uma ideologia

Seguidamente, o Papa faz um alerta aos fiéis: "um cristão que está descontente, triste, insatisfeito ou, pior ainda, ressentido e rancoroso não tem credibilidade". Segundo Francisco, a evangelização funciona de forma gratuita, porque vem da plenitude, não da pressão.

O Papa enfatizou que "quando se evangeliza com base em ideologias, isso não é evangelizar, isso não é o Evangelho. O Evangelho não é uma ideologia: o Evangelho é um anúncio de alegria. As ideologias são frias, todas elas. O Evangelho tem o calor da alegria. As ideologias não sabem sorrir, o Evangelho é um sorriso, ele faz-te sorrir porque toca a tua alma com a Boa Nova", sublinhou Francisco. 

A humanidade aguarda o anúncio do Evangelho

"Portanto, os primeiros a serem evangelizados somos nós, os cristãos, e isso é muito importante", lembrou o Pontífice. Mesmo quando frequentemente nos encontramos imersos no ritmo acelerado e confuso do mundo atual, "também podemo-nos ver a viver a fé com um subtil senso de renúncia, convencidos de que o Evangelho não é mais ouvido e que não vale mais a pena o esforço de proclamá-lo".

“Podemos até ser tentados pela ideia de deixar os 'outros' seguirem o seu próprio caminho. Em vez disso, este é exatamente o momento de voltar ao Evangelho para descobrir que Cristo é sempre jovem, é sempre uma fonte constante de novidade.”

O Papa destacou que o Evangelho ainda é esperado nos dias atuais, e a humanidade de todos os tempos necessita do seu anúncio, inclusive a civilização imersa na descrença planeada e na secularidade institucionalizada. Especialmente numa sociedade que negligencia os espaços do sentimento religioso, o Evangelho é aguardado.

Na conclusão da catequese, o Papa convidou cada cristão a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo:

"Não nos esqueçamos disso. E se algum de nós não perceber essa alegria, perguntemos a nós mesmos se encontramos Jesus. É uma alegria interior. O Evangelho percorre o caminho da alegria, sempre, é o grande anúncio. Convido todos os cristãos, em qualquer lugar e situação em que se encontrem, a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo hoje. Que cada um de nós, neste dia, pare um pouco e pense: Jesus, Tu estás dentro de mim: quero encontrar-Te todos os dias. Tu és uma Pessoa, não uma ideia; Tu és um companheiro, não um programa. Tu és o Amor que resolve tantos problemas. Tu és o início da evangelização. Tu, Jesus, és a fonte da alegria."

Vatican News

domingo, 12 de novembro de 2023

Angelus: menos tempo no telemóvel, mais cuidado com a vida interior

 
 
Antes de rezar o Angelus neste 32º Domingo do Tempo Comum, o Papa Francisco refletiu sobre a parábola das dez virgens. Na sua alocução destacou a importância da vida interior que "não pode ser improvisada, não é uma questão de um momento; deve ser preparada dedicando um pouco de tempo todos os dias."
 

Thulio Fonseca – Vatican News

“Viver é isto: uma grande preparação para o dia das núpcias, quando seremos chamados a sair para encontrar Aquele que nos ama acima de tudo, Jesus!”

O exemplo da sabedoria e da imprudência, presente na parábola das dez virgens, chamadas a sair ao encontro do noivo, foi o tema da reflexão do Papa, no Angelus deste 32º Domingo do Tempo Comum. Ao dirigir-se aos milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça de São Pedro, num domingo frio de outono, Francisco iniciou dizendo que este “evangelho apresenta-nos uma parábola que diz respeito ao significado da vida de cada um”. 

O Papa sublinha que, no texto presente no livro de São Mateus, cinco virgens são sábias e cinco imprudentes, e convida os fiéis a refletirem sobre estas duas características:

“Todas aquelas damas de honra estão lá para receber o noivo, ou seja, elas querem encontrá-lo, assim como nós também desejamos a realização de uma vida feliz: a diferença entre sabedoria e imprudência não está, portanto, apenas na boa vontade, tão pouco na pontualidade com que chegam ao encontro: todos estão lá com as suas lâmpadas, a esperar. A diferença entre as sábias e as imprudentes é outra: a preparação.”

Francisco destaca que as sábias juntamente com as suas lâmpadas, levaram também óleo, e as imprudentes, por outro lado, não o fizeram: “Aqui está a diferença: o óleo. E qual é a característica do óleo? O facto de não poder ser visto: está dentro das lâmpadas, não é visível, mas sem ele as lâmpadas não iluminam”.

O cuidado com a vida interior

“Se olharmos para nós mesmos, perceberemos que a nossa vida corre o mesmo risco: hoje estamos muito atentos às aparências, o importante é cuidar bem da nossa imagem e causar uma boa impressão diante dos outros. Mas Jesus diz que a sabedoria da vida está noutro aspeto: no cuidado com o que não podemos ver, mas que é mais importante, porque está dentro de nós. É o cuidado com a vida interior.”

Segundo o Papa, essa atenção implica “saber como parar e ouvir o próprio coração, vigiar os pensamentos e os sentimentos". Significa saber abrir espaço para o silêncio, ser capaz de ouvir.”, e como um exemplo concreto cita um instrumento muito comum, o celular, e exorta principalmente os agentes pastorais:

“Significa saber abrir mão do tempo gasto em frente da tela do telemóvel para olhar a luz nos olhos dos outros, no próprio coração, no olhar de Deus sobre nós. Significa, especialmente para aqueles que desempenham um papel na Igreja, não se deixarem aprisionar pelo ativismo, mas dedicar tempo ao Senhor, à escuta da sua Palavra.”

É preciso dedicar tempo para a vida com Deus

“O Evangelho dá-nos o conselho certo para não negligenciarmos o óleo da vida interior” continua Francisco, "o óleo da alma, que é importante prepará-lo.” E recordando o exemplo das virgens que se tinham preparado bem, destaca:

“Assim é para nós: a vida interior não pode ser improvisada, não é uma questão de um momento, de uma vez ou outra, de uma vez por todas; ela deve ser preparada dedicando um pouco de tempo todos os dias, com constância, como se faz para tudo o que é importante.”

O Pontífice, no final da sua alocução convida os fiéis a uma reflexão:

“Podemos perguntar-nos”, indaga Francisco, “o que estou a preparar neste momento da vida? Talvez eu esteja a tentar fazer algumas economias, esteja a pensar numa casa ou num carro novo, em projetos concretos... Estas são coisas boas. Mas será que também estou a pensar em dedicar tempo para cuidar do meu coração, da oração e do serviço aos outros, ao Senhor, que é a meta da vida? Enfim, como está o óleo da minha alma, estou nutrindo-o e mantendo-o bem?”

“Que Nossa Senhora nos ajude a conservar o óleo da vida interior”, concluiu o Papa.

Vatican News

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Francisco: continuemos a rezar pelas populações que sofrem

 

  No Angelus, o apelo do Papa pelas vítimas de todas as guerras  

O Papa, saudando os fiéis presentes na Praça de São Pedro para o Angelus neste dia de Solenidade de Todos os Santos, recordou os conflitos que estão a ensanguentar o mundo e pediu que rezemos por aqueles que sofrem. Francisco também lembrou que nesta quinta-feira, 2 de novembro, por ocasião da celebração dos falecidos, vai celebrar missa no Cemitério de Guerra de Roma, do bairro Testaccio.

 

Francesca Sabatinelli e Andressa Collet - Vatican News

O Papa, nas saudações após o Angelus desta quarta-feira (01), volta a falar sobre as guerras que afligem o mundo de hoje, pedindo que não parem de rezar pelos povos que estão a viver esses conflitos.

“E continuemos a rezar pelos povos que sofrem com as guerras de hoje. Não nos esqueçamos da martirizada Ucrânia, não nos esqueçamos da Palestina, não nos esqueçamos de Israel, não nos esqueçamos de tantas outras regiões onde a guerra ainda é muito forte.”

Francisco, dirigindo-se à multidão presente na Praça de São Pedro, também saudou e agradeceu aos grupos de peregrinos presentes, entre eles os participantes da tradicional Corrida dos Santos promovida pela Fundação Missões Dom Bosco "para viver numa dimensão de festa popular" a Solenidade de Todos os Santos. A corrida, que já está na sua 15ª edição, contou com a passagem dos participantes pelo centro de Roma.

A missa no Dia de Finados

O Papa então despediu-se, lembrando que nesta quinta-feira (2), em memória dos fiéis falecidos, vai celebrar uma missa no Cemitério de Guerra de Roma, conhecido também como Cemitério Inglês. Todos os anos, Francisco escolhe um lugar simbólico de dor e de recordação para a data do Dia de Finados. A celebração começa às 10h na Itália, 8h no horário de Portugal, com transmissão ao vivo nos canais do Vatican News, com comentários em português, direto do cemitério que acolhe aqueles que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.

Vatican News

Papa: os santos não são heróis inalcançáveis, são como nós, em caminho pela comunhão com Deus

 

 

Na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus desta quarta-feira (1), Francisco recomendou conhecer e emocionarmo-nos com a vida dos santos que "não são heróis inalcançáveis ou distantes, mas são pessoas como nós". Através do exemplo deles, disse o Papa, devemos comemorar o dom recebido no Batismo e seguir caminhando, esforçando-nos para não desperdiçá-lo.

 

Andressa Collet - Vatican News

A Praça de São Pedro, que na manhã deste 1° de novembro foi ponto de partida para a tradicional Corrida dos Santos já na sua décima quinta edição, também recebeu fiéis do mundo inteiro para rezar junto com o Papa Francisco a oração mariana do Angelus. Nesta quarta-feira (1) de Solenidade de Todos os Santos, o Pontífice propôs uma reflexão sobre a santidade, em particular, sobre duas características: a santidade como um dom, que "é um presente, não se pode comprar"; e ao mesmo tempo como um caminho.

O dom da santidade

"A santidade é um dom de Deus que recebemos no Batismo", disse o Papa, enaltecendo que, "se o deixarmos crescer, pode mudar completamente a nossa vida" (cf. Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, 15) ao ponto de alcançar a plenitude da vida cristã. Portanto, "os santos não são heróis inalcançáveis ou distantes, mas são pessoas como nós", continuou Francisco, a partir do dom que cada um recebeu:

“De facto, se pensarmos bem, certamente já conhecemos alguns deles, alguns santos quotidianos: algumas pessoas justas, algumas pessoas que vivem a vida cristã com seriedade, com simplicidade... essas a quem eu gosto de chamar de 'os santos da porta ao lado', que vivem normalmente. A santidade é um dom oferecido a todos para uma vida feliz.”

O caminho da santidade

Todo o dom recebido, afirma o Papa, é motivo de comemoração e precisa de ser acolhido, porque "traz consigo a responsabilidade de uma resposta, um 'obrigado'. Mas como se diz esse obrigado? É um convite para me esforçar para que não seja desperdiçado". É por isso que a santidade também se torna um caminho para "ser feito juntos, ajudando uns aos outros, unidos àqueles ótimos companheiros que são os Santos", aquele irmão ou irmã mais velho, "com os quais podemos contar sempre".

Francisco, então recomenda conhecer e emocionarmo-nos com a vida deles que são o nosso apoio, corrigem quando é necessário, "desejam o nosso bem": "nas suas vidas encontramos um exemplo, nas nossas orações recebemos ajuda e, na comunhão com eles estamos ligados por um vínculo de amor fraterno", acrescenta o Papa, ao questionar:

“Eu lembro-me de ter recebido o dom do Espírito Santo, que me chama à santidade e ajuda-me a chegar lá? Agradeço a Ele por isso? Sinto os santos perto de mim e dirijo-me a eles? Conheço a história de alguns deles? Faz-nos bem conhecermos a vida dos santos e emocionarmo-nos com os seus exemplos. Faz-nos muito bem recorrermos a eles na oração.”

Vatican News