quinta-feira, 30 de maio de 2024

Solenidade de Corpus Christi

  Solenidade de Corpus Christi  (Vatican Media)  

Celebrar a Eucaristia e partilhar o corpo e o sangue do Senhor é comprometer-se a partilhar o que se tem e, sem dúvida, partilhar a própria vida como fez Jesus e continua a fazer na Eucaristia. 
 

Padre César Augusto, SJ - Vatican News

Desde criança, acostumamo-nos tanto a ir à missa dominical que perdemos um pouco o significado do que celebramos. Ela corre o perigo de se tornar um simples momento de oração comunitária e de devoção. Se isso acontece, estamos corrompendo o sentido da Eucaristia.

Em primeiro lugar, ela consciencializa-nos da grande amizade selada entre Deus e o Homem. Deus quer unir-se para sempre ao ser por ele criado, que inventa um modo de estar sempre visivelmente presente aos olhos da sua criatura.  Mais ainda, na 1ª Carta aos Coríntios, Paulo diz-nos que o Senhor realizou a nova e eterna aliança, através do derramamento do seu sangue, objeto de perdão e da santificação humana. O pão, o seu corpo, é partido como alimento entre os irmãos. “Porque há um só pão, nós todos somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão.” (1Cor 10,17)

Por isso do mesmo modo que a Igreja faz a Eucaristia, a Eucaristia faz a Igreja. Não é possível separar o corpo eucarístico do corpo eclesial, da comunidade.

Celebrar a Eucaristia é fazer memória da ação do Senhor na Ceia e da sua morte, é tornar presente o seu sacrifício redentor, é a celebração da partilha na Comunidade e é a celebração do futuro, da sua vinda gloriosa.

Celebrar a Eucaristia e partilhar o corpo e o sangue do Senhor é comprometer-se a partilhar o que se tem e, sem dúvida, partilhar a própria vida como fez Jesus e continua a fazer na Eucaristia. De facto, viver a Eucaristia é comprometer-se com o outro, é fazer-se responsável pelo outro.

Que a nossa vida, o nossos dias, sejam marcados pelo seguimento da pessoa de Jesus Cristo, da sua entrega para o bem de todos, sem receio de sacrifícios e de partilhas. Partilhar o pão eucarístico, o corpo do Senhor, seja incentivo e também reflexo da partilha do pão que está sobre a nossa mesa, de todos os dons que o Senhor nos presenteia, sem mérito nosso, enfim, de toda nossa vida.

Vatican News

domingo, 26 de maio de 2024

Francisco às crianças: "O Espírito Santo nos acompanha na vida"

 
 
Cinquenta mil fiéis participaram, na Praça de São Pedro, na missa da I Jornada Mundial das Crianças. No dia em que a Igreja recorda a Santíssima Trindade, Francisco conversou com as crianças, recordando o amor do Pai e "Jesus que perdoa tudo e sempre". Junto com elas, rezou a Ave-Maria, e pediu para que rezem pela paz. Anunciou que a próxima Jornada Mundial das Crianças será em setembro de 2026.
 

Michele Raviart/Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco presidiu a missa na Solenidade da Santíssima Trindade, neste domingo (26/05), na Praça São Pedro, I Jornada Mundial das Crianças.

A sua homilia, feita espontaneamente, foi centrada na Santíssima Trindade. "O Pai criou-nos, Jesus salvou-nos, o Espírito Santo acompanha-nos." Assim, o Pontífice explicou às milhares de crianças presentes na Praça de São Pedro, para a I Jornada Mundial dedicada a elas, o mistério de Deus, Uno e Trino.

"Estamos aqui para rezar juntos, para rezar a Deus. Vocês concordam?", perguntou o Papa, reiterando que o Pai Criador "ama-nos muito" e faz-nos crescer.

A humildade de pedir perdão a Jesus

"Jesus!", gritam as crianças quando o Papa lhes pergunta o nome do filho de Deus. "Peçamos a Jesus para que nos ajude e esteja perto de nós", disse Francisco, porque "quando comungamos, recebemos Jesus e Jesus perdoa os nossos pecados". Isto acontece "sempre, sempre, sempre", lembrou o Papa, "para um homem ou uma mulher com muitos pecados" e "até mesmo para o mais feio dos pecadores".

Não se esqueçam disto: Jesus perdoa tudo e perdoa sempre, e nós devemos ter a humildade de pedir perdão. "Perdoa-me, Senhor, eu errei. Sou fraco. A vida colocou-me em dificuldades, mas tu perdoas tudo. Eu gostaria de mudar minha vida e tu ajudas-me".

A felicidade da fé

Não é fácil, continuou o Papa, explicar o que é o Espírito Santo, que "está dentro de nós" porque o recebemos no Batismo e nos Sacramentos. Ele "dá-nos força, consola-nos nas dificuldades". O Espírito Santo é aquele "que nos acompanha ao longo da vida". Cinco vezes o Papa pediu para as crianças repetirem isto, antes de explicar-lhes a felicidade da fé:

Queridos irmãos e irmãs, meninos e meninas, todos nós somos felizes porque acreditamos. A fé torna-nos felizes. Acreditamos em Deus que é, todos juntos: "Pai, Filho e Espírito Santo".

Oração a Maria e pela paz

Os cristãos também têm uma mãe, "Maria", respondem as crianças, a quem Francisco pediu para invocarem, rezando uma Ave-Maria com todos os fiéis. "Rezem pelos pais, pelos avós, pelas crianças doentes", exortou o Papa, e "rezem sempre e sobretudo pela paz, para que não haja guerras". "O que faz Espírito Santo?", perguntou novamente antes de prosseguir com a celebração da missa. "Ele acompanha-nos", responderam as crianças em coro.

Após a oração do Angelus e um monólogo do diretor de cinema e ator vencedor do Oscar Roberto Benigni, Francisco anunciou a data da II Jornada Mundial das Crianças, que será em setembro de 2026.

Vatican News

domingo, 19 de maio de 2024

Papa: na Adoração e oração dar espaço à voz do Espírito Santo

 
 
Depois de rezar a Missa na Basílica de São Pedro na Solenidade de Pentecostes, o Papa Francisco assomou à janela do apartamento pontifício para o tradicional encontro dominical. Milhares de fiéis, peregrinos e turistas de várias partes do mundo o aguardavam na Praça de São Pedro.
 

Vatican News

O Espírito Santo, para nós, é testemunha de "um diálogo belíssimo: aquele em que o Pai e Filho expressam o seu amor um pelo outro", disse o Papa Francisco antes de rezar o Regina Caeli no Domingo de Pentecostes.

"São palavras – explicou aos milhares de peregrinos presentes na Praça de São Pedro - que expressam sentimentos maravilhosos, como carinho, gratidão, confiança, misericórdia. Palavras que nos permitem conhecer um lindo relacionamento, luminoso, concreto e duradouro como é o Amor eterno de Deus”.

Para Francisco, “são precisamente as palavras transformadoras de amor, que o Espírito Santo repete em nós e que nos faz bem ouvir".

“Por isso – continuou – é importante que nos alimentemos dele todos os dias, lendo e meditando a Palavra de Deus, levando-a connosco num Evangelho de bolso, aproveitando os momentos favoráveis".

"O padre e poeta Clemente Rebora, falando da sua conversão, escreveu no seu diário: "E a Palavra calou as minhas murmurações!" – recordou o Papa –. Ouvir a Palavra de Deus silencia as murmurações."

“Eis como dar espaço em nós à voz do Espírito Santo – reiterou. E depois, na Adoração e na oração, especialmente aquela simples e silenciosa. E também ao pronunciarmos palavras boas entre nós, fazendo-nos eco da doce voz do Consolador".

Para o Pontífice, “ler e meditar o Evangelho, rezar em silêncio, dizer boas palavras, não são coisas difíceis, todos nós podemos fazer isso. É mais fácil do que insultar, ficar com raiva".

“E então interroguemo-nos - acrescentou -: que lugar essas ações ocupam na minha vida? Mas como posso cultivá-la, para melhor escutar o Espírito Santo e torne-se seu eco para os outros?".

“Que Maria, presente no Pentecostes com os Apóstolos, nos torne dóceis -à voz do Espírito Santo", concluiu, para então rezar a oração do Regina Coeli.

Vatican News

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Audiência Geral: ao entardecer da vida seremos julgados pela caridade

 
 
Na Audiência Geral desta quarta-feira (15/05), Francisco refletiu sobre a virtude da caridade. “Há um amor maior, que vem de Deus e a Ele se dirige, que nos torna capazes de amá-Lo, de sermos Seus amigos, e que nos permite amar o próximo como Deus o ama”, sublinhou o Papa. 
 

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco dedicou a reflexão da catequese desta quarta-feira (15/05), sobre a terceira virtude teologal, a caridade. Aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Pontífice recordou que esta virtude “é o culminar de todo o caminho que empreendemos com a catequese das virtudes”.

"Pensar na caridade expande imediatamente o coração, e a mente corre para as palavras inspiradas de São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios. Concluindo aquele estupendo hino, o Apóstolo cita a tríade das virtudes teologais e exclama: “Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade” (1Cor 13,13)."

O amor está na boca de muitos

Francisco recorda que o apóstolo Paulo dirige estas palavras a uma comunidade que estava longe de ser perfeita no amor fraterno: os cristãos de Corinto eram bastante briguentos, havia divisões internas, há aqueles que afirmam ter sempre razão e não ouvem os outros, considerando-os inferiores. Paulo lembra a essas pessoas que a ciência incha, enquanto a caridade constrói.

“Provavelmente todos estavam convencidos de que eram boas pessoas e, se questionados sobre o amor, teriam respondido que o amor era certamente um valor importante para eles, assim como a amizade e a família. Ainda hoje, o amor está na boca de muitos “influenciadores” e nos refrões de muitas músicas, mas de facto, o que é o verdadeiro amor?”

Antes da catequese, a tradicional saudação do Papa aos fiéis

A caridade tem a sua origem em Deus

Segundo o Papa, como em Corinto, também entre nós hoje, há confusão sobre o amor e por vezes não vemos nenhum vestígio da virtude teologal, aquela que vem até nós somente de Deus: “com palavras todos garantem que são boas pessoas, que amam a família e os amigos, mas na realidade sabem muito pouco do amor de Deus”, e completou:

“A caridade é o amor que desce, não aquele que sobe; é o amor que doa, não o que toma; é o amor que se esconde, e não o que procura aparecer. A caridade é, enfim, a maior forma de amor, que tem a sua origem em Deus e a Ele se dirige, que nos torna capazes de amá-Lo, de sermos Seus amigos, e que nos permite amar o próximo como Deus nos ama.”

Amar o que não é amável

Por fim, o Pontífice sublinhou que “este amor, ou seja, a caridade por causa de Cristo, leva-nos para onde humanamente não iríamos: ao amor pelo pobre, por aquilo que não é amável, por quem não nos quer bem e até mesmo pelo inimigo. Isto é "teologal", ou seja, vem de Deus, é obra do Espírito Santo em nós.

“É um amor tão ousado que parece quase impossível, e mesmo assim é a única coisa que restará de nós. É a 'porta estreita' pela qual passar para entrar no Reino de Deus.”

“Ao entardecer da nossa vida não seremos julgados sobre o amor de forma genérica, mas sobre a caridade que praticamos, ou seja, o amor que realizamos de modo concreto”, concluiu o Papa Francisco.

Vatican News

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Pocissão de velas

 


Papa: o mundo necessita de esperança! A morte jamais será vitoriosa


 
Dando prosseguimento ao ciclo de catequeses sobre vícios e virtudes, Francisco falou sobre a esperança, virtude que não emana de nós, mas é um dom que vem diretamente de Deus.

 

Vatican News

A esperança foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (08/05), realizada na Praça de São Pedro.

Esta virtude teologal é a resposta às perguntas sobre o último sentido do homem. Se o caminho da vida não tem sentido, se no início e no fim há nada, então interroguemo-nos por que razão deveríamos caminhar: é aqui que surge o desespero do homem, o sentimento da inutilidade de tudo, explicou o Pontífice. Se faltar esperança, todas as outras virtudes correm o risco de desmoronar e acabar em cinzas.

Já o cristão tem esperança não por mérito próprio. Se ele acredita no futuro é porque Cristo morreu e ressuscitou e deu-nos o seu Espírito. Neste sentido, se diz que a esperança é uma virtude teologal, pois não emana de nós, mas é um dom que vem diretamente de Deus.

“Se acreditamos na ressurreição de Cristo, então sabemos com certeza que nenhuma derrota e nenhuma morte duram para sempre.”

Todavia, a esperança é uma virtude contra a qual muitas vezes se peca, quando, por exemplo, se desanima diante dos próprios pecados, esquecendo que Deus é misericordioso e maior que o nosso coração. “Deus perdoa tudo e sempre, recordou Francisco”. “Peca-se contra a esperança quando o outono apaga a primavera dentro de nós.”

O mundo necessita de esperança

Para Francisco, o mundo de hoje tem grande necessidade desta virtude cristã: "O mundo necessita de esperança". Tanto quanto precisa de paciência, virtude que caminha em estreito contacto com a esperança. “Os homens pacientes são tecelões do bem”, afirmou. Desejam obstinadamente a paz e, mesmo que alguns tenham pressa e queiram imediatamente tudo, a paciência tem a capacidade da espera.

E ainda, a esperança é a virtude de quem tem o coração jovem; e a idade não importa aqui. Porque também há idosos com os olhos cheios de luz, que vivem uma tensão permanente em relação ao futuro. O Pontífice então concluiu:

“Irmãos e irmãs, vamos em frente e peçamos a graça de ter esperança, a esperança com a paciência. Olhar sempre para aquele encontro definitivo; olhar sempre para o Senhor, que está sempre próximo de nós. E que jamais, jamais a morte será vitoriosa. Vamos em frente e peçamos ao Senhor que nos dê esta grande virtude da esperança, acompanhada da paciência.”

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sábado, 4 de maio de 2024

Reflexão para o VI Domingo da Páscoa

 

Evangelho do domingo
 
Mais uma vez o Senhor mostra a liberdade de Deus ao dizer que foi ele quem nos escolheu. E escolheu-nos para que fizéssemos o bem e fossemos eternamente felizes.
 

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“Perdão e caridade: sinais concretos dos filhos de Deus”

A primeira leitura deste domingo fala-nos da presença de Pedro e de outros cristãos na casa de Cornélio, um pagão que o convidara para estar com a sua família e amigos.

Quando Pedro, ainda um pouco sem jeito começou a evangelizá-los, o Espírito de Deus desceu sobre os pagãos e eles começaram a ter atitudes próprias dos cristãos louvando e bendizendo a Deus.

Pedro percebeu que o dom do Espírito precedeu o batismo e resolveu batizá-los imediatamente.

Esst facto deve servir para nós como uma advertência de que Deus é Pai de todos os homens e não se restringe aos batizados. Ao contrário, o querer ser batizado é responder positivamente ao apelo de Deus. Portanto devemos ter um coração acolhedor que receba todas as pessoas de boa vontade. Não sabemos o que Deus está a preparar para eles e nem para nós.

Aliás, o Evangelho de hoje conduz-nos a uma atitude muito social. Jesus fala do amor ao outro e o fala dirigindo-se não a uma pessoa, mas à Comunidade. É o próprio Cristo que morreu por todos nós, que nos ensinou a rezar o Pai-Nosso e não o Meu-Pai que durante todo o seu discurso dirige-se a nós como Comunidade.

Quando nos dirigirmos ao Pai, será ao Pai de Jesus e de todos os cristãos. Ele quer que os seus filhos vivam sempre como irmãos.

Mais uma vez  o Senhor mostra a liberdade de Deus ao dizer que foi ele quem nos escolheu. E escolheu-nos para que fizéssemos o bem e fossemos eternamente felizes.

A segunda leitura, a 1ª Carta de João, encerra essa verdade ao dizer que “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e nos enviou o seu Filho Jesus”.

Queridos irmãos, amemos os nossos irmãos porque é isso que Deus quer. Que o amor esteja acima de qualquer ofensa, agressão. Que o perdão e a caridade sejam os sinais expressivos de que somos filhos do Pai. Numa comunidade de amor não deveria haver pessoas excluídas e pessoas carentes, mas pessoas que se amam, que se socorrem, que se perdoam, porque estão cheias de Deus, ungidas por Seu Espírito Santo.

Vatican News