quarta-feira, 8 de março de 2023

Papa: se é a mulher que promove a paz, precisa de ser valorizada como o homem

Elas "querem a paz, sempre. Sabem expressar força e ternura juntas, são boas, competentes, preparadas, sabem inspirar novas gerações (não apenas os filhos)”  (Vatican Media)

Neste Dia Internacional da Mulher, o prefácio escrito por Francisco no livro sobre liderança feminina volta a enaltecer a importância da igualdade de direitos e oportunidades que deve ser alcançada "na diversidade", escreve o Papa, que relembra: "a paz nasce da mulher" e é justo que ela seja remunerada de igual modo ao homem no que tange a cargos, compromissos e responsabilidades.

 

Andressa Collet - Vatican News

O livro "Mais liderança feminina para um mundo melhor: o cuidado como motor para a nossa casa comum" (Editora Vita e Pensiero), organizado por Anna Maria Tarantola, ganhou prefácio do Papa Francisco. O texto é o resultado de uma pesquisa comum promovida pela Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice, da qual Tarantola é a atual presidente, e pela rede internacional Sacru, denominada Aliança Estratégica de Universidades Católicas de Pesquisa. A investigação, que reuniu 15 académicos de diferentes disciplinas de 10 universidades de 8 países, procurou evidenciar tanto as dificuldades que ainda são enfrentadas pelas mulheres para alcançar papéis de destaque no mundo do trabalho como as vantagens associadas à sua maior presença nas esferas da economia, da política e da própria sociedade.

“Este livro fala de mulheres, dos seus talentos, das suas habilidades e competências, e das desigualdades, violências e preconceitos que ainda caracterizam o mundo feminino. As questões da mulher são particularmente importantes para mim.”

Assim o Papa começou a desenvolver o seu pensamento no prefácio sobre a "plena valorização da mulher". Francisco já salientou  noutras oportunidades que "o homem e a mulher não são iguais e um não é superior ao outro", mas que é a mulher a portadora de harmonia da qual o mundo tanto precisa "para combater a injustiça, a cobiça cega que prejudica as pessoas e o meio ambiente, a guerra injusta e inaceitável".

A procura da igualdade na diversidade

A própria Igreja, segundo o Pontífice, pode-se beneficiar da valorização da mulher, como destacou no discurso na conclusão do Sínodo dos Bispos da Região Panamazónica, em outubro de 2019: "não percebemos o que a mulher significa na Igreja e limitam-mo-nos apenas à parte funcional [...]. Mas o papel da mulher na Igreja vai muito além da funcionalidade. É nisto que devemos continuar a trabalhar. Muito além disto". Um trabalho para abrir oportunidades iguais a homens e mulheres, escreveu o Papa, que deve ser feito por "todos juntos".

“O pensamento das mulheres é diferente daquele dos homens, elas estão mais atentas à proteção ambiental, o seu olhar não está voltado para o passado, mas para o futuro. As mulheres sabem que dão à luz com dor para alcançar uma grande alegria: dar a vida e abrir vastos e novos horizontes. É por isso que as mulheres querem sempre a paz. As mulheres sabem expressar força e ternura juntas, são boas, competentes, preparadas, sabem inspirar novas gerações (não apenas os filhos).”

"É justo", enfatizou assim o Papa no prefácio, "que elas possam expressar essas habilidades em todos os âmbitos, não apenas naquele familiar, e possam ser remuneradas igualmente com os homens por papéis iguais, compromisso e responsabilidade". A capacidade de cuidar, característica feminina desenvolvida dentro da família, pode ser ampliada e "com sucesso", sugeriu o Papa, também "na política, nos negócios, na universidade e no local de trabalho". É o que os economistas chamam de "diversidade eficiente".

“A paz, portanto, nasce da mulher, levanta-se e reascende-se com a ternura das mães. Assim, o sonho da paz torna-se realidade quando se olha para as mulheres. É o meu pensamento que, como emerge da pesquisa, a igualdade deva ser alcançada na diversidade. Não igualdade porque as mulheres adotam o comportamento masculino, mas igualdade porque as portas do campo de jogo estão abertas a todos os jogadores, sem diferenças de género (e também de cor, religião, de cultura...).”

As dificuldades enfrentadas ainda hoje

"As lacunas que ainda existem são uma grave injustiça", escreveu Francisco, como é o caso do preconceito, das desigualdades, do fenómeno da violência condenado várias vezes pelo Pontífice e da falta de acesso à educação por parte das mulheres: "infelizmente, ainda hoje, cerca de 130 milhões de meninas no mundo não vão à escola. Não há liberdade, justiça, desenvolvimento integral, democracia e paz sem educação". Se existisse a plena igualdade de oportunidades, destacou o Papa no prefácio do livro, as mulheres poderiam contribuir para um mundo de paz, de inclusão, de solidariedade e sustentabilidade integral.

Vatican News

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