Neste Domingo que assinala o início da Semana Cáritas, o
Cardeal-Patriarca de Lisboa destacou o trabalho que esta organização da
Igreja tem “prestado e redobrado”, sobretudo neste tempo de pandemia, a
nível nacional e a nível das diferentes dioceses. “Nesta semana, vamos
estar especialmente atentos a tudo o que a nossa Cáritas faz, para bem
de tanta gente. Atentos, no sentido mais positivo do termo, pela oração e
também pela participação material para que a resposta possa ser cabal e
tudo o que há de ser para satisfazer tantas necessidades que
presentemente acorrem”, encorajou D. Manuel Clemente na Missa deste
Domingo, na Igreja de Cristo Rei da Portela.
Contributo para a paz
Nesta
celebração que foi transmitida pela RTP1, o Cardeal-Patriarca sublinhou
a importância da viagem que o Papa Francisco vai fazer nos próximos
dias, entre 5 e 8 de março, ao Iraque e onde passará por “terras onde a
aventura de Abraão começou”. Partindo da primeira leitura, precisamente
sobre a história de Abraão e do sacrifício de seu filho Isaac, D. Manuel
Clemente sublinhou a importância desse acontecimento. “É uma visita
onde não faltam perigos, mas o Papa quer lá ir, não só para confortar os
poucos cristãos que lá sobram, mas também para tentar, mais uma vez,
reforçar esta presença junto de todos e com todos, mais concretamente
com os muçulmanos que, lá, são maioritários”. Que esse diálogo “seja um
contributo para a paz que todos nós esperamos ver realizada, naqueles
povos e não só”, desejou.
A
figura de Abraão foi também referida como atual e “determinante” porque
“é um exemplo acabado do que é ser uma pessoa de fé, uma pessoa com fé”.
“A fé é uma total confiança em Deus e uma total disponibilidade para o
que Deus nos peça, certos de que, com Deus, tudo se consegue, não tanto
como nós preveríamos, mas como Deus quer, ou seja, da melhor maneira”,
apontou D. Manuel Clemente. “Quem dá tudo a Deus recebe muito mais do
que poderia imaginar. Este é que é o ponto da fé e onde as coisas de
Deus têm abertura e ocasião para acontecer no mundo”, reforçou.
Entrega total
Neste
segundo Domingo do tempo litúrgico da Quaresma, o Evangelho de São
Marcos apresentou o episódio da Transfiguração de Jesus, no Monte Tabor.
Para o Cardeal-Patriarca de Lisboa, “não faltam sinais de
transfiguração neste mundo”, “sinais de realidades que, com Jesus
Cristo, aparecem na sua verdadeira beleza, na sua inteireza” e que se
traduzem em “caridade”. “Quando a caridade acontece e o Espírito atua, a
realidade transfigura-se porque o amor vai além daquilo que seria
imediatamente agradável ou necessário. O amor é completamente gratuito
porque quando o Filho de Deus se oferece por nós, na cruz, este amor
total é transfigurado, ressuscitado e ressuscitador”, sublinhou.
Na
homilia desta celebração, o Cardeal-Patriarca apelou também a uma
“entrega total” aos outros. Dessa forma, “a Ressurreição começa”,
assegurou. “Se Ele se manifesta de uma maneira tão forte, tão
verdadeira, tão constante, pela sua transfiguração, em tantos sinais que
se nos aparecem na vida”, “então esta transfiguração constante de Jesus
não é uma história de há 2 mil anos, mas é uma presença agora, é uma
vida inteira, é uma Páscoa possível, com Deus, com os outros, como Jesus
nos oferece, na Sua cruz”, concluiu.
Patriarcado de Lisboa