segunda-feira, 31 de maio de 2021

Fim do Google Fotos e impacto neste blogue

 

 

Foi em novembro de 2020 que a Google anunciou o fim do armazenamento ilimitado e gratuito para o Google Fotos. Com uma ligeira redução na qualidade das imagens.

Os clientes Google tinham neste serviço um espaço para guardar fotografias e vídeos sem que “ocupassem espaço” dos 15 GB gratuitos.

Será então a partir de amanhã, dia 1 de junho de 2021 que as imagens guardadas no Fotos passarão a ocupar espaço, inviabilizando a sua utilização como espaço de backup.

O Google Fotos foi até hoje o melhor serviço de armazenamento e gestão de fotos e vídeos que existia no mercado. Uma das grandes vantagens, para os clientes que não pagavam pelo serviço Google One, foi o armazenamento gratuito e ilimitado deste conteúdo multimédia, ainda que a qualidade fosse ligeiramente reduzida.

Infelizmente, esta vantagem apenas estará disponível até hoje (31.06.2021), inclusive. Amanhã, dia 1 de junho, todas as imagens carregadas para a cloud terão o seu espaço contabilizado, somando para os apenas 15 GB disponíveis para os serviços Google. Este espaço gratuito é variável, mas a generalidade dos utilizadores deverá ter apenas os 15 GB.

E o que acontece a partir de amanhã aos conteúdos do Google Fotos

Para quem se dedicou nos últimos anos a registar imagens e gravações no Google Fotos, não há nada com que se deva preocupar. As imagens serão mantidas nas mesmas condições em que estiveram até ao momento.

No entanto, todas as que forem carregadas posteriormente, passam a ocupar o seu espaço.

Na declaração da Google, pode ler-se:

As fotos e os vídeos com cópias de segurança em alta qualidade feitas antes de 1 de junho de 2021 não serão contabilizados no armazenamento gratuito de 15 GB da sua Conta Google.

Apoio informativo: pplware

 

 

Trata-se de uma mudança drástica no Google Fotos que obviamente terá impacto relativamente à continuidade ou não deste blogue!

 
 

domingo, 30 de maio de 2021

Papa no Domingo da Santíssima Trindade: viver a unidade, mesmo na diferença

 
 Imagem do Angelus deste doningo (30) 
  
 
Francisco, na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, refletiu sobre a unidade invocada por Jesus que não pode ser ignorada: "a beleza do Evangelho requer ser vivida e testemunhada em harmonia entre nós, que somos tão diferentes!". E essa unidade, esse mistério imenso revelado pelo próprio Jesus, acrescentou o Pontífice, "não é uma atitude, uma forma de dizer", mas "é essencial porque nasce do amor" de Deus que, "embora seja um e único, não é solidão, mas comunhão". 
 

Andressa Collet - Vatican News

Num domingo (30) de tempo instável na Cidade do Vaticano, diferente dos dias quentes e anteriores de primavera na Europa, o Papa Francisco aqueceu os corações dos fiéis no Angelus ao refletir a liturgia do dia em que se celebra a Santíssima Trindade, "o mistério de um único Deus, e esse Deus é: o Pai e o Filho e o Espírito Santo, três pessoas". O Pontífice disse que pode ser difícil de entender, mas "é um só Deus e três pessoas", um mistério revelado pelo próprio Jesus Cristo:

Hoje paramos para celebrar esse mistério, porque as Pessoas não são adjetivações de Deus, não. São pessoas, reais, diversas, diferentes. Não são - como dizia aquele filósofo - 'emanações de Deus', não, não! São pessoas. Há o Pai, a quem rezo com o Pai Nosso; há o Filho, que me deu a redenção, a justificação; há o Espírito Santo que habita em nós e que habita na Igreja. 

Este é um grande mistério que fala "ao nosso coração", insistiu o Papa, porque o encontramos incluído na expressão de S. João que resume toda a revelação: "Deus é amor". Um mistério que deve ser vivido por nós fortalecendo a nossa comunhão com o Senhor e com as pessoas com as quais convivemos, não só através das palavras, mas com a força da unidade e do amor:

“E, na medida em que é amor, Deus, embora seja um e único, não é solidão, mas comunhão, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Porque o amor é essencialmente dom de si e, na sua realidade original e infinita, é Pai que se entrega gerando o Filho, que por sua vez se entrega ao Pai, e o seu amor recíproco é o Espírito Santo, vínculo da sua unidade.”

A unidade ao cristão que nasce do amor

O Papa, assim, refletiu sobre a importância deste Domingo da Santíssima Trindade encorajando-nos a "contemplar este maravilhoso mistério de amor e de luz", sem ignorar a unidade invocada por Jesus: "a beleza do Evangelho requer ser vivida - a unidade - e testemunhada em harmonia entre nós, que somos tão diferentes!".

“E esta unidade, ouso dizer, é essencial para o cristão: não é uma atitude, uma forma de dizer, não. É essencial, porque é a unidade que nasce do amor, da misericórdia de Deus, da justificação de Jesus Cristo e da presença do Espírito Santo nos nossos corações.”

Vatican News

sexta-feira, 28 de maio de 2021

700 anos das Festas do Espírito Santo - A “marca identitária” de Alenquer

 

 

O Cardeal-Patriarca de Lisboa destacou a adesão “total, entusiástica e concreta” do padre José Eduardo Martins para a restauração das Festas do Império do Divino Espírito Santo de Alenquer. Na homenagem ao sacerdote, nas comemorações dos 700 anos destas festas, D. Manuel Clemente sublinhou que “as Festas do Espírito Santo são hoje tão urgentes como foram quando nasceram”.

“Desde o primeiro momento, a adesão do padre José Eduardo [para o restauro das Festas do Espírito Santo de Alenquer] foi total e foi entusiástica. Não só foi total e entusiástica, como foi concreta. E depois, com bons amigos de Alenquer, o padre José Eduardo lançou-se para a frente e felizmente, com um grande apoio da Câmara Municipal – que também encontrou aqui uma marca identitária de Alenquer muito forte, como aliás tem sido reconhecido –, conseguiu-se restaurar esta tradição das Festas do Espírito Santo de Alenquer”. Foi este o tom da intervenção do Cardeal-Patriarca de Lisboa na sessão de homenagem póstuma ao padre José Eduardo Martins – pároco de Alenquer durante 36 anos, que faleceu em 2012 –, por ocasião dos 700 anos das Festas do Espírito Santo de Alenquer.
Na Igreja de São Francisco, em Alenquer, na tarde do passado dia 22 de maio, D. Manuel Clemente referiu-se ao padre José Eduardo Martins como “um bom amigo” e assumiu que a restauração das Festas do Espírito Santo de Alenquer era “um sonho” de ambos. “Sem o padre José Eduardo, com aqueles que depois se juntaram, e a Câmara Municipal, com certeza, nós não teríamos esta ressurreição das Festas do Espírito Santo em Alenquer, como felizmente aconteceu”, manifestou. “É muito significativo, não apenas para recordar o passado, mas para criar um melhor futuro. Porque é exatamente a isso – criar um melhor futuro – que se liga a tradição das Festas do Espírito Santo. Elas aparecem numa altura que tem alguma semelhança com a nossa, ou seja, de uma profunda mudança de época e de civilização, aqui no nosso continente europeu”, acrescentou.

“Tudo começou daqui”
As Festas do Império do Divino Espírito Santo foram instituídas em Alenquer pela Rainha Santa Isabel e pelo seu marido, o Rei D. Dinis, em 1321. Em 1945, após cerca de 150 anos de interrupção, as festas realizaram-se por uma única vez, até ao seu recente restauro, em 2007. O incentivo, junto do então pároco de Alenquer, partiu de D. Manuel Clemente, então Bispo Auxiliar de Lisboa, quando assumiu o acompanhamento pastoral da região.
Homem da História, o Cardeal-Patriarca de Lisboa referiu, nesta sessão, que estas festas que começaram em Alenquer “ganharam uma enorme expansão”. “Sobretudo do século XIV para o século XV, princípio do século XVI, ganharam uma grande expansão, por todo o lado onde, especialmente, os portugueses chegassem. Aqui, no continente, um pouco por todo lado, mas também, depois, nas ilhas atlânticas, no Brasil, na diáspora portuguesa por esse mundo além, em especial desde o século XIX para os nossos dias. É uma festa que está também muito ligada à diáspora açoriana, mas tudo começou daqui”, lembrou. 
Para D. Manuel Clemente, a atualidade destas festas mantém-se a mesma. “As festas do Espírito Santo são algo que hoje é tão urgente como foi quando nasceu, há séculos atrás, naquele final da Idade Média, em que havia um mundo novo a aparecer, grandes contradições a resolver e em que a devoção do Espírito Santo como dom pascal de Cristo para criar um mundo fraterno sobressaiu tanto e encontrou maneiras, naquela altura, com as possibilidades tão escassas que havia de se concretizar”, frisou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, sublinhando ser “com muito gosto pessoal, eclesial e cultural” que se associa a esta iniciativa de homenagem ao padre José Eduardo Martins, nos 700 anos das Festas do Espírito Santo de Alenquer. “Vejo, com muito gosto, que aqui, em Alenquer, tudo resultou. Mas tudo resultou, além das colaborações que suscitou, e isto tem sobretudo um nome, uma figura e um coração, que se chama padre José Eduardo Martins”, terminou D. Manuel Clemente.

  • Leia a reportagem completa na edição do dia 30 de maio do Jornal VOZ DA VERDADE, disponível nas paróquias ou em sua casa.

 Patriarcado de Lisboa

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Banco Alimentar promove campanha de recolha de donativos

 
 

«Situação de muitas famílias afetadas pela crise social que se vive no país exige um esforço coletivo», referem instituições.

 

Os 21 Bancos Alimentares contra a Fome promovem, entre hoje e 6 de junho, uma nova campanha nacional de recolha de alimentos, pedindo a participação dos portugueses através da ‘Ajuda Vale’, nas caixas dos supermercados, e no site “alimentestaideia”. “A situação de muitas famílias afetadas pela crise social que se vive no país exige um esforço coletivo e os Bancos Alimentares contam não só com a contribuição, mas também com a mobilização dos portugueses”, lê-se numa nota. 

As medidas de segurança sanitária decorrentes da pandemia ainda impedem a realização da tradicional campanha de recolha de alimentos com voluntários. “Infelizmente, há agora milhares de famílias que contam com as nossas campanhas para conseguirem pôr comida na mesa, por isso, mais do que nunca, a ajuda não pode parar”, alerta Isabel Jonet, presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome.

Com o mote ‘À nossa mesa há sempre lugar para mais um’, a campanha do Banco Alimentar procura sensibilizar a população no apoio a famílias que vivem situações de carência alimentar todos os dias. “Estas situações foram agravadas pelo Covid19, que colocou na pobreza famílias que tinham as suas vidas organizadas, reforçando a importância do contributo e envolvimento de cada um”, lê-se.

A participação pode ser feita através da modalidade ‘Ajuda Vale’, utilizada em campanhas anteriores, que assenta na contribuição através de vales de produtos disponíveis até 31 de maio, nas caixas dos supermercados.

Para quem não possa deslocar-se aos supermercados ou resida fora de Portugal, o Banco Alimentar disponibiliza o portal de doação online www.alimentestaideia.pt, onde se podem escolher bens perecíveis para doar.

De acordo com os dados da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, no ano passado, os 21 Bancos Alimentares em atividade em Portugal distribuíram 29 474 toneladas de alimentos (com o valor estimado de 41,2 milhões de euros), num movimento médio de 165 toneladas por dia útil.

 

Ecclesia

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Papa: a oração não faz magia, é preciso rezar com humildade

 
 Imagem da Audiência geral de 26 de maio de 2021 
 
“A oração não é uma varinha de condão, mas um diálogo com Deus”, disse Francisco na Audiência Geral, recordando que o mal é senhor do penúltimo dia, jamais do último. "Este pertence a Deus, e é o dia em que se realizarão todos os anseios humanos da salvação." 
 

Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano

A certeza de sermos ouvidos: este foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (26/05), realizada com a presença de fiéis no Pátio interno do Palácio Apostólico.

O Pontífice acrescentou mais um capítulo à sua série sobre a oração, falando das preces que parecem permanecer desatendidas, algo que podemos interpretar como escandaloso. Francisco citou as inúmeras preces pelo fim dos conflitos, com guerras a decorrer em muitos países, como no Iêmen e na Síria.  

Mas pode-se questionar: “Se Deus é Pai, por que não nos ouve? Todos nós fazemos esta experiência”, disse Francisco: todos rezamos pela doença de um amigo, de um pai, de uma mãe, que depois se foram.

A oração não é uma varinha de condão, mas um diálogo com Deus

Uma boa resposta está contida no Catecismo, afirmou o Papa, pois adverte para o risco de transformar a relação com Deus em algo mágico, e não numa autêntica experiência de fé. “A oração não é uma varinha de condão, mas um diálogo com Deus.”

Com efeito, podemos cair na pretensão de que Deus nos deve servir, e não o contrário. Que Ele deve realizar os nossos desejos, sem que admitamos outros projetos. Mas a humildade é a primeira condição. Jesus teve a grande sabedoria de colocar sobre os lábios o “Pai-Nosso”, pedindo que se realizasse a vontade do Pai no mundo.

Francisco adverte ainda para as súplicas por motivos duvidosos, como o de derrotar o inimigo em guerra, sem se questionar o que Deus pensa daquela guerra.

“É fácil escrever sobre um estandarte ‘Deus está connosco’; muitos apressam-se em garantir que Deus está com eles, mas poucos se preocupam em verificar se estão efetivamente com Deus.”

O tempo de Deus não é o nosso tempo

Na oração, disse o Papa, é Deus que nos deve converter, e não nós a convertê-Lo. “É a humildade”, devemos rezar pedindo a Deus que converta o nosso coração, pedindo o que é conveniente e melhor para a minha saúde espiritual.

Todavia, permanece o escândalo: quando homens rezam com coração sincero, quando uma mãe reza por um filho doente, porque às vezes parece que Deus não nos ouve?

Para o Pontífice, responder a esta pergunta é necessário meditar com calma os Evangelhos. Às vezes, Jesus cura imediatamente um doente que pede piedade, outras vezes não, como com a mulher de Cananeia.

“Todos tivemos esta experiência. Quantas vezes pedimos uma graça, um milagre e nada aconteceu. Depois, com o tempo, as coisas ajustaram-se, mas segundo o modo de Deus, o modo divino, não segundo o que eu queria naquele momento. O tempo de Deus não é o nosso tempo.”

O mal é senhor do penúltimo dia, jamais do último

Como exemplo, cita a filha de Jairo, que acaba por falecer mesmo tendo implorado misericórdia ao Mestre. Este parece o epílogo, mas Jesus diz ao pai: Não tenhas medo, tem fé. É a fé que sustenta a oração, disse o Papa. E, com efeito, Jesus despertará a menina do sono. Mas por um período, Jairo teve que caminhar na escuridão, somente com a chama da fé. Pedir a graça de ter fé.

Também a oração de Jesus ao Pai no Getsemani parece permanecer desatendida. Mas o Sábado Santo não é o capítulo final, porque no terceiro há a ressurreição: o mal é senhor do penúltimo dia, jamais do último. Este pertence a Deus, e é o dia em que se realizarão todos os anseios humanos da salvação.

“Aprendamos esta paciência humilde de esperar a graça do Senhor, esperar o último dia. Muitas vezes o penúltimo é terrível, porque nos sofrimentos humanos são terríveis. Mas o Senhor está ali. E no último dia Ele resolve tudo.”

Vatican News

domingo, 23 de maio de 2021

Solenidade de Pentecosters - Profissão de Fé

 


Para acesso à reportagem fotográfica

clique AQUI

 

Homilia na Solenidade de Pentecostes

 

 

Sabemo-lo nós, saibamo-lo para todos 

 
Caríssimos 

As festas que celebramos são de Deus e são nossas. Melhor, são de Deus para nós, como as oferece em Cristo. Concluímos hoje um grande percurso, das Cinzas com que começámos a Quaresma ao Pentecostes em que o Espírito do Ressuscitado fez de nós os anunciadores da sua Páscoa. 
É caso para agradecer muito a Deus. É caso para nos perguntarmos se tudo passou da grandeza da Palavra ouvida e da beleza dos ritos celebrados para o nosso coração convertido e ainda mais apaixonado por Cristo. Por Cristo e pelo Evangelho vivo que nos deixou, para o anunciarmos por palavras e obras.
Nada aconteceria só por nós, que continuaríamos «alienados da vida de Deus» (Ef 4, 18). Mas tudo sucede a partir d’Ele e só d’Ele, que nos recria em Cristo e nos preenche de Espírito. Hoje é dia de Pentecostes – e nunca mais deixará de ser, porque a única coisa que definitivamente acontece e perdura é Cristo e o corpo em que se expande através de nós: «a realidade está em Cristo», como bem sabia e esclarecia São Paulo (Col 2, 17).
Havia muita gente em Jerusalém naquele dia. Não só muita gente, mas provinda de muitos lados, como ouvimos no trecho dos Atos dos Apóstolos.
E aconteceu que, saindo para fora, os apóstolos foram por todos escutados e compreendidos na língua de cada um. E assim continuou a ser até agora, no Pentecostes que vivemos.
Também e por maioria de razões hoje em dia. Na altura, estavam muitos em Jerusalém, de várias proveniências que eram, mas ligados por um motivo comum, na fé do antigo Israel. Agora, na globalização em que vivemos, juntam-se na nossa cidade pessoas de muitas nações, para aqui habitarem algum tempo ou ficarem mais estavelmente – tanto quanto alguma coisa é estável hoje em dia, na demografia e não só.
Mais ainda: Na cidade antiga – e em Jerusalém especialmente – reuniam-se povos que compartilhavam uma base religiosa e cultural comum. Já não é assim, bem pelo contrário. Não só porque tal base se diluiu, dando lugar a uma geral indefinição de ideias, sentimentos e costumes, mas também por ser habitual que cada grupo reflua sobre si mesmo, no que lhe reste de identidade e convicção.
É algo que vai crescendo entre a indiferença e o atordoamento que se acumulam. Porém, para construir ou reconstruir uma cidade, no sentido comunitário do termo, é preciso bem mais do que um mercado de trabalho, ou a procura dele. Requer-se conhecimento mútuo, interpessoal e intercomunitário, mais difíceis hoje, tantas são as gentes, as intenções e a imparável mobilidade – física e mediaticamente impulsionada.
Requer-se vontade de partilhar o bem que nos coube, sem que uma tolerância mal entendida nos dispense de o oferecer aos outros. Tal seria meramente desinteresse. 

Porque é precisamente na dimensão interpessoal que a cidade pode acontecer. Não é por acaso, antes por sinal, que, desde a Antiguidade, as cidades ergueram monumentos a figuras de referência comum, nas quais a generalidade dos habitantes se revia. Era cidade de tal nome ou figura, como muitas se designaram por esse mundo além. 
O próprio cristianismo aconteceu desse modo, mesmo reorientado a atenção a tais figuras. Lembremos como São Paulo, aludindo às muitas imagens de deuses e heróis que povoavam Atenas, preferiu a que estava dedicada a um “deus desconhecido”, partindo daqui para anunciar o Deus de Jesus Cristo (cf. At 17, 23). 
Aquela Jerusalém do Pentecostes desapareceu daí a um século, arrasada pelos romanos, que sobre ela construíram outra, com diferente invocação. Entretanto, a pregação dos apóstolos anunciava “as maravilhas de Deus” – que se consubstanciavam num nome, o de Jesus, cuja morte e ressurreição confirmaram como salvador de todos. Um nome novo que iniciava a cidade nova, essa mesma em que tantos povos e nações se reuniram até hoje e onde nós próprios nos inscrevemos aqui.
Assim se passou da Olissipo romana à Lisboa portuguesa, de tantos “portugais” passados e outros em gestação, como se vão somando e entrecruzando, atingindo hoje uma centena de nacionalidades residentes. Entre tantos nomes de múltiplas línguas, continuamos nós a oferecer o de Jesus, como agregador comprovado e disponível de sentimentos, práticas e aspirações maiores. 
Sem que nada de humano se perca, com o que milénios de civilizações e culturas o acrescentam até hoje. Onde o essencial de várias heranças religiosas e humanitárias se podem incluir também, como o diz o próprio Jesus Cristo, num versículo de ouro: «Quem não é contra nós é por nós» (Mc 9, 40). 
É certo que algumas páginas da história nos lembram que o cristianismo pôde ser usado com outros critérios, demasiadamente temporais e muito pouco espirituais, esquecendo a distinção fundamental que Cristo fez: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus» (Mt 22, 21). Mas a divindade total que Cristo oferece não diminui, antes garante e potencia, a humanidade integral que cada um deve manter, no respeito pelo que se pode e deve decidir em consciência. Porém, mesmo nessas alturas, como depois delas, persistiu sempre o cristianismo essencial e disponível para edificar uma cidade em que caibam todos, onde o bem se promove em clima de liberdade religiosa autêntica e solidariedade humana reforçada. O bem é imediatamente compreensível e agregador, como o foi naquela primeira pregação de Pentecostes.

Mesmo que demoremos algum tempo.
Tanta verdade humano-divina, como a que Jesus nos trouxe, só paulatinamente é assimilada por todos nós em geral. Por isso ouvimos no Evangelho de há pouco: «Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos conduzirá para a verdade plena, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará». Isso mesmo tem felizmente acontecido e creio que podemos compreender hoje, ainda mais e melhor, o que Deus nos ofereceu em Cristo.  
Porque, em Cristo, Deus ofereceu-nos aquela totalidade que só a pouco atingiremos como humanidade, conduzidos pelo Espírito que nos foi concedido e neste dia especialmente celebramos. A magnífica galeria dos santos, manifesta como em cada um deles o Espírito reproduziu a vida de Cristo para a oferecer ao mundo nas mais diversas circunstâncias temporais e socioculturais. Reparemos como, na relatividade do tempo de cada um, se foi manifestando e apurando o essencial cristão, que só no fim se revelará plenamente. 
Reparemos como muitos deles avultaram nos vários saberes humanos e sobretudo na grande caridade praticada. Nem precisamos de sair da história de Lisboa, no que teve de realmente cristão. Sim, em António, Joana de Portugal e Bartolomeu dos Mártires, em João de Brito ou Maria Clara, só para falar dos naturais daqui, a cidade encontrou, ainda jovens, outros tantos Pentecostes do Espírito. E aceitemos que o Espírito que neles operou tanto e tão bem, sopra realmente aonde quer (cf Jo 3, 8) e nos pode surpreender ainda mais.
Assim podemos e devemos colaborar na construção da cidade. Reconhecendo tudo o que de bom cada um transporte, na pluralidade de tradições e projetos que nos traga. E tendo bem presente a exortação de São Pedro à pequena comunidade cristã de Roma, muito limitada que estava num mundo tão diverso e já hostil: «no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito, mantendo limpa a consciência, de modo que os que caluniam a vossa boa conduta em Cristo sejam confundidos, naquilo mesmo em que dizem mal de vós» (1 Pe 3, 15-16).
Palavras oportunas para o Pentecostes que havemos de cumprir hoje em dia. Ofereçamos Cristo à cidade que O espera. Sabemo-lo nós, saibamo-lo para todos.


Sé de Lisboa, 23 de maio de 2021


+ Manuel, Cardeal-Patriarca   
    

Patriarcado de Lisboa

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Oração do Terço vai juntar, este Domingo, os cinco continentes

 

 

O sector de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa está a organizar, para este Domingo, às 17h30, a iniciativa “Terço no mundo” – um momento de oração do Terço, em que cada mistério é rezado por uma comunidade ou movimento, presente em cada um dos cinco continentes. Segundo a organização, esta iniciativa que vai decorrer online, através das páginas do Patriarcado de Lisboa e do sector de Animação Missionária no Facebook, pretende “assinalar o mês mariano e o Domingo de Pentecostes” e “mostrar a realidade missionária” onde estão presentes missionários portugueses. O “Terço no mundo” vai contar também com a participação do Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa. 

Patriarcado de Lisboa

domingo, 16 de maio de 2021

O Papa no Regina Caeli: sejamos testemunhas corajosas do Ressuscitado

 
 Regina Caeli deste Domingo da Ascensão do Senhor (16.05.21) Vatican Media 
 
“A Ascensão completa a missão de Jesus entre nós. Na verdade, se foi por nós que Jesus desceu do céu, é sempre por nós que ele sobe para lá. Depois de ter descido à nossa humanidade e tê-la redimido, ele agora sobe ao céu levando nossa carne com ele. À direita do Pai senta-se agora um corpo humano, o corpo de Jesus, e neste mistério cada um de nós contempla o próprio destino futuro,” disse Francisco no Regina Caeli deste Domingo da Ascensão do Senhor

 

Raimundo de Lima – Vatican News

“A evangelização, por mais empenhativa, exigente e superior às capacidades humanas, será tão verdadeira e eficaz quanto cada um de nós - e toda a Igreja - deixar o Senhor agir dentro de si e por meio de si. Isso é o que o Espírito Santo faz: nos torna instrumentos por meio dos quais o Senhor pode operar.”

Foi o que disse o Papa Francisco no Regina Caeli deste VII Domingo da Páscoa - Ascensão do Senhor e 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais – na alocução que precedeu a oração mariana deste tempo pascal.

Atendo-se ao Evangelho deste domingo, o Santo Padre destacou que a passagem do Evangelho de Marcos (16,15-20) apresenta-nos o último encontro do Ressuscitado com os discípulos antes de subir à direita do Pai.

A ascensão completa a missão de Jesus entre nós

Francisco observou que normalmente as cenas de despedida são tristes, dão aos que ficam uma sensação de perplexidade, de abandono; em vez disso, tudo isso não é o acontece aos discípulos.

“Apesar da separação do Senhor, não se mostram desconsolados, pelo contrário, estão alegres e prontos a partir como missionários pelo mundo”, frisou o Papa, prosseguindo com duas interrogações: “Porque razão os discípulos não estão tristes? Porque também nos devemos alegrar ao ver Jesus que sobe ao céu?”

“A ascensão completa a missão de Jesus entre nós. Na verdade, se foi por nós que Jesus desceu do céu, é sempre por nós que ele sobe para lá. Depois de ter descido à nossa humanidade e tê-la redimido, ele agora sobe ao céu levando a nossa carne com ele. À direita do Pai senta-se agora um corpo humano, o corpo de Jesus, e neste mistério cada um de nós contempla o próprio destino futuro.”

A oração de Jesus diante do Pai

“Não se trata de forma alguma de um abandono, Jesus permanece para sempre com os discípulos - connosco -  permanece na oração, porque ele, como homem, reza ao Pai, e como Deus: homem e Deus”, destacou. Jesus mostra ao Pai as chagas, as chagas com as quais nos redimiu.

“A oração de Jesus está ali, com a nossa carne: é um de nós, Deus homem, e reza por nós. E isto deve dar-nos uma segurança, aliás, uma alegria, uma grande alegria! E o segundo motivo de alegria é a promessa de Jesus. Ele disse-nos: "Eu vos enviarei o Espírito Santo". E ali, com o Espírito Santo, é feito aquele mandamento que Ele dá precisamente na despedida: ‘Ide pelo mundo, proclamai o Evangelho’.”

A missão guiada pelo Espírito Santo

E será o Espírito Santo que nos levará pelo mundo, para levar o Evangelho. É o Espírito Santo daquele dia, que Jesus prometeu e, nove dias depois, Ele virá na festa de Pentecostes. Foi precisamente o Espírito Santo que tornou possível que todos nós sejamos assim hoje. Uma grande alegria! Jesus se foi: o primeiro homem perante o Pai. Ele partiu com as chagas, que foram o preço de nossa salvação, e reza por nós. Depois envia.nos o Espírito Santo, promete-nos o Espírito Santo, para irmos e evangelizar. Daí a alegria de hoje, daí a alegria deste Dia da Ascensão.

Francisco concluiu exortando a pedirmos a Maria, Rainha do Céu, que nos ajude a ser no mundo testemunhas corajosas do Ressuscitado nas situações concretas da vida.

Vatican News

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Sínodo Diocesano 2016 - Prazo para avaliar receção sinodal termina este Domingo

 

 

O questionário de avaliação sobre o tempo de receção da Constituição Sinodal de Lisboa está disponível online, através do link: http://bit.ly/QuestionarioCSL, até este Domingo da Ascensão do Senhor, 16 de maio. De acordo com informação disponibilizada pela Comissão do Sínodo Diocesano já foram submetidas mais de 600 respostas, sendo que a grande maioria provem de agentes paroquiais. 
Tal como foi divulgado no final do mês de abril, este questionário é de preenchimento individual e os resultados vão servir de base à reflexão proposta à Assembleia Diocesana de Avaliação da receção do Sínodo, que vai decorrer a 18 e 19 de junho. “O questionário consta de cinco partes, uma de caráter introdutório; as restantes, referentes a cada um dos âmbitos trabalhados ao longo de cada um dos anos, bem como ao objetivo transversal (Palavra de Deus, Liturgia, Caridade e Edificação Comunitária)”, informa o secretariado do Sínodo de Lisboa.
Numa carta e num vídeo, o Cardeal-Patriarca de Lisboa disse contar “muito” com “a colaboração de todos e de cada um” neste processo avaliativo. “O Tempo Pascal no Patriarcado será particularmente dedicado à avaliação do Sínodo Diocesano, realidade por nós vivida desde 2014”, escreveu D. Manuel Clemente.

Patriarcado de Lisboa

Os tiros, o medo, a oração e o perdão

 

 

Há 40 anos, o ataque a João Paulo II na Praça de S. Pedro. As imagens comentadas por André Frossard devolvem-nos a dramaticidade daqueles momentos junto com a força inerme da misericórdia e do perdão
 

ANDREA TORNIELLI

As imagens ainda hoje, quarenta anos depois, são perturbadoras. O homem vestido de branco, com sessenta anos ainda na plenitude do seu vigor físico, levanta e pega ao colo uma menina loira que os pais lhe dão para abençoar. Imediatamente depois os tiros, incredulidade, o Papa cai nos braços do seu secretário, o papamóvel branco em alta velocidade para dentro do Vaticano. Seguidamente, a corrida até o Hospital Gemelli, as orações dos fiéis perplexos em todo o mundo, a esperança que se reacende depois de uma longa e complicada cirurgia.

Mas as imagens mais fortes do documentário realizado quatro anos após aquele evento são as da janela do escritório do Papa vazia com a voz do Pontífice transmitida pela rádio para os fiéis na Praça. João Paulo II nunca faltou ao encontro com os fiéis e não o fez nem mesmo naquele 17 de maio de 1981, para o primeiro Regina Coeli após o ataque, quando com uma voz fraca gravada do leito do hospital, disse: "Rezo pelo irmão que me atirou, a quem eu sinceramente perdoei. Unidos a Cristo, Sacerdote e Vítima, eu ofereço os meus sofrimentos pela Igreja e pelo mundo".

As primeiras palavras do Papa quase mortalmente ferido foram palavras de perdão para o seu agressor. E esta mensagem chegou ao coração do mundo inteiro com força ainda maior em 27 de dezembro de 1983, quando João Paulo II, o Papa autor da encíclica Dives in misericordia, cruzou o limiar da prisão Rebíbia de Roma para entrar na cela de Ali Agca, e abraçar o jovem que queria assassiná-lo. Neste documentário podem ser vistas todas as imagens desse encontro.

Sem áudio, porque ninguém teve a permissão de se aproximar e ouvir o que o Pontífice e o seu agressor diziam um para o outro. São imagens impressionantes e comovedoras, que nos levam de volta ao coração do cristianismo e tornam concretamente visível o que o segundo sucessor de João Paulo II, o Papa Francisco, disse aos bispos mexicanos reunidos na Catedral da Cidade do México em 13 de fevereiro de 2016:

“A única força capaz de conquistar o coração dos homens é a ternura de Deus. Aquilo que encanta e atrai, aquilo que abranda e vence, aquilo que abre e liberta das cadeias não é a força dos meios nem a dureza da lei, mas a fragilidade omnipotente do amor divino, que é a força irresistível da sua doçura e a promessa irreversível da sua misericórdia".

Vatican News

quarta-feira, 12 de maio de 2021

O Papa na Audiência Geral: é bom vermo-nos face a face

 
 Francisco na Audiência Geral do pátio de S. Dâmaso 
 
"Obrigado pela vossa presença e pela vossa visita. Levem a mensagem do Papa a todos. A mensagem do Papa é que, rezo por todos, e peço que rezem por mim unidos em oração", disse o Papa aos fiéis reunidos no Pátio São Dâmaso, no início de sua catequese.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"O combate da oração" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (12/05), realizada no Pátio São Dâmaso, no Vaticano, com a presença de alguns fiéis de várias partes do mundo.

Estou feliz por retomar estes encontros face a face, pois digo-vos uma coisa: não é bom falar diante do nada, diante de uma câmara. Encontrar as pessoas, encontrar-vos, cada um com sua história, ver cada um de vós, para mim é uma alegria. Obrigado pela vossa presença e pela vossa visita. Levem a mensagem do Papa a todos. A mensagem do Papa é que, rezo por todos, e peço que rezem por mim unidos em oração.

Segundo o Pontífice, "a oração cristã, como toda a vida cristã, não é um “passeio”. Nenhum dos grandes orantes que encontramos na Bíblia e na história da Igreja teve uma oração “confortável”. Sim, é possível rezar como papagaios, mas isso não é oração. Certamente ela concede uma grande paz, mas através de uma luta interior, por vezes dura, que pode acompanhar até longos períodos da vida. Rezar não é algo fácil. Cada vez que a queremos fazer, de repente lembramo-nos de outras atividades, que naquele momento parecem mais importantes e mais urgentes. Isto acontece também comigo!"

Francisco disse ainda que "quase sempre, depois de termos adiado a oração, percebemos que aquelas coisas não eram absolutamente essenciais, e que talvez tenhamos desperdiçado tempo. O inimigo engana-nos deste modo. Quem quiser rezar deve lembrar-se de que a fé não é fácil, e por vezes procede na quase total obscuridade, sem pontos de referência".

"Contudo, os piores inimigos da oração estão dentro de nós", disse ainda o Papa, citando o Catecismo da Igreja Católica que os chama de: «Desânimo na aridez, tristeza por não dar tudo ao Senhor, porque temos “muitos bens”, decepção por não sermos atendidos segundo a nossa própria vontade, o nosso orgulho ferido que se endurece perante a nossa indignidade de pecadores, alergia à gratuitidade da oração».

"O que fazer no tempo da tentação, quando tudo parece vacilar? Se olharmos para a história da espiritualidade, vemos imediatamente que os mestres da alma foram muito claros sobre a situação que descrevemos", disse o Papa, citando, por exemplo, os Exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola, um livrete de grande sabedoria, que ensina como pôr a vida em ordem. Santo António Abade, fundador do monaquismo cristão, que enfrentou momentos terríveis no Egipto, quando a oração se tornou uma dura luta.

"Combater na oração. Muitas vezes a oração é um combate", disse o Papa, contando um episódio que aconteceu numa diocese na Argentina. Francisco recordou que um casal tinha uma filha doente devido a uma infecção. Segundo os médicos, a menina morreria ainda naquela noite. O homem era um operário. Ele saiu do hospital a chorar. Pegou o comboio, viajou 70 km e foi à Basílica de Nossa Senhora de Luján. Quando chegou, a Basílica estava fechada e agarrou-se às grades do portão. Rezou a noite inteira e de manhã a igreja abriu ele entrou para saudar Nossa Senhora. Esta cena é indelével: "Eu vi-a! Eu vivi-a", disse o Papa. O combate daquele pai na oração precede um sorriso: o da sua esposa que lhe disse, quando voltou para casa, que a sua filha foi inexplicavelmente curada. "Nossa Senhora ouviu-o". A "oração", salientou o Papa, ao lembrar este episódio, "faz milagres".

Jesus está sempre connosco: se num momento de cegueira não conseguirmos vislumbrar a sua presença, conseguiremos no futuro. Também um dia nós poderemos repetir a frase que o patriarca Jacó disse certa vez: «Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não sabia!» (Gn 28, 16). No final da nossa vida, olhando para trás, também poderemos dizer: “Pensava que estava sozinho, mas não, não estava: Jesus estava comigo”.

Memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria de Fátima

Após a catequese, o Papa Francisco saudou cordialmente os polacos, recordando que nesta quinta-feira, dia 13, celebra-se a memória litúrgica da Bem-Aventurada Virgem Maria de Fátima. "Coloquemo-nos com confiança sob a sua proteção materna, sobretudo quando encontramos dificuldades na nossa vida de oração", disse o Pontífice.

Aniversário do atentado a São João Paulo II

Ainda na saudação aos polacos, o Papa recordou também que amanhã, quinta-feira, celebra-se "o 40º aniversário do atentado a S. João Paulo II". “Ele sublinhou com convicção que devia a sua vida à Senhora de Fátima. Este acontecimento dá-nos a consciência de que a nossa vida e a história do mundo estão nas mãos de Deus", disse Francisco. “Ao Imaculado Coração de Maria confiamos a Igreja, nós mesmos e o mundo inteiro. Rezemos pela paz, pelo fim da pandemia, pelo espírito de penitência e pela nossa conversão", frisou.

Rezar o Terço para invocar o fim da pandemia

Por fim, Francisco exortou, "guiados pelos santuários de todo o mundo", a rezar neste mês de maio "o Terço para invocar o fim da pandemia e a retoma das atividades sociais e do trabalho". "Hoje", lembrou ele, "o santuário da Beata Virgem do Rosário em Namyang, Coreia do Sul, guia esta oração mariana. Unamo-nos aos que estão reunidos neste santuário, a rezar especialmente pelas crianças e adolescentes".

Vatican News

terça-feira, 11 de maio de 2021

O Papa institui o Ministério do Catequista

 
 Papa Francisco 

 
Foi publicado nesta terça-feira (11) o Motu proprio "Antiquum ministerium" com o qual Francisco institui o ministério de catequista: uma necessidade urgente para a evangelização no mundo contemporâneo, a ser realizada sob forma secular, sem cair na clericalização

 

Isabella Piro – Vatican News

"Fidelidade ao passado e responsabilidade pelo presente" são "as condições indispensáveis para que a Igreja possa desempenhar a sua missão no mundo": assim escreve o Papa Francisco no Motu proprio "Antiquum ministerium" - assinado ontem, 10 de maio, memória litúrgica de S. João de Ávila, presbítero e doutor da Igreja - com o qual institui o ministério de catequista. No contexto da evangelização no mundo contemporâneo e diante da "imposição de uma cultura globalizada", de facto, "é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude do seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese". Além disto o Pontífice enfatiza a importância de "um encontro autêntico com as gerações mais jovens", como também "a necessidade de metodologias e instrumentos criativos que tornem o anúncio do Evangelho coerente com a transformação missionária da Igreja".

Transformar a sociedade através dos valores cristãos

Sem diminuir em nada a "missão própria do bispo, o primeiro catequista na sua diocese", nem a "responsabilidade peculiar dos pais" quanto à formação cristã dos seus filhos, portanto, o Papa exorta a valorizar os leigos que colaboram no serviço da catequese, indo ao encontro "dos muitos que esperam conhecer a beleza, a bondade e a verdade da fé cristã". É tarefa dos Pastores - destaca ainda Francisco - reconhecer "ministérios laicais capazes de contribuir para a transformação da sociedade através da penetração dos valores cristãos no mundo social, político e económico".

Evitar formas de clericalização

Testemunha da fé, mestre, mistagogo, acompanhante e pedagogo, o catequista - explica o Pontífice - é chamado a exprimir a sua competência no serviço pastoral da transmissão da fé desde o primeiro anúncio até à preparação para os sacramentos da iniciação cristã, incluindo a formação permanente. Mas tudo isto só é possível "através da oração, do estudo e da participação direta na vida da comunidade", para que a identidade do catequista se desenvolva com "coerência e responsabilidade". Receber o ministério laical de catequista, de facto, "imprime uma acentuação maior ao empenho missionário típico de cada batizado". E deve ser desempenhado - recomenda Francisco - "de forma plenamente secular, sem cair em qualquer tentativa de clericalização".

Congregação para o Culto Divino publicará Rito de Instituição

O ministério laical de catequista também tem "um forte valor vocacional" porque "é um serviço estável prestado à Igreja local" que requer "o devido discernimento por parte do bispo" e um Rito de Instituição especial que a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicará em breve. Ao mesmo tempo - assinala o Pontífice - os catequistas devem ser homens e mulheres "de fé profunda e maturidade humana"; devem participar ativamente na vida da comunidade cristã; devem ser capazes de "acolhimento, generosidade e uma vida de comunhão fraterna"; devem ser formados do ponto de vista bíblico, teológico, pastoral e pedagógico; devem ter amadurecido a prévia experiência da catequese; devem colaborar fielmente com os presbíteros e diáconos e "ser animados por um verdadeiro entusiasmo apostólico".

O convite do Papa para as Conferências Episcopais

Por fim, o Papa convida as Conferências Episcopais a "tornarem realidade o ministério da catequista", estabelecendo o iter formativo necessário e os critérios normativos para o acesso ao mesmo, encontrando as formas mais coerentes para o serviço e em conformidade com o Motu proprio que poderá também ser recebido, "com base no próprio direito particular", pelas Igrejas Orientais.

Vatican News