domingo, 27 de junho de 2021

Papa Francisco, Angelus: a maior doença da vida é a falta de amor

 
 
 Papa Francisco durante o Angelus no Vaticano  (Vatican Media) 
 
Neste domingo Francisco rezou a oração mariana do Angelus com os fiéis reunidos na Praça de  S. Pedro. "Hoje, no Evangelho, Jesus depara-se com as nossas duas situações mais dramáticas, morte e doença”, disse o Papa.
 

Silvonei José – Vatican News

"A maior doença da vida é a falta de amor, é não ser capaz de amar. E a cura mais importante é a dos afetos". Estas são palavras pronunciadas pelo Papa Francisco antes da oração mariana do Angelus ao meio-dia deste 13º Domingo do Tempo Comum, assomando à janela do seu escritório no Palácio Apostólico Vaticano, diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro.

"Hoje, no Evangelho, Jesus depara-se com as nossas duas situações mais dramáticas, morte e doença”, disse o Papa. Delas ele liberta duas pessoas: uma menina, que morre enquanto o pai foi pedir ajuda a Jesus; e uma mulher, que perde sangue há muitos anos. Jesus deixa-se tocar pela nossa dor e morte, e realiza dois sinais de cura para nos dizer que nem a dor nem a morte têm a última palavra. Ele  diz-nos que a morte não é o fim. Ele vence este inimigo, do qual não nos podemos libertar sozinhos”.

 

 Fiéis na Praça de S. Pedro durante o Angelus 

 

"A história desta mulher sem nome, na qual todos nós nos podemos ver, é exemplar", explicou o Papa Francisco. O texto diz que ela tinha feito muitas curas, "gastando todos os seus bens sem nenhuma vantagem", ao contrário, piorando".  "A maior doença da vida é o câncer, a tuberculose, a pandemia? Não... disse o Papa. É a falta de amor é não conseguir amar. Esta pobre mulher estava doente pela falta de amor. E a cura mais importante é a dos afetos", disse Bergoglio.

“Também nós, quantas vezes nos lançamos em remédios errados para satisfazer a nossa falta de amor”. “Pensamos que nos faz felizes. o sucesso e o dinheiro, mas o amor não se compra é gratuito. Refugiamo-nos no virtual, mas o amor é concreto. Nós não nos aceitamos como somos e escondemo-nos por detrás dos truques da exterioridade, mas o amor não é aparência. Procuramos soluções em magos e gurus, para depois nos encontrarmos sem dinheiro e sem paz”.

No entanto "refugiamo-nos no virtual, mas o amor é concreto", continuou o Papa.

 

 

Francisco disse ainda que muitas vezes “gostamos de ver as coisas más das outras pessoas. Quantas vezes caímos na tagarelice, que é mexericar sobre os outros. Que horizonte de vida é este"? "Não julgue a realidade pessoal e social dos outros", reiterou ele, "não julgue e deixe os outros viverem". "Olhe em seu redor: e verá que tantas pessoas que vivem ao seu lado sentem-se feridas e sozinhas, elas precisam de se sentir amadas. Dê o passo. Jesus lhe te pede um olhar que não se detém na exterioridade, mas vai ao coração; um olhar que não julga, deixemos de julgar os outros, Jesus nos pede-nos um olhar que não julga, mas acolhedor. Porque só o amor cura a vida. Que Nossa Senhora, finalizou o Papa Francisco, consoladora dos aflitos, nos ajude a levar uma caricia aos feridos no coração que encontramos np nosso caminho".

 

Vatican News

domingo, 20 de junho de 2021

O Papa: acreditar no poder suave e extraordinário da oração

 

 

No Angelus deste domingo, 20 de junho, o Papa destacou que não devemos deixar de procurar o Senhor, bater na porta do Seu Coração nos nossos momentos de aflição e acreditar no poder suave e extraordinário da oração que faz milagres 
 

Jane Nogara - Vatican News

Na oração mariana do Angelus deste domingo (20), o Papa Francisco falou sobre o texto do Evangelho de Marcos, no qual Jesus com os discípulos no barco, acalmou a tempestade. No texto, os discípulos são deixados levar pelo medo, assustados, olhando as violentas ondas e ficam perplexos ao ver Jesus, na popa, dormindo sobre um travesseiro. E gritam-lhe: “Mestre, não te importas que pereçamos?”.

Partindo da atitude dos discípulos, o Papa Francisco recorda-nos: “Muitas vezes nós também, assaltados pelas provações da vida, gritamos ao Senhor: ‘Porque ficas em silêncio e não fazes nada por mim?’". Devemo-nos lembrar, continua o Papa que “apesar de estar a dormir, Jesus está lá e compartilha com os seus discípulos tudo o que está a acontecer. O seu sono, se por um lado nos surpreende, por outro, põe-nos à prova”. E explica:

“O Senhor, de facto, espera que o envolvamos, que o invoquemos, que o coloquemos no centro do que vivemos. O seu sono provoca-nos a acordar. Porque, para ser discípulos de Jesus não basta crer que Deus está presente, que existe, mas é preciso envolver-mo-nos com Ele, é preciso também levantar a nossa voz com Ele, gritar-Lhe”

Chamar Deus através da oração

Francisco continua: “O Evangelho diz-nos que os discípulos aproximam-se de Jesus, acordam-no e falam com ele”. Este é o começo de nossa fé:

“Reconhecer que sozinhos não somos capazes de permanecer à tona. A fé começa com a crença de que não somos suficientes para nós mesmos, com o sentimento de necessidade de Deus”

"Quando superamos a tentação de nos fecharmos em nós mesmos - continua o Papa - quando superamos a falsa religiosidade que não quer perturbar Deus, quando clamamos-Lhe, Ele pode fazer maravilhas em nós. É o poder suave e extraordinário da oração que faz milagres".

Olhar na direção certa

Depois de Jesus perguntar aos discípulos: 'Porque tendes medo? Ainda não tendes fé'? damos conta de que devemos olhar para Jesus e não deixarmo-nos levar pelo medo.  E Francisco conclui:

“Quantas vezes ficamos a olhar para os problemas em vez de irmos ao Senhor e lançarmos as nossas preocupações n’Ele! Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para despertá-lo apenas no momento da necessidade!”

Por fim o Papa pede: “não cansemos de procurar o Senhor, de bater na porta do Seu Coração”, desejando ainda, "Que a Virgem Maria, que na sua vida, nunca deixou de confiar em Deus, redescubra em nós a necessidade vital de nos confiarmos a Ele todos os dias".

VN

quarta-feira, 16 de junho de 2021

O Papa: a oração de Jesus é o modelo da nossa oração

 
 O Papa Francisco durante a Audiência Geral desta quarta feira 

 
"No meio do drama, na dor atroz da alma e do corpo, Jesus reza com as palavras dos salmos; com os pobres do mundo, especialmente os esquecidos por todos", disse Francisco na última catequese sobre o tema da oração.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

"A oração sacerdotal de Jesus" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta feira (16/06), realizada no Pátio São Dâmaso.

"A oração é uma das caracrísticas mais marcantes da vida de Jesus. Jesus rezava, e rezava muito. No decurso da sua missão, Jesus imergiu-se na oração, pois o diálogo com o Pai era o núcleo incandescente de toda a sua existência", sublinhou Francisco, ressaltando que "os Evangelhos testemunham que a oração de Jesus tornou-se ainda mais intensa e densa na hora da sua paixão e morte".

De facto, estes acontecimentos culminantes constituem o âmago da pregação cristã, o kerygma: as últimas horas vividas por Jesus em Jerusalém são o coração do Evangelho não só porque os Evangelistas dedicam um espaço proporcionalmente maior para esta narração, mas também porque o acontecimento da sua morte e ressurreição –   como um relâmpago – lança luz sobre todo o resto da vicissitude de Jesus. Não era um filantropo que cuidava do sofrimento e das doenças humanas: era e é muito mais. Ele foi isso e muito mais. Nele não há apenas bondade: há salvação, e não uma salvação episódica – a que me salva de uma doença ou de um momento de desânimo – mas uma salvação total, messiânica, que dá esperança na vitória definitiva da vida sobre a morte.

Nos dias da sua última Páscoa encontramos Jesus totalmente imerso na oração. "Ele reza de forma dramática no Jardim do Getsémani, acometido por uma angústia mortal. No entanto, naquele exato momento Jesus dirige-se a Deus, chamando-lhe “Abbá”, Pai. Esta palavra aramaica – o idioma de Jesus – exprime intimidade e confiança. Precisamente quando sente as trevas que se adensam à sua volta, Jesus atravessa-as com aquela pequena palavra: Abbá! Pai", frisou o Papa.

"Jesus reza também na cruz, envolto no silêncio obscuro de Deus. Contudo, nos seus lábios, mais uma vez, aflora a palavra “Pai”. É a oração mais audaz, porque na cruz Jesus é o intercessor absoluto:  reza pelos outros, por todos, até por aqueles que o condenam, sem que ninguém, excepto um pobre malfeitor, se declare a seu favor. Todos estavam contra ele, ou indiferentes, somente o malfeitor reconhece aquele poder. «Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem»." A seguir, Francisco acrescentou:

No meio do drama, na dor atroz da alma e do corpo, Jesus reza com as palavras dos salmos; com os pobres do mundo, especialmente os esquecidos por todos, ele pronuncia as trágicas palavras do salmo 22: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?». Ele sentia o abandono e rezava. Na Cruz realiza-se o dom do Pai, que oferece o amor, ou seja, realiza-se a nossa salvação. Tudo é oração nas três horas da Cruz. Jesus reza nas horas decisivas da Paixão e da morte. Com a ressurreição, o Pai responderá à sua oração. A oração de Jesus é intensa, a oração de Jesus é única, e torna-se o modelo da nossa oração. Jesus rezou por todos.

O Papa reiterou que Jesus "rezou por mim, por cada um de vós. Cada um de nós pode dizer que Jesus na cruz rezou por mim. Rezou! Jesus pode dizer a cada um de nós que rezou por mim na última ceia e no madeiro da cruz. Até mesmo no mais doloroso do sofrimento não estamos sozinhos, a oração de Jesus está connosco. Que com a sua palavra possamos ir adiante".

Segundo o Pontífice, este parece ser o aspeto mais bonito a recordar, na conclusão deste ciclo de catequeses dedicado ao tema da oração: "A graça que não só imploramos, mas que, por assim dizer, fomos “implorados”, já somos acolhidos no diálogo de Jesus com o Pai, na comunhão do Espírito Santo". "Fomos queridos em Cristo Jesus, e também na hora da paixão, morte e ressurreição tudo nos foi oferecido. E assim, com a oração e com a vida, devemos ter coragem, esperança e com esta coragem e esperança sentir forte a oração de Jesus e seguir adiante. Que a nossa vida seja um dar glória a Deus na consciência de que Ele intercede por mim ao Pai, que Jesus reza por mim", concluiu o Papa.

Vatican News

domingo, 13 de junho de 2021

Papa: a nós cabe semear, mas a força da semente é divina

 
 Papa Francisco na janela do apartamento pontifício para o Angelus 
 
Em tantas situações da vida pode acontecer, ficarmos desanimados, porque vemos a fraqueza do bem em relação à aparente força do mal. E podemos deixar-nos paralisar pela desconfiança quando constatamos que nos comprometemos, mas os resultados não chegam e as coisas parecem não mudar nunca. A nós - disse o Papa - cabe semear, com amor, empenho, paciência. Mas a força da semente é divina. O bem cresce sempre de maneira humilde, escondida, muitas vezes invisível.
 

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

“O bem cresce sempre  de forma humilde, escondida, muitas vezes invisível”, por isso não devemos desanimar quando os nossos esforços parecem infrutíferos ou quando o mal parece triunfar, “a nós cabe semear, com amor, empenho, paciência. Mas a força da semente é divina.”

As duas parábolas do Evangelho de Marcos, proposto pela Liturgia deste XI Domingo do Tempo Comum,  oferecem ao Papa a ocasião para encorajar-nos a seguir com as boas obras e a ter total confiança na ação do Senhor, mesmo quando não a percebemos, pois “os resultados da semeadura não dependem das nossas capacidades”, mas sim “da ação de Deus”.

A presença escondida de Deus no dia-a-dia

Com a temperatura por volta dos 31°C na Praça de S. Pedro, Francisco começou por explicar aos presentes - sempre em maior número no tradicional encontro dominical - que as duas parábolas falam de factos quotidianos, revelando assim “o olhar atento de Jesus, que observa a realidade”. E por intermédio dessas pequenas imagens do dia-a-dia, Ele “abre janelas sobre o mistério de Deus e sobre a vida humana. Jesus falava de uma maneira fácil de entender, falava com imagens da realidade, da vida quotidiana”:

 

Assim, ensina-nos que mesmo as coisas do dia-a-dia, aquelas que por vezes parecem todas iguais e que levamos em frente com distração ou fadiga, são habitadas pela presença escondida de Deus, ou seja, têm um significado Assim, também nós temos necessidade de olhos atentos, para saber buscar e encontrar Deus em todas as coisas.

Humilde e lentamente, a pequena semente dá os seus frutos

Jesus hoje, compara o Reino de Deus - a sua presença que habita o coração das coisas e do mundo - ao grão de mostarda, o menor grão que existe, mas que após semeado, cresce até se tornar a maior de todas as hortaliças. Este é o modo de agir de Deus:

Às vezes, o alarido do mundo, junto com as tantas atividades que enchem os nossos dias, impedem-nos de parar e de perceber como o Senhor conduz a história. E, no entanto - assegura o Evangelho - Deus está a agir, como uma pequena boa semente, que brota silenciosa e lentamente. E, aos poucos, torna-se uma árvore vigorosa, que dá vida e refrigério a todos.

“Para nós, muitas vezes , a semente das nossas boas obras pode parecer pequena. No entanto, tudo o que é bom pertence a Deus e, portanto, humilde e lentamente, dá frutos. O bem – recordemos - cresce sempre de maneira humilde,  de maneira escondida, muitas vezes invisível.”

Perceber a ação de Deus na nossa vida e na história

Com essa parábola, de facto - disse Francisco - Jesus quer inspirar confiança em nós:

Em tantas situações da vida, de facto, pode acontecer, ficarmos desanimados, porque vemos a fraqueza do bem em relação à aparente força do mal. E podemos deixar-nos paralisar pela desconfiança, quando constatamos que nos comprometemos, mas os resultados não chegam e as coisas parecem não mudar nunca. 

Neste sentido, o Evangelho pede-nos um novo olhar sobre nós mesmos e sobre a realidade:

Pede para ter olhos maiores, que saibam ver além, especialmente além das aparências, para descobrir a presença de Deus que, como amor humilde, está sempre a agir no terreno da nossa vida e naquele da história.

Devemos semear o bem. Os frutos dependem da ação de Deus

Esta – enfatizou Francisco - é a nossa confiança, “é isto que nos dá força para seguir em frente em cada dia com paciência, semeando o bem que dará fruto”. Atitude, aliás, especialmente importante “para sair bem da pandemia”, ou seja, “cultivar a confiança de estar nas mãos de Deus e ao mesmo tempo comprometermo-nos, todos, em reconstruir e recomeçar, com paciência e constância.”

Mas, alertou o Pontífice – “também na Igreja o joio da desconfiança pode criar raízes, sobretudo quando testemunhamos a crise da fé e o fracasso de vários projetos e iniciativas:

“Mas nunca esqueçamos que os resultados da semeadura não dependem das nossas capacidades: dependem da ação de Deus. A nós cabe semear,  e semear com amor, com empenho e com a paciência. Mas a força da semente é divina.

Mesmo nos terrenos mais áridos, com Deus há sempre esperança

No final de sua reflexão, o Papa mencionou a segunda parábola presente no Evangelho do dia, em que “o lavrador lança a semente e depois não percebe como dá fruto, porque é a própria semente que cresce espontaneamente, de dia, de noite, quando menos se espera”. Assim, ressaltou, “com Deus, mesmo nos terrenos mais áridos, há sempre esperança de novos brotos”.

Que Maria Santíssima, a humilde serva do Senhor, nos ensine a ver a grandeza de Deus que opera nas pequenas coisas e a vencer a tentação do desânimo. Confiemos n’Ele todos os dias.
 
Vatican News