domingo, 31 de janeiro de 2021

Domingo IV do Tempo Comum - Eutanásia: Assembleia da República “decidiu mal”

 

 

“É, efetivamente, uma rampa deslizante que devia ter sido levada em conta numa consciência mais informada para que a decisão fosse mais certa. E não foi tida em conta”, lamentou o Cardeal-Patriarca de Lisboa sobre a aprovação da lei da eutanásia no Parlamento Português. 

“Infelizmente, anteontem, a nossa sede legislativa decidiu mal, em relação à eutanásia, que quer dizer, em relação ao cuidado da vida que todos merecem, em qualquer circunstância, da conceção à morte natural”, começou por lamentar o Cardeal-Patriarca de Lisboa, na homilia da Missa deste Domingo. Para D. Manuel Clemente, a lei que aprova a eutanásia “não conjugou todos os elementos que devia ter conjugado numa consciência mais plena e fortalecida”. “Olhando bem a realidade da pessoa que, eventualmente peça para pôr fim à sua vida ou que o ajudem a pôr fim à vida, não está apenas essa pessoa, está tudo aquilo que ela transporta de desespero, da situação que sofre e que precisa de ser socorrido com tudo aquilo que a sociedade lhe deve dar – antes de mais, isso mesmo: ‘sociedade, solidariedade, presença, convivência’. Todos os que trabalham nos hospitais e nos sistemas de saúde sabem disto. Sabem que, face ao desespero, responde-se com companhia, com convivência, com cuidados paliativos, quer técnicos, quer pessoais. É assim que se responde e corresponde”, referiu o Cardeal-Patriarca, na Igreja de Cristo Rei da Portela, numa celebração transmitida, em direto, pela RTP1.

“Uma porta escancarada”
Na intervenção onde pediu que os cuidados paliativos “sejam uma realidade difundida amplamente em todo o território nacional”, o Cardeal-Patriarca desejou ainda que tivessem sido tidas mais em conta os pronunciamentos contra a eutanásia que foram feitos por “milhares de pessoas”, entre associações profissionais e “sociedade em geral” e deixou um alerta sobre esta realidade que já está em países “que enveredaram por este caminho”. “Ao princípio, é apenas para casos muito excecionais – como a própria legislação aprovada diz – mas, a pouco e pouco, essa pequena frincha tornou-se uma porta escancarada”, anunciou, exemplificando com nações que “em dez anos”, sofreram um aumento de 700% no número de casos. “Uma exceção tornou-se quase regra. É, efetivamente, uma rampa deslizante que devia ter sido levada em conta numa consciência mais informada para que a decisão fosse mais certa. E não foi tida conta”, lamentou D. Manuel Clemente.

“Vamos a tempo”
Apesar de o Parlamento Português ter aprovado, esta semana, a lei que autoriza a eutanásia em Portugal, o Cardeal-Patriarca deixou ainda uma palavra de esperança no decurso futuro do processo. “Vamos a tempo, como sociedade, quer pelo esclarecimento mais atuado, quer pela participação mais ativa na própria legislação, quer, depois, tentando que este esclarecimento vá por diante mesmo nas instâncias que ainda precisam de se pronunciar – e se têm de pronunciar, quer pela própria consciência que, muitas vezes, na sua objeção também se ativa e se deve ativar, quer pelo respeito por aquilo que os nossos constituintes nos ofereceram na Constituição da República Portuguesa quando o número 24 diz taxativamente: ‘a vida humana é inviolável’. Os constituintes quiseram que o artigo ficasse assim, incisivo e direto, para que não fosse sujeito a acomodações a sofismas”, frisou. “É assim, com uma consciência plena que integre e conjugue todos os elementos que devem integrar e conjugar que a autoridade se fortalece”, assegurou D. Manuel Clemente deixando a garantia de que “com Deus, nós também não desistimos para responder a todos os dramas humanos e às tragédias de cada um com uma solidariedade plena, com todos os recursos técnicos de que dispomos e que devem ser oferecidos e com esta consciência ativa de que uma sociedade não dispensa ninguém”. 

Patriarcado de Lisboa

O Papa: em julho, o primeiro Dia Mundial dos Avós e dos Idosos

 Papa Francisco com idosos 

Será realizado a partir deste ano, no quarto domingo de julho, próximo da festa dos Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus e permitirá, como anunciado neste domingo por Francisco no final da oração do Angelus, recordar e celebrar o dom da velhice e daqueles que, antes de nós e para nós, guardam e transmitem a vida e a fé.

 

Gabriella Ceraso, Silvonei José – Vatican News

A nossa memória, as raízes dos povos, a ligação entre gerações, um tesouro a ser preservado. Isto é o que os idosos e os avós são no pensamento do Papa, um verdadeiro "presente" cuja riqueza muitas vezes esquecemos. Por esta razão, como anunciado no final do Angelus, Francisco decidiu dedicar-lhes um Dia Mundial, a partir do próximo mês de julho. O ponto de partida do Pontífice é a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, em 2 de fevereiro, quando dois idosos, Simeão e Ana, "iluminados pelo Espírito Santo, reconheceram Jesus como o Messias". E esta é a primeira grandeza daqueles que nos precederam no caminho da vida:

O Espírito Santo ainda desperta pensamentos e palavras de sabedoria nos idosos: a sua voz é preciosa porque canta os louvores de Deus e conserva as raízes dos povos. Eles lembram-nos que a velhice é um presente e que os avós são o elo entre as diferentes gerações, para transmitir aos jovens a experiência da vida e da fé.

Um Dia para não esquecer

Hoje, mais do que nunca devido à pandemia que primeiro os colocou em risco e sacrificou tantos, os idosos muitas vezes permanecem sozinhos e longe das suas famílias, e ao invés disto, devem ser preservados como uma memória a ser transmitida. Daí a decisão do Papa:

Os avós, tantas vezes são esquecidos e nós esquecemos esta riqueza de conservar as raízes e transmitir. E por esta razão decidi instituir o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que será celebrado em toda a Igreja, todos os anos, no quarto domingo de julho, próximo da festa dos Santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus.

Avós e jovens: sonho e profecia

Dos avós aos jovens: o vínculo é muito estreito, o diálogo deve ser constante. O Papa tem reiterado isto muitas vezes ao longo do tempo, até mesmo dizendo que sonha com "um mundo que viva precisamente do abraço deles". Foi o que retornou a enfatizar nesta ocasião especial:

É importante que os avós se encontrem com os netos e que os netos se encontrem com os avós, porque - como diz o profeta Joel - os avós diante dos netos sonharão, terão a ilusão e os jovens, tomando força dos avós, seguirão adiante, profetizarão. E, precisamente em 2 de fevereiro é a festa do encontro dos avós com us seus netos.

Vatican News

sábado, 30 de janeiro de 2021

Bispos exprimem “tristeza e indignação” com a aprovação da lei da eutanásia

 

Leia aqui, na íntegra, o comunicado da CEP.

Em comunicado, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou “tristeza e indignação diante da aprovação parlamentar da lei que autoriza a eutanásia e o suicídio assistido”, acrescido pelo facto de esta aprovação acontecer num momento de “maior agravamento de uma pandemia mortífera”. Leia aqui, na íntegra, o comunicado do Conselho Permanente da CEP:


Comunicado do Conselho Permanente da CEP face à aprovação da eutanásia

Os bispos portugueses exprimem a sua tristeza e indignação diante da aprovação parlamentar da lei que autoriza a eutanásia e o suicídio assistido.

Essa tristeza e indignação são acrescidas pelo facto de se legalizar uma forma de morte provocada no momento do maior agravamento de uma pandemia mortífera, em que todos queremos empenhar-nos em salvar o maior número de vidas, para tal aceitando restrições da liberdade e sacrifícios económicos sem paralelo. É um contrassenso legalizar a morte provocada neste contexto, recusando as lições que esta pandemia nos tem dado sobre o valor precioso da vida humana, que a comunidade em geral e nomeadamente os profissionais de saúde tentam salvar de modo sobrehumano.

Salientamos que a lei aprovada poderá ainda ser sujeita a fiscalização da constitucionalidade, por ofender o princípio da inviolabilidade da vida humana consagrado na nossa Lei fundamental.

Não podemos aceitar que a morte provocada seja resposta à doença e ao sofrimento. Aceitar que o seja é desistir de combater e aliviar o sofrimento e veicular a ideia errada de que a vida marcada pela doença e pelo sofrimento deixa de merecer proteção e se torna um peso para o próprio, para os que o rodeiam, para os serviços de saúde e para a sociedade no seu todo. Não podemos nunca desistir de combater e aliviar o sofrimento, físico, psicológico ou existencial, e aceitar que a morte provocada seja resposta para essas situações. A resposta à doença e ao sofrimento deverá ser, antes, a proteção da vida sobretudo quando ela é mais frágil por todos os meios e, nomeadamente pelo acesso aos cuidados paliativos, de que a maioria da população portuguesa está ainda privada.

Para além da política legislativa lesiva da dignidade de toda a vida humana, somos confrontados com um retrocesso cultural sem precedentes, caraterizado pela absolutização da autonomia e autodeterminação da pessoa. A ele temos de reagir energicamente. Por isso, agora, mais do que nunca, reforçamos o nosso propósito de acompanhar com solicitude e amor todos os doentes, em todas as etapas da sua vida terrena e, de modo especial, na sua etapa final.

Lisboa, 29 de janeiro de 2021

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

ENCONTRO - "À Quinta... ACONTECE!"

 


Amigos,

Amanhã (28.01.2021) teremos mais um encontro "À Quinta Acontece!".

Desta vez será através do Zoom. Ao ser pedida a palavra-passe utilizem a seguinte "1234".

Esperamos por todos!

 

Tópico: À Quinta Acontece

Data/Hora: 28 jan 2021 -  21:00

Link para entrar na reunião Zoom:

https://zoom.us/j/95883519660...

ID da reunião: 958 8351 9660

Senha de acesso: 1234

Psróquia de Alenquer

HÁ PRESSA NO AR - Hino Oficial da JMJ Lisboa 2023

 

NOTA: Se estiver a utilizar o seu TELEMÓVEL, o acesso ao VIDEO contido nesta página, apenas será possível se seguir as instruções indicadas AQUI


Francisco: a Bíblia não foi escrita para uma humanidade genérica, mas para nós

 

 NOTA: Se estiver a utilizar o seu TELEMÓVEL, o acesso ao VIDEO contido nesta página, apenas será possível se seguir as instruções indicadas AQUI

 
“Devemos aproximar-nos da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O fiel não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica e moral, mas porque espera um encontro", disse o Papa na Audiência Geral.

Vatican News

“A oração com as Sagradas Escrituras” foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (27/01), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico.

“As palavras das Sagradas Escrituras não foram escritas para permanecer presas nos papiros, nos pergaminhos ou no papel, mas para serem recebidas por uma pessoa que reza, fazendo-as brotar no próprio coração. A palavra de Deus chega ao coração”, frisou o Papa.

A Bíblia não pode ser lida como um romance

A Bíblia não pode ser lida como um romance”, disse ainda o Pontífice, citando o Catecismo da Igreja Católica que afirma: «A leitura das Sagradas Escrituras deve ser acompanhada de oração, para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem». “A oração é um diálogo com Deus. Aquele versículo da Bíblia foi escrito também para mim, há muitos séculos, para me trazer uma palavra de Deus. Foi escrita para cada um de nós”, disse ainda Francisco, acrescentando:

Esta experiência acontece a todos os fiéis: uma passagem da Escritura, ouvida muitas vezes, de repente um dia fala-me e ilumina uma situação que estou a  viver. Mas é necessário que eu esteja presente nesse dia, no encontro com essa Palavra. Que eu esteja ali, ouvindo a palavra. Todos os dias Deus passa e lança uma semente no terreno da nossa vida. Não sabemos se hoje encontrará terra árida, silvas, ou terra fértil que faça crescer essa semente. Depende de nós, da nossa oração, do coração aberto com que nos aproximamos das Escrituras para que elas possam tornar-se para nós a Palavra viva de Deus. Deus passa continuamente.

Aproximarmo-nos da Bíblia sem segundas intenções

Segundo o Papa, “devemos aproximar-nos da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O fiel não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica e moral, mas porque espera um encontro; sabe que aquelas palavras foram escritas no Espírito Santo, e que por isso nesse mesmo Espírito devem ser acolhidas e compreendidas, para que o encontro se realize”.

Fico incomodado quando ouço cristãos que recitam os versículos da Bíblia como papagaios. Encontráste o Senhor naqueles versículos? Não é um problema apenas de memória, mas de memória do coração, aquela abre-te ao encontro com o Senhor. Aquela palavra, aquele versículo leva-te ao encontro com o Senhor.

“A Bíblia não foi escrita para uma humanidade genérica, mas para nós, para mim, para ti, para homens e mulheres em carne e osso. Homens e mulheres que têm nome e sobrenome. Como eu e tu.”

"A Palavra de Deus, impregnada do Espírito Santo, quando é recebida com o coração aberto, não deixa as situações como antes. Muda alguma coisa. Esta é a graça, a força da Palavra de Deus”, disse ainda o Papa.

A Palavra inspira bons propósitos

A seguir, Francisco ressaltou que “a tradição cristã é rica em experiências e reflexões sobre a oração com a Sagrada Escritura”, e citou o método da “lectio divina”, nascido num ambiente monástico mas agora praticado por cristãos que frequentam as paróquias. “Trata-se primeiramente de ler a passagem bíblica com atenção, eu diria com “obediência” ao texto, a fim de compreender o que ele significa em si mesmo. Posteriormente entra-se em diálogo com a Escritura, para que aquelas palavras se tornem um motivo de meditação e oração: permanecendo sempre fiel ao texto, começo a interrogar-me sobre  o que ele “me diz”. Este é um passo delicado: não devemos resvalar para interpretações subjetivas, mas devemos fazer parte do caminho vivo da Tradição, que une cada um de nós à Sagrada Escritura. O último passo da lectio divina é a contemplação. Aqui as palavras e os pensamentos dão lugar ao amor, como entre os noivos que por vezes se olham em silêncio. O texto bíblico permanece, mas como um espelho, como um ícone a ser contemplado. E assim, se há diálogo.”

Através da oração, a Palavra de Deus vem habitar em nós e nós habitamos nela. A Palavra inspira bons propósitos e apoia a ação; dá-nos força e serenidade, e até quando nos põe em crise, dá-nos paz. Em dias “maus” e confusos, assegura ao coração um núcleo de confiança e amor que o protege dos ataques do maligno.

As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável

“É assim que a Palavra de Deus torna-se carne naqueles que a acolhem em oração”, sublinhou o Pontífice. “Em alguns textos antigos emerge a intuição de que os cristãos identificam-se tão intimamente com a Palavra que, mesmo se todas as Bíblias do mundo fossem queimadas, um “molde” dela ainda poderia ser salvo através da marca que deixou na vida dos santos. Esta é uma expressão bonita”, ressaltou.

“A vida cristã é uma obra de obediência e ao mesmo tempo de criatividade. Um bom cristão deve ser obediente, mas deve ser também criativo. Obediente porque escuta a palavra de Deus e criativo porque há dentro de si o Espírito Santo que o impele a levá-la  adiante. As Sagradas Escrituras são um tesouro inesgotável”, concluiu o Papa, concedendo a todos a sua bênção apostólica.

Vatican News

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

JMJ Lisboa 2023 - Hino da JMJ será divulgado nesta quarta-feira

 

 

A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 anunciou, hoje, que o hino oficial do evento vai ser divulgado nesta quarta-feira, 27 de janeiro, a partir das 11h00 (Lisboa), numa apresentação online através do site www.lisboa2023.org e das páginas da JMJ Lisboa 2023 no Facebook e YouTube.
A data de apresentação do hino coincide com o 2.º aniversário do anúncio de Portugal como o país que acolhe a próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude. O anúncio foi feito no último dia da edição de 2019 da JMJ que decorreu no Panamá.
Através de um comunicado, a organização também informa que a celebração de acolhimento dos símbolos, prevista para o mesmo dia 27 de janeiro, “foi suspensa”, devido à pandemia. “A Cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani foram entregues à delegação portuguesa a 22 de novembro de 2020, Domingo de Cristo-Rei, numa celebração presidida pelo Papa Francisco, no Vaticano”, lembra a organização, informando que os símbolos, “desde que chegaram a Lisboa”, “têm permanecido na Sé e, assim que for possível, iniciarão uma peregrinação pelos PALOP, comunidades portuguesas, Espanha e dioceses de Portugal”.

Mais informação: www.lisboa2023.org

Patriarcado de Lisboa

domingo, 24 de janeiro de 2021

“Que ninguém desista de viver porque nós nunca desistiremos de conviver”

 

 

Na Missa deste Domingo, o Cardeal-Patriarca de Lisboa apelou à defesa da vida, desde a “conceção à morte natural”, e garantiu a “proximidade de todos os sacerdotes” neste tempo de suspensão das celebrações litúrgicas comunitárias. “Como só a caridade explica esta atuação, a eficácia não será menor, poderá mesmo ser maior”, garantiu.

Na paróquia do Parque das Nações, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou os que estão na linha da frente no combate à pandemia, em particular os profissionais de saúde, e apelou à defesa da vida. “Porque o direito à vida é realmente inviolável – como diz a nossa Constituição –, temos que estar com todos, sobretudo com aqueles que mais sofrem, para criarmos uma sociedade que seja verdadeiramente paliativa, que quer dizer ‘que envolve’, ‘que protege’, que não deixe ninguém só. E que, nem em termos de comportamento ou em termos legais se faça o contrário e se entre numa rampa deslizante que nos levaria muito mal e muito longe – no sentido mais negativo do termo. Estejamos onde Jesus está, em todas as fronteiras da vida de uma convivência completa”, exortou D. Manuel Clemente, deixando o apelo para que “ninguém desista de viver porque nós nunca desistiremos de conviver”. “Assim, o Reino de Deus acontece e completa-se em cada ato de caridade porque a caridade nunca acabará”, reforçou.

“Valor mais alto”
Segundo o Cardeal-Patriarca, é precisamente o “valor mais alto a defender, o valor primeiríssimo de tudo, o valor da vida” que também está na origem da suspensão das Missas com a presença de fiéis. Através da transmissão da celebração pela TVI, D. Manuel Clemente afirmou que os cristãos “acreditam no Deus da Vida e, por isso mesmo, a vida tem que ser defendida em todas as circunstâncias, muito especialmente agora em que somos tão atacados por esta terrível pandemia, com esta grande expansão de contágios que temos que estancar o melhor que pudermos e soubermos, para assim apoiarmos todos aqueles que estão na primeira linha de combate e que levam por diante esta luta”.

A realidade do Reino de Deus
Na homilia da celebração, o Cardeal-Patriarca refletiu sobre as palavras de Jesus, proferidas no Evangelho da celebração – ‘Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus’ –, para mostrar que o Reino de Deus acontece, hoje, na adesão a Jesus. “Se quisermos saber o que é o Reino que Jesus afirma, olhemos para Jesus, (...) para a sua atenção a tudo e a todos, e nas mais diversas circunstâncias, em todo o leque da existência de cada um, da conceção à morte natural. É assim que Deus reina neste mundo. Não é uma realidade política, não é uma realidade de qualquer outra ordem que não seja esta que acontece nos corações e que depois se manifesta nas vidas e nos comportamentos renovados”, assegurou.

Tempo completo
De seguida, D. Manuel Clemente questionou os fiéis sobre “como é que o Reino acontece e o tempo se completa” e afirmou que esta Palavra – neste Domingo especialmente dedicado à Palavra de Deus – “é para agora e nas atuais circunstâncias tão difíceis que atravessamos, onde tanta gente morre, trata e cuida daqueles que pode tratar, alargando ao máximo a sua disponibilidade e capacidade”. O tempo completa-se agora “porque é vivido plenamente, solidariamente, numa solidariedade total, fazendo ou deixando de fazer conforme o interesse e o bem dos outros”, afirmou o Cardeal-Patriarca, concretizando em alguns exemplos. “Aí mesmo, na vossa casa, onde agora há um cuidado para quem precisa de cuidado, onde pode haver um telefonema para quem esteja só e precise de uma voz amiga, onde pode haver uma transmissão telemática para estarmos com os outros, onde pode haver um momento de boa vontade reforçada para que aquele irmão ou irmã que esteja triste fique alegre, onde pode haver um gesto de boa vontade... Aí, o Reino acontece e o tempo completa-se. É um tempo completo porque a caridade nunca acabará”, afirmou. “Quando acontece isto em todos os patamares da vida social e política, então o Reino acontece porque as coisas de Jesus continuam a acontecer e as coisas de Jesus são coisas finais, tempos completos e vidas realizadas. Estejamos deste lado e não deixemos que ninguém desista de viver porque nós nunca desistiremos de conviver, de estar com os outros”, apelou D. Manuel Clemente. 

Proximidade
No final da celebração, o Cardeal-Patriarca dirigiu-se a quem assistia à transmissão, em direto, na TVI, para assegurar a proximidade de “todos os sacerdotes deste país” que, “embora não podendo celebrar com o povo”, “celebram pelo povo”. “E como só a caridade explica esta atuação, neste momento tão difícil para nós, a eficácia não será menor, poderá mesmo ser maior”, prosseguiu. “Mesmo aqueles que, nas suas casas, comungam espiritualmente, não comungam menos realmente, porque é assim que comungam com Cristo para que o bem de todos seja garantido”, afirmou D. Manuel Clemente, assegurando que “a oração da Igreja e a presença dos crentes” é já uma realidade visível “em todas as frentes da luta contra esta pandemia”. “O Reino de Deus começa onde Cristo está e onde Cristo, na vida dos cristãos, agora se desdobra em tantas orações e atuações que realmente salvam”, frisou.

Patriarcado de Lisboa

Francisco: "A Palavra de Deus é a carta de amor escrita para nós"

 

 Santa Missa no Domingo da Palavra de Deus, celebrada por, D. Rino Fisichella 

 

O Papa Francisco não presidiu a missa do Domingo da Palavra de Deus, devido a uma dolorosa ciatalgia. A homilia preparada pelo Santo Padre foi lida pelo presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização Dom Rino Fisichella, que presidiu a celebração eucarística no Altar da Basílica Vaticana

Jane Nogara - Vatican News

A Solenidade deste 2º Domingo da Palavra de Deus, 24 de janeiro, não foi presidida pelo Papa Francisco devido a uma dolorosa ciatalgia. A homilia preparada pelo Santo Padre foi lida por Dom Rino Fisichella.

Na sua homilia Francisco destaca que neste Domingo da Palavra, ouvimos Jesus anunciar o Reino de Deus e o texto desenvolve~se em dois tópicos: Vejamos o que diz e a quem o diz.

O que diz. Jesus começa a pregar assim: ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo’. Deus está perto: é a primeira mensagem”. “O tempo da distância acabou, quando Se fez homem em Jesus. Desde então, Deus está muito perto, nunca Se separará nem Se cansará da nossa humanidade”. “Antes de qualquer palavra nossa sobre Deus, está a sua Palavra para nós, que continua a dizer-nos: ‘Não tenhas medo, estou contigo. Estou perto de ti e continuarei a estar’.

“A Palavra de Deus permite-nos tocar com a mão esta proximidade, já que ela não está longe de nós, antes está muito perto do nosso coração. É o antídoto contra o medo de enfrentar a vida sozinho”

Palavra de conversão

“Com efeito o Senhor, através da sua Palavra, consola, isto é, permanece com quem está . Falando conosco, lembra-nos que estamos no seu coração, somos preciosos aos seus olhos, estamos guardados na palma das suas mãos. A Palavra de Deus infunde esta paz, mas não deixa em paz. É Palavra de consolação, mas também de conversão.

“"Convertei-vos”: acrescenta Jesus imediatamente depois de ter proclamado a proximidade de Deus, porque com a sua proximidade acabou o tempo de deixarmos à distância Deus e os outros, acabou o tempo em que cada um só pensa em si e avança por conta própria.”

Isto não é cristão, porque a pessoa que experimenta a proximidade de Deus não pode colocar à distância o próximo, não pode deixá-lo distante na indiferença”.

“Assim a Palavra, semeada no terreno do nosso coração, leva-nos a semear esperança através da proximidade. Precisamente como Deus faz conosco”.

A quem fala Jesus

Na segunda parte da homilia do Papa Francisco, dom Rino Fisichella lê a quem fala Jesus.

“Dirige-Se, em primeiro lugar, a pescadores da Galileia. Eram pessoas simples, que viviam do trabalho das suas mãos labutando duramente noite e dia. Não eram especialistas na Sagrada Escritura, nem se salientavam certamente por ciência e cultura”. (…) Mas Jesus começa de lá: não do centro, mas da periferia. E fá-lo também para nos dizer que ninguém fica marginalizado no coração de Deus. Todos podem receber a sua Palavra e encontrá-Lo pessoalmente”.

“Dirige-se às pessoas nos lugares e momentos mais comuns. Tal é a força universal da Palavra de Deus, que alcança a todos em cada uma das áreas da sua vida”

“Mas a Palavra também tem uma força individual, isto é, incide sobre cada um de maneira direta, pessoal”.

Jesus “não os atrai com discursos elevados e inacessíveis, mas fala às suas vidas: a pescadores de peixes diz que serão pescadores de homens”. “Jesus chama-os partindo da sua vida: ‘Sois pescadores, tornar-vos-eis pescadores de homens’”.

“É assim que o Senhor procede conosco: procura-nos onde estamos, ama-nos como somos e, pacientemente, acompanha os nossos passos”

Concluindo a sua homilia Francisco escreveu:

“Por isso, queridos irmãos e irmãs, não renunciamos à Palavra de Deus. É a carta de amor escrita para nós por Aquele que nos conhece como ninguém: lendo-a, voltamos a ouvir a sua voz, vislumbramos o seu rosto, recebemos o seu Espírito”.

E aconselhou:

“Coloquemos o Evangelho num lugar onde nos lembremos de o abrir diariamente, talvez no começo e no fim do dia, de tal modo que, no meio de tantas palavras que chegam aos nossos ouvidos, qualquer versículo da Palavra de Deus chegue ao coração”.

“Neste Ano Litúrgico, estamos a ler o Evangelho de Marcos, o mais simples e curto. Por que não fazê-lo também em privado, meditando uma pequena passagem em cada dia? Far-nos-á sentir próximo o Senhor que infundirá coragem no caminho da vida”.

Vatican News

Papa Francisco: amor sem liberdade não é amor

 

 Papa Francisco no Angelus de 24 de janeiro, Domingo da Palavra de Deus 

 
“Cada momento da nossa existência é um tempo precioso para amar a Deus e ao próximo, e assim entrar na vida eterna”. São palavras do Papa Francisco no Angelus deste Domingo da Palavra de Deus

Jane Nogara - Vatican News

Na oração do Angelus deste domingo, 24 de janeiro, o Domingo da Palavra de Deus, o Papa Francisco recordou a “passagem de missão” de João Batista a Jesus. João Batista foi o seu precursor e preparou o terreno para Jesus iniciar a sua missão e anunciar a salvação. “A sua pregação pode ser sintetizada nestas palavras: ‘Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e acreditai no Evangelho’. É a mensagem que nos convida a refletir sobre dois temas essenciais: o tempo e a conversão.

Francisco explica:

“O tempo deve ser entendido como a duração da história da salvação feita por Deus; portanto, o tempo ‘cumprido’ é aquele em que esta ação salvífica atinge o seu ápice, a ua plena atuação: é o momento histórico em que Deus enviou o seu Filho ao mundo e o u Reino tornou-se mais do que nunca ‘próximo’”

Todavia, pondera o Papa, “a salvação não é automática; a salvação é um dom de amor e como tal oferecido à liberdade humana. Quando se fala de amor, fala-se de liberdade: um amor sem liberdade não é amor, pode ser interesse, pode ser medo, muitas coisas, mas o amor é sempre livre e como tal, requer uma resposta livre: requer conversão”.

Detalhando o que é a conversão acrescenta:

“Trata-se de mudar a mentalidade e mudar a vida: não mais para seguir os modelos do mundo, mas o de Deus, que é Jesus. Esta é uma mudança decisiva de visão e atitude”

Explica que o pecado leva automaticamente à afirmação de nós mesmos contra os outros e contra Deus levando até ao uso da violência e ao engano para este objetivo, e apresenta a alternativa:

“A tudo isto opõe-se a mensagem de Jesus, que nos convida a reconhecer a nossa necessidade de Deus e da sua graça; a ter uma atitude equilibrada em relação aos bens terrenos; a sermos acolhedores e humildes para com todos; a conhecer e a realizar-nos no encontro e no serviço aos outros”.

Tempo da redenção: é a duração da nossa vida

“Para cada um de nós, o tempo em que podemos acolher a redenção é curto: é a duração de nossa vida neste mundo”

“A vida”, afirma o Papa, “é um dom do amor infinito de Deus, mas é também um momento para verificar o nosso amor por Ele. Portanto, cada momento, cada instante da nossa existência é um tempo precioso para amar a Deus e ao próximo, e assim entrar na vida eterna”.

A vida tem dois ritmos

Francisco afirma que a história da nossa vida tem dois ritmos: “um, mensurável, composto de horas, dias, anos; e outro, composto de estações do nosso desenvolvimento: nascimento, infância, adolescência, maturidade, velhice, morte. Cada vez, cada fase tem o seu próprio valor e pode ser um momento privilegiado de encontro com o Senhor”. “A fé ajuda-nos a descobrir o significado espiritual destes tempos: cada um deles contém um chamamento particular do Senhor, ao qual podemos dar uma resposta positiva ou negativa”. E conclui desejando:

“Que a Virgem Maria nos ajude a viver cada dia, cada momento como um tempo de salvação, no qual o Senhor passa e nos chama a segui-lo. E que ajude a converter-mo-nos da mentalidade do mundo para a do amor e do serviço"

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