sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

 

 

“Que a cultura do cuidado se torne a cultura do dia-a-dia”

No primeiro dia do ano e Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou todos aqueles que se “desdobram em cuidados” pelos outros e pediu um aumento da “cultura do cuidado”, seguindo o apelo do Papa Francisco na recente Mensagem para o Dia Mundial da Paz, que também é assinalado hoje. “A pandemia obrigou-nos a cuidados reforçados, não só com a própria saúde, mas também com a saúde dos outros. E, durante o último ano, foram tantos, e em tanta parte, que se redobraram em cuidados – às vezes, até com risco da sua própria saúde – para que aos outros não faltasse aquilo que lhes devemos. É bom recordar tanto trabalho feito, tanta canseira, tanta dedicação, tanto risco para que os cuidados não faltassem. Todos os cuidadores nós temos presentes no nosso coração em ação de graças”, assegurou D. Manuel Clemente, na Missa desta manhã, na Igreja de Cristo Rei da Portela. 
Segundo o Cardeal-Patriarca, o cuidado pelos outros “é a maneira que Deus tem de atuar no mundo”. “Para nós, que somos crentes, o cuidado não acontece por acaso. Nós acreditamos num Deus que cuida de nós. Mas não cuida de nós de fora de nós. O lugar de Deus atuar no mundo é o coração de cada um, ou seja, o íntimo de cada um. 
Não foi difícil, para quem é crente, reconhecer a presença de Deus no cuidado de tantos cuidadores que foram os braços, as mãos, o olhar, do próprio Deus em relação aos outros”, referiu.

 

 

“Sentimentos de proximidade”
No início deste novo ano dedicado ao cuidado com a criação – nos cinco anos da Encíclica Laudato Si –, à Família e à figura de São José, o Cardeal-Patriarca de Lisboa apresenta estes “motivos de celebração”, propostos pelo Papa Francisco, como oportunidade “para que também a cultura do cuidado se torne a cultura do dia-a-dia”. “A cultura do cuidado é cultivar, em cada um de nós, os sentimentos de proximidade em relação a tudo e a todos, mesmo quando, fisicamente, não é possível fazer. Há sempre um telefonema que podemos fazer, uma mensagem que podemos mandar, há sempre uma maneira de chegar aos outros porque o coração vence todas as distâncias e é muito criativo, como o próprio coração de Deus”, indicou D. Manuel Clemente.
Na sua intervenção, o Cardeal-Patriarca apontou o “ambiente familiar em que Jesus cresce” como uma “grande lição para todos nós”. “Uma das coisas mais graves desta pandemia é quando atinge pessoas que não têm já vínculos familiares e estão muito sós e, por isso, ainda mais desamparadas. Todo o cuidado que nós tivermos com a família é evangélico, é religioso, que quer dizer: é para cumprir a vontade de Deus”, realçou D. Manuel Clemente, desafiando a olhar a “realidade familiar” de Jesus “como a base da medida social e da vida da Igreja”. “A Igreja é a família de Deus”, frisou.

Patriarcado de Lisboa

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