quarta-feira, 26 de junho de 2024

O Papa: reconduzir a uma nova vida aqueles que caem na escravidão das drogas

 

A catequese de Francisco, na Audiência Geral, foi dedicada à trágica realidade da dependência de drogas no âmbito do Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas celebrado nesta quarta-feira, 26 de junho. Segundo o Papa, "a redução da dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu consumo, isto é uma ilusão". O Pontífice definiu os traficantes como "assassinos e traficantes de morte".

 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Nesta quarta-feira (26/06), Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, o Papa Francisco dedicou sua catequese, na Audiência Geral, a este tema.

O Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas foi instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1987. O tema deste ano é "A evidência é clara: investir na prevenção".

São João Paulo II afirmou que "o abuso de drogas empobrece todas as comunidades onde está presente. Diminui a força humana e a fibra moral. Isso prejudica os valores estimados. Destrói o desejo de viver e contribuir para uma sociedade melhor". Francisco recordou que quem faz uso de drogas "traz consigo uma história pessoal diferente, que deve ser ouvida, compreendida, amada e, na medida do possível, sanada e purificada". Os usuários de drogas "continuam a ter uma dignidade enquanto pessoas filhas de Deus”. "Todo o mundo tem dignidade", acrescentou o Papa.

"No entanto, não podemos ignorar as intenções e más ações dos distribuidores e traficantes de drogas. Eles são assassinos", sublinhou Francisco, recordando que o Papa Bento XVI usou palavras severas durante a sua visita à comunidade terapêutica "Fazenda da Esperança", no Brasil, em 12 de maio de 2007. Assim disse Bento XVI: “Digo aos que comercializam a droga que pensem no mal que estão a provocar a uma multidão de jovens e de adultos de todos os segmentos da sociedade: Deus vai exigir de vós satisfações. A dignidade humana não pode ser espezinhada desta maneira”.

Segundo o Papa, "a redução da dependência de drogas não pode ser alcançada através da liberalização do seu consumo, isto é uma ilusão, como foi proposto por alguns, ou já implementado, em alguns países. Se for liberalizada o consumo será maior".

Tendo conhecido muitas histórias trágicas de usuários de drogas e das suas famílias, estou convencido de que é moralmente necessário pôr fim à produção e ao tráfico destas substâncias perigosas. Quantos traficantes de morte existem, porque os traficantes de drogas são traficantes de morte! - quantos traficantes de morte existem, movidos pela lógica do poder e do dinheiro a qualquer custo! Esta praga, que produz violência e semeia sofrimento e morte, exige um ato de coragem de toda a nossa sociedade.

"A produção e o tráfico de drogas também tem um impacto destrutivo na nossa casa comum", disse ainda o Papa, sublinhando que "isto tem-se tornado cada vez mais evidente na bacia amazónica".

Outra forma prioritária de combater o abuso e o narcotráfico é a prevenção, que se faz promovendo maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida pessoal e comunitária, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança para o futuro.

O Pontífice disse que nas suas viagens em várias dioceses e países visitou "diversas comunidades de recuperação inspiradas no Evangelho". "São um testemunho forte e esperançoso do compromisso dos sacerdotes, das pessoas consagradas e dos leigos em pôr em prática a parábola do Bom Samaritano. Do mesmo modo, sinto-me confortado pelos esforços empreendidos por diversas Conferências Episcopais para promover legislação e políticas justas relativas ao tratamento das pessoas dependentes do consumo de drogas e à prevenção para deter este flagelo", disse ainda Francisco.

O Papa citou como exemplo a rede da Pastoral latino-americana de Acompanhamento e Prevenção das Dependências (PLAPA). "O estatuto desta rede reconhece que 'a dependência do álcool, das substâncias psicoativas e de outras formas de dependência (pornografia, novas tecnologias, etc.) é um problema que nos afeta indistintamente, para além da diversidade dos contextos geográficos, sociais, culturais, religiosos e etários. Apesar das diferenças, queremos organizar-nos como rede: partilhar experiências, o entusiasmo e as dificuldades'".

Francisco mencionou também os Bispos da África Austral, que em novembro de 2023 convocaram um encontro sobre o tema “Capacitar os jovens como agentes de paz e de esperança”. Os representantes da juventude presentes na reunião reconheceram aquela assembleia como um “marco significativo para uma juventude saudável e ativa em toda a região”. Prometeram ainda: “Aceitamos o papel de Embaixadores e Defensores que vão lutar contra o uso de substâncias. Pedimos a todos os jovens que tenham empatia uns com os outros em todos os momentos”.

Queridos irmãos e irmãs, perante a trágica situação da dependência de drogas de milhões de pessoas em todo o mundo, perante o escândalo da produção e do tráfico ilícito destas drogas, “não podemos ficar indiferentes. O Senhor Jesus parou, fez-se próximo, curou as feridas.

Seguindo "o estilo da sua proximidade, também nós somos chamados a agir, a parar diante de situações de fragilidade e de dor, a saber escutar o grito da solidão e da angústia, a inclinar-nos para levantar e reconduzir a uma nova vida aqueles que caem na escravidão das drogas". "Rezemos também pelos criminosos que gastam e fornecem drogas aos jovens: são criminosos, são assassinos. Rezemos pela sua conversão", disse ainda o Papa.

Por fim, neste   Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, Francisco convidou a renovar "como cristãos e comunidades eclesiais o nosso compromisso de oração e de combate às drogas".

Vatican News

domingo, 23 de junho de 2024

Papa: Jesus não nos poupa dificuldades, mas ajuda-nos a enfrentá-las

 

 
"Jesus faz-nos corajosos. Deste modo, aprendemos sempre mais a agarrar-mo-nos a Ele, a confiar na sua potência", disse o Papa comentando o Evangelho deste domingo.
 

Vatican News

Jesus não nos poupa dificuldades, mas ajuda-nos a enfrentá-las: foi o que disse o Papa ao rezar o Angelus com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro neste XII Domingo do Tempo Comum. O Evangelho apresenta Jesus na barca com os discípulos, no lago de Tiberíades. Inesperadamente, chega uma forte tempestade e a barca corre o risco de afundar. Jesus, que estava a dormir, acorda, ameaça o vento e tudo volta à calmaria (cfr Mc 4,35-41).

No entanto, a situação assusta os discípulos, mesmo sendo eles pescadores. "Parece que Jesus queria colocá-los à prova", comentou Francisco. Quando começa o pânico na embarcação, com a sua presença, Jesus conforta-os, encoraja e exorta-os a terem mais fé. Para o Pontífice, o Mestre faz isto por dois motivos: reforçar a fé dos discípulos e torná-los mais corajosos.

Com efeito, eles saem dessa experiência mais conscientes da potência de Jesus e da sua presença no meio deles e, portanto, mais fortes e prontos a enfrentar outros obstáculos e dificuldades, inclusive o medo de se aventurarem, para anunciar o Evangelho. 

"E também connosco Jesus faz o mesmo, em especial na Eucaristia: reúne-nos em volta de Si, doa-nos a sua Palavra, nutre-nos com o seu Corpo e o seu Sangue, e depois convida-nos a tomar o largo, para transmitir a todos o que ouvimos e compartilhar com todos o que recebemos, na vida de todos os dias, mesmo quando é difícil."

Jesus, prosseguiu Francisco, não nos poupa as contrariedades, mas, sem nunca nos abandonar, ajuda-nos a enfrentá-las, "faz-nos corajosos!". Deste modo, aprendemos sempre mais a agarrar-mo-nos a Ele, a confiar na sua potência, que vai bem para além das nossas capacidades, a superar as incertezas e as hesitações, os fechamentos e os preconceitos, com coragem e grandeza de coração, para dizer a todos que o Reino dos Céus está presente, é aqui, e que com Jesus ao nosso lado podemos fazê-lo crescer juntos para além de qualquer barreira.

O Papa então dirige-se aos fiéis com alguns questionamentos: nos momentos de provação, sei fazer memória das vezes em que experimentei, na minha vida, a presença e a ajuda do Senhor? Quando chega a tempestade, deixo-me levar pela agitação ou agarrar-me a Ele, para encontrar calma e paz, na oração, no silêncio, na escuta da Palavra, na adoração e na compartilha fraterna da fé?

"Que a Virgem Maria, que acolheu com humildade e coragem a vontade de Deus, nos doe, nos momentos difíceis, a serenidade de nos abandonarmos a Ele", concluiu.

Vatican News

domingo, 16 de junho de 2024

O Papa: Deus cuida de nós com a confiança de um Pai, e espera de nós boas obras

 

 O Senhor coloca em nós as sementes da sua Palavra e da sua graça, sementes boas e abundantes, e depois, sem nunca deixar de nos acompanhar, espera pacientemente. Ele continua a cuidar de nós, com a confiança de um Pai, mas dá-nos tempo, para que as sementes se abram, cresçam e se desenvolvam para dar frutos de boas obras: disse Francisco na oração mariana do Angelus deste XI Domingo do Tempo Comum

 

Raimundo de Lima – Vatican News

Saber esperar com confiança! Foi a exortação do Santo Padre na alocução que precedeu a oração do Angelus ao meio-dia deste domingo (16/06), com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste XI Domingo do Tempo Comum, que nos fala do Reino de Deus por meio da imagem da semente, usada várias vezes por Jesus e convida-nos a refletir particularmente sobre uma atitude importante – destacou o Pontífice: a espera confiante.

Saber esperar com confiança

De facto, na sementeira, por mais que o agricultor espalhe ótima e abundante semente, e por melhor que prepare o solo, as plantas não brotam imediatamente: leva tempo! Por isso, é necessário que, após a sementeira, ele saiba esperar com confiança, para permitir que as sementes se abram no momento certo e os brotos brotem do solo e cresçam, fortes o suficiente para garantir, no final, uma colheita abundante.

Sob a terra, o milagre já está a acontecer, há um grande desenvolvimento, mas é invisível, é preciso paciência e, enquanto isso, é necessário continuar cuidando dos torrões, regando-os e mantendo-os limpos, apesar do facto de que, na superfície, nada parece estar a acontecer, ressaltou o Papa, explicando que o Reino de Deus também é assim.

O Senhor quer que todos nós possamos crescer

O Senhor coloca em nós as sementes da sua Palavra e da sua graça, sementes boas e abundantes, e depois, sem nunca deixar de nos acompanhar, espera pacientemente. Ele continua a cuidar de nós, com a confiança de um Pai, mas dá-nos tempo, para que as sementes se abram, cresçam e se desenvolvam para dar frutos de boas obras. E isso porque não quer que nada se perca no seu campo, que tudo atinja a plena maturidade; quer que todos nós possamos crescer como espigas cheias de grãos.

Francisco observou que ao fazer isto o Senhor dá-nos um exemplo: também ensina-nos a semear com confiança o Evangelho onde quer que estejamos e depois esperar que a semente lançada cresça e dê frutos em nós e nos outros, sem desanimar e sem deixar de apoiar e ajudar uns aos outros, mesmo quando, apesar dos nossos esforços, nos parece não ver resultados imediatos. “Na verdade - prosseguiu o Pontífice -, muitas vezes, mesmo entre nós, além das aparências, o milagre já está em andamento e, no devido tempo, produzirá frutos abundantes”!

Sejamos semeadores generosos e confiantes do Evangelho

Concluindo, o Santo Padre propôs algumas interpelações para nossa reflexão pessoal:

Semeio com confiança a Palavra de Deus nos ambientes em que vivo? Sou paciente na espera ou fico desanimado porque não vejo os resultados imediatamente? E sou capaz de confiar tudo serenamente ao Senhor, enquanto faço o melhor que posso para proclamar o Evangelho?”

Por fim, confiou à Virgem Maria, que acolheu e fez crescer dentro de si a semente da Palavra, que nos ajude a sermos semeadores generosos e confiantes do Evangelho.

Vatican News

quarta-feira, 12 de junho de 2024

O Papa: a homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida

 
 
Na catequese da Audiência Geral, centrada no Espírito Santo, Francisco enfatizou que "a Igreja alimenta-se da leitura espiritual da Sagrada Escritura, ou seja, da leitura feita sob a orientação do Espírito Santo que a inspirou". Disse que é importante tirar, todos os dias, algum tempo para ler e meditar as Escrituras. Aos sacerdotes, pediu para fazerem homilias curtas, não mais de oito minutos, pois depois desse tempo, a atenção perde-se.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo na Audiência Geral, desta quarta-feira (12/06), realizada na Praça de São Pedro.

"O Espírito Santo guia a Igreja em direção a Cristo nossa esperança", disse o Papa no início de sua catequese centrada na obra do Espírito Santo na revelação, "da qual a Sagrada Escritura é testemunho inspirado por Deus e estimado". "É a doutrina da inspiração divina da Escritura, que proclamamos como artigo de fé no Credo, quando dizemos que o Espírito Santo 'falou pelos profetas'", disse ainda o Papa.

A Igreja alimenta-se da leitura espiritual da Sagrada Escritura

Segundo Francisco, "o Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, é também Aquele que as explica e as torna perpetuamente vivas e ativas. De inspiradas, torna-as inspiradoras. O Espírito Santo continua, na Igreja, a ação de Jesus Ressuscitado que, depois da Páscoa, diz o Evangelho, 'abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras'".

“Pode acontecer, de facto, que uma determinada passagem da Escritura, que lemos muitas vezes sem nenhuma emoção especial, um dia a lemos num clima de fé e de oração, e então esse texto, repentinamente ilumina-se, fal-nos, derrama luz sobre um problema que estamos a viver, deixa clara a vontade de Deus para nós numa determinada situação.”

"A que se deve esta mudança, senão a uma iluminação do Espírito Santo?", perguntou o Papa. "As palavras da Escritura, sob a ação do Espírito, tornam-se luminosas", sublinhou.

A Igreja alimenta-se da leitura espiritual da Sagrada Escritura, ou seja, da leitura feita sob a orientação do Espírito Santo que a inspirou. No seu centro, como um farol que tudo ilumina, está o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, que cumpre o plano da salvação, realiza todas as figuras e profecias, revela todos os mistérios escondidos e oferece a verdadeira chave para a leitura da Bíblia inteira. A morte e ressurreição de Cristo é o farol que ilumina toda a Bíblia, ilumina também a nossa vida.

Ter sempre um Evangelho de bolso

"A Igreja, Esposa de Cristo, é a intérprete autorizada do texto inspirado. A Igreja é a mediadora do seu anúncio autêntico. É sua tarefa ajudar os fiéis e aqueles que procuramam a verdade a interpretar corretamente os textos bíblicos", disse ainda Francisco.

De acordo com o Papa, "uma forma de ler espiritualmente a Palavra de Deus é através da lectio divina. Ela consiste em dedicar algum tempo do dia à leitura pessoal e meditativa de uma passagem da Escritura".

“E isto é muito importante: todos os dias tire um tempo para ouvir. Se tiver muito tempo: medite, leia uma passagem da Escritura. Por isso, recomendo: tenha sempre um Evangelho de bolso, leve-o na bolsa, no bolso. Assim, quando estiver na rua ou quando estiver um pouco livre, pegue-o e leia. Isto é muito importante para a vida. Pegue num Evangelho de bolso lei-o uma, duas vezes ou mais durante o dia.”

Fazer uma homilia curta

"Contudo, a leitura espiritual da Escritura por excelência é a comunitária que se realiza na Liturgia. Ali vemos como um acontecimento ou ensinamento, dado no Antigo Testamento, encontra o seu pleno cumprimento no Evangelho de Cristo. A homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida", disse ainda o Papa, acrescentando:

“Para isso, a homilia deve ser curta: uma imagem, um pensamento e um sentimento. A homilia não deve durar mais de oito minutos, porque depois desse tempo, a atenção perde-se e as pessoas dormem, e têm razão. Uma homilia deve ser assim. Digo isto aos sacerdotes que falam muito e não se entende do que estão a falar. Uma homilia curta: um pensamento, um sentimento e uma ação, como fazer. Não mais que oito minutos. Porque a homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida.”

"Entre as muitas palavras de Deus que ouvimos todos os dias na Missa ou na Liturgia das Horas, há sempre uma que nos é dirigida em particular. Acolhida no coração, pode alegrar o nosso dia e animar a nossa oração. Trata-se de não deixá-la cair no vazio".

Francisco concluiu, dizendo que "como certas peças musicais, a Sagrada Escritura também tem uma nota de fundo que a acompanha do início ao fim, e esta nota é o amor de Deus".

Vatican News

domingo, 9 de junho de 2024

O Papa: com a procura de poder e dinheiro, o homem torna-se escravo

 

 

No habitual Angelus dominical, o Santo Padre convidou os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro neste domingo a refletirem sobre a liberdade de Jesus, que era “completa e sem condicionamentos”.

 

Silvonei José – Vatican News

O homem deve sempre se perguntar se ainda é uma pessoa livre ou se, em vez disso, está se tornando “prisioneiro de mitos do dinheiro, do poder e do sucesso”. “Mitos” que, segundo o Papa Francisco, levam a sacrificar a serenidade e a paz, a minha e a dos outros". No habitual Angelus dominical, o Santo Padre convidou os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro a refletirem sobre a liberdade de Jesus, que era “completa e sem condicionamentos”.

“Jesus era um homem livre”, enfatizou o Pontífice, diante das riquezas, diante do poder e diante da busca pela fama e aprovação.

Jesus era livre diante das riquezas: por isso, deixou a segurança de seu vilarejo, Nazaré, para abraçar uma vida pobre e cheia de incertezas, curando gratuitamente os doentes e qualquer pessoa que o procurasse para pedir ajuda, sem nunca pedir nada em troca.

 Fiéis na Praça de São Pedro 

Jesus era livre diante do poder, continuou o Papa: "de facto, embora chamasse muitos para segui-lo, nunca forçou ninguém a fazê-lo, nem procurou o apoio dos poderosos, mas colocou-se sempre do lado dos últimos, ensinando os seus discípulos a fazerem o mesmo".

“Por fim, era livre diante da procura de fama e da aprovação e, por isso, nunca desistiu de falar a verdade, mesmo a custo de não ser compreendido, de se tornar impopular, até ao ponto de morrer na cruz, não se deixando intimidar, nem comprar, nem corromper por nada e por ninguém".

“E isto também é importante para nós”, disse ainda o Papa, exortando os fiéis a se perguntarem sempre: “sou uma pessoa livre? Ou deixo-me aprisionar pelos mitos do dinheiro, do poder e do sucesso, sacrificando a estes a serenidade e a minha paz e a dos outros?" “Se nos deixamos condicionar pela procura do prazer, do poder, do dinheiro ou do sucesso, tornamo-nos escravos destas coisas”, destacou o Pontífice.

Concluindo: “que a Virgem Maria nos ajude a viver e amar como Jesus nos ensinou, na liberdade de filhos de Deus”.


Vatican News

quarta-feira, 5 de junho de 2024

O Papa: o Espírito é um vento que não pode ser “engarrafado”, Ele cria e torna livres

 

 
A “liberdade não é fazer o que se quer” e se expressa “no que parece ser o seu oposto, o serviço”, foi o que disse Francisco na sua catequese na Audiência Geral, na Praça de São Pedro, dedicada ao nome “Ruach”, pelo qual o Espírito de Deus é originalmente chamado na verdade, Ele distribui os seus dons como quer.
 

Mariangela Jaguraba – Vatican News

"O vento sopra onde quer. Onde há o Espírito de Deus, há liberdade" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (05/06), realizada na Praça de São Pedro.

Francisco refletiu sobre o nome pelo qual o Espírito Santo é chamado na Bíblia. "A terceira pessoa da Trindade tem um nome: chama-se Espírito Santo. Contudo, “Espírito” é a versão latinizada. O nome do Espírito, aquele pelo qual o conheceram os primeiros destinatários da revelação, com o qual o invocaram os profetas, os salmistas, Maria, Jesus e os Apóstolos, é Ruach, que significa sopro, vento, respiro", disse o Papa.

A imagem do vento expressa o poder do Espírito Santo

"Na Bíblia o nome é tão importante que quase se identifica com a própria pessoa. Santificar o nome de Deus é santificar e honrar o próprio Deus. Não é nunca um nome meramente convencional: sempre diz algo sobre a pessoa, a sua origem ou a sua missão. O mesmo se aplica ao nome Ruach. Ele contém a primeira revelação fundamental sobre a pessoa e a função do Espírito Santo", sublinhou Francisco.

“Foi justamente observando o vento e as suas manifestações que os escritores bíblicos foram guiados por Deus para descobrir um “vento” de natureza diferente. Não é por acaso que no Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos acompanhado pelo “ruído de uma forte rajada de vento”. Era como se o Espírito Santo quisesse assinar o que estava a acontecer.”

"A imagem do vento serve antes de tudo para expressar o poder do Espírito Santo. “Espírito e poder”, ou “poder do Espírito” é um binómio recorrente em toda a Bíblia. Com efeito, o vento é uma força avassaladora e indomável. É capaz até de mover os oceanos", disse o Papa.

O Espírito cria e anima as instituições

"Para descobrir o sentido pleno das realidades da Bíblia, não devemos parar no Antigo Testamento, mas chegar a Jesus. Ao lado do poder, Jesus destacará outra característica do vento, a da sua liberdade."

“O vento é a única coisa que absolutamente não pode ser contida, não pode ser “engarrafado” ou encaixotado. Tentamos “engarrafar” ou encaixotar o vento, mas não é possível: é livre. Pretender encerrar o Espírito Santo em conceitos, definições, teses ou tratados, como o racionalismo moderno às vezes tentou fazer, significa perdê-lo, anulá-lo ou reduzi-lo ao espírito puramente humano, um espírito simples.”

Segundo o Papa, "existe uma tentação semelhante também no campo eclesiástico, que é a de querer encerrar o Espírito Santo em cânones, instituições ou definições. O Espírito cria e anima as instituições, mas Ele mesmo não pode ser “institucionalizado”. O vento sopra “onde quer”, por isso o Espírito distribui os seus dons “conforme lhe apraz”".

Liberdade é fazer o que Deus quer

São Paulo fará de tudo isto a lei fundamental da ação cristã: “[...] onde está o Espírito do Senhor, há liberdade” (2Cor 3,17), diz ele. "Uma pessoa livre, um cristão livre, é aquele que tem o Espírito do Senhor", ressaltou o Papa.

Esta é uma liberdade muito especial, muito diferente do que comumente se entende. Não é liberdade para fazer o que quiser, mas liberdade para fazer livremente o que Deus quer! Não liberdade para fazer o bem ou o mal, Por outras palavras, liberdade como filhos, não como escravos. 

Liberdade que se expressa no serviço

"Esta é uma liberdade que se expressa no que parece ser o seu oposto, expressa-se no serviço, e no serviço existe a verdadeira liberdade", disse ainda Francisco, ressaltando que nós "sabemos bem quando esta liberdade se torna um “pretexto para a carne”". Paulo faz uma lista sempre atual: “promiscuidade, impureza, devassidão, idolatria, bruxaria, inimizades, discórdia, ciúme, fúrias, ambições egoístas, fações, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas”. "O mesmo acontece com a liberdade que permite aos ricos explorar os pobres, é uma liberdade má aquela que permite aos fortes explorar os fracos e a todos explorar o ambiente impunemente. Esta é uma liberdade má, não é a liberdade do Espírito", sublinhou.

"Peçamos a Jesus que nos torne, através do seu Espírito Santo, homens e mulheres verdadeiramente livres. Livres para servir, no amor e na alegria", concluiu o Papa.

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O Papa: o Espírito é um vento que não pode ser “engarrafado”, Ele cria e torna livres

 

 
A “liberdade não é fazer o que se quer” e se expressa “no que parece ser o seu oposto, o serviço”, foi o que disse Francisco na sua catequese na Audiência Geral, na Praça de São Pedro, dedicada ao nome “Ruach”, pelo qual o Espírito de Deus é originalmente chamado na verdade, Ele distribui os seus dons como quer.
 

Mariangela Jaguraba – Vatican News

"O vento sopra onde quer. Onde há o Espírito de Deus, há liberdade" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (05/06), realizada na Praça de São Pedro.

Francisco refletiu sobre o nome pelo qual o Espírito Santo é chamado na Bíblia. "A terceira pessoa da Trindade tem um nome: chama-se Espírito Santo. Contudo, “Espírito” é a versão latinizada. O nome do Espírito, aquele pelo qual o conheceram os primeiros destinatários da revelação, com o qual o invocaram os profetas, os salmistas, Maria, Jesus e os Apóstolos, é Ruach, que significa sopro, vento, respiro", disse o Papa.

A imagem do vento expressa o poder do Espírito Santo

"Na Bíblia o nome é tão importante que quase se identifica com a própria pessoa. Santificar o nome de Deus é santificar e honrar o próprio Deus. Não é nunca um nome meramente convencional: sempre diz algo sobre a pessoa, a sua origem ou a sua missão. O mesmo se aplica ao nome Ruach. Ele contém a primeira revelação fundamental sobre a pessoa e a função do Espírito Santo", sublinhou Francisco.

“Foi justamente observando o vento e as suas manifestações que os escritores bíblicos foram guiados por Deus para descobrir um “vento” de natureza diferente. Não é por acaso que no Pentecostes o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos acompanhado pelo “ruído de uma forte rajada de vento”. Era como se o Espírito Santo quisesse assinar o que estava a acontecer.”

"A imagem do vento serve antes de tudo para expressar o poder do Espírito Santo. “Espírito e poder”, ou “poder do Espírito” é um binómio recorrente em toda a Bíblia. Com efeito, o vento é uma força avassaladora e indomável. É capaz até de mover os oceanos", disse o Papa.

O Espírito cria e anima as instituições

"Para descobrir o sentido pleno das realidades da Bíblia, não devemos parar no Antigo Testamento, mas chegar a Jesus. Ao lado do poder, Jesus destacará outra característica do vento, a da sua liberdade."

“O vento é a única coisa que absolutamente não pode ser contida, não pode ser “engarrafado” ou encaixotado. Tentamos “engarrafar” ou encaixotar o vento, mas não é possível: é livre. Pretender encerrar o Espírito Santo em conceitos, definições, teses ou tratados, como o racionalismo moderno às vezes tentou fazer, significa perdê-lo, anulá-lo ou reduzi-lo ao espírito puramente humano, um espírito simples.”

Segundo o Papa, "existe uma tentação semelhante também no campo eclesiástico, que é a de querer encerrar o Espírito Santo em cânones, instituições ou definições. O Espírito cria e anima as instituições, mas Ele mesmo não pode ser “institucionalizado”. O vento sopra “onde quer”, por isso o Espírito distribui os seus dons “conforme lhe apraz”".

Liberdade é fazer o que Deus quer

São Paulo fará de tudo isto a lei fundamental da ação cristã: “[...] onde está o Espírito do Senhor, há liberdade” (2Cor 3,17), diz ele. "Uma pessoa livre, um cristão livre, é aquele que tem o Espírito do Senhor", ressaltou o Papa.

Esta é uma liberdade muito especial, muito diferente do que comumente se entende. Não é liberdade para fazer o que quiser, mas liberdade para fazer livremente o que Deus quer! Não liberdade para fazer o bem ou o mal, Por outras palavras, liberdade como filhos, não como escravos. 

Liberdade que se expressa no serviço

"Esta é uma liberdade que se expressa no que parece ser o seu oposto, expressa-se no serviço, e no serviço existe a verdadeira liberdade", disse ainda Francisco, ressaltando que nós "sabemos bem quando esta liberdade se torna um “pretexto para a carne”". Paulo faz uma lista sempre atual: “promiscuidade, impureza, devassidão, idolatria, bruxaria, inimizades, discórdia, ciúme, fúrias, ambições egoístas, fações, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e coisas semelhantes a estas”. "O mesmo acontece com a liberdade que permite aos ricos explorar os pobres, é uma liberdade má aquela que permite aos fortes explorar os fracos e a todos explorar o ambiente impunemente. Esta é uma liberdade má, não é a liberdade do Espírito", sublinhou.

"Peçamos a Jesus que nos torne, através do seu Espírito Santo, homens e mulheres verdadeiramente livres. Livres para servir, no amor e na alegria", concluiu o Papa.

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domingo, 2 de junho de 2024

Papa no Angelus: contra a lógica do egoísmo, tornemo-nos cristãos "eucarísticos"

 

 
“Graças à Eucaristia, tornamo-nos profetas e construtores de um mundo novo. Quando superamos o egoísmo e nos abrimos ao amor, estamos a partir o pão das nossas vidas como Jesus”, disse o Papa Francisco no Angelus, referindo-se à festa de Corpus Christi, cuja solenidade a Igreja no Portugal celebrou  na última quinta-feira.
 

Thulio Fonseca - Vatican News

Neste domingo, 2 de junho, diante de milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa Francisco dedicou a meditação que precede a oração do Angelus à solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, celebrada hoje em Itália e noutros países. O Pontífice, na sua alocução, refletiu sobre o Evangelho da liturgia, que nos apresenta a Última Ceia de Jesus (Mc 14,12-26), durante a qual Ele realiza um gesto de entrega:

“No pão partido e no cálice oferecido aos discípulos, é Ele mesmo que se doa por toda a humanidade e oferece-se pela vida do mundo.”

Tornar-se "pão partido" para o próximo

Francisco sublinhou que, no gesto de partir o pão, há um aspeto importante presente nas palavras de Jesus: "e lhes deu", e completou: "A Eucaristia, de facto, remete antes de tudo à dimensão do dom. O Senhor toma o pão não para consumi-lo sozinho, mas para parti-lo e dá-lo aos discípulos, revelando assim a sua identidade e a sua missão", pois, de toda a sua vida, Jesus fez um dom.

"Compreendemos, assim, que celebrar a Eucaristia e alimentarmo-nos desse Pão, como fazemos especialmente aos domingos, não é um ato de culto desvinculado da vida ou um simples momento de consolação pessoal. Devemos lembrar-nos sempre, que Jesus tomou o pão, partiu-o e lhes deu e, portanto, a comunhão com Ele torna-nos capazes de também nos tornarmos pão partido para os outros, de compartilhar o que somos e o que temos."

Cristãos “eucarísticos”

Segundo o Papa, este é o chamamento de todo cristão: tornarmo-nos "eucarísticos", ou seja, pessoas que não vivem mais para si mesmas, na lógica da posse e do consumo, mas que sabem fazer das suas vidas um dom para os outros. Assim, graças à Eucaristia, tornamo-nos profetas e construtores de um mundo novo:

"Quando superamos o egoísmo e nos abrimos ao amor, quando cultivamos laços de fraternidade, quando compartilhamos os sofrimentos dos nossos irmãos e dividimos o nosso pão e os nossos recursos com os necessitados, quando colocamos à disposição de todos os nossos talentos, então estamos a partir o pão das nossas vidas como Jesus."

Dom de amor

Por fim, o Santo Padre convidou os fiéis a uma reflexão interior:

"Perguntemo-nos então: guardo a minha vida somente para mim ou dou-a como Jesus? Eu gasto-me pelos outros ou estou fechado no meu pequeno eu? E, nas situações do dia a dia, sei como compartilhar ou busco sempre o meu próprio interesse?"

"Que a Virgem Maria, que acolheu Jesus, o Pão descido do Céu, e se doou inteiramente junto com Ele, ajude também a tornarmo-nos um dom de amor, unidos a Jesus na Eucaristia", concluiu Francisco.

Vatican News