quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Papa: repelir os migrantes é pecado grave. A indiferença mata

 
 
A Audiência Geral voltou à Praça de São Pedro, nesta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice dedicou a sua catequese ao drama dos migrantes: que mares e desertos não se tornem cemitérios. 
 

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"Mar e deserto" foi o título da catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice fez uma pausa no seu ciclo sobre o Espírito Santo para solidarizar-se com as pessoas que – mesmo no momento presente – arriscam em viagens perigosas para viver em paz e segurança noutro lugar.

O pecado do rechaço

Ao falar de mares e desertos, o Papa referiu-se a todas as águas traiçoeiras e territórios inacessíveis e inóspitos: “As atuais rotas migratórias são frequentemente marcadas por travessias que para muitas, demasiadas pessoas, são mortais”, denunciou o Pontífice. Como Bispo de Roma, Francisco concentrou-se no caso emblemático do Mediterrâneo, que se tornou um cemitério.

“E a tragédia é que muitos destes mortos, a maioria, poderiam ter sido salvos. É preciso dizê-lo claramente: há quem trabalhe de forma sistemática e com todos os meios para repelir os migrantes. E isto, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave.”

O órfão, a viúva e o estrangeiro, destacou o Papa, são os pobres por excelência que Deus sempre defende e nos pede para defender.

Mas não só mares, alguns desertos também se tornam cemitérios de migrantes. E citou um dos casos que conheceu pessoalmente, o do camaronês Mbengue Nyimbilo Crepin, conhecido como Pato, cuja mulher Matyla e a filha Marie, de seis anos, morreram de fome e sede no deserto.

 “Na era dos satélites e dos drones, há homens, mulheres e crianças migrantes que ninguém deve ver. Só Deus os vê e ouve o seu clamor. E esta é uma crueldade da nossa civilização."

O Pontífice recordou que o mar e o deserto são também lugares bíblicos repletos de valor simbólico, que testemunham o drama da opressão e da escravatura. E Deus nunca abandona o seu povo: está com eles, sofre, chora e espera com eles. 

“O Senhor está com os nossos migrantes no mare nostrum, o Senhor está com os migrantes, não com quem os rejeita.”

A indiferença mata

Neste cenário mortífero, promover leis mais restritivas e militarizar as fronteiras não são a solução. Em vez disso, é preciso expandir rotas de acesso seguras e regulares, facilitando o refúgio para aqueles que fogem de guerras, violência, perseguições e vários desastres.

Mas não só, necessita-se de uma governação global das migrações baseada na justiça, na fraternidade e na solidariedade, combatendo ao mesmo tempo o tráfico de seres humanos.

Francisco concluiu convidando os fiéis a pensarem nas tragédias migratórias, como nas cidades de Lampedusa e Crotone, e enaltecendo os “bons samaritanos” que fazem tudo para ajudá-los, como os voluntários da associação “Mediterranea Saving Humans”“Estes homens e mulheres corajosos são sinal de uma humanidade que não se deixa contagiar pela má cultura da indiferença e do descarte". 

“O que mata os migrantes é a nossa indiferença e a atitude de descarte.”

Todos os cristãos podem contribuir, acrescentou o Pontífice, ninguém está excluído desta luta de civilização. Há muitos modos, começando pela oração:

“E a vós, pergunto: Rezam pelos migrantes, por quem vem às nossas terras para salvar a vida? E há quem queira expulsá-los.” Por fim, um apelo:

“Queridos irmãos e irmãs, unamos os nossos corações e forças, para que os mares e os desertos não sejam cemitérios, mas espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade.”

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domingo, 25 de agosto de 2024

Papa no Angelus: não é fácil seguir Jesus, precisamos de estar próximos na oração e humildade

 
 

"Não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir", concordou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (25/08). O caminho dá-se, orientou o Pontífice, estando mais próximo dele, do Evangelho, recebendo a graça nos Sacramentos, rezando e imitando Jesus na humildade e na caridade: assim "experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem 'palavras de vida eterna'".

 

Andressa Collet - Vatican News

Neste domingo (25/08), de tradicional oração mariana do Angelus com o Papa na Praça de São Pedro, Francisco refletiu sobre o evangelho do dia (Jo 6,60-69) que se refere à famosa resposta de São Pedro, que diz a Jesus: «a quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). "É uma linda resposta e expressão" que testemunha a amizade e a confiança que ligam os discípulos a Cristo, comentou o Pontífice na alocução que precedeu o Angelus.

Pedro, explicou o Papa, pronunciou esta expressão num "momento crítico" e de discurso de Jesus, que muitos não compreenderam e o abandonaram. "Os Doze, porém, não: permaneceram", ponderou Francisco, porque encontraram em Jesus "palavras de vida eterna".

"Não é fácil segui-Lo. No entanto, entre os muitos mestres daquele tempo, Pedro e os outros apóstolos só encontraram nele a resposta à sede de vida, à sede de alegria, à sede de amor que os anima; só graças a Ele experimentaram a plenitude da vida que procuram, além dos limites do pecado e até da morte. Portanto, eles não se vão embora: na verdade, todos, exceto um, apesar de muitas quedas e arrependimentos, permanecerão com Ele até ao fim (ver João 17:12)."

Como seguir o Senhor?

O Papa, então, insiste na explicação da dificuldade de compreender "o que o Mestre diz e faz". As escolhas de Jesus, continua Francisco, "muitas vezes ultrapassam a mentalidade comum":

“Também para nós, de facto, não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir, fazer nossos os seus critérios e os seus exemplos: para nós não é fácil. Porém, quanto mais estamos próximos dEle - quanto mais aderimos ao seu Evangelho, recebemos a sua graça nos Sacramentos, permanecemos na sua companhia na oração, imitamo-Lo na humildade e na caridade -, mais experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem “palavras de vida eterna”.”

Ao finalizar, o Papa pediu a intercessão de Maria, "que acolheu Jesus, Palavra de Deus, na sua carne", para nos ajudar a ouvir Jesus, começando por questionar como anda a nossa proximidade com Ele:

"Então interroguemo-nos: como está Jesus presente na minha vida? Quanto me deixo tocar e provocar com as suas palavras? Posso dizer que também são para mim -'palavras de vida eterna? A ti, irmão, irmã, eu pergunto: as palavras de Jesus são para ti - também para mim - palavras de vida eterna?"

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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Papa: que o "mau cheiro" do nosso pecado não impeça de espalhar o "bom perfume" de Cristo

 
 
O "Espírito Santo no Batismo de Jesus" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI. Ao ser ungido com o Espírito de Deus, Cristo concede a todos os cristãos a tarefa de espalhar o seu "bom perfume" no mundo e não o "mau cheiro" do próprio pecado.

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A Sala Paulo VI acolheu milhares de fiéis e peregrinos para a Audiência Geral desta quarta-feira, 21 de agosto. O Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses acerca do Espírito e da Esposa, meditando sobre como o Espírito Santo desceu em forma de pomba quando Jesus foi batizado por João, e dali se espalhou pelo Seu Corpo, que é a Igreja.

“Toda a Trindade reuniu-se naquele momento nas margens do Jordão!”, comentou Francisco. O batismo de Jesus foi tão importante, que todos os evangelistas falaram sobre ele. E a importância reside no facto de, naquele episódio, Deus Pai ungiu Jesus com o Seu Espírito, isto é, consagrou Jesus como Rei, Profeta e Sacerdote.

Na verdade, Jesus estava repleto de Espírito Santo desde o momento da Encarnação, mas no Batismo recebe a unção com o Espírito para a sua missão. Essa missão o Senhor comunica-a à Igreja, o Seu Corpo místico, e assim tornamo-nos um povo sacerdotal, profético e régio. A imagem da unção com o Espírito remete-nos ao Sacramento da Confirmação, no qual fomos ungidos com o óleo perfumado do Crisma e recebemos o dom do Espírito para a missão, para espalhar pelo mundo o bom odor de Cristo.

"A unção perfuma-nos e também uma pessoa que viva com alegria a sua unção perfuma a Igreja, perfuma a comunidade, perfuma a família com este perfume espiritual", acrescentou Francisco. O Papa então fez uma ressalva:

"Sabemos que, infelizmente, por vezes os cristãos não espalham o perfume de Cristo, mas sim o mau cheiro do seu próprio pecado. E jamais nos esqueçamos: o pecado afasta-nos de Jesus, o pecado torna o óleo mau. E o diabo, não se esqueçam disto, normalmente o diabo entra pelo bolso. Fiquem atentos."

Isto, porém, não nos deve distrair do compromisso de realizar, tanto quanto pudermos e cada um no seu ambiente, esta sublime vocação de ser o bom perfume de Cristo no mundo. O perfume de Cristo é libertado do “fruto do Espírito”, que é “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gal 5,22).

"Foi o que disse Paulo e é belo encontrar uma pessoa que tenha essas virtudes. (...) É belo encontrar uma pessoa boa, uma pessoa fiel, uma pessoa mansa, que não seja orgulhosa. Se nos esforçarmos por cultivar este fruto, então, antes que nos apercebamos, alguém sentirá um pouco da fragrância do Espírito de Cristo à nossa volta. Peçamos ao Espírito Santo que nos faça ungidos mais conscientes, ungidos por Ele", concluiu o Pontífice.

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domingo, 18 de agosto de 2024

Francisco: continuemos a rezar para que se abram caminhos de paz

 

 Refugiados palestinos em Khan Yunis  (AFP or licensors) 

O Papa voltou a fazer um apelo pela paz na Palestina, Israel, na martirizada Ucrânia, em Mianmar, e em todas as zonas de guerra. Francisco pediu um “compromisso de diálogo e negociação, abstendo-se de ações e reações violentas”. O Pontífice recordou também a beatificação de três missionários xaverianos e de um sacerdote congolês diocesano, mortos na República Democrática do Congo, em 1964.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Após a oração mariana do Angelus deste domingo (18/08), o Papa Francisco recordou a beatificação, na República Democrática do Congo, de três missionários xaverianos italianos e um sacerdote diocesano congolês, mortos em 28 de novembro de 1964.

Trata-se dos sacerdotes Luigi Carrara e Giovanni Didoné, e do religioso Vittorio Faccin, do padre diocesano Albert Joubert.

O seu martírio foi a coroação de uma vida dedicada ao Senhor e aos irmãos e irmãs. Que o eu exemplo e a sua intercessão favoreçam caminhos de reconciliação e paz para o bem do povo congolês.

O Papa pediu aos fiéis um aplauso para os novos beatos. A. seguir, disse:

Continuemos a rezar para que se abram caminhos de paz no Médio Oriente, Palestina, Israel, bem como na martirizada Ucrânia, em Mianmar e em todas as zonas de guerra, com o compromisso de diálogo e negociação e abstenção de ações e reações violentas.

Depois, Francisco saudou os fiéis de Roma e os peregrinos que vieram de outras partes da Itália e de vários países.

O Papa recordou as mulheres e as jovens reunidas no Santuário Mariano de Piekary Šląskie, na Polõnia, e encorajou-as “a dar um alegre testemunho do Evangelho na família e na sociedade”.

Por fim, o Papa saudou os jovens da Imaculada e pediu a todos para não se esquecerem de rezar por ele.

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O Papa no Angelus: a Eucaristia é necessária a todos nós

 
Francisco iniciou a alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, com as palavras ditas com simplicidade por Jesus: “Eu sou o pão vivo, descido do céu”. “O pão celestial, que vem do Pai, é o Filho que se fez carne por nós. Esse alimento é mais do que necessário para nós, porque sacia a fome de esperança, a fome de verdade, a fome de salvação que todos nós sentimos, não no estômago, mas no coração”, frisou o Papa.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (18/08), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

O Pontífice iniciou a alocução, que precedeu a oração, com as palavras ditas com simplicidade por Jesus: “Eu sou o pão vivo, descido do céu”.

“Diante da multidão, o Filho de Deus identifica-se com o alimento mais comum e quotidiano. Entre os que ouvem, alguns começam a discutir: como pode Jesus dar-nos a sua própria carne para comer? Hoje, também fazemos a nós essa pergunta, mas com admiração e gratidão”, disse o Papa, propondo duas atitudes sobre as quais refletir. “Admiração e gratidão diante do milagre da Eucaristia”, sublinhou Francisco.

A primeira atitude é “maravilhar-mo-nos, porque as palavras de Jesus surpreendem-nos. Ainda hoje, Jesus surpreende-nos sempre na nossa vida”.

O pão do céu é um dom que supera todas as expectativas. Quem não entende o estilo de Jesus permanece desconfiado: parece impossível, até mesmo desumano, comer a carne de outro. Carne e sangue, ao contrário, são a humanidade do Salvador, a sua própria vida oferecida como alimento para a nossa. 

“Isto leva-nos à segunda atitude: a gratidão, porque reconhecemos Jesus ali onde ele se faz presente para nós e connosco. Ele faz-se pão por nós”, sublinhou Francisco, destacando as palavras de Jesus: “Quem come a minha carne permanece em mim e eu nele”.

O Cristo, verdadeiro homem, sabe muito bem que é preciso comer para viver. Mas ele também sabe que isso não é suficiente. Depois de ter multiplicado o pão terreno, Ele prepara um dom ainda maior: Ele mesmo torna-se verdadeira comida e verdadeira bebida. Obrigado, Senhor Jesus!

“O pão celestial, que vem do Pai, é o Filho que se fez carne por nós. Esse alimento é mais do que necessário para nós, porque sacia a fome de esperança, a fome de verdade, a fome de salvação que todos nós sentimos, não no estômago, mas no coração. A Eucaristia é necessária a todos nós”, disse o Papa, acrescentando:

Jesus cuida da maior necessidade: ele salva-nos, alimentando a nossa vida com a sua, para sempre. Graças a Ele, podemos viver em comunhão com Deus e entre nós. O pão vivo e verdadeiro não é, portanto, algo mágico que resolve repentinamente todos os problemas, mas é o próprio Corpo de Cristo, que dá esperança aos pobres e vence a arrogância de quem se empanturra em detrimento deles.

A seguir, convidou todos a se questionarem: “Tenho fome e sede de salvação, não apenas para mim, mas para todos os meus irmãos e irmãs? Quando recebo a Eucaristia, que é o milagre da misericórdia, sou capaz de me maravilhar com o Corpo do Senhor, que morreu e ressuscitou por nós?”

“Rezemos juntos à Virgem Maria para que nos ajude a acolher o dom do céu no sinal do pão”, concluiu o Papa.

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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Papa: Maria precede-nos no caminho rumo à união definitiva com o Senhor

 
 
Nesta quinta-feira, 15 de agosto, dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, o Papa Francisco refletiu durante a oração mariana do Angelus sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Segundo o Pontífice, esta é "uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir daquele momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino".

Thulio Fonseca - Vatican News

“Hoje celebramos a Solenidade da Assunção da Virgem Maria e contemplamos a jovem de Nazaré que, assim que recebeu o anúncio do Anjo, partiu em visita à sua prima Isabel.”

Como destacou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus nesta quinta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, uma festa litúrgica.

Maria está sempre a caminho

Ao refletir sobre o Evangelho da liturgia proposto para esta Solenidade (Lc 1,39-56), o Pontífice destacou a expressão “partiu”. Segundo Francisco, isso significa que Maria não considerou um privilégio a notícia que recebeu do Anjo, mas, ao contrário, saiu de casa e se pôs-se a caminho com a pressa de quem deseja anunciar essa alegria aos outros e com a preocupação de se colocar ao serviço da sua prima.

“Esta primeira viagem, na realidade, é uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir daquele momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino. E, no final, a sua peregrinação terrena encerra-se com a Assunção ao Céu, onde, junto ao seu Filho, goza para sempre da alegria da vida eterna.”

“Irmãos e irmãs, não devemos imaginar Maria como uma ‘estátua imóvel de cera’; nela podemos ver uma ‘irmã... com as sandálias gastas... e com tanto cansaço nas veias’, pelo facto de ter caminhado seguindo o Senhor e ao encontro dos irmãos, concluindo então a sua viagem na glória do Céu. Assim, a Virgem Santa é aquela que nos precede no caminho, lembrando a todos nós que também a nossa vida é uma viagem contínua rumo ao horizonte do encontro definitivo."

"Rezemos à Nossa Senhora para que nos ajude a seguir nesta jornada rumo ao encontro com o Senhor", concluiu o Papa Francisco. 

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domingo, 11 de agosto de 2024

Papa: verdadeira fé e oração abrem a mente e o coração, não os fecham

 

++ Il Papa, attacchi e uccisioni mirate non sono soluzione ++  (ANSA)
 

Fechar-se na fortaleza impenetrável das convicções e esquemas rígidos, realizando práticas religiosas que apenas servem para confirmar o que já se pensa, impede um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos e de encontrar verdadeiramente o Senhor", foi o que disse em síntese o Papa Francisco na sua alocução antes de rezar o Angelus neste XIX Domingo do Tempo Comum.
 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Silenciar e colocar-se à escuta de Deus, acolhendo a sua voz para além dos nossos esquemas e superando os medos com a sua ajuda.

Antes de rezar o Angelus com os peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro sob um calor de 36°C, o Papa comentou o Evangelho de João proposto pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum, que fala da reação dos judeus à afirmação de Jesus: “Desci do céu”, "escandalizam-se"!

Eles perguntam, como é possível que um filho de um carpinteiro, cuja mãe e parentes são pessoas comuns, conhecidas, normais, como tantos outros, poderia ter "descido do céu", por outras palavras, de "como Deus poderia manifestar-se de forma tão comum?". E Francisco explica:

Eles estão bloqueados na própria fé, pelo preconceito, bloqueados pelo preconceito em relação às suas origens humildes e também bloqueados pela presunção, portanto, de não terem nada a aprender d’Ele. Os preconceitos e a presunção, quanto mal fazer! Impedem um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos. Estejamos atentos aos preconceitos e à presunção. Eles têm os seus próprios esquemas rígidos e não há espaço nos seus corações para o que não tem a ver com eles, para o que não conseguem catalogar e arquivar nas estantes empoeiradas das suas seguranças.

No entanto - observou o Papa - "são pessoas que observam a lei, dão esmolas, respeitam os jejuns e os momentos de oração". E mesmo Cristo tendo realizado vários milagres, isto "não os ajuda a reconhecer n’Ele o Messias". Por quê?

Porque realizam as suas práticas religiosas não tanto para ouvir o Senhor, mas para encontrar nelas a confirmação do que pensam. São fechados à Palavra do Senhor e procuram uma confirmação para os próprios pensamentos. Isto é demonstrado pelo facto de nem sequer se preocuparem em pedir uma explicação a Jesus: limitam-se a murmurar entre si a respeito dele, como que para se tranquilizarem, uns aos outros, sobre aquilo de que estão convencidos,  e fecham-se, são fechados como que  numa fortaleza impenetrável. E assim não conseguem acreditar. O fechamento do coração, quanto mal faz, quanto mal faz!

E isto - observou o Papa - pode acontecer também a nós, na nossa vida de fé e na nossa oração:

Pode acontecer-nos, isto é, que em vez de ouvirmos verdadeiramente o que o Senhor tem para nos dizer, procuremos d’Ele e dos outros somente uma confirmação daquilo que pensamos, uma confirmação das nossas convicções, dos nossos juízos, que são pré-conceitos. Mas este modo de nos dirigirmos a Deus não nos ajuda a encontrar Deus verdadeiramente, nem a abrir-nos ao dom da sua luz e da sua graça, para crescer no bem, para fazer a sua vontade e para superar os fechamentos e as dificuldades.

“A verdadeira fé e oração, quando são verdadeiras, abrem a mente e o coração, não os fecham. Quando encontras uma pessoa que na mente, na oração, são fechadas, essa fé e essa oração não são verdadeiras.”

Então, o convite do Santo Padre a nos questionarmos:

Na minha vida de fé, sou capaz de realmente fazer silêncio dentro de mim e de me colocar na escuta de Deus? Estou disposto a acolher a sua voz para além dos meus esquemas e superar também, com a sua ajuda, os meus medos?

Que Maria - disse ao concluir - nos ajude a ouvir com fé a voz do Senhor e a fazer com coragem a sua vontade.

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Custódio da Terra Santa convida a rezar pela paz na Solenidade da Assunção

 

Custódio da Terra Santa convida a dedique o dia da Assunção à súplica pela paz

Coincidindo com o apelo de S.B. Card. Pierbattista Pizzaballa, o Custódio da Terra Santa, Fr. Francesco Patton, enviou uma carta aos frades da Custódia com o convite a dedicar o dia da Solenidade da Assunção de Maria, 15 de agosto, à súplica pela paz no Médio Oriente e em todo o mundo.

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Com uma carta dirigida aos frades, o custódio da Terra Santa, frei Francesco Patton, convida a dedicar o dia da Solenidade da Assunção de Maria, 15 de agosto, à súplica pela paz no Médio Oriente e no mundo inteiro.

Sinais de esperança

“Vivemos tempos muito difíceis, em que é particularmente importante rezar pela paz”, começa Patton na carta, na qual indica como um “sinal de esperança” o facto de as partes envolvidas terem concordado em retomar as negociações por um cessar-fogo em Gaza, a libertação de reféns e de presos políticos. Isto, sublinha o custódio, aconteceu “precisamente no dia em que celebramos Maria assunta ao Céu em corpo e alma, sinal de esperança e consolação para nós, peregrinos na terra”.

Oração intensa

Por esse motivo, o frei Patton convida a dedicar as celebrações da Assunção à oração pela paz: “Sabemos – escreve ele, citando o Apocalipse – que quando aparece no Céu o sinal da Mulher que está para dar à luz, aparece também o dragão  infernal que se lança contra os seus filhos, mas é combatido pelas milícias celestes lideradas por S. Miguel Arcanjo".

“Por isso – acrescenta – consideramos ainda mais importante que este dia seja de intensa oração”. Para esta importante jornada, o custódio solicitou e obteve do patriarca latino de Jerusalém a aprovação eclesiástica para a Oração à Virgem. O próprio Patriarca Latino de Jerusalém usará esta fórmula.

O texto da Súplica pela paz à Bem-Aventurada Maria Assunta ao Céu

Gloriosa Mãe de Deus
elevada acima dos coros dos anjos,
rogai por nós com S. Miguel Arcanjo
e com todas as potências angélicas do céu e com todos os santos
ao vosso santíssimo e dileto Filho, Senhor e Mestre.

Obtenha para esta Terra Santa,
para todos os seus filhos e para toda a humanidade
o dom da reconciliação e da paz.

Que a vossa profecia seja cumprida:
os orgulhosos sejam dispersos nos pensamentos dos seus corações;
os poderosos sejam derrubados dos seus tronos, e, finalmente, os humildes sejam elevados;
que os famintos sejam saciados com coisas boas,
os pacificadores sejam reconhecidos como filhos de Deus
e que os mansos recebam o dom da terra.

Que Jesus Cristo, vosso Filho, no-lo conceda, que hoje vos exaltou acima dos coros dos anjos,
vos coroou com o diadema do reino e vos colocou no trono de esplendor eterno.
A Ele sejam dadas honra e glória
por todos os séculos dos séculos. Amém.

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sábado, 10 de agosto de 2024

Pizzaballa: só nos resta rezar, diante de tanto ódio é preciso palavras de paz

 

Invocação do cardeal Pizzaballa pela paz no Médio Oriente, por ocasião da Solenidade da Assunção  (ANSA)

 
O Patriarca Latino de Jerusalém, na mensagem para a Solenidade da Assunção de Maria, fala da guerra no Médio Oriente que continua a causar consternação e sofrimento: "Ódio, rancor e desprezo só aumentam a violência e distanciam a possibilidade de identificar soluções".

 

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O ódio, o ressentimento e o desprezo aumentam a violência e distanciam a possibilidade de encontrar soluções para o conflito no Médio Oriente. O cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, dirige-se aos cristãos da Terra Santa com uma premente mensagem, por ocasião da Solenidade da Assunção, para expressar a dor por uma "guerra terrível" que causou sofrimento e consternação.

“De facto - diz o cardeal - é cada vez mais difícil imaginar uma conclusão para este conflito, cujo impacto na vida das nossas populações é o maior e mais doloroso de sempre”. E é também “cada vez mais difícil encontrar pessoas e instituições com as quais seja possível dialogar sobre o futuro e relações pacíficas”. Este momento presente, é na sua consideração, “misturado com tanta violência e, claro, também com raiva”, parece esmagar a todos.

A oração à Virgem

O olhar do Patriarca Latino volta-se para o 15 de agosto, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, como um dos dias que “pareceria ser importante para dar uma reviravolta no conflito”.

Nesse dia, o pupurado convida os fiéis “para um momento de oração de intercessão pela paz à Santíssima Virgem Assunta ao Céu”, expressando ainda o desejo “que as paróquias, as comunidades religiosas contemplativas e apostólicas, e também os poucos peregrinos presentes entre nós, unam-se no desejo comum de paz que confiamos à Santíssima Virgem”.

"Só nos resta rezar”, é a sua invocação, depois de ter gasto tantas palavras e depois de “ter feito todo o possível para ajudar e estar perto de todos, especialmente daqueles que são mais duramente atingidos”.

É a oração à Virgem da Assunção, “feita de palavras de reconciliação e de paz”, que se opõe “às muitas palavras de ódio, que são pronunciadas com demasiada frequência”, que pode abrir “um vislumbre de luz” para o mundo inteiro.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Catequese do Papa: sem o Espírito Santo a Igreja não pode ir em frente

 

 
Francisco retomou hoje, 7 de agosto, as Audiências Gerais de quarta-feira. Na catequese, o Papa continuou a reflexão sobre a presença do Espírito, começando pelo ato da Criação e passando ao Novo Testamento. "O Espírito Santo é protagonista na Encarnação do Verbo: Maria torna-se Mãe de Cristo e é figura da Igreja". Diante das dificuldades, o Papa convidou a repetir sempre: "Nada é impossível para Deus".
 

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco, nesta manhã, 07 de agosto, retomou as tradicionais Audiências Gerais, suspensas desde 26 de junho devido à habitual pausa de verão. Com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança", passando da leitura da Criação à do Novo Testamento.

“O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo”, introduziu o Pontífice, dedicando a sua reflexão a Maria, esposa do Espírito e figura da Igreja, que do Espírito recebe a força para anunciar a Palavra de Deus após tê-la acolhido.

Maria concebeu pela ação do Espírito Santo

Francisco parte do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecuménico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo, este artigo entrou na fórmula do “Credo”, recitado em cada Missa: o Filho de Deus “encarnou-se pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se homem”, e completou:

“É, portanto, um facto ecuménico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dela uma das suas orações diárias, o Angelus.”

Maria, esposa do Espírito Santo 

Trata-se do artigo de fé, prosseguiu o Pontífice, "que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja". A Lumen gentium, observa o Papa, retoma esse paralelismo entre Maria que gera o Filho "envolvida pelo Espírito Santo" e a Igreja:

“A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepão da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.”

Anunciar Cristo e a sua salvação 

O Papa sublinha que, assim como a Virgem  acolheu primeiro em si Jesus para depois dá-lo à luz, também a Igreja  deve acolher primeiro a Palavra de Deus "para depois dá-la à luz com a vida e a pregação". Como Maria, que perguntou ao anjo que lhe anunciava a maternidade "como é possível isso?", recebendo a resposta "o Espírito Santo descerá sobre ti", assim "também à Igreja, diante de tarefas superiores às suas forças, surge espontaneamente a mesma pergunta":

“Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta ainda é a mesma de então: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8). Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar."

"Para Deus nada é impossível"

“E não apenas a Igreja, mas cada batizado, cada um de nós”, enfatizou o Papa, às vezes interroga-se: "como posso enfrentar esta situação?". Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para mim mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “Para Deus, nada é impossível”, e conclui:

“Irmãos e irmãs, retomemos então também nós, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: "Nada é impossível para Deus". E se nós acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.”

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domingo, 4 de agosto de 2024

Papa, Angelus: "basta, irmãos e irmãs, não sufoquem a palavra do Deus da Paz”

 

Médio Oriente  (ANSA)

Novo apelo do Papa Francisco pelo diálogo no Médio Oriente: "ataques direcionados e assassinatos nunca serão uma solução".
 

Silvonei José – Vatican News

O Papa Francisco pediu diálogo para que o conflito no Médio Oriente não se alastre e disse que "ataques direcionados e assassinatos nunca serão uma solução", Foi mais um apelo durante a oração do Angelus na Praça São Pedro neste domingo.

"Acompanho com preocupação o que está a ocorrer no Médio Oriente e espero que o conflito, já terrivelmente violento e sangrento, não se espalhe ainda mais", disse Francisco.

“Rezo por todas as vítimas, especialmente as crianças inocentes, e expresso a minha solidariedade à comunidade drusa na Terra Santa e às populações da Palestina, de Israel e do Líbano. Não nos esqueçamos de Myanmar”.

O Santo Padre pediu coragem para "retomar o diálogo para que haja um cessar-fogo imediato em Gaza e em todas as frentes, para que os reféns sejam libertados e a ajuda humanitária seja levada às populações".

Ele afirmou que "ataques, inclusive ataques direcionados, e assassinatos nunca podem ser uma solução e não ajudam a trilhar o caminho da justiça e da paz e geram mais ódio e vingança".

"Basta, irmãos e irmãs! Basta! Não sufoquem a palavra do Deus da Paz, mas deixem que ela seja o futuro da Terra Santa, do Médio Oriente e do mundo inteiro. A guerra é sempre uma derrota", clamou Francisco.

Teerão prometeu retaliação contra Israel depois que o país supostamente matou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, e o chefe militar do grupo libanês Hezbullah, Fuad Shukr, em Beirute, com uma diferença de oito horas entre eles nesta semana.

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Papa: as coisas materiais não preenchem a vida, seguir o caminho da caridade

 

Papa Francisco - Angelus  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

O Papa Francisco rezou ao meio-dia deste domingo a oração do Angelus, diante dos fiéis e peregrinos reunidos neste domingo na Praça de São Pedro. “Se cada um der aos outros o que tem, com a ajuda de Deus, mesmo com pouco, todos podem ter algo", afirmou.

Silvonei José – Vatican News

"As coisas materiais não preenchem a vida: somente o amor pode fazer isso. E para que isso aconteça, o caminho a seguir é o da caridade, que não guarda nada para si, mas compartilha tudo": foi o que disse o Papa, antes do Angelus, diante dos fiéis e peregrinos reunidos neste domingo na Praça de São Pedro.

"Hoje, o Evangelho fala-nos de Jesus que, depois do milagre dos pães e dos peixes, convida as multidões, que o procuram, a refletir sobre o que aconteceu, para entender o seu significado. Eles tinham comido aquele alimento compartilhado e puderam ver como, mesmo com poucos recursos, graças à generosidade e coragem de um jovem, que colocou à disposição dos outros o que tinha, todos foram alimentados até a saciedade”.

O sinal era claro, destacou o Papa: “se cada um der aos outros o que tem, com a ajuda de Deus, mesmo com pouco, todos podem ter algo".

E, em vez disso, eles não entenderam – completou o Santo Padre: “confundiram Jesus com uma espécie de mágico, e voltaram para procurá-lo, esperando que repetisse o prodígio como se fosse uma magia".

"Eles foram protagonistas de uma experiência para o seu caminho, mas não compreenderam o significado dela: a sua atenção estava voltada apenas para os pães e peixes, para o alimento material, que acabou imediatamente – continuou o Papa. Eles não perceberam que isso era apenas um instrumento, que o Pai, enquanto saciava a fome deles, revelava-lhes algo muito mais importante: o modo de vida que dura para sempre e o sabor do pão que sacia para além da medida".

O verdadeiro pão, em resumo, - disse o Papa - "era e é Jesus, o seu Filho amado feito homem, que veio para compartilhar a nossa pobreza para nos conduzir, por meio dela, à alegria da plena comunhão com Deus e com os nossos irmãos e irmãs, em dom".

"As coisas materiais não preenchem a vida: somente o amor pode preenchê-la. E para que isso aconteça, o caminho a ser seguido é o da caridade que não guarda nada para si, mas compartilha tudo", observou o Santo Padre.

"Isto não acontece também nas nossas famílias? Pensemos naqueles pais que lutam a vida inteira para educar bem os seus filhos e deixar-lhes algo para o futuro. Como é bonito quando essa mensagem é compreendida, e os filhos são gratos e, por sua vez, tornam-se solidários uns com os outros como irmãos! E como é triste, ao contrário, quando eles brigam por herança, e talvez não se falem por anos", enfatizou.

A mensagem da mamã e do papa, o seu legado mais precioso, não é o dinheiro, - enfatizou o Papa - "mas o amor com o qual eles dão aos seus filhos tudo o que têm, assim como Deus faz connosco, e dessa forma eles nos ensinam a amar".

"Vamo-nos perguntar, então: qual é a minha relação com as coisas materiais? Eu sou escravo delas ou uso-as livremente, como instrumentos para dar e receber amor? Sei dizer "obrigado" a Deus e aos meus irmãos e irmãs pelos dons recebidos e compartilhá-los?

Francisco concluiu pedindo a Maria, que deu a Jesus toda a sua vida, que nos ensine a fazer de todas as coisas um instrumento de amor.

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