Silvonei José - Vatican News
O que se temia há dias verificou-se e o mundo está a testemunhar uma
nova guerra. Durante a noite, a Rússia lançou operações militares em
território ucraniano para proteger o Donbass. Foi o próprio presidente
Putin quem anunciou a invasão: explosões e sirenes de alarme começaram a
ser ouvidas ao amanhecer, também na capital, Kiev, onde se registaram
colunas de carros civis em fuga, especialmente de áreas periféricas. O
caos está por todo o país, não apenas no sul e sudeste, mas também nas
fronteiras com Belarus e Polónia: em Odessa, Kharvik, Mariupol e Lviv. O
ataque anunciado por Putin parece, portanto, ser poderoso e em grande
escala. No seu anúncio, o presidente russo, por outro lado, usou termos
precisos como "desnazificar" e "desmilitarizar" a Ucrânia, ou seja,
torná-la inofensiva: "a expansão da OTAN e o seu uso do território
ucraniano são inaceitáveis", disse. Qualquer um que tente criar
obstáculos e interferir connsco", afirmou, "sabe que a Rússia responderá
com consequências sem precedentes". Estamos preparados para tudo. E na
ONU, Moscovo deixou claro que o alvo do ataque é "a junta no poder em
Kiev". Pouco antes, ele tinha afirmado que estava a responder a um pedido de
ajuda de líderes separatistas que, nas últimas horas, afirmaram ter
conquistado dois locais no Donbass. A notícia dever ser ainda
verificada, assim como a das primeiras mortes.
A resposta da Ucrânia
A presidência ucraniana fala de uma "guerra de agressão", e está
a pedir ajuda ao mundo, em termos de sanções e isolamento da Rússia,
assistência financeira, militar e humanitária. Enquanto isto, o governo
está a tentar proteger a população através da imposição da lei marcial.
"Detenham a guerra e Putin", escreveu o presidente ucraniano Volodymyr
Zelensky no seu Twitter. Temos notícias, também da destruição da defesa
antiaérea de Kiev. E da própria presidência a difusão das primeiras
imagens da guerra, uma explosão na capital com uma densa nuvem de
fumo, perto de um parque. A operação russa", adverte Zelensky, "visa
destruir o estado ucraniano, tomar o u território pela força e
estabelecer uma ocupação".
Reações do mundo: EUA, ONU e UE
Reações de condenação e planeamento de uma resposta unida por parte
do mundo ocidental são registadas nas primeiras horas após a ação
militar russa. Os Estados Unidos e o presidente Biden falam de uma
guerra premeditada e injustificada que trará "perdas catastróficas de
vidas e sofrimento". O líder norte-americano chamou o presidente
Zelensky e anunciou novas e duras sanções contra Moscovo junto com os
aliados. A OTAN, que convocou embaixadores com o Secretário-Geral
Stoltenberg, disse que faria "o que fosse preciso para proteger os seus
aliados". Na reunião do Conselho de Segurança da ONU, o Secretário Geral
Guterres manifestou-se: "este é o momento mais triste do meu mandato",
disse ele, "o presidente Putin, em nome da humanidade, retire as tropas
russas. Este conflito deve parar agora, esta guerra não faz sentido e
viola os princípios da Carta da ONU".
A Europa está ao lado de Kiev: os representantes permanentes dos
Estados membros reunir-se-ão nesta manhã em Bruxelas para discutir a
situação da segurança. "Nestas horas escuras, os nossos pensamentos estão
com a Ucrânia e as mulheres, homens e crianças inocentes que enfrentam
este ataque não provocado e temem pelas suas vidas. Responsabilizaremos o
Kremlin", disse a presidente da Comissão da UE, Von der Leyen. Putin
escolheu o caminho do banho de sangue e da destruição', atacou o
primeiro-ministro britânico Johnson, que disse estar horrorizado com os
acontecimentos, 'a Rússia escolheu o banho de sangue para um ataque não
provocado'. O Comité de Emergência Cobra foi convocado de emergência em
Londres nesta manhã.
"Precisamos de orações"
Enquanto isto, a população espera e tenta proteger-se da melhor
maneira possível. Ao microfone de Jean Charles Poutzulu Padre Radko
Vaolodymyr de Lviv:
É a guerra, ouvimos notícias de bombardeios de numerosas aldeias e
até de grandes cidades. O nosso Patriarca chamou-nos a todos nesta manhã
para convidar-nos para a oração. Ainda estou na cidade de Lviv, a cerca
de 60 quilómetros da fronteira com a Polôóia. Posso testemunhar que
durante alguns minutos as sirenes foram ouvidas. Não vamos ceder ao
pânico. A ativação das sirenes significa, termos que ser cautelosos e esconder-mo-nos. À meia-noite, hora ucraniana, começou o estado de
emergência, e esta manhã o presidente declarou o estado militar,
portanto, a guerra aberta começou. Precisamos da oração para nos ajudar a
não ceder ao pânico e manter a calma, na esperança de que possamos
vencer este mal.
Outras reações à operação militar russa na Ucrânia
- França -
"A Rússia fez a escolha da guerra. A França condena nos termos mais
fortes o lançamento dessas operações", disse o embaixador francês na
ONU, Nicolas de Rivière.
Esta decisão, "no preciso momento em que este Conselho está reunido,
ilustra o desprezo que a Rússia tem pelo direito internacional e pelas
Nações Unidas", acrescentou ele.
"Exortamos a Rússia a respeitar o direito humanitário internacional
em todas as circunstâncias, pedimos a proteção e o respeito de todos os
civis, incluindo pessoas vulneráveis, mulheres e crianças, e pessoal
humanitário", afirmou ainda.
- Alemanha -
A operação militar russa é "uma violação flagrante" do direito internacional, disse o chanceler alemão Olaf Scholz.
- Reino Unido -
O primeiro ministro britânico Boris Johnson condenou os "horríveis
acontecimentos na Ucrânia", dizendo que o presidente russo Vladimir
Putin "escolheu o caminho do derramamento de sangue e da destruição ao
lançar este ataque não provocado".
- OTAN -
O Secretário Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, condenou o "ataque
imprudente e não provocado" da Rússia à Ucrânia, advertindo que isso
coloca "inúmeras" vidas em risco.
"Condeno veementemente o ataque imprudente e sem provocação da Rússia
à Ucrânia, que coloca em risco inúmeras vidas civis. Mais uma vez,
apesar de nossas repetidas advertências e os esforços incansáveis da
diplomacia, a Rússia escolheu o caminho da agressão contra um país
soberano e independente", disse o Sr. Stoltenberg numa declaração.
"Os Aliados da OTAN reuniram,-se para enfrentar as consequências das
ações agressivas da Rússia. Estamos com o povo ucraniano neste momento
terrível. A OTAN fará o que for preciso para proteger e defender os
aliados", acrescentou ele.
- Itália -
O primeiro-ministro italiano Mario Draghi chamou o ataque da Rússia à
Ucrânia de "injustificado e injustificável" e disse que a UE e a OTAN
estavam a trabalhar uma resposta imediata.
- Japão -
O ataque russo à Ucrânia "abala as bases da ordem internacional", disse o primeiro-ministro japonês Fumion Kishida.