Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
“Ao subir ao Céu, em vez de ficar perto de poucos com o seu corpo, Jesus faz-se próximo de todos com o seu Espírito. O Espírito Santo torna Jesus presente em nós, para além das barreiras do tempo e do espaço, para nos tornar suas testemunhas no mundo.”
Ascensão do Senhor ao Céu e Pentecostes, dois acontecimentos intimamente ligados cuja relação foi metodicamente explicada pelo Papa na sua alocução que precedeu a oração do Regina Coeli neste domingo, 29 de maio.
Dirigindo-se aos milhares de fiéis e turistas reunidos na Praça de S. Pedro, Francisco começou por recordar que a Ascensão, isto é, o retorno de Jesus ao Pai, após cumprida a sua missão terrena, é celebrada neste domingo em vários países.
Mas, como entender este acontecimento, qual o seu significado?, pergunta. Para responder – explicou – devemos concentrar-nos em duas ações que Jesus realiza antes de subir ao Céu: anuncia o dom do Espírito e depois abençoa os discípulos.
O anúncio do dom do Espírito: ao subir ao Céu, Jesus não abandona os seus discípulos
Ao dizer "eu enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu”, Jesus “está a falar do Espírito Santo, do Consolador, daquele que vos acompanhará, vos guiará, vos sustentará na missão, vos defenderá nas batalhas espirituais”, explicou ainda Francisco:
Compreendemos então uma coisa importante: Jesus não está a abandonar os seus discípulos. Ele sobe ao Céu, mas não nos deixa sozinhos. Antes pelo contrário, precisamente ao subir ao Pai, assegura a efusão do Espírito Santo, do seu Espírito.
E a subida ao Céu para que o Paráclito pudesse vir, tornando assim
Jesus presente e próximo, também é uma demonstração do seu amor por nós:
A sua presença não quer limitar a nossa liberdade. Pelo contrário, abre espaço para nós, porque o verdadeiro amor sempre gera uma proximidade que não sufoca, não é possessivo, é próximo mas não possessivo. Antes pelo contrário, o verdadeiro amor torna-nos protagonistas (...). Ao subir ao Céu, Jesus, em vez de ficar perto de poucos com o seu corpo, faz-se próximo de todos com o seu Espírito. O Espírito Santo torna Jesus presente em nós, para além das barreiras do tempo e do espaço, para nos tornar suas testemunhas no mundo.
Jesus, o grande sacerdote da nossa vida
Ao erguer as mãos e abençoar os apóstolos – a segunda ação – Jesus realiza um gesto sacerdotal:
Ao dizer-nos que Jesus é o grande sacerdote da nossa vida. Jesus sobe ao Pai para interceder em nosso favor, para apresentar-lhe a nossa humanidade. Assim, diante dos olhos do Pai, há as nossas feridas. Assim, ao fazer o seu "êxodo" para o Céu, Cristo "abre caminho", vai preparar-nos um lugar e, desde então, intercede por nós, para que sejamos sempre acompanhados e abençoados pelo Pai.
Aprender a interceder
O convite então do Papa nesta sua reflexão, é para pensarmos no dom do Espírito que recebemos de Jesus para sermos testemunhas do Evangelho:
Perguntemo-nos se realmente o somos; e também se somos capazes de amar os outros deixando-os livres e abrindo espaço para eles. E depois: sabemos ser intercessores pelos outros, isto é, sabemos rezar por eles e abençoar as uas vidas? Ou servimo-nos dos outros para o nossos próprios interesses? Aprendamos isto: a oração de intercessão, interceder pelas esperanças e sofrimentos do mundo, interceder pela paz. E abençoemos com o olhar e com as palavras aqueles a quem encontramos todos os dias!
E antes de rezar o Regina Coeli, o Papa convidou a rezarmos a Nossa Senhora, “a bem-aventurada entre as mulheres que, repleta do Espírito Santo, reza sempre e intercede por nós.”
Em 31 de maio, unir as orações pela paz, pede o Papa
E o Papa voltou ao tema da paz também no final da recitação do Regina Coeli. Dirigindo-se aos fiéis na Praça de S. Pedro e àqueles de todo o mundo, convidou para a recitação do Rosário por ele conduzida, em conexão com numerosos Santuários do mundo em territórios de guerra, no dia 31 de maio, às 18h, horário italiano, na Basílica de Santa Maria Maior. Unindo assim as preces para obter o "dom que o mundo espera".
Francisco também relança o Dia Mundial das Comunicações celebrado neste domingo, cujo tema desta 56º edição é a escuta: "saber ouvir, deixar que os outros falem tudo, sem interromper – acrescentou - e crescer nessa capacidade".
Outra efeméride recordada pelo Santo Padre é a 21ª edição do Dia Nacional dedicado à promoção da cultura do alívio. A pessoa doente - diz ele - é sempre mais importante do que a doença e mesmo quando não é possível curar, sempre se pode consolar e fazer com que as pessoas sintam proximidade.
Um longo aplauso então, como de costume, o Papa pediu para o novo beato, Padre Luigi Lenzini, sacerdote e mártir de Módena, morto in odium fidei em 1945 pela fúria cega do comunismo anticlerical. Na manhã de sábado a celebração na Catedral de Módena foi presidida pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Num clima de ódio - disse - este sacerdote, mensageiro da verdade e da justiça, pode ajudar-nos a testemunhar o Evangelho com franqueza.
Vatican News
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