domingo, 28 de maio de 2023

Papa no Pentecostes: diante das divisões do mundo, acolher e invocar o Espírito todos os dias

 
  O Pontífice presidiu a missa de Pentecostes neste domingo (28), no Vaticano  
 
Na Basílica de São Pedro, Francisco presidiu a missa de Pentecostes na manhã deste domingo (28) e refletiu sobre a ação do Espírito Santo em três momentos: na criação do mundo, na Igreja e nos nossos corações. 
 

Andressa Collet – Vatican News

Neste domingo (28) de Pentecostes, o Papa presidiu a missa na Basílica de São Pedro enaltecendo a ação do Espírito Santo, “fonte inesgotável de harmonia”, em três diferentes momentos: no mundo que criou, na Igreja e nos nossos corações. O celebrante foi o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

O Espírito Santo opõe-se ao espírito divisor

Em primeiro lugar, na criação do mundo, Francisco coloca o questionamento que muitos podem fazer pessoalmente: “se tudo tem a sua origem no Pai, se tudo é criado por meio do Filho, qual é o papel específico do Espírito?”. Partindo de São Basílio, o Papa explica numa palavra: dar harmonia ao mundo, dando ordem à desordem e coesão à dispersão, mas não “mudando a realidade, harmonizando-a”. Sobretudo no mundo de hoje, de tanta discórdia e divisão, anestesiados pela indiferença apesar de tanta conexão. De tantas guerras e conflitos, tudo alimentado pelo “espírito da divisão, o diabo”, descreve o Pontífice ao desafogar: “parece incrível o mal que o homem pode fazer…”.

“E sabendo o Senhor que, perante o mal da discórdia, os nossos esforços para construir a harmonia não são suficientes, Ele, no momento mais alto da sua Páscoa, no ponto culminante da salvação, derrama sobre o mundo criado o seu Espírito bom, o Espírito Santo, que Se opõe ao espírito divisor, porque é harmonia, Espírito de unidade que traz a paz. Invoquemo-Lo todos os dias sobre o nosso mundo, sobre a nossa vida e diante de todo o tipo de divisão!”

O Espírito Santo é o coração da sinodalidade

Seguidamente, o Papa reflete sobre a ação do Espírito Santo na Igreja, a partir do Pentecostes, quando desce sobre cada um dos Apóstolos. Num contexto plural de “graças particulares e carismas diversos”, em vez da confusão, o Espírito cria harmonia, “sem homogeneizar nem uniformizar”. Como disse São Paulo, «há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo» (1 Cor 12, 4.13).

E o Sínodo em curso, destaca o Papa, “é – e deve ser – um caminho segundo o Espírito: não um parlamento para reclamar direitos e exigências à maneira das agendas de trabalho no mundo, nem ocasião de se deixar levar ao sabor de qualquer vento. Mas o Sínodo é uma oportunidade para sermos dóceis ao sopro do Espírito”. O “coração da sinodalidade” é o próprio Espírito Santo, afirma Francisco, ao reforçar:

“Sem Ele, a Igreja fica inerte; a fé não passa duma doutrina, a moral dum dever, a pastoral dum trabalho. Com Ele, pelo contrário, a fé é vida, o amor do Senhor conquista-nos e a esperança renasce. Coloquemos de novo o Espírito Santo no centro da Igreja; caso contrário, o nosso coração não arderá de amor por Jesus, mas por nós mesmos. Ponhamos o Espírito no início e no coração dos trabalhos sinodais.”

Acolher e invocar o Espírito nos corações

Por fim, o Pontífice analisa a ação do Espírito nos nossos corações, que procura perdoar os pecados com harmonia. Assim, o Papa finaliza a homilia na missa de Pentecostes, convidando a invocar diariamente o Espírito Santo: “comecemos o dia rezando-Lhe, tornemo-nos dóceis ao Espírito Santo!”, encoraja Francisco, ao semear em todos, também, esse acolhimento à força criadora do Espírito:

“E hoje, na sua festa, questionemo-nos: Sou dócil à harmonia do Espírito? Ou corro atrás dos meus projetos, das minhas ideias sem me deixar moldar, sem me fazer mudar por Ele? O meu modo de viver a fé é dócil ao Espírito ou é teimoso? Teimoso com as letras, teimoso com as chamadas doutrinas que são apenas expressões frias de uma vida? Sou precipitado ao julgar, acuso e bato a porta na cara dos outros, considerando-me vítima de tudo e de todos? Ou acolho a harmoniosa força criadora do Espírito, acolho a «graça de estar juntos» que Ele inspira, o seu perdão que dá paz? E, por minha vez, perdoo? O perdão é dar espaço para que venha o Espírito... Promovo a reconciliação e crio comunhão ou estou sempre procurando, metendo o nariz onde existem as dificuldades, para bisbilhotar, para dividir, para destruir? Perdoo, promovo reconciliação, crio comunhão? Se o mundo está dividido, se a Igreja se polariza, se o coração se fragmenta, não percamos tempo a criticar os outros e a zangar-nos connosco mesmos, mas invoquemos o Espírito: Ele é capaz de resolver essas coisas.”

Vatican News

domingo, 21 de maio de 2023

O Papa: Jesus está sempre connosco e intercede por nós junto ao Pai

 


Com a Ascensão, algo novo e belo aconteceu: Jesus levou a nossa humanidade para o céu, para Deus. Essa humanidade, que Ele assumiu na terra, não permaneceu aqui, ela ascendeu a Deus e estará lá para sempre: disse o Papa Francisco no Regina Caeli neste VII Domingo da Páscoa, em que celebramos a Ascensão do Senhor
 

Raimundo de Lima – Vatican News

A partir do dia da Ascensão, o próprio Deus, poderíamos dizer, "mudou": desde então, não é mais apenas espírito, mas, pelo tanto que nos ama, carrega em si a nossa própria carne, a nossa humanidade! Assim, o nosso lugar de direito é indicado, o nosso destino está lá. Foi o que disse o Papa Francisco no Regina Caeli deste domingo, 21 de maio, VII Domingo do Tempo Pascal, na alocução que precedeu a oração mariana rezada com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Praça de São Pedro.

Na alocução que precedeu o Regina Caeli, o Santo Padre ressaltou que celebramos a Ascensão do Senhor, uma festa que conhecemos bem, mas que pode suscitar algumas perguntas, ao menos duas.

A primeira: por que festejar a partida de Jesus da terra? A sua partida parece ser um momento triste, não algo para nos alegrar! E uma segunda pergunta: o que Jesus está a fazer no céu agora, por que é importante que esteja lá? Por que festejamos e o que Jesus está a fazer agora: estas são duas perguntas que nos ajudam a entender aquilo que celebramos.

Jesus levou a nossa humanidade para o céu

Por que festejamos?

Porque, com a Ascensão, algo novo e belo aconteceu: Jesus levou a ossa humanidade para o céu, para Deus. Essa humanidade, que Ele assumiu na terra, não permaneceu aqui, ela ascendeu a Deus e estará lá para sempre.

Francisco citou um antigo Padre na fé: "Esplêndida notícia! Aquele que se fez homem por nós [...], para nos fazer seus irmãos, apresenta-se como homem diante do Pai, para levar consigo todos os que estão unidos a ele".

A intercessão é fundamental

A segunda pergunta, repetiu: o que está Jesus a fazer no céu? Ele está para nós diante do Pai, mostra-Lhe continuamente a nossa humanidade, as feridas.

Gosto de pensar que Jesus, diante do Pai, ora assim: fazendo-o ver as feridas. "Isto é o que eu sofri pelos homens: fazei alguma coisa!". Ele mostra-lhe o preço da redenção. O Pai fica comovido. Isto é algo que eu gosto de pensar... mas pensem também vós, é assim que Jesus ora. Ele.

A intercessão é fundamental. Essa fé também nos ajuda: não perder a esperança, não desanimar. Diante do Pai, há alguém que lhe mostra as feridas e intercede, ressaltou o Pontífice. Francisco concluiu pedindo que a Rainha do Céu nos ajude a interceder com o poder da oração.

Vatican News

domingo, 14 de maio de 2023

Papa Francisco: o verdadeiro amigo corrige sem julgar

 
 Papa Francisco - Regina Caeli  (VATICAN MEDIA Divisione Foto) 

O Papa Francisco rezou neste domingo o Regina Caeli com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Falando do Espírito Santo, disse que é advogado e consolador, "porque é um verdadeiro amigo, fiel, que não esconde nada”.

 

Silvonei José – Vatican News

“O verdadeiro amigo é exigente, sugere como mudar e fá-lo sem julgar ou infundir desconfiança”: foi o que recordou neste domingo (14/05) o Papa Francisco na sua alocução que precedeu a oração do Regina Caeli com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. O modelo é o do Espírito Santo, advogado e consolador, "porque é um verdadeiro amigo, fiel, que não esconde nada, que sugere o que mudar e como crescer. Mas, quando nos corrige, nunca nos humilha e nunca infunde desconfiança; pelo contrário, transmite-nos a certeza de que com Deus podemos conseguir, sempre. Esta é a sua proximidade."

O Evangelho deste sexto domingo da Páscoa, - disse Francisco - fala-nos do Espírito Santo, que Jesus chama de Paráclito. Paráclito é uma palavra grega que significa ao mesmo tempo consolador e advogado.

“Ou seja, o Espírito Santo não nos deixa sozinhos, ele está ao nosso lado, como um advogado que ajuda o acusado ficando ao seu lado. E e sugere-nos como nos defendermos diante daqueles que nos acusam".

 

 Papa Francisco 

Falando da sua proximidade o Espírito Santo, diz Jesus, "permanece junto de vós e está em vós".

“O Espírito Santo quer estar connosco: não é um hóspede de passagem que vem fazer-nos uma visita de cortesia. Ele é um companheiro de vida, uma presença estável, é Espírito e deseja habitar no nosso espírito. Ele é paciente e está connosco mesmo quando caímos. Permanece porque realmente nos ama: não finge que nos ama para depois deixar-nos sozinhos nas dificuldades".

Ao contrário, - continuou Francisco -, se nos encontrarmos em provação, o Espírito Santo consola-nos, trazendo-nos o perdão e a força de Deus. E quando ele nos confronta com os nossos erros e corrige-nos, fá-lo com gentileza: na sua voz que fala ao coração há sempre o timbre da ternura e o calor do amor.

 

 Fiéis na Praça São Pedro 

Francisco disse que o segundo aspeto do Espírito Santo é ser nosso advogado, defende-nos diante daqueles que nos acusam: “diante de nós mesmos, quando não nos amamos e não nos perdoamos, chegando ao ponto de dizermos a nós mesmos que somos fracassados e que não servimos para nada; diante do mundo, que descarta aqueles que não correspondem aos seus esquemas e modelos; diante do diabo, que é por excelência o "acusador" e o divisor e faz de tudo para que nos sintamos incapazes e infelizes”.

Diante de todos estes pensamentos acusadores, o Espírito Santo suger-nos como devemos responder. De que maneira? Perguntou o Papa.

O Paráclito, diz Jesus, é Aquele que "nos recorda tudo o que Jesus nos disse". Ele recorda-nos, portanto, as palavras do Evangelho e, assim, permite-nos responder ao diabo acusador não com palavras nossas, mas com as palavras do próprio Senhor.

 

 Praça de São Pedro durante o Regina Caeli 

“Se invocarmos o Espírito, aprenderemos a acolher e recordar a realidade mais importante da vida, que nos protege das acusações do mal: somos filhos amados de Deus”.

Na conclusão das suas palavras Francisco pediu que nos interrogemos hoje: invocamos o Espírito Santo, rezamos a Ele com frequência? Não nos esqueçamos d’Ele, que está perto de nós, ou melhor, dentro de nós! E depois, ouvimos a sua voz, tanto quando nos encoraja, como quando nos corrige? Respondemos com as palavras de Jesus às acusações do mal, aos "tribunais" da vida? Lembramo-nos de que somos filhos amados de Deus? Que Maria nos torne dóceis à voz do Espírito Santo e sensíveis à sua presença.

 

 

Vatican News

domingo, 7 de maio de 2023

Papa: amar Jesus é a bússola para alcançar o Céu

 
 
Num domingo ensolarado em Roma, o Papa rezou o Regina Caeli, comentando as palavras de Jesus aos discípulos: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". O céu é a nossa meta e o caminho é Jesus, disse Francisco aos fiéis presentes na Praça de São Pedro.
 

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

Aonde ir e como chegar? Estas duas perguntas guiaram a reflexão do Papa neste V Domingo de Páscoa, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para a oração do Regina Caeli.

Destino: a casa do Pai

Francisco inspirou-se no trecho de João proposto pela Liturgia do dia, que traz o último discurso de Jesus antes da sua morte. O coração dos discípulos está abalado, mas o Senhor dirige a eles palavras de conforto, convidando-os a não terem medo: «Vou preparar um lugar para vós […], a fim de que, onde eu estiver estejais também vós».

Com efeito, Jesus não os está a abandonar, mas parte para preparar um lugar para eles e guiá-los rumo àquela meta. Assim, explicou o Pontífice, o Senhor indica hoje a todos nós o maravilhoso lugar aonde ir e, ao mesmo tempo, diz-nos como ir, mostra-nos o caminho a percorrer. 

“Na casa do Pai – diz aos teus amigos e a cada um de nós – há espaço para ti, és bem-vindo, serás acolhido para sempre pelo calor de um abraço, e eu estou no Céu para preparar-te um lugar!”

"Irmãos e irmãs, esta Palavra é fonte de consolação e esperança", comentou o Papa. Jesus não se separou de nós, mas abriu-nos o caminho, antecipando o nosso destino final: o encontro com Deus Pai, em cujo coração há lugar para cada um de nós.

Então, quando sentimos o cansaço, a desorientação e até mesmo o fracasso, lembremo-nos para aonde vai a nossa vida. Não devemos perder de vista a meta, mesmo se hoje corremos o risco de não nos lembrarmos, de esquecer as perguntas finais, aquelas importantes: aonde vamos? Rumo aonde caminhamos? Por qual motivo vale a pena viver? Sem estas perguntas, sufocamos a vida somente no presente, pensamos que devemos desfrutá-la o quanto possível e acabamos por viver o dia, sem um propósito, sem uma meta.

“A nossa pátria, ao invés, está no céu, não nos esqueçamos da grandeza e da beleza da meta!”

A bússola: Jesus

Para a segunda pergunta - como chegar - a resposta vem do próprio Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida» (Jo 14,6). Jesus é o caminho a seguir para viver na verdade e ter a vida em abundância, acrescentou o Pontífice. Ele é o caminho e, portanto, a fé Nele não é um “conjunto de ideias” a acreditar, mas um caminho a percorrer, uma viagem a realizar, um caminho com Ele. É seguir Jesus, porque Ele é o caminho que conduz à felicidade que não conhece ocaso. É imitá-lo, recomendou o Papa, especialmente com gestos de proximidade e misericórdia para com os outros.

“Eis a bússola para alcançar o Céu: amar Jesus, o caminho, tornando-se sinais do seu amor na terra.”

Francisco concluiu convidando os fiéis a não se deixarem devastar pelo presente: "Olhemos para o alto, para o Céu, lembremo-nos da meta, pensemos que somos chamados para a eternidade, para o encontro com Deus. E, do Céu, renovemos hoje a escolha de Jesus, a escolha de amá-lo e de caminhar atrás Dele. Que a Virgem Maria, que seguindo Jesus chegou à meta, ampare a nossa esperança".

Vatican News

quarta-feira, 3 de maio de 2023

O Papa ao povo húngaro: conservar o vínculo com as suas raízes e construir pontes

 
  O Papa Francisco durante a Audiência Geral  (Vatican Media) 
 
O Papa Francisco dedica a catequese da audiência desta quarta-feira à sua visita a Budapeste, que terminou no dia 30 de abril. Renovou a gratidão a quem o acolheu e disse dos húngaros que são corajosos e ricos de memória. Exortou-os a permanecerem fiéis ao seu passado de fé testemunhado por tantos santos e sublinhou o seu compromisso no acolhimento dos refugiados da vizinha Ucrânia e no cuidado do ambiente.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

A viagem do Santo Padre à Hungria foi o tema da catequese do Papa Francisco, nesta quarta-feira (03/05), realizada na Praça de São Pedro.

"Há três dias regressei da viagem à Hungria", recordou Francisco, agradecendo, a seguir, "a todos aqueles que prepararam e acompanharam esta visita com a oração". Agradeceu "às autoridades, à Igreja local e ao povo húngaro, um povo corajoso e rico de memória".

"Durante a minha permanência em Budapeste pude sentir o afeto de todos os húngaros", disse ainda o Papa, falando "desta visita através de duas imagens: as raízes e as pontes".

Segundo São João Paulo II, a história do povo húngaro foi marcada por «muitos santos e heróis, circundados por multidões de pessoas humildes e diligentes».

"É realmente verdade: vi tantas pessoas humildes e diligentes conservar com orgulho o vínculo com as suas raízes. Entre estas raízes estão sobretudo os santos. Os santos recordam-nos que Cristo é o nosso futuro. Contudo, as sólidas raízes cristãs do povo húngaro foram postas à prova", disse ainda o Papa, recordando que "durante a perseguição ateia do século XX, os cristãos foram atingidos violentamente, com bispos, sacerdotes, religiosos e leigos assassinados ou privados da liberdade. Mas enquanto se procurava cortar a árvore da fé, as raízes permaneceram intactas: foi uma Igreja escondida, mas viva, forte com a força do Evangelho".

Na Hungria, esta última perseguição, a opressão comunista foi precedida pela opressão nazista, com a trágica deportação de uma grande população judaica. Mas nesse genocídio atroz, muitos se distinguiram pela resistência e capacidade de proteger as vítimas, e isto foi possível porque as raízes da convivência eram firmes. Nós em Roma temos uma grande poetisa húngara que viveu todas essas provações e conta aos jovens a necessidade de lutar por um ideal para não sermos vencidos pelas perseguições, pelo desânimo. Esta poetisa, hoje, completa 92 anos. Parabéns, Edith!

O Papa referiu-se a Edith Bruck escritora, poetisa, sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz, durante a perseguição nazista.

"Ainda hoje a liberdade está ameaçada, como sobressaiu nos encontros com os jovens e com o mundo da cultura. Como? Sobretudo com as luvas brancas, com um consumismo que anestesia, pelo que as pessoas contentam-se com um pouco de bem-estar material e, esquecendo o passado, “flutuam” num presente feito à medida do indivíduo", disse o Papa. "Esta é a perseguição perigosa da mundanidade levada adiante pelo consumismo. Mas quando a única coisa que conta é pensar em mim próprio e fazer o que bem entender, as raízes sufocam", sublinhou.

Segundo o Pontífice, este é "um problema que diz respeito à Europa inteira, onde estão em crise o dedicar-me ao próximo, o sentir-me comunidade, a beleza de sonhar em conjunto e de criar famílias numerosas. A Europa inteira está em crise. Então, reflitamos sobre a importância de preservar as raízes".

Depois das raízes, o Papa refletiu sobre a segunda imagem: as pontes. "Nascida há 150 anos da união de três cidades, Budapeste é célebre pelas pontes que a atravessam e unem as suas partes. Isto evocou, especialmente nos encontros com as autoridades, a importância de construir pontes de paz entre diferentes povos", disse ele.

Esta é, em particular, a vocação da Europa, chamada como “ponte de paz” a incluir as diferenças e a acolher quantos batem às suas portas. Neste sentido, é bela a ponte humanitária criada para tantos refugiados da vizinha Ucrânia, que pude encontrar, admirando também a grande rede de caridade da Igreja húngara.

Francisco recordou que a Hungria está comprometida "na construção de “pontes para o amanhã”: é grande a sua atenção ao cuidado ecológico, e isso é algo muito bonito na Hungria, o cuidado ecológico por um futuro sustentável, e trabalha-se para edificar pontes entre as gerações, entre os idosos e os jovens, desafio hoje irrenunciável para todos".

"Depois há pontes que a Igreja, como emergiu do encontro específico, é chamada a lançar aos homens de hoje, pois o anúncio de Cristo não pode consistir apenas em repetir o passado, mas deve ser sempre atualizado, de modo a ajudar as mulheres e os homens do nosso tempo a redescobrir Jesus", disse ainda Francisco, recordando "os belos momentos litúrgicos, a oração com a comunidade greco-católica e a solene Celebração eucarística, tão participada". "Na missa dominical havia cristãos de vários ritos e países, e de diferentes confissões, que juntos trabalham bem na Hungria. Construir pontes! Pontes de harmonia e pontes de unidade", ressaltou.

Por fim, o Papa recordou "que os húngaros são muito devotos da Santa Mãe de Deus" e confiou à Rainha da Hungria esse país, confiou "à Rainha da paz a construção de pontes no mundo, à Rainha do Céu confiemos o nosso coração para que se enraíze no amor de Deus".

Vatican News