domingo, 17 de novembro de 2024

Papa Francisco: por favor, não nos esqueçamos dos pobres

 

Na missa do VIII Dia Mundial dos Pobres, Francisco faz um apelo aos governos e às organizações internacionais, mas convida a Igreja a sentir “a mesma compaixão do Senhor” diante dos últimos, e pede aos cristãos que se tornem “sinal da presença do Senhor”, pertos do sofrimento dos necessitados para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte: só assim a Igreja “se torna ela mesma, casa aberta a todos”.

 

Alessandro Di Bussolo - Vatican News

“Por favor, não nos esqueçamos dos pobres!”. A invocação com a qual o Papa Francisco encerra a sua homilia na missa do VIII Dia Mundial dos Pobres neste domingo (17/11), na Basílica de São Pedro, é dirigida à Igreja, aos governos dos Estados e às organizações internacionais, mas também “a todos e a cada um”. E aos fiéis em Cristo, o Papa lembra-nos que “é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte”. Porque a esperança cristã precisa de “cristãos que não se viram para o outro lado” e que sintam “a mesma compaixão do Senhor diante dos pobres”. Francisco sublinhou isto lembrando uma advertência do cardeal Martini: somente servindo os pobres “a Igreja ‘torna-se’ ela mesma, isto é, uma casa aberta a todos, um lugar da compaixão de Deus pela vida de cada homem”.

Jesus tornou-se pobre por nós

Numa Basílica lotada, com a presença dos pobres que mais tarde almoçam com ele na Sala Paulo VI, o Pontífice abre a celebração com a exortação do ato penitencial: “Com o olhar fixo em Jesus Cristo, que se fez pobre por nós e rico de amor para com todos, reconheçamos que precisamos da misericórdia do Pai”. O celebrante no altar é o arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização.

Na escuridão deste tempo, brilha uma esperança inabalável

Na homilia, o Papa Francisco relê a passagem do Evangelho de Marcos, na liturgia deste XXXIII Domingo do Tempo Comum, com as palavras de Jesus aos discípulos antes da sua paixão, descrevendo “o estado de espírito daqueles que viram a destruição de Jerusalém”, mas também a chegada extraordinária do Filho do Homem. “Quando tudo parece desmoronar-se, que Deus vem, que Deus se aproxima, que Deus nos reúne para nos salvar”.

Jesus convida-nos a ter um olhar mais aguçado, a ter olhos capazes de “ler por dentro” os acontecimentos da história, para descobrir que, mesmo na angústia dos nossos corações e dos nossos tempos, há uma esperança inabalável que resplandece.

Angústia e impotência diante da injustiça do mundo

Neste Dia Mundial dos Pobres, portanto, o Papa convida-nos a determo-nos nas duas realidades, “angústia e esperança, que sempre duelam entre si na arena do nosso coração”. Ele começa com a angústia, tão difundida no nosso tempo, “onde a comunicação social amplifica os problemas e as feridas, tornando o mundo mais inseguro e o futuro mais incerto”. Se o nosso olhar, enfatiza, “detém-se apenas na crónica dos acontecimentos, dentro de nós a angústia ganha terreno”, porque ainda hoje, como na passagem do Evangelho, “vemos o sol escurecer e a lua apagar-se, vemos a fome e a carestia que oprimem tantos irmãos e irmãs, vemos os horrores da guerra e a morte de inocentes”. E corremos o risco de “afundarmos no desânimo e de não nos apercebermos da presença de Deus no drama da história. Assim, condenamo-nos à impotência".

Vemos crescer à nossa volta a injustiça que causa a dor dos pobres, mas juntamo-nos à corrente resignada daqueles que, por comodismo ou por preguiça, pensam que “o mundo é assim mesmo” e que “não há nada que eu possa fazer”. Deste modo, até a própria fé cristã é reduzida a uma devoção inócua, que não incomoda os poderes deste mundo e não gera um compromisso concreto de caridade.

A ressurreição de Jesus acende a esperança

Francisco cita a sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium para nos lembrar que, “enquanto crescem as desigualdades e a economia penaliza os mais fracos, enquanto a sociedade se consagra à idolatria do dinheiro e do consumo”, acontece que “os pobres e os excluídos não podem fazer outra coisa senão continuar a esperar”. Mas no quadro apocalíptico que acaba de ser descrito no Evangelho, Jesus “acende a esperança”, descrevendo a chegada do Filho do Homem “com grande poder e glória”, para reunir “os seus eleitos dos quatro ventos”. Assim, ele “alarga o nosso olhar para que aprendamos a perceber, mesmo na precariedade e na dor do mundo, a presença do amor de Deus que se faz próximo, que não nos abandona, que atua para a nossa salvação”. Jesus, lembra o Pontífice, está a apontar “inicialmente para a sua morte que terá lugar pouco depois”, mas também para “o poder da sua ressurreição” que destruirá as cadeias da morte, “e um mundo novo nascerá das ruínas de uma história ferida pelo mal”. Jesus dá-nos essa esperança por meio da bela imagem da figueira: “quando os seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto”.

Do mesmo modo, também nós somos chamados a ler as situações da nossa história terrena: onde parece haver apenas injustiça, dor e pobreza, precisamente naquele momento dramático, o Senhor aproxima-se para nos libertar da escravidão e fazer brilhar a vida.

Olhas nos olhos a pessoa que ajuda?

E isto é feito, explica ele, “com a proximidade cristã, com a nossa fraternidade cristã”.

Não se trata de jogar uma moeda nas mãos de quem precisa. Àquele que dá a esmola, eu pergunto duas coisas: “Tocas as mãos das pessoas ou jogas a moeda sem as tocar? Olhas nos olhos a pessoa que ajuda ou desvias o olhar?”.

Perto do sofrimento dos pobres

Cabe a nós, seus discípulos, continua o Papa Francisco, que graças ao Espírito Santo podemos semear esta esperança no mundo. “Somos nós" - e aqui ele cita a sua Encíclica Fratelli tutti - "que podemos e devemos acender luzes de justiça e de solidariedade, enquanto se adensam as sombras de um mundo fechado".

Somos nós que a sua Graça faz brilhar, é a nossa vida impregnada de compaixão e de caridade que se torna sinal da presença do Senhor, sempre próximo do sofrimento dos pobres, para aliviar as suas feridas e mudar a sua sorte.

Desvio o olhar diante da dor dos outros?

Não esqueçamos, é a invocação do Papa, que a esperança cristã, “que se realizou em Jesus e se concretiza no seu Reino, precisa de nós e do nosso empenho, de uma fé operosa na caridade, de cristãos que não passam para o outro lado do caminho". E aqui ele lembra a imagem de um fotógrafo romano de um casal de adultos saindo de um restaurante, que olhava para o outro lado para não cruzar com o olhar de “uma pobre senhora, deitada no chão, pedindo esmolas”.

Isto acontece todos os dias. Perguntemos a nós mesmos: eu olho para o outro lado quando vejo a pobreza, as necessidades, a dor dos outros?

Francisco cita então um teólogo do século XX, Metz, quando dizia que a fé cristã deve gerar em nós uma “mística de olhos abertos”: “não uma espiritualidade que foge do mundo, mas, pelo contrário, uma fé que abre os olhos aos sofrimentos do mundo e às aflições dos pobres, para exercer a mesma compaixão de Cristo”.

“Eu sinto a mesma compaixão do Senhor diante dos pobres, diante daqueles que não têm trabalho, que não têm o que comer, que são marginalizados pela sociedade?”

Mesmo com o nosso pouco, podemos melhorar a realidade

E, continua o Papa Francisco, “não devemos olhar apenas para os grandes problemas da pobreza mundial, mas para o pouco que todos nós podemos fazer todos os dias".

Com o nosso estilo de vida, com o cuidado e a atenção pelo ambiente em que vivemos, com a procura tenaz da justiça, com a partilha dos nossos bens com os mais pobres, com o engajamento social e político para melhorar a realidade que nos rodeia..

Por favor, não nos esqueçamos dos pobres

Assim, “o nosso pouco será como as primeiras folhas que brotam na figueira: uma antecipação do verão que está próximo”. Concluindo, o Papa recorda uma advertência do cardeal Carlo Maria Martini, quando disse “que devemos ter cuidado ao pensar que existe primeiro a Igreja, já sólida em si mesma, e depois os pobres dos quais escolhemos cuidar. Na realidade, tornamo-nos a Igreja de Jesus na medida em que servimos os pobres, pois somente assim «a Igreja “torna-se” ela mesma, isto é, uma casa aberta a todos, um lugar da compaixão de Deus pela vida de cada homem»”.

Digo-o à Igreja, digo-o aos governos dos Estados e às organizações internacionais, digo-o a todos e a cada um: por favor, não nos esqueçamos dos pobres.

Projeto de caridade pela Síria e almoço com os pobres

Antes da missa, o Papa Francisco abençoou simbolicamente 13 chaves, representando os 13 países nos quais a Famvin Homeless Alliance (FHA), da Família Vicentina, construirá novas casas para pessoas necessitadas com o Projeto “13 Casas” para o Jubileu. Entre esses países está também a Síria, cujas 13 casas serão financiadas diretamente pela Santa Sé como um gesto de caridade para o Ano Santo. Um ato de solidariedade que se tornou possível graças a uma generosa doação da UnipolSai, que desejou entusiasticamente contribuir, no período que antecedeu o Ano Santo, com esse sinal de esperança para uma terra ainda devastada pela guerra.

No final da missa e após a recitação do Angelus, o Papa almoça na Sala Paulo VI junto com 1.300 pessoas pobres. O almoço, organizado pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, é oferecido este ano pela Cruz Vermelha Italiana e animado por sua Fanfarra Nacional. No final do almoço, cada pessoa recebe uma mochila oferecida pelos Padres Vicentinos (Congregação da Missão), contendo alimentos e produtos de higiene pessoal.

Vatican News

domingo, 10 de novembro de 2024

Ao alertar para a tentação da hipocrisia, o Papa exorta a fazermos o bem sem aparecer

 

 Que a Virgem Maria nos ajude a combater a tentação da hipocrisia dentro de nós mesmos – Jesus diz-les: “Hipócritas”, é uma grande tentação a hipocrisia -, e ajude-nos a fazer o bem sem aparecer e a fazê-lo com simplicidade.

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

Hoje o Evangelho da liturgia (cfr. Mc 12,38-44) fala-nos de Jesus que, no templo de Jerusalém, denuncia perante o povo a atitude hipócrita de alguns escribas (crf. vs. 38-40).

A estes últimos era confiado um papel importante na comunidade de Israel: liam, transcreviam e interpretavam as Escrituras. Por isso eram muito considerados e as pessoas prestavam-lhes reverência.

Para além das aparências, no entanto, o seu comportamento muitas vezes não correspondia ao que ensinavam. Alguns, de facto, fortes pelo prestígio e poder de que gozavam, olhavam os outros “de cima para baixo”, faziam pose e, escondendo-se por detrás de uma fachada de falsa respeitabilidade e de legalismo, arrogavam-se privilégios e chegavam até mesmo a cometer verdadeiros furtos em detrimento dos mais fracos, como as viúvas (cfr. v. 40). Em vez de usarem o seu papel para servir os outros, faziam dele um instrumento de prepotência e de manipulação. E acontecia que também a oração, para eles, corria o risco de não ser mais um momento de encontro com o Senhor, mas uma ocasião para ostentar respeitabilidade e falsa piedade, útil para atrair a atenção das pessoas e obter consensos (cfr. ibid.).

Comportavam-se como pessoas corruptas, alimentando um sistema social e religioso em que era normal tirar vantagem à custa dos outros, especialmente dos mais indefesos, cometendo injustiças e garantindo a impunidade.

Destas pessoas Jesus recomenda tomar distância, “ter cuidado” (ver versículo 38) de não imitá-las. Pelo contrário, com a sua palavra e o seu exemplo, como sabemos, ensina coisas muito diferentes sobre a autoridade. Ele fala dela em termos de abnegação e de serviço humilde (cf. Mc 10,42-45), de ternura materna e paterna para com as pessoas (cf. Lc 11,11-13), especialmente em relação às necessitadas (Lc 10,25-37). Convida a quem tem autoridade a olhar para os outros, a partir da sua própria posição de poder, não para humilhá-los, mas para elevá-los, dando-lhes esperança e ajuda.

Então podemos perguntar-nos: como me comporto eu nos meus âmbitos de responsabilidade? Ajo com humildade ou tiro vantagens da minha posição? Sou generoso e respeitoso com as pessoas ou trato-as de forma rude e autoritária? E com os irmãos e as irmãs mais frágeis, estou próximo deles, sei inclinar-me para ajudá-los a levantarem-se?

Que a Virgem Maria nos ajude a combater a tentação da hipocrisia dentro de nós mesmos, a fazer o bem sem aparecer e com simplicidade.

Vatican News

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Papa Francisco: a guerra é o triunfo da mentira, da falsidade

 

Periferia de Beirute

O Santo Padre após o Angelus recordou o drama do Chade, da Espanha, da Terra Santa, Mianmar e Sudão. “A guerra é sempre uma derrota, sempre!”

Silvonei José – Vatican News

Após a oração mariana do Angleus deste 1º de novembro, Festa de Todos os Santos, o Papa Francisco expressou a sua solidariedade com o povo do Chade, especialmente às famílias das vítimas do grave ataque terrorista ocorrido há alguns dias, bem como às pessoas afetadas pelas enchentes.

E em relação a catástrofes ambientais, continuou o Papa, “rezemos pelo povo da Península Ibérica, especialmente pela comunidade valenciana, atingida pela tempestade “DANA”: pelos falecidos e os seus entes queridos, e por todas as famílias prejudicadas. Que o Senhor sustente aqueles que sofrem e aqueles que levam socorro. A nossa solidariedade ao povo de Valência".

Seguidamente, o Papa saudou os participantes na “Corrida dos Santos”, organizada pela Fundação Missões Dom Bosco. “Queridos amigos, - disse - também neste ano vocês lembram-nos que a vida cristã é uma corrida, mas não como corre o mundo, não! É a corrida de um coração que ama! E obrigado pelo vosso apoio à construção de um centro desportivo na Ucrânia".

O Papa então pediu para que rezemos pela martirizada Ucrânia, rezemos pela Palestina, Israel, Líbano, Mianmar, Sudão e por todos os povos que sofrem com as guerras.

“Irmãos e irmãs, a guerra é sempre uma derrota, sempre! E é ignóbil, porque é o triunfo da mentira, da falsidade: busca-se o maior interesse para si mesmo e o maior dano para o adversário, pisando as vidas humanas, o meio ambiente, infraestruturas, tudo; e tudo disfarçado com mentiras. E os inocentes sofrem! Estou a pensar nas 153 mulheres e crianças massacradas nos dias passados em Gaza”.

Francisco então recordou que neste sábado temos a comemoração anual de todos os fiéis defuntos. “Aqueles que podem, nestes dias, vão rezar no túmulo dos seus entes queridos”, pediu. “Eu também irei amanhã de manhã celebrar a missa no Cemitério Laurentino, em Roma. Não devemos esquecer: a Eucaristia é a maior e mais eficaz oração pelas almas dos falecidos".

O Papa concluiu desejando a todos uma boa festa na companhia dos santos. Saudou ainda os jovens da Imaculada que são bons!, acrescentou, pedindo para não nos esquecermos de rezar por ele.
 
Vatican News

 

Papa: percorrer a santidade pela prática das Bem-aventuranças no dia a dia

 

O caminho da santidade, recordou o Papa no Angelus desta sexta-feira, 1º de novembro e Dia de Todos os Santos, começa pelo comprometimento na primeira pessoa em "praticar as Bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo". Tantos santos venerados nos altares como aqueles da "porta ao lado", são "pessoas 'cheias de Deus', incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, 

 

Andressa Collet - Vatican News

Neste 1º de novembro a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos. Na Praça São Pedro, também ponto de partida para a tradicional Corrida dos Santos na sua décima sexta edição com 4 mil atletas, o Papa refletiu no Angelus sobre o Evangelho do dia (cf. Mt 5,1-12) e as Bem-aventuranças proclamadas por Jesus, que são "a carteira de identidade do cristão e o caminho da santidade", aquele feito por amor, "que Ele mesmo percorreu primeiro ao se tornar homem, e que para nós é tanto um dom de Deus quanto a nossa resposta".

O caminho da santidade

É dom de Deus, explicou Francisco, porque, é para Ele "que pedimos que nos faça santos, que torne o nosso coração semelhante ao seu", de modo que em nós, como dizia o Beato Carlo Acutis, "tenha sempre 'menos de mim para dar lugar a Deus'". O que nos leva ao segundo ponto, continuou o Pontífice, a nossa resposta:

 O Pai do céu, de facto, oferece-nos a sua santidade, mas não nos impõe. Ele semeia-a em nós, faz-nos sentir o gosto e ver a beleza, mas depois espera a nossa resposta. Deixa a nós a liberdade de seguir as suas boas inspirações, de nos deixarmos envolver pelos seus projetos, de fazer nossos os seus sentimentos (cf. Dilexit nos, 179), colocando-nos, como Ele nos ensinou, ao serviço dos outros, com uma caridade como sempre mais universal, aberta e dirigida a todos, aberta e dirigida ao mundo inteiro.

Tudo isto vemos na vida dos santos, aprofundou o Papa, ao citar o caminho da santidade feito por "São Maximiliano Kolbe, que em Auschwitz pediu para tomar o lugar de um pai de família condenado à morte; ou em Santa Teresa de Calcutá, que passou a sua existência ao serviço dos mais pobres entre os pobres; ou no bispo São Óscar Romero, assassinado no altar por ter defendido os direitos dos últimos, contra os abusos dos prepotentes". Santos "moldados pelas Bem-aventuranças" que são venerados nos altares, sem esquecer aqueles que ficam sempre "na porta ao lado", "aqueles de todos os dias, escondidos que levam adiante a sua vida cristã quotidiana", "pessoas 'cheias de Deus', incapazes de permanecer indiferentes às necessidades do próximo; testemunhas de caminhos luminosos, possíveis também para nós".

“Perguntemo-nos agora: eu peço a Deus, em oração, o dom de uma vida santa? Deixo-me guiar pelos bons impulsos que o seu Espírito desperta em mim? E comprometo-me na primeira pessoa a praticar as Bem-aventuranças do Evangelho nos ambientes em que vivo?”

Vatican News

domingo, 27 de outubro de 2024

Angelus: caridade é olhar o próximo como fez Jesus, esmola não é beneficência

 

"Quando dás uma esmola, olha nos olhos do mendigo? Toca na mão dele para sentires a sua carne?", questionou o Papa na alocução que precedeu a oração do Angelus, após a missa conclusiva do Sínodo dos Bispos. O Santo Padre refletiu sobre a cura do cego Bartimeu e os elementos essenciais do encontro com Jesus: o grito, a fé e o caminho.

 

Thulio Fonseca - Vatican News

Neste domingo (27/10), após a missa de encerramento do Sínodo dos Bispos na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco dirigiu-se à janela do Palácio Apostólico para o Angelus. Na alocução que precedeu a tradicional oração mariana, dirigida aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro, o Pontífice refletiu novamente sobre o Evangelho do dia (Mc 10,46-52), que relata o encontro de Jesus com Bartimeu, um cego que, ignorado pela multidão, é acolhido por Cristo. Francisco destacou os três aspetos fundamentais desse encontro: o grito do cego, a sua fé e o novo caminho que o leva a seguir Jesus.

O olhar compassivo do Senhor

O Santo Padre iniciou destacando o grito de Bartimeu, aquele mendigo à margem da multidão, que ao clamar a Jesus afirma a sua existência: "Eu existo, olha para mim." Segundo o Papa, este grito não é somente um pedido de ajuda, mas um clamor de identidade, uma afirmação da sua dignidade e necessidade de ser visto e acolhido. "Sim, Jesus vê e ouve o cego mendigo, com os ouvidos do corpo e do coração," explicou Francisco, ao ressaltar o olhar compassivo do Senhor.

O segundo aspeto abordado foi a fé. Ao confiar em Jesus, Bartimeu encontra a cura: "Vai, a tua fé te salvou." O Papa sublinhou que o Senhor observa como Bartimeu olha para Ele e convidou todos a refletir: "Como olho eu para um mendigo? Eu ignoro-o? E olho-o como Jesus? Sou capaz de entender as suas perguntas, o seu grito de ajuda? Quando dás a esmola, olhas nos olhos do mendigo? Tocas na sua mão para sentires sua carne?"

No próximo devemos ver Jesus

Por fim, o terceiro aspeto do encontro é o caminho. Segundo o Pontífice, "cada um de nós também é como Bartimeu, cego por dentro, que segue Jesus assim que nos aproximamos d'Ele", e completou: "Quando te aproximas de um pobre e te faz sentir próximo, é Jesus que se aproxima de ti na pessoa daquele pobre. Por favor, não façamos confusão: a esmola não é beneficência. Aquele que recebe mais graça através da esmola é quem a dá, porque se faz olhar pelos olhos do Senhor."

"Rezemos juntos a Maria, a aurora da salvação, para que guarde o nosso caminho na luz de Cristo", concluiu o Papa Francisco.

Vatican News

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

O SILÊNCIO NA ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO

 

 
 
«É no silêncio que encontramos Deus, e é no silêncio que descobrimos quem realmente somos.» Bento XVI

Parece, por vezes, que temos medo do silêncio perante Deus e às vezes até perante os outros.

Realmente há momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento em que são lidos tantos textos bíblicos ou de reflexão, são feitas tantas orações, são cantados tantos cânticos, que não há espaço para o silêncio, para a interioridade, para a contemplação, para a adoração, para a escuta do que Deus nos quer dizer ao coração.

Claro que os momentos de oração vocal, de cânticos, de textos bíblicos ou de reflexão, são, obviamente, muito importantes, mas, na adoração ao Santíssimo Sacramento, é da maior importância o silêncio.

Estar perante Deus e não se colocar à escuta, não se estar em silêncio gozando aquele momento e não deixar outros fazê-lo também, é uma pena, porque Deus nos fala sempre no silêncio.

Quem não teve já momentos em que, sentado ou passeando em silêncio com uma pessoa amiga, viveu um encontro sem palavras, de uma união perfeita, que encheu o coração?

Se isso acontece com as pessoas amigas, quanto mais não acontecerá no nosso encontro com Deus, em adoração.

“Encher” os momentos de adoração com textos lidos em voz alta, cânticos contínuos e orações sucessivas, acaba por quase nos afastar do centro da adoração, que deve ser também e sempre o nosso encontro pessoal com Cristo.

Cada um, quando vai para um momento de adoração pode levar a sua Bíblia ou um livro de reflexão, e então, nalgum tempo desse momento de adoração, fazer a sua leitura e meditação para si próprio, e essa leitura, iluminada pelo Espírito Santo, é também uma forma de Ele nos falar no silêncio.

Lembremo-nos sempre da frase de Samuel: «Fala, Senhor, que o teu servo escuta!» 1 Sm 3, 10

Como queremos nós escutar Deus se não nos calamos, se não fazemos silêncio exterior e interior?

E como a oração, o silêncio é também um processo de aprendizagem, em que o Espírito Santo nos vai guiando e ajudando a silenciarmos o nosso coração e a nossa mente.

É, por vezes, muito incómodo estarmos num momento de adoração, querermos fazer silêncio, colocarmo-nos à escuta, mas não conseguimos, porque quem orienta lê inúmeros textos, entremeados de cânticos e orações escritas, de tal modo que, a partir de uma certa altura, já nem damos a devida atenção ao que é dito, nem isso nos serve de reflexão.

Rezar o terço em voz alta numa adoração ao Santíssimo?
Sim, com certeza, mas há tantos momentos para o rezar porquê fazê-lo durante uma adoração?
Parece que estamos apenas a preencher tempo!

Obviamente que cada um tem a sua própria espiritualidade, mas quando lemos os mestres da oração, que são sempre verdadeiros adoradores, o silêncio é uma constante nas suas reflexões, porque é no silêncio que se escuta Deus.

É que, muitas vezes, esse modo de preencher os momentos de adoração, poderá ser mais “ruído” do mundo, do que silêncio de Deus.

Façamos muitas vezes e durante bastante tempo silêncio em nós, sobretudo na adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia, e seremos com certeza surpreendidos como Deus fala ao nosso coração, à nossa vida quando a Ele nos entregamos.

«O silêncio é difícil, mas torna o homem capaz de se deixar conduzir por Deus. Do silêncio nasce o silêncio. Por Deus, o silencioso, podemos aceder ao silêncio. E o homem é incessantemente surpreendido pela luz que então resplandece. O silêncio é mais importante do que qualquer outra obra humana, porque exprime Deus. A verdadeira revolução vem do silêncio; conduz-nos para Deus e para os outros para nos colocar humilde e generosamente ao seu serviço.»
Pensamento 68 - A Força do silêncio - Cardeal Robert Sarah


Marinha Grande, 21 de Outubro de 2024
Joaquim Mexia Alves
 

domingo, 20 de outubro de 2024

Papa na Missa com canonizações: “Vence não quem domina, mas quem serve por amor"

 
 
Na Missa presidida pelo Papa Francisco na Praça de São Pedro neste 20 de outubro, foram elevados à honra dos altares os franciscanos Manuel Ruiz López e sete companheiros e os leigos Francisco, Mooti e Raffaele Massabkis, conhecidos como "Mártires de Damasco"; Pe. José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata; Ir. Elena Guerra, conhecida como "Apóstola do Espírito Santo" e a canadense Ir. Marie-Léonie Paradis, fundadora das Pequenas Irmãs da Sagrada Família de Sherbrooke.

Santa Missa e Canonização
HOMILIA DO SANTO PADRE
Praça de São Pedro
XXIX Domingo do Tempo Comum, 20 de outubro de 2024

Jesus pergunta a Tiago e a João: «Que quereis que vos faça?» (Mc 10, 36). E logo a seguir, desafia-os: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?» (Mc 10, 38). Jesus faz perguntas e, deste modo, ajuda-nos a discernir, porque as perguntas fazem-nos descobrir o que está dentro de nós, iluminam o que trazemos no coração. e que tantas vezes não sabemos.

Deixemo-nos interpelar pela Palavra do Senhor. Imaginemos que ele nos pergunta a cada um de nós: «O que queres que faça por ti?»; e a segunda pergunta «podes beber o meu cálice?»

Com estas perguntas, Jesus traz ao de cima o vínculo e as expectativas que os discípulos nutrem para com ele, com as luzes e sombras próprias de qualquer relação. Com efeito, Tiago e João estão ligados a Jesus, mas têm pretensões. Manifestam o desejo de estar perto dele, mas apenas para ocupar um lugar de honra, para desempenhar um papel importante, para “na sua glória, se sentarem um à sua direita e outro à sua esquerda” (cf. Mc 10, 37). Torna-se evidente que pensam em Jesus como Messias, um Messias vitorioso, glorioso e esperam que Ele partilhe a sua glória com eles. Veem em Jesus o Messias, mas pensam nele segundo a lógica do poder.

Jesus não se detém nas palavras dos discípulos, mas vai mais fundo, escuta e lê o coração de cada um deles e também de cada um de nós. E durante o diálogo, por meio de duas perguntas, procura trazer à tona o desejo que existe dentro daqueles pedidos.

Primeiro, pergunta: «Que quereis que vos faça?»; e esta interrogação revela os pensamentos dos seus corações, traz à luz as expectativas escondidas e os sonhos de glória que os discípulos cultivam secretamente. É como se Jesus perguntasse: “Quem queres que eu seja para ti?” E, assim, desmascara o que eles realmente desejam: um Messias poderoso e , um Messias vitorioso que lhes dê um lugar de honra. E tantas vezes na Igreja ocorre esse pensamento: a honra, o poder...

Depois, com a segunda pergunta, Jesus desmente esta imagem de Messias e ajuda-os, deste modo, a mudar de olhar, isto é, a converterem-se: «Podeis beber o cálice que Eu bebo e receber o batismo com que Eu sou batizado?». Revela-lhes, desta maneira, que não é o Messias que eles pensam que é; é o Deus de amor, que se abaixa para chegar aos que estão em baixo; que se faz fraco para levantar os fracos; que trabalha pela paz e não pela guerra; que veio para servir e não para ser servido. O cálice que o Senhor vai beber é a oferta da sua vida, e a sua vida que nos foi dada por amor, até à morte e morte de cruz.

E, portanto, à sua direita e à sua esquerda estarão dois ladrões, suspensos na cruz como Ele e não instalados confortavelmente em lugares de poder; dois ladrões pregados com Cristo na dor e não sentados na glória. O rei crucificado, o justo condenado torna-se escravo de todos: este é verdadeiramente o Filho de Deus! (cf. Mc 15, 39). Vence não quem domina, mas quem serve por amor. Repitamos: vence não quem domina, mas quem serve por amor. É o que nos recorda também a Carta aos Hebreus: «não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele foi provado em tudo como nós» (Heb 4, 15).

Neste momento, Jesus pode ajudar os discípulos a converterem-se, a mudarem de mentalidade: «Sabeis como aqueles que são considerados governantes das nações fazem sentir a sua autoridade sobre elas, e como os grandes exercem o seu poder» (Mc 10, 42). Mas não deve ser assim para aqueles que seguem um Deus que se fez servo a fim de chegar a todos com o seu amor. Quem segue Cristo, se quiser ser grande deve servir, aprendendo d’Ele.

Irmãos e irmãs, Jesus revela os pensamentos,  Jesus revela os pensamentos, revela os desejos e as projeções no nosso coração, desmascarando por vezes as nossas expectativas de glória, domínio, de poder, de vaidade. Ele ajuda-nos a pensar já não segundo os critérios do mundo, mas segundo o estilo de Deus, que se faz último para que os últimos sejam erguidos e se tornem os primeiros. Faz-se último para que os últimos sejam reerguidos e se tornem os primeiros. Muitas vezes, estas perguntas de Jesus, com o seu ensinamento sobre o serviço, são tão incompreensíveis, incompreensíveis para nós como o eram para os discípulos. Porém, seguindo-O, percorrendo os Seus passos e acolhendo o dom do Seu amor que transforma a nossa maneira de pensar, também nós podemos aprender o estilo de Deus o estilo de Deus: o serviço. Não esqueçamos as três palavras que mostram o estilo de Deus para servir: proximidade, compaixão e ternura. Deus se faz próximo para servir; se faz compassivo para servir; se faz terno para servir. Proximidade, compaixão e ternura…

É a isto que devemos aspirar: não ao poder, mas ao serviço. O serviço é o estilo de vida cristão. Não se trata de uma lista de coisas a fazer, como se, uma vez realizadas, pudéssemos considerar terminado o nosso turno. Quem serve com amor não diz: “agora toca a outro”. Este é um pensamento de empregados, não de testemunhas. O serviço nasce do amor e o amor não conhece fronteiras, não faz cálculos, mas gasta-se e dá-se. O amor não se limita a produzir para ter resultados, nem é uma prestação ocasional; é sim algo que nasce do coração, um coração renovado pelo amor e no amor.

Quando aprendemos a servir, cada gesto de atenção e cuidado, cada expressão de ternura, cada obra de misericórdia torna-se um reflexo do amor de Deus. E assim todos nós - e cada um de nós - continuamos a obra de Jesus no mundo.

Nesta luz podemos recordar os discípulos do Evangelho, que hoje são canonizados. Ao longo da história conturbada da humanidade, foram servos fiéis, homens e mulheres que serviram no martírio e na alegria, como o Irmão Manuel Ruiz Lopez e seus companheiros. Trata-se de sacerdotes e consagradas fervorosos, e fervorosos de paixão, da paixão missionária, como o Padre Giuseppe Allamano, a Irmã Paradis Marie Leonie e a Irmã Elena Guerra. Estes novos santos viveram o estilo de Jesus: o serviço. A fé e o apostolado que realizaram não alimentaram neles desejos mundanos e avidez de poder; pelo contrário, eles fizeram-se servidores dos seus irmãos, criativos em fazer o bem, firmes nas dificuldades, generosos até ao fim.

Supliquemos com confiança a sua intercessão, para que também nós possamos seguir Cristo, segui-lo no serviço, e tornarmo-nos testemunhas de esperança para o mundo.

VN

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Papa: repelir os migrantes é pecado grave. A indiferença mata

 
 
A Audiência Geral voltou à Praça de São Pedro, nesta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice dedicou a sua catequese ao drama dos migrantes: que mares e desertos não se tornem cemitérios. 
 

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"Mar e deserto" foi o título da catequese do Papa Francisco desta quarta-feira, 28 de agosto. O Pontífice fez uma pausa no seu ciclo sobre o Espírito Santo para solidarizar-se com as pessoas que – mesmo no momento presente – arriscam em viagens perigosas para viver em paz e segurança noutro lugar.

O pecado do rechaço

Ao falar de mares e desertos, o Papa referiu-se a todas as águas traiçoeiras e territórios inacessíveis e inóspitos: “As atuais rotas migratórias são frequentemente marcadas por travessias que para muitas, demasiadas pessoas, são mortais”, denunciou o Pontífice. Como Bispo de Roma, Francisco concentrou-se no caso emblemático do Mediterrâneo, que se tornou um cemitério.

“E a tragédia é que muitos destes mortos, a maioria, poderiam ter sido salvos. É preciso dizê-lo claramente: há quem trabalhe de forma sistemática e com todos os meios para repelir os migrantes. E isto, quando feito com consciência e responsabilidade, é um pecado grave.”

O órfão, a viúva e o estrangeiro, destacou o Papa, são os pobres por excelência que Deus sempre defende e nos pede para defender.

Mas não só mares, alguns desertos também se tornam cemitérios de migrantes. E citou um dos casos que conheceu pessoalmente, o do camaronês Mbengue Nyimbilo Crepin, conhecido como Pato, cuja mulher Matyla e a filha Marie, de seis anos, morreram de fome e sede no deserto.

 “Na era dos satélites e dos drones, há homens, mulheres e crianças migrantes que ninguém deve ver. Só Deus os vê e ouve o seu clamor. E esta é uma crueldade da nossa civilização."

O Pontífice recordou que o mar e o deserto são também lugares bíblicos repletos de valor simbólico, que testemunham o drama da opressão e da escravatura. E Deus nunca abandona o seu povo: está com eles, sofre, chora e espera com eles. 

“O Senhor está com os nossos migrantes no mare nostrum, o Senhor está com os migrantes, não com quem os rejeita.”

A indiferença mata

Neste cenário mortífero, promover leis mais restritivas e militarizar as fronteiras não são a solução. Em vez disso, é preciso expandir rotas de acesso seguras e regulares, facilitando o refúgio para aqueles que fogem de guerras, violência, perseguições e vários desastres.

Mas não só, necessita-se de uma governação global das migrações baseada na justiça, na fraternidade e na solidariedade, combatendo ao mesmo tempo o tráfico de seres humanos.

Francisco concluiu convidando os fiéis a pensarem nas tragédias migratórias, como nas cidades de Lampedusa e Crotone, e enaltecendo os “bons samaritanos” que fazem tudo para ajudá-los, como os voluntários da associação “Mediterranea Saving Humans”“Estes homens e mulheres corajosos são sinal de uma humanidade que não se deixa contagiar pela má cultura da indiferença e do descarte". 

“O que mata os migrantes é a nossa indiferença e a atitude de descarte.”

Todos os cristãos podem contribuir, acrescentou o Pontífice, ninguém está excluído desta luta de civilização. Há muitos modos, começando pela oração:

“E a vós, pergunto: Rezam pelos migrantes, por quem vem às nossas terras para salvar a vida? E há quem queira expulsá-los.” Por fim, um apelo:

“Queridos irmãos e irmãs, unamos os nossos corações e forças, para que os mares e os desertos não sejam cemitérios, mas espaços onde Deus possa abrir caminhos de liberdade e fraternidade.”

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domingo, 25 de agosto de 2024

Papa no Angelus: não é fácil seguir Jesus, precisamos de estar próximos na oração e humildade

 
 

"Não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir", concordou Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus deste domingo (25/08). O caminho dá-se, orientou o Pontífice, estando mais próximo dele, do Evangelho, recebendo a graça nos Sacramentos, rezando e imitando Jesus na humildade e na caridade: assim "experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem 'palavras de vida eterna'".

 

Andressa Collet - Vatican News

Neste domingo (25/08), de tradicional oração mariana do Angelus com o Papa na Praça de São Pedro, Francisco refletiu sobre o evangelho do dia (Jo 6,60-69) que se refere à famosa resposta de São Pedro, que diz a Jesus: «a quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). "É uma linda resposta e expressão" que testemunha a amizade e a confiança que ligam os discípulos a Cristo, comentou o Pontífice na alocução que precedeu o Angelus.

Pedro, explicou o Papa, pronunciou esta expressão num "momento crítico" e de discurso de Jesus, que muitos não compreenderam e o abandonaram. "Os Doze, porém, não: permaneceram", ponderou Francisco, porque encontraram em Jesus "palavras de vida eterna".

"Não é fácil segui-Lo. No entanto, entre os muitos mestres daquele tempo, Pedro e os outros apóstolos só encontraram nele a resposta à sede de vida, à sede de alegria, à sede de amor que os anima; só graças a Ele experimentaram a plenitude da vida que procuram, além dos limites do pecado e até da morte. Portanto, eles não se vão embora: na verdade, todos, exceto um, apesar de muitas quedas e arrependimentos, permanecerão com Ele até ao fim (ver João 17:12)."

Como seguir o Senhor?

O Papa, então, insiste na explicação da dificuldade de compreender "o que o Mestre diz e faz". As escolhas de Jesus, continua Francisco, "muitas vezes ultrapassam a mentalidade comum":

“Também para nós, de facto, não é fácil seguir o Senhor, compreender o seu modo de agir, fazer nossos os seus critérios e os seus exemplos: para nós não é fácil. Porém, quanto mais estamos próximos dEle - quanto mais aderimos ao seu Evangelho, recebemos a sua graça nos Sacramentos, permanecemos na sua companhia na oração, imitamo-Lo na humildade e na caridade -, mais experimentamos a beleza de tê-lo como Amigo, e percebemos que só Ele tem “palavras de vida eterna”.”

Ao finalizar, o Papa pediu a intercessão de Maria, "que acolheu Jesus, Palavra de Deus, na sua carne", para nos ajudar a ouvir Jesus, começando por questionar como anda a nossa proximidade com Ele:

"Então interroguemo-nos: como está Jesus presente na minha vida? Quanto me deixo tocar e provocar com as suas palavras? Posso dizer que também são para mim -'palavras de vida eterna? A ti, irmão, irmã, eu pergunto: as palavras de Jesus são para ti - também para mim - palavras de vida eterna?"

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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Papa: que o "mau cheiro" do nosso pecado não impeça de espalhar o "bom perfume" de Cristo

 
 
O "Espírito Santo no Batismo de Jesus" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na Sala Paulo VI. Ao ser ungido com o Espírito de Deus, Cristo concede a todos os cristãos a tarefa de espalhar o seu "bom perfume" no mundo e não o "mau cheiro" do próprio pecado.

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A Sala Paulo VI acolheu milhares de fiéis e peregrinos para a Audiência Geral desta quarta-feira, 21 de agosto. O Papa deu continuidade ao ciclo de catequeses acerca do Espírito e da Esposa, meditando sobre como o Espírito Santo desceu em forma de pomba quando Jesus foi batizado por João, e dali se espalhou pelo Seu Corpo, que é a Igreja.

“Toda a Trindade reuniu-se naquele momento nas margens do Jordão!”, comentou Francisco. O batismo de Jesus foi tão importante, que todos os evangelistas falaram sobre ele. E a importância reside no facto de, naquele episódio, Deus Pai ungiu Jesus com o Seu Espírito, isto é, consagrou Jesus como Rei, Profeta e Sacerdote.

Na verdade, Jesus estava repleto de Espírito Santo desde o momento da Encarnação, mas no Batismo recebe a unção com o Espírito para a sua missão. Essa missão o Senhor comunica-a à Igreja, o Seu Corpo místico, e assim tornamo-nos um povo sacerdotal, profético e régio. A imagem da unção com o Espírito remete-nos ao Sacramento da Confirmação, no qual fomos ungidos com o óleo perfumado do Crisma e recebemos o dom do Espírito para a missão, para espalhar pelo mundo o bom odor de Cristo.

"A unção perfuma-nos e também uma pessoa que viva com alegria a sua unção perfuma a Igreja, perfuma a comunidade, perfuma a família com este perfume espiritual", acrescentou Francisco. O Papa então fez uma ressalva:

"Sabemos que, infelizmente, por vezes os cristãos não espalham o perfume de Cristo, mas sim o mau cheiro do seu próprio pecado. E jamais nos esqueçamos: o pecado afasta-nos de Jesus, o pecado torna o óleo mau. E o diabo, não se esqueçam disto, normalmente o diabo entra pelo bolso. Fiquem atentos."

Isto, porém, não nos deve distrair do compromisso de realizar, tanto quanto pudermos e cada um no seu ambiente, esta sublime vocação de ser o bom perfume de Cristo no mundo. O perfume de Cristo é libertado do “fruto do Espírito”, que é “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gal 5,22).

"Foi o que disse Paulo e é belo encontrar uma pessoa que tenha essas virtudes. (...) É belo encontrar uma pessoa boa, uma pessoa fiel, uma pessoa mansa, que não seja orgulhosa. Se nos esforçarmos por cultivar este fruto, então, antes que nos apercebamos, alguém sentirá um pouco da fragrância do Espírito de Cristo à nossa volta. Peçamos ao Espírito Santo que nos faça ungidos mais conscientes, ungidos por Ele", concluiu o Pontífice.

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domingo, 18 de agosto de 2024

Francisco: continuemos a rezar para que se abram caminhos de paz

 

 Refugiados palestinos em Khan Yunis  (AFP or licensors) 

O Papa voltou a fazer um apelo pela paz na Palestina, Israel, na martirizada Ucrânia, em Mianmar, e em todas as zonas de guerra. Francisco pediu um “compromisso de diálogo e negociação, abstendo-se de ações e reações violentas”. O Pontífice recordou também a beatificação de três missionários xaverianos e de um sacerdote congolês diocesano, mortos na República Democrática do Congo, em 1964.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Após a oração mariana do Angelus deste domingo (18/08), o Papa Francisco recordou a beatificação, na República Democrática do Congo, de três missionários xaverianos italianos e um sacerdote diocesano congolês, mortos em 28 de novembro de 1964.

Trata-se dos sacerdotes Luigi Carrara e Giovanni Didoné, e do religioso Vittorio Faccin, do padre diocesano Albert Joubert.

O seu martírio foi a coroação de uma vida dedicada ao Senhor e aos irmãos e irmãs. Que o eu exemplo e a sua intercessão favoreçam caminhos de reconciliação e paz para o bem do povo congolês.

O Papa pediu aos fiéis um aplauso para os novos beatos. A. seguir, disse:

Continuemos a rezar para que se abram caminhos de paz no Médio Oriente, Palestina, Israel, bem como na martirizada Ucrânia, em Mianmar e em todas as zonas de guerra, com o compromisso de diálogo e negociação e abstenção de ações e reações violentas.

Depois, Francisco saudou os fiéis de Roma e os peregrinos que vieram de outras partes da Itália e de vários países.

O Papa recordou as mulheres e as jovens reunidas no Santuário Mariano de Piekary Šląskie, na Polõnia, e encorajou-as “a dar um alegre testemunho do Evangelho na família e na sociedade”.

Por fim, o Papa saudou os jovens da Imaculada e pediu a todos para não se esquecerem de rezar por ele.

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O Papa no Angelus: a Eucaristia é necessária a todos nós

 
Francisco iniciou a alocução que precedeu a oração mariana do Angelus, com as palavras ditas com simplicidade por Jesus: “Eu sou o pão vivo, descido do céu”. “O pão celestial, que vem do Pai, é o Filho que se fez carne por nós. Esse alimento é mais do que necessário para nós, porque sacia a fome de esperança, a fome de verdade, a fome de salvação que todos nós sentimos, não no estômago, mas no coração”, frisou o Papa.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (18/08), com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

O Pontífice iniciou a alocução, que precedeu a oração, com as palavras ditas com simplicidade por Jesus: “Eu sou o pão vivo, descido do céu”.

“Diante da multidão, o Filho de Deus identifica-se com o alimento mais comum e quotidiano. Entre os que ouvem, alguns começam a discutir: como pode Jesus dar-nos a sua própria carne para comer? Hoje, também fazemos a nós essa pergunta, mas com admiração e gratidão”, disse o Papa, propondo duas atitudes sobre as quais refletir. “Admiração e gratidão diante do milagre da Eucaristia”, sublinhou Francisco.

A primeira atitude é “maravilhar-mo-nos, porque as palavras de Jesus surpreendem-nos. Ainda hoje, Jesus surpreende-nos sempre na nossa vida”.

O pão do céu é um dom que supera todas as expectativas. Quem não entende o estilo de Jesus permanece desconfiado: parece impossível, até mesmo desumano, comer a carne de outro. Carne e sangue, ao contrário, são a humanidade do Salvador, a sua própria vida oferecida como alimento para a nossa. 

“Isto leva-nos à segunda atitude: a gratidão, porque reconhecemos Jesus ali onde ele se faz presente para nós e connosco. Ele faz-se pão por nós”, sublinhou Francisco, destacando as palavras de Jesus: “Quem come a minha carne permanece em mim e eu nele”.

O Cristo, verdadeiro homem, sabe muito bem que é preciso comer para viver. Mas ele também sabe que isso não é suficiente. Depois de ter multiplicado o pão terreno, Ele prepara um dom ainda maior: Ele mesmo torna-se verdadeira comida e verdadeira bebida. Obrigado, Senhor Jesus!

“O pão celestial, que vem do Pai, é o Filho que se fez carne por nós. Esse alimento é mais do que necessário para nós, porque sacia a fome de esperança, a fome de verdade, a fome de salvação que todos nós sentimos, não no estômago, mas no coração. A Eucaristia é necessária a todos nós”, disse o Papa, acrescentando:

Jesus cuida da maior necessidade: ele salva-nos, alimentando a nossa vida com a sua, para sempre. Graças a Ele, podemos viver em comunhão com Deus e entre nós. O pão vivo e verdadeiro não é, portanto, algo mágico que resolve repentinamente todos os problemas, mas é o próprio Corpo de Cristo, que dá esperança aos pobres e vence a arrogância de quem se empanturra em detrimento deles.

A seguir, convidou todos a se questionarem: “Tenho fome e sede de salvação, não apenas para mim, mas para todos os meus irmãos e irmãs? Quando recebo a Eucaristia, que é o milagre da misericórdia, sou capaz de me maravilhar com o Corpo do Senhor, que morreu e ressuscitou por nós?”

“Rezemos juntos à Virgem Maria para que nos ajude a acolher o dom do céu no sinal do pão”, concluiu o Papa.

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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Papa: Maria precede-nos no caminho rumo à união definitiva com o Senhor

 
 
Nesta quinta-feira, 15 de agosto, dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, o Papa Francisco refletiu durante a oração mariana do Angelus sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel. Segundo o Pontífice, esta é "uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir daquele momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino".

Thulio Fonseca - Vatican News

“Hoje celebramos a Solenidade da Assunção da Virgem Maria e contemplamos a jovem de Nazaré que, assim que recebeu o anúncio do Anjo, partiu em visita à sua prima Isabel.”

Como destacou o Papa Francisco na alocução que precedeu a oração mariana do Angelus nesta quinta-feira, 15 de agosto, a Igreja celebra o mistério da Assunção ao Céu da Mãe de Jesus, uma festa litúrgica.

Maria está sempre a caminho

Ao refletir sobre o Evangelho da liturgia proposto para esta Solenidade (Lc 1,39-56), o Pontífice destacou a expressão “partiu”. Segundo Francisco, isso significa que Maria não considerou um privilégio a notícia que recebeu do Anjo, mas, ao contrário, saiu de casa e se pôs-se a caminho com a pressa de quem deseja anunciar essa alegria aos outros e com a preocupação de se colocar ao serviço da sua prima.

“Esta primeira viagem, na realidade, é uma metáfora de toda a sua vida, pois, a partir daquele momento, Maria estaria sempre em caminho, seguindo Jesus como discípula do Reino. E, no final, a sua peregrinação terrena encerra-se com a Assunção ao Céu, onde, junto ao seu Filho, goza para sempre da alegria da vida eterna.”

“Irmãos e irmãs, não devemos imaginar Maria como uma ‘estátua imóvel de cera’; nela podemos ver uma ‘irmã... com as sandálias gastas... e com tanto cansaço nas veias’, pelo facto de ter caminhado seguindo o Senhor e ao encontro dos irmãos, concluindo então a sua viagem na glória do Céu. Assim, a Virgem Santa é aquela que nos precede no caminho, lembrando a todos nós que também a nossa vida é uma viagem contínua rumo ao horizonte do encontro definitivo."

"Rezemos à Nossa Senhora para que nos ajude a seguir nesta jornada rumo ao encontro com o Senhor", concluiu o Papa Francisco. 

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domingo, 11 de agosto de 2024

Papa: verdadeira fé e oração abrem a mente e o coração, não os fecham

 

++ Il Papa, attacchi e uccisioni mirate non sono soluzione ++  (ANSA)
 

Fechar-se na fortaleza impenetrável das convicções e esquemas rígidos, realizando práticas religiosas que apenas servem para confirmar o que já se pensa, impede um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos e de encontrar verdadeiramente o Senhor", foi o que disse em síntese o Papa Francisco na sua alocução antes de rezar o Angelus neste XIX Domingo do Tempo Comum.
 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Silenciar e colocar-se à escuta de Deus, acolhendo a sua voz para além dos nossos esquemas e superando os medos com a sua ajuda.

Antes de rezar o Angelus com os peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro sob um calor de 36°C, o Papa comentou o Evangelho de João proposto pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum, que fala da reação dos judeus à afirmação de Jesus: “Desci do céu”, "escandalizam-se"!

Eles perguntam, como é possível que um filho de um carpinteiro, cuja mãe e parentes são pessoas comuns, conhecidas, normais, como tantos outros, poderia ter "descido do céu", por outras palavras, de "como Deus poderia manifestar-se de forma tão comum?". E Francisco explica:

Eles estão bloqueados na própria fé, pelo preconceito, bloqueados pelo preconceito em relação às suas origens humildes e também bloqueados pela presunção, portanto, de não terem nada a aprender d’Ele. Os preconceitos e a presunção, quanto mal fazer! Impedem um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos. Estejamos atentos aos preconceitos e à presunção. Eles têm os seus próprios esquemas rígidos e não há espaço nos seus corações para o que não tem a ver com eles, para o que não conseguem catalogar e arquivar nas estantes empoeiradas das suas seguranças.

No entanto - observou o Papa - "são pessoas que observam a lei, dão esmolas, respeitam os jejuns e os momentos de oração". E mesmo Cristo tendo realizado vários milagres, isto "não os ajuda a reconhecer n’Ele o Messias". Por quê?

Porque realizam as suas práticas religiosas não tanto para ouvir o Senhor, mas para encontrar nelas a confirmação do que pensam. São fechados à Palavra do Senhor e procuram uma confirmação para os próprios pensamentos. Isto é demonstrado pelo facto de nem sequer se preocuparem em pedir uma explicação a Jesus: limitam-se a murmurar entre si a respeito dele, como que para se tranquilizarem, uns aos outros, sobre aquilo de que estão convencidos,  e fecham-se, são fechados como que  numa fortaleza impenetrável. E assim não conseguem acreditar. O fechamento do coração, quanto mal faz, quanto mal faz!

E isto - observou o Papa - pode acontecer também a nós, na nossa vida de fé e na nossa oração:

Pode acontecer-nos, isto é, que em vez de ouvirmos verdadeiramente o que o Senhor tem para nos dizer, procuremos d’Ele e dos outros somente uma confirmação daquilo que pensamos, uma confirmação das nossas convicções, dos nossos juízos, que são pré-conceitos. Mas este modo de nos dirigirmos a Deus não nos ajuda a encontrar Deus verdadeiramente, nem a abrir-nos ao dom da sua luz e da sua graça, para crescer no bem, para fazer a sua vontade e para superar os fechamentos e as dificuldades.

“A verdadeira fé e oração, quando são verdadeiras, abrem a mente e o coração, não os fecham. Quando encontras uma pessoa que na mente, na oração, são fechadas, essa fé e essa oração não são verdadeiras.”

Então, o convite do Santo Padre a nos questionarmos:

Na minha vida de fé, sou capaz de realmente fazer silêncio dentro de mim e de me colocar na escuta de Deus? Estou disposto a acolher a sua voz para além dos meus esquemas e superar também, com a sua ajuda, os meus medos?

Que Maria - disse ao concluir - nos ajude a ouvir com fé a voz do Senhor e a fazer com coragem a sua vontade.

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Custódio da Terra Santa convida a rezar pela paz na Solenidade da Assunção

 

Custódio da Terra Santa convida a dedique o dia da Assunção à súplica pela paz

Coincidindo com o apelo de S.B. Card. Pierbattista Pizzaballa, o Custódio da Terra Santa, Fr. Francesco Patton, enviou uma carta aos frades da Custódia com o convite a dedicar o dia da Solenidade da Assunção de Maria, 15 de agosto, à súplica pela paz no Médio Oriente e em todo o mundo.

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Com uma carta dirigida aos frades, o custódio da Terra Santa, frei Francesco Patton, convida a dedicar o dia da Solenidade da Assunção de Maria, 15 de agosto, à súplica pela paz no Médio Oriente e no mundo inteiro.

Sinais de esperança

“Vivemos tempos muito difíceis, em que é particularmente importante rezar pela paz”, começa Patton na carta, na qual indica como um “sinal de esperança” o facto de as partes envolvidas terem concordado em retomar as negociações por um cessar-fogo em Gaza, a libertação de reféns e de presos políticos. Isto, sublinha o custódio, aconteceu “precisamente no dia em que celebramos Maria assunta ao Céu em corpo e alma, sinal de esperança e consolação para nós, peregrinos na terra”.

Oração intensa

Por esse motivo, o frei Patton convida a dedicar as celebrações da Assunção à oração pela paz: “Sabemos – escreve ele, citando o Apocalipse – que quando aparece no Céu o sinal da Mulher que está para dar à luz, aparece também o dragão  infernal que se lança contra os seus filhos, mas é combatido pelas milícias celestes lideradas por S. Miguel Arcanjo".

“Por isso – acrescenta – consideramos ainda mais importante que este dia seja de intensa oração”. Para esta importante jornada, o custódio solicitou e obteve do patriarca latino de Jerusalém a aprovação eclesiástica para a Oração à Virgem. O próprio Patriarca Latino de Jerusalém usará esta fórmula.

O texto da Súplica pela paz à Bem-Aventurada Maria Assunta ao Céu

Gloriosa Mãe de Deus
elevada acima dos coros dos anjos,
rogai por nós com S. Miguel Arcanjo
e com todas as potências angélicas do céu e com todos os santos
ao vosso santíssimo e dileto Filho, Senhor e Mestre.

Obtenha para esta Terra Santa,
para todos os seus filhos e para toda a humanidade
o dom da reconciliação e da paz.

Que a vossa profecia seja cumprida:
os orgulhosos sejam dispersos nos pensamentos dos seus corações;
os poderosos sejam derrubados dos seus tronos, e, finalmente, os humildes sejam elevados;
que os famintos sejam saciados com coisas boas,
os pacificadores sejam reconhecidos como filhos de Deus
e que os mansos recebam o dom da terra.

Que Jesus Cristo, vosso Filho, no-lo conceda, que hoje vos exaltou acima dos coros dos anjos,
vos coroou com o diadema do reino e vos colocou no trono de esplendor eterno.
A Ele sejam dadas honra e glória
por todos os séculos dos séculos. Amém.

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sábado, 10 de agosto de 2024

Pizzaballa: só nos resta rezar, diante de tanto ódio é preciso palavras de paz

 

Invocação do cardeal Pizzaballa pela paz no Médio Oriente, por ocasião da Solenidade da Assunção  (ANSA)

 
O Patriarca Latino de Jerusalém, na mensagem para a Solenidade da Assunção de Maria, fala da guerra no Médio Oriente que continua a causar consternação e sofrimento: "Ódio, rancor e desprezo só aumentam a violência e distanciam a possibilidade de identificar soluções".

 

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O ódio, o ressentimento e o desprezo aumentam a violência e distanciam a possibilidade de encontrar soluções para o conflito no Médio Oriente. O cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, dirige-se aos cristãos da Terra Santa com uma premente mensagem, por ocasião da Solenidade da Assunção, para expressar a dor por uma "guerra terrível" que causou sofrimento e consternação.

“De facto - diz o cardeal - é cada vez mais difícil imaginar uma conclusão para este conflito, cujo impacto na vida das nossas populações é o maior e mais doloroso de sempre”. E é também “cada vez mais difícil encontrar pessoas e instituições com as quais seja possível dialogar sobre o futuro e relações pacíficas”. Este momento presente, é na sua consideração, “misturado com tanta violência e, claro, também com raiva”, parece esmagar a todos.

A oração à Virgem

O olhar do Patriarca Latino volta-se para o 15 de agosto, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, como um dos dias que “pareceria ser importante para dar uma reviravolta no conflito”.

Nesse dia, o pupurado convida os fiéis “para um momento de oração de intercessão pela paz à Santíssima Virgem Assunta ao Céu”, expressando ainda o desejo “que as paróquias, as comunidades religiosas contemplativas e apostólicas, e também os poucos peregrinos presentes entre nós, unam-se no desejo comum de paz que confiamos à Santíssima Virgem”.

"Só nos resta rezar”, é a sua invocação, depois de ter gasto tantas palavras e depois de “ter feito todo o possível para ajudar e estar perto de todos, especialmente daqueles que são mais duramente atingidos”.

É a oração à Virgem da Assunção, “feita de palavras de reconciliação e de paz”, que se opõe “às muitas palavras de ódio, que são pronunciadas com demasiada frequência”, que pode abrir “um vislumbre de luz” para o mundo inteiro.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Catequese do Papa: sem o Espírito Santo a Igreja não pode ir em frente

 

 
Francisco retomou hoje, 7 de agosto, as Audiências Gerais de quarta-feira. Na catequese, o Papa continuou a reflexão sobre a presença do Espírito, começando pelo ato da Criação e passando ao Novo Testamento. "O Espírito Santo é protagonista na Encarnação do Verbo: Maria torna-se Mãe de Cristo e é figura da Igreja". Diante das dificuldades, o Papa convidou a repetir sempre: "Nada é impossível para Deus".
 

Thulio Fonseca – Vatican News

O Papa Francisco, nesta manhã, 07 de agosto, retomou as tradicionais Audiências Gerais, suspensas desde 26 de junho devido à habitual pausa de verão. Com milhares de fiéis e peregrinos presentes na Sala Paulo VI, o Santo Padre deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre "O Espírito e a Esposa. O Espírito Santo conduz o povo de Deus ao encontro de Jesus, nossa esperança", passando da leitura da Criação à do Novo Testamento.

“O tema de hoje é o Espírito Santo na Encarnação do Verbo”, introduziu o Pontífice, dedicando a sua reflexão a Maria, esposa do Espírito e figura da Igreja, que do Espírito recebe a força para anunciar a Palavra de Deus após tê-la acolhido.

Maria concebeu pela ação do Espírito Santo

Francisco parte do dado fundamental da fé, estabelecido pela Igreja no Concílio Ecuménico de Constantinopla do ano 381 que definiu a divindade do Espírito Santo, este artigo entrou na fórmula do “Credo”, recitado em cada Missa: o Filho de Deus “encarnou-se pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se homem”, e completou:

“É, portanto, um facto ecuménico de fé, porque todos os cristãos professam juntos esse mesmo Símbolo de fé. A piedade católica, desde tempos imemoriais, hauriu dela uma das suas orações diárias, o Angelus.”

Maria, esposa do Espírito Santo 

Trata-se do artigo de fé, prosseguiu o Pontífice, "que permite falar de Maria como a Esposa por excelência, que é figura da Igreja". A Lumen gentium, observa o Papa, retoma esse paralelismo entre Maria que gera o Filho "envolvida pelo Espírito Santo" e a Igreja:

“A Igreja que contempla a sua santidade misteriosa e imita a sua caridade, cumprindo fielmente a vontade do Pai, torna-se também, ela própria, mãe, pela fiel recepão da palavra de Deus: efetivamente, pela pregação e pelo Batismo, gera, para vida nova e imortal, os filhos concebidos por ação do Espírito Santo e nascidos de Deus.”

Anunciar Cristo e a sua salvação 

O Papa sublinha que, assim como a Virgem  acolheu primeiro em si Jesus para depois dá-lo à luz, também a Igreja  deve acolher primeiro a Palavra de Deus "para depois dá-la à luz com a vida e a pregação". Como Maria, que perguntou ao anjo que lhe anunciava a maternidade "como é possível isso?", recebendo a resposta "o Espírito Santo descerá sobre ti", assim "também à Igreja, diante de tarefas superiores às suas forças, surge espontaneamente a mesma pergunta":

“Como é possível anunciar Jesus Cristo e a sua salvação a um mundo que parece procurar apenas o bem-estar neste mundo? A resposta ainda é a mesma de então: ‘Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas’ (At 1,8). Sem o Espírito Santo, a Igreja não pode ir em frente, a Igreja não cresce, a Igreja não pode pregar."

"Para Deus nada é impossível"

“E não apenas a Igreja, mas cada batizado, cada um de nós”, enfatizou o Papa, às vezes interroga-se: "como posso enfrentar esta situação?". Ajuda, nestes casos, recordar e repetir para mim mesmo o que o anjo disse à Virgem antes de a deixar: “Para Deus, nada é impossível”, e conclui:

“Irmãos e irmãs, retomemos então também nós, sempre, o nosso caminho com esta reconfortante certeza no coração: "Nada é impossível para Deus". E se nós acreditarmos nisso, faremos milagres. Nada é impossível para Deus.”

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