domingo, 18 de abril de 2021

O Papa no Regina Coeli: não existe um cristianismo à distância

 

O Papa Francisco no Regina Coeli  (Vatican Media)
 

Francisco recordou que o Evangelho deste domingo é caracterizado por três verbos muito concretos, que em certo sentido refletem a nossa vida pessoal e comunitária: olhar, tocar e comer. O Santo Padre voltou à janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça de S. Pedro, de onde rezou com os fiéis a oração do Regina Coeli.

 

Silvonei José - Vatican News

Jesus não é um "fantasma", mas uma Pessoa viva. Ser cristão não é antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado: foi o que disse o Papa Francisco na alocução que precedeu o Regina Coeli, a oração do tempo pascal. Neste 18 de abril, Francisco voltou à janela do Palácio Apostólico com vista para a Praça de S. Pedro de onde rezou com fiéis a oração mariana.

No terceiro domingo da Páscoa, o Santo Padre recordou que voltamos a Jerusalém, ao Cenáculo, como se guiados pelos dois discípulos de Emaús, que tinham escutado com grande emoção as palavras de Jesus no caminho e depois reconheceram-no "no partir do pão". Agora, no Cenáculo, o Cristo ressuscitado aparece no meio do grupo dos discípulos e saúda-os, dizendo: "A paz esteja convosco"!  Mas eles estão assustados – disse o Papa - e acreditam "que veem um fantasma". Então Jesus mostra-lhes as feridas no seu corpo e diz: "Olhem para minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Toquem em mim! E para convencê-los, pede comida a come-a sob os seus olhares atónitos.

Há um detalhe aqui nesta descrição, disse o Papa. O Evangelho diz que os apóstolos, pela grande alegria, ainda não acreditavam.

"Tal era a alegria que eles tinham que não podiam acreditar que era verdade. E um segundo detalhe: eles ficaram atónitos, espantados, espantados porque o encontro com Deus  leva-os sempre ao estupor. Vai além do entusiasmo, além da alegria, é outra experiência. E eles estavam alegres, mas uma alegria que os fazia pensar: mas não, isto não pode ser verdade, não, não pode...(?) assim... É o estupor da presença de Deus. Não se esqueçam deste estado de espírito, que é tão bonito".

Esta página do Evangelho – continuou Francisco - é caracterizada por três verbos muito concretos, que em certo sentido refletem a nossa vida pessoal e comunitária: olhar, tocar e comer. Três ações que podem dar a alegria de um verdadeiro encontro com Jesus vivo:

"Olhem para minhas mãos e meus pés" - diz Jesus. Olhar não é apenas ver, é mais, envolve também intenção, vontade. É por isso que é um dos verbos do amor. Mães e pais olham para os seus filhos; os apaixonados olham um para o outro; um bom médico olha atentamente para o seu paciente... Olhar é um primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação de virar o nosso rosto diante das dificuldades e sofrimentos dos outros. Olhar. Eu vejo ou olho Jesus?".

Seguidamente o Santo Padre falou do segundo verbo, tocar:

“Ao convidar os discípulos a tocá-lo, para constatar que ele não é um fantasma, toque-me, Jesus indica-lhes e também a nós que a relação com Ele e com os nossos irmãos não pode permanecer "à distância", não existe um cristianismo à distância, não existe somente um cristianismo ao nível do olhar. O amor pede para olhar e também a proximidade, pede contacto, a partilha da vida. O bom samaritano não se limitou a olhar para o homem que encontrou meio morto na estrada: inclinou-se, curou as suas feridas, carregou-o no seu cavalo e levou-o para a pousada. E assim com o próprio Jesus: amá-lo significa entrar numa comunhão de vida, uma comunhão com Ele”.

Falando depois do terceiro verbo, comer, disse que o mesmo expressa bem a nossa humanidade na sua mais natural indigência, ou seja, nossa necessidade de nos alimentarmos para poder viver:

“Mas comer, quando o fazemos juntos, em família ou entre amigos, torna-se também uma expressão de amor, de comunhão, de festa... Quantas vezes os Evangelhos mostram-nos Jesus que vive esta dimensão de convivência! Também ressuscitado, com os seus discípulos. Ao ponto de o Banquete eucarístico tornar-se o sinal emblemático da comunidade cristã. Alimentarmo-nos juntos com o corpo de Cristo. Este é o centro da vida cristã”.

O Papa Francisco recordou que esta página do Evangelho diz-nos que Jesus não é um "fantasma", mas uma Pessoa viva, que Jesus quando se aproxima de nós enche-nos de alegria até ao ponto de não acreditarmos e deixa-nos atónitos com aquele estupor que somente a presença de Deus nos dá, porque Jesus é uma pessoa viva.

Ser cristão - continuou o Santo Padre - não é antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é uma relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado: “olhamos para Ele, tocamos n’Ele, alimentamo-nos d’Ele e, transformados pelo Seu Amor, olhamos, tocamos e alimentamos os outros como irmãos e irmãs. Que a Virgem Maria – concluiu - nos ajude a viver esta experiência de graça”.

O Papa na janela do Palácio Apostólico

Nas últimas semanas, a janela do Palácio Apostólico permaneceu fechada em 21 de março e 5 de abril, enquanto a recitação do Angelus em 28 de março, Domingo Ramos na Basílica de S. Pedro, e o Regina Coeli do domingo passado - com o Papa na Igreja do Santo Espírito, in Sássia, para a Festa da Divina Misericórdia - foram conduzidos pelo Santo Padre ao término das duas celebrações.

O primeiro lockdown do ano passado tinha mantido os fiéis distantes da Praça de S. Pedro de 8 de março a 24 de maio, com o Papa conduzindo as orações dominicais transmitidas ao vivo diretamente da Biblioteca do Palácio Apostólico. Depois disso, o Pontífice tinha retornado por alguns meses, até 20 de dezembro, a recitar a oração dominical da janela do seu escritório que dá para a Praça de S. Pedro. Depois, foi suspensa novamente a recitação com os fiéis na Praça até 7 de fevereiro, sendo novamente retomada até 14 de março e, por fim, como mencionado, o último fecho em 21 de março passado.

 

NOTA: Se utilizar o seu TELEMÓVEL e não conseguir aceder ao VIDEO contido nesta página, siga as instruções indicadas AQUI

Vatican News

Sem comentários:

Enviar um comentário