domingo, 17 de outubro de 2021

Angelus: a lógica de Cristo é descer do pedestal para servir

 
 
 No Angelus com milhares de fiéis na Praça de S. Pedro, Francisco explicou a diferença dos verbos emergir e imergir segundo a lógica de Cristo. "A busca do prestígio pessoal pode tornar-se numa doença do espírito", advertiu. 
 

Vatican News

Depois de celebrar a missa na Basílica Vaticana, o Papa Francisco rezou com os fiéis reunidos na Praça de S. Pedro a oração do Angelus.

Comentando o Evangelho deste 29º Domingo do Tempo Comum, o Pontífice destacou dois verbos: emergir e imergir.

Marcos narra que dois dos discípulos, Tiago e João, pedem ao Senhor para sentarem-se ao Seu lado na glória, "como primeiros-ministros", causando indignação aos demais. Jesus então ensina que a verdadeira glória obtém-se, vivendo o batismo que estava para receber em Jerusalém, e não elevando-nos sobre os outros.

A palavra batismo significa “imersão”. Portanto, a glória de Deus é amor que se faz serviço, não poder que busca o domínio.

As ciladas da busca do prestígio pessoal

Emergir, explicou o Papa, expressa aquela mentalidade mundana da qual somos sempre tentados: viver todas as coisas, até mesmo as relações, para alimentar a nossa ambição, para subir os degraus do sucesso. A busca do prestígio pessoal, advertiu, pode tornar-se uma doença do espírito. "Isto na Igreja também acontece", lamentou Francisco: "Quantas vezes, nós cristãos, que deveríamos ser os servidores, procuramos galgar, ir avante." É importante verificar sempre as verdadeiras intenções do coração e interrogar-mo-nos se levamos em frente, um serviço somente para sermos notados e louvados.

A esta lógica mundana, Jesus propõe a sua: em vez de elevarmo-se sobre os demais, descer do pedestal para servir. Em vez de emergir sobre os outros, imergir na vida dos outros. O Papa então citou um programa da televisão italiana que veiculou uma reportagem sobre o serviço da Cáritas para que ninguém fique sem alimento: "Preocuparmonos com a fome dos outros, preocuparmo-nos com as necessidades dos outros. São muitos, muitos os necessitados hoje e mais ainda depois da pandemia. Olhar e abaixar-mo-nos no serviço e não procurar galgar para a própria glória".

Eis então o segundo verbo: imergirmo-nos. Jesus não ficou lá no céu, a olhar-nos do alto, mas abaixou-se para lavar os nossos pés. E pede que façamos o mesmo com os outros, com compaixão.

“Mas nós pensamos com compaixão na fome de tantas pessoas? Quando estamos diante da refeição, há uma graça de Deus, que nós podemos comer. Há pessoas que trabalham e não conseguem ter o alimento suficiente para todo o mês. Pensemos nisto! E imergirmo-nos com compaixão, ter compaixão não é um dado de enciclopédia. Não! São pessoas e eu sinto compaixão por essas pessoas?”

Mas para passar do emergir ao imergir, só o empenho não é suficiente. Mas cada um tem dentro de si a força do batismo, daquela imersão em Jesus que impulsiona a segui-Lo, é um fogo que o Espírito acendeu e que deve ser alimentado.

Francisco então concluiu pedindo a Nossa Senhora que nos ajude a encontrar Jesus. “Ela, mesmo sendo a maior, não procurou emergir, mas foi a humilde serva do Senhor e imergiu-se completamente ao nosso serviço para nos ajudar a encontrar Jesus.”

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