Cardeal Konrad Krajeski pede que todos se associem à iniciativa de oração pela paz, dando lugar ao silêncio.
O
enviado do Papa a Fátima, para o Ato de Consagração da Rússia e da
Ucrânia que vai acontecer esta sexta-feira, disse hoje trazer consigo a
imagem do “povo martirizado” pela guerra. “Esta minha viagem é muito
silenciosa, no âmbito religioso, também um pouco triste, porque estive
na Ucrânia, vi o que ali acontece, portanto, trago esta imagem do povo
martirizado na Ucrânia”, referiu o cardeal Konrad Krajeski, em
declarações à Agência Ecclesia e Renascença, após uma audiência com o
Cardeal-Patriarca de Lisboa.
O
colaborador do Papa vai presidir, em ligação ao Vaticano, à cerimónia de
consagração que tem início às 16h00, na Capelinha das Aparições. “Tudo
isto vem do texto de consagração que o Santo Padre preparou, aí
saberemos tudo. É um texto muito rico, penso que foi redigido na oração.
Não gostaria de o comentar: hoje, no mundo, usamos muitas palavras,
podemos dizer que é um bombardeamento de palavras”, indicou o cardeal
polaco.
D. Konrad Krajewski,
que esteve na Ucrânia para manifestar a solidariedade do Papa, neste mês
de março, sustentou que o “silêncio deve falar, deixemos tudo nas mãos
deste gesto celebrativo, de Consagração, de sexta-feira, para que todo o
mundo se una”. “Todos os bispos do mundo, precisamente no mesmo dia, no
mesmo horário, farão esta consagração ao Imaculado Coração de Maria. E
isto já diz tanto. Penso, assim, que se justifica que mantenha este
silêncio”, acrescentou.
Já D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca
de Lisboa, destacou o simbolismo do ato desta sexta-feira, ligando-o ao
“triste significado” da guerra e do sofrimento humano, com o “perigo que
tudo isto representa”, não só para as vítimas do conflito, mas também
para toda a humanidade. “É tal o tamanho de grandeza negativa do que
acontece na Ucrânia que tem de ser superado por uma grandeza ainda
maior, não só da colaboração de tanta gente, que lá vai ou que lá está e
que ajuda como pode”, referiu.
O
Patriarca de Lisboa falou na importância de pedir a “colaboração do
próprio Deus” para as pessoas de fé, “num lugar tão significativo como é
Fátima, há mais de um século, como resposta aos sofrimentos e tantas
dores que assolam o mundo”.
D.
Manuel Clemente recordou que as aparições aconteceram no contexto da I
Guerra Mundial, passou por “tantos outros conflitos” que se lhe
sucederam. “É um polo que
concentra toda esta vontade de superar os conflitos na sua raiz, que
realmente são os corações humanos”, observou.
O
cardeal comentou a presença da imagem peregrina de Nossa Senhora de
Fátima na Ucrânia recorda uma ligação ao Leste da Europa, “logo desde o
princípio”, como tem sido sublinhado pelos “sucessivos Papas”. “A
consagração, como ato religioso, é algo constante na vida dos cristãos.
Depois, ganha amplitude quando se refere a nações, a povos. Agora é,
mais uma vez, a altura para o fazer, para lembrar que, problemas tão
grandes, para nós religiosos, devem resolver-se na raiz, ou seja, em
Deus”, concluiu.
Ecclesia
Patriarcado de Lisboa
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