Bianca Fraccalvieri - Vatican News
"Dois sonhos”: assim o Papa definiu a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul na Audiência Geral de hoje. Com efeito, a sua recente viagem a África foi o tema de sua catequese.
Aos fiéis presentes na Sala Paulo VI, Francisco recordou um a um cada evento e encontro. Da sua primeira etapa, o Congo, o Pontífice se referiu-se ao país como o pulmão verde de África e segundo no mundo com a Amazónia. Os recursos naturais são ao mesmo tempo fonte de riqueza e de pobreza, de exploração e de guerra. O Congo é como um diamante, disse, mas um diamante ensanguentado pelas contendas e violências que a sua posse motiva.
De modo especial, Francisco recordou o encontro com as vítimas da
violência no Leste do país, um dos mais emocionantes de toda a sua
peregrinação. Para o Papa, os testemunhos que ouviu foram "chocantes",
oriundos de uma região dilacerada pela guerra entre grupos armados,
manobrados por interesses económicos e políticos. Trata-se duma dinâmica
que se verifica também noutras regiões de África, um continente
colonizado, explorado, saqueado.
Outro momento entusiasmante foi o encontro com os jovens e os catequistas congoleses: uma espécie de mergulho no presente projetado para o futuro.
Ecumenismo em ação!
A segunda parte da viagem realizou-se no Sudão do Sul, em Juba; lá
juntaram-se ao Papa o primaz anglicano e arcebispo de Cantuária e o
Moderador Geral da Igreja da Escócia, os chefes de duas Igrejas
historicamente presentes naquela terra.
Era o ponto de chegada de um caminho iniciado há alguns anos, que nos
tinha visto reunidos em Roma, em 2019, com as Autoridades
sul-sudanesas, para assumir o compromisso de superar o conflito e
construir a paz. Infelizmente aquele processo de reconciliação não
avançou e o recém-nascido Sudão do Sul acabou vítima da velha lógica do
poder e da rivalidade, que produz guerra, violências, refugiados e
deslocados internos.
Às autoridades locais, foi feito o convite a virar a página, a levar em frente o Acordo de paz e o Road Map, a dizer decididamente “não” à corrupção e ao tráfico de armas, e “sim” ao encontro e ao diálogo.
O caráter ecuménico da visita ao Sudão do Sul manifestou-se em
particular no momento de oração celebrado com os irmãos Anglicanos e da
Igreja da Escócia. Um ato simbólico contra quem abusa do nome de Deus
para justificar violências e abusos.
Outro momento saliente em Juba foi o encontro com os deslocados, que
são dois milhões dos 11 milhões de habitantes do país. Dois milhões de
pessoas obrigadas a sair de casa em decorrência de conflitos armados. Em
particular, o Papa dirigiu-se às mulheres, que são a força que pode
transformar o país; e encorajou-as todos a serem sementes de um novo Sudão do
Sul, sem violência, reconciliado e pacificado.
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