14 DE
OUTUBRO – Partilha de Expectativas. Apresentação do Programa.
Introdução ao Estudo do Novo Testamento.
21 DE
OUTUBRO – O Mundo Judaico no Tempo de Jesus e de Maria.
28 DE
OUTUBRO– A Vida na Igreja nascente: a expansão do Cristianismo
pelo mundo; o Concílio de Jerusalém; a hostilidade do mundo em geral
(comunidade judaica e sociedade romana; a defesa da verdade).
4 DE NOVEMBRO– Os
Escritos Paulinos (os escritos neotestamentários mais antigos). “Nascido de uma
mulher” (Primeiros Passos sobre Maria).
11 DE NOVEMBRO – Os
Evangelhos. A Questão Sinótica. O Evangelho segundo São Marcos (o autor, o
destinatário, o texto).
25 DE NOVEMBRO – O
Evangelho segundo São Marcos (o primeiro Evangelho redigido e as suas
afirmações acerca de Maria).
2 DE
DEZEMBRO– O Evangelho segundo São Mateus (a autoria, o
destinatário, o texto);
9 DE
DEZEMBRO – O Evangelho segundo São Mateus (Maria e a novidade
de um Evangelho de Infância; edificação do Reino por palavras e obras; a Paixão
e os relatos pascais; envio dos discípulos);
16 DE
DEZEMBRO – A Obra Lucana (a autoria, o destinatário, o texto;
o Evangelho de Infância e o papel proeminente de Maria);
27 DE JANEIRO – O Apocalipse - a resposta a um contexto histórico; a
simbologia; as Cartas às Sete Igrejas; as Visões Proféticas (Maria e a mulher
do Apocalipse; o Epílogo).
3 DE FEVEREIRO– Alguns aspetos históricos e dogmáticos
sobre a presença de Maria na Igreja. Balanço final.
Jovens da Ação Católica Italiana soltaram balões na Praça São Pedro, como sinal de esperança
(Vatican Media)
Os longos anos de
caminhada podem levar-nos a pensar que conhecemos bem o Senhor, e assim fecharm-nos às suas novidades e surpresas, fixos nas nossas posições.
Para evitar isto, devemos ter a mente aberta e o coração simples e
humilde: "O Senhor pede uma mente aberta e um coração simples. E quando
uma pessoa tem uma mente aberta, um coração simples, tem a capacidade de
surpreender-se, de maravilhar-se. O Senhor surpreende-nis sempre, é
esta a beleza do encontro com Jesus".
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
“Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade, nos mostre
o caminho para acolher Jesus.” E para acolher as suas novidades,
devemos purificar-nos no "rio da disponibilidade e em muitos banhos
saudáveis de humildade."
A reflexão do Papa Francisco no Angelus deste IV Domingo do
Tempo Comum versa sobre o acolhimento a Deus e aos seus desígnios, e parte do
Evangelho de Lucas proposto pela Liturgia do dia, que “narra a primeira
pregação de Jesus na sua cidade, Nazaré”, e "o êxito foi amargo",
encontra "incompreensão e também hostilidade".
De facto, "os seus conterrâneos, mais do que uma palavra de verdade –
começa Francisco por explicar aos fiéis reunidos na Praça de S. Pedro -
queriam milagres, sinais prodigiosos”. Mas “o Senhor não realiza nenhum e
eles rejeitam-no, dizendo que já o conhecem desde criança, que é o
filho de José, e assim por diante”, o que leva Jesus a pronunciar a
célebre frase: "Nenhum profeta é bem recebido na sua terra".
Deus não coloca freios no seu amor
Mas se Jesus, conhecendo o coração dos conhecidos e sabendo do risco de ser rejeitado que corria, por ter ido pregar na sua cidade
assim mesmo? - pergunta o Papa -, ”porque fazer o bem a pessoas que não
estão dispostas a te acolher?”:
Esta é uma pergunta que também muitas vezes nos fazemos. Mas é
uma pergunta que nos ajuda a compreender melhor Deus: Ele, diante dos nossos fechamentos, não retrocede: não coloca freios no seu amor. Vemos
um reflexo disto naqueles pais que têm consciência da ingratidão dos seus
filhos, mas nem por isso deixam de amá-los e de fazer-lhes o bem. Deus é
assim, mas num nível muito mais elevado. E hoje ele convida-nos também a acreditar no bem, a não deixar de fazer o bem.
Humildade e disponibilidade
“Eles não foram acolhedores, e nós?”. A hostilidade em relação a
Jesus – observou Francisco - também nos provoca. E para ilustrar os
“modelos do acolhimento que Jesus propõe hoje aos seus conterrâneos e a nós”,
volta o seu pensamento para os dois livros dos Reis, que falam de dois
estrangeiros – a viúva de Sarepta de Sidónia e Naamã, o sírio – que
acolhem Elias – “apesar da fome e embora o profeta fosse perseguido
político-religioso” e Eliseu – “que o levou a humilhar-se, a banhar-se
sete vezes no rio, como se fosse uma criança ignorante”.
Quer a viúva como Naamã, “acolheram com a sua disponibilidade e
humildade. O modo de acolher Deus é sempre ser disponível, acolhê-Lo e
ser humilde". Ou seja, a fé passa pela “disponibilidade e humildade.
Eles “não rejeitaram os caminhos de Deus e dos seus profetas; foram
dóceis, não rígidos e fechados”:
Irmãos e irmãs, também Jesus percorre o caminho dos profetas:
apresenta-se como não esperávamos. Não o encontra quem procura milagres,
se nós procuramos milagres não encontraremos Jesus, que procura novas
sensações, experiências íntimas, coisas estranhas, não! Quem procura uma
fé feita de poder e sinais externos. Não, não o encontrará. Somente o
encontra, por outro lado, quem aceita os seus caminhos e os seus desafios, sem
lamentações, sem suspeitas, sem críticas e sem cara feia.
Para evitar fechamentos, o Senhor pede mente aberta e coração simples
Assim, Jesus pede-nos para acolhê-Lo na realidade quotidiana, na
Igreja de hoje, nos necessitados, nos problemas na família, nos pais,
nos filhos, nos avós, "acolher Deus ali, onde Ele está, e convida-nos a purificarmo-nos no rio da disponibilidade e em muitos banhos saudáveis
de humildade. É preciso humildade para encontrar Deus, para deixarmo-nos
encontrar por Ele”:
E nós, somos acolhedores ou nos assemelhamos aos seus
conterrâneos, que achavam saber tudo sobre ele? 'Eu estudei
teologia, fiz aquele curso de catequese...eu sei tudo sobre Jesus', como
um "tolo"... Não sejas tolo, tu não conheces Jesus. Quem sabe, depois de
tantos anos de crentes, pensamos tantas vezes conhecer bem o Senhor, com
as nossas ideias e os nossos julgamentos. O risco é de nos
acostumarmos com Jesus, fechando-nos às suas novidades, ao momento em
que Ele bate à porta e te diz uma coisa nova, quer entrar em ti. Nós
devemos sair desse estar fixos nas nossas posições. O Senhor pede uma
mente aberta e um coração simples. E quando uma pessoa tem uma mente
aberta, um coração simples, tem a capacidade de surpreender-se, de
maravilhar-se. O Senhor surpreende-nos sempre, é esta a beleza do
encontro com Jesus".
Que Nossa Senhora, modelo de humildade e disponibilidade - disse ao concluir - mostre-nos o caminho para acolher Jesus.
14 DE
OUTUBRO – Partilha de Expectativas. Apresentação do Programa.
Introdução ao Estudo do Novo Testamento.
21 DE
OUTUBRO – O Mundo Judaico no Tempo de Jesus e de Maria.
28 DE
OUTUBRO– A Vida na Igreja nascente: a expansão do Cristianismo
pelo mundo; o Concílio de Jerusalém; a hostilidade do mundo em geral
(comunidade judaica e sociedade romana; a defesa da verdade).
4 DE NOVEMBRO– Os
Escritos Paulinos (os escritos neotestamentários mais antigos). “Nascido de uma
mulher” (Primeiros Passos sobre Maria).
11 DE NOVEMBRO – Os
Evangelhos. A Questão Sinótica. O Evangelho segundo São Marcos (o autor, o
destinatário, o texto).
25 DE NOVEMBRO – O
Evangelho segundo São Marcos (o primeiro Evangelho redigido e as suas
afirmações acerca de Maria).
2 DE
DEZEMBRO– O Evangelho segundo São Mateus (a autoria, o
destinatário, o texto);
9 DE
DEZEMBRO – O Evangelho segundo São Mateus (Maria e a novidade
de um Evangelho de Infância; edificação do Reino por palavras e obras; a Paixão
e os relatos pascais; envio dos discípulos);
16 DE
DEZEMBRO – A Obra Lucana (a autoria, o destinatário, o texto;
o Evangelho de Infância e o papel proeminente de Maria);
27 DE JANEIRO – O Apocalipse - a resposta a um contexto histórico; a
simbologia; as Cartas às Sete Igrejas; as Visões Proféticas (Maria e a mulher
do Apocalipse; o Epílogo).
3 DE FEVEREIRO– Alguns aspetos históricos e dogmáticos
sobre a presença de Maria na Igreja. Balanço final.
Na Audiência Geral
desta quarta-feira, Francisco convidou os pais, diante dos problemas
dos filhos, a pensarem no Senhor, a pensarem em como José resolveu os
problemas, e a pedirem a José que os ajude. "Nunca condenar um filho",
acrescentou o Papa.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
"São José, homem que sonha" foi o tema da catequese do Papa Francisco
na Audiência Geral, desta quarta-feira (26/01), realizada na Sala Paulo
VI.
O Papa explicou que "na Bíblia, como nas culturas dos povos antigos,
os sonhos eram considerados um meio pelo qual Deus se revelava. O sonho
simboliza a vida espiritual de cada um de nós, aquele espaço interior,
em que cada um é chamado a cultivar e a proteger, onde Deus se manifesta e
muitas vezes nos fala".
Segundo o Papa, "devemos dizer que dentro de cada um de nós não
existe apenas a voz de Deus: existem muitas outras vozes. Por exemplo,
as vozes dos nossos medos, experiências passadas, das esperanças; e há
também a voz do maligno que nos quer enganar e confundir. Portanto, é
importante ser capaz de reconhecer a voz de Deus no meio de outras
vozes. José demonstra que sabe cultivar o silêncio necessário e tomar as
decisões justas diante da Palavra que o Senhor lhe dirige
interiormente".
A oração faz nascer em nós a intuição do caminho de saída
Para entender como nos colocarmos diante da revelação de Deus, o Papa
retomou quatro sonhos relatados no Evangelho que têm José como
protagonista.
No primeiro sonho, o anjo ajuda José a resolver o drama que o aflige
ao saber da gravidez de Maria, quando o anjo lhe apareceu em sonho e lhe
disse para não ter medo de receber Maria como esposa. A resposta de
José foi imediata, pois quando acordou fez conforme o Anjo do Senhor lhe tinha mandado.
Muitas vezes a vida coloca-nos diante de situações que não
entendemos e parecem sem solução. Rezar, nesses momentos, significa
deixar que o Senhor nos mostre a coisa certa a ser feita. De facto,
muitas vezes é a oração que faz nascer em nós a intuição do caminho de
saída. Como resolver aquela situação. Queridos irmãos e irmãs, o Senhor
nunca permite um problema sem nos dar também a ajuda necessária para
enfrentá-lo. Ele não nos joga ali no forno sozinhos. Não nos joga no
meio dos animais ferozes. Não. O Senhor quando nos faz ver um problema
ou revela um problema, dá-nos sempre a sua ajuda, a ua presença para sair,
para resolvê-lo.
A coragem de José para enfrentar as dificuldades
O segundo sonho revelador de José ocorre quando a vida do menino
Jesus está em perigo. Ele pegou no menino Jesus e na sua mãe e fugiram para o
Egito e ficaram lá até à morte de Herodes.
Na vida fazemos a experiência de perigos que ameaçam a nossa
existência ou a de quem amamos. Nessas situações, rezar significa
escutar a voz que pode fazer nascer em nós a coragem de José para
enfrentar as dificuldades sem sucumbir.
O medo também precisa da nossa oração
No Egito, José espera de Deus o sinal para poder voltar para casa.
Este é o conteúdo do terceiro sonho. O anjo revela-lhe que aqueles que
queriam matar o menino morreram e ordena a José, partir com Maria e
Jesus e retornar à sua pátria. Mas na viagem de volta, "quando soube que
Arquelau reinava na Judéia, como sucessor de seu pai Herodes, teve medo
de ir para lá". Depois de receber o aviso em sonho, José partiu para a
região da Galileia, e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Esta é a
quarta revelação.
O medo também faz parte da vida e ele também precisa da nossa
oração. Deus não nos promete que não teremos mais medo, mas que, com a sua
ajuda, o medo não será o critério das nossas decisões. José experimenta o
medo, mas Deus também o guia através do medo. O poder da oração ilumina
as situações sombrias.
Os pais diante dos problemas dos filhos
A seguir, o Papa recordou "as muitas pessoas que são esmagadas pelo
peso da vida e não conseguem esperar mais e nem rezar. Que São José as
ajude a abrirem-se ao diálogo com Deus, para reencontrar luz, força e
paz".
Francisco recordou também "os pais diante dos problemas dos filhos.
Filhos doentes, com doenças permanentes. Quanta dor há ali! Pais que veem
orientações sexuais diferentes nos filhos, como lidar com isto, acompanhar os filhos e não se esconderem no comportamento de condenação.
Pais que veem os filhos morrerem por uma doença, e o mais
triste, vemos todos os dias nos jornais, os jovens que fazem travessuras
e morrem em acidentes de carro. Pais que veem os filhos não
prosseguirem na escola, muitos problemas são os dos pais. Pensemos em como
ajudá-los. A esses pais eu digo que não se espantem. Há muita dor,
muita, mas pensem no Senhor, pensem em como José resolveu os problemas e
peçam a José que vos ajude. Nunca condenar um filho".
O Papa recordou as mães que visitam os filhos nas prisões. Uma mãe
diante de um filho que errou e está preso, mas não o deixa sozinho, dá a
cara e o acompanha. Esta coragem de pai e mãe que acompanham sempre o filho.
A oração não é um gesto abstrato ou intimista
O Papa concluiu, dizendo que "a oração nunca é um gesto abstrato ou
intimista, como querem fazer estes movimentos espiritualistas mais
gnósticos do que cristãos, não é isso. A oração está sempre
indissoluvelmente ligada à caridade. Somente quando unimos o amor à
oração, amor pelo filho e pelo próximo, conseguimos compreender as
mensagens do Senhor. José rezava, trabalhava e amava, e por isso recebeu sempre o necessário para enfrentar as provações da vida. Confiemo-nos a
ele e à sua intercessão".
Apelo pela paz na Ucrânia
No final da Audiência Geral, o Papa convidou a rezar pela paz na Ucrânia, e a fazê-lo muitas vezes durante este dia:
Peçamos ao Senhor com insistência para que aquela terra possa ver
florescer a fraternidade e superar feridas, medos e divisões. Que as
orações e súplicas, que hoje se elevam ao Céu, toquem as mentes e os
corações dos responsáveis na terra, para que façam prevalecer o diálogo,
e o bem de todos seja colocado acima dos interesses de parte. Rezemos
pela paz com o Pai Nosso: é a oração dos filhos que se dirigem ao mesmo
Pai, é a oração que nos faz irmãos, é a oração dos irmãos que imploram
reconciliação e concórdia.
Francisco propôs
que a próxima quarta-feira, 26 de janeiro, seja um dia de oração pela
paz. “Faço um forte apelo a todas as pessoas de boa vontade, para que
elevem orações a Deus omnipotente, para que cada ação e iniciativa
política esteja ao serviço da fraternidade humana”, disse o Pontífice no
final da oração do Angelus deste domingo.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
O Papa voltou a manifestar a sua preocupação com as tensões na
Ucrânia, “que ameaçam infligir um novo golpe à paz” no país, colocando
em discussão a segurança da Europa.
“Faço um forte apelo a todas as pessoas de boa vontade, para que
elevem orações a Deus omnipotente, para que cada ação e iniciativa
política esteja ao serviço da fraternidade humana”, disse Francisco,
recordando que quem persegue os próprios fins em detrimento dos demais
despreza a própria vocação do homem, "porque todos fomos criados
irmãos".
Diante deste cenário preocupante, o Pontífice então propôs que a
próxima quarta-feira, 26 de janeiro, seja um dia de oração pela paz.
Diplomacia ativada
As crescentes tensões na fronteira entre Rússia e Ucrânia preocupam
não só o Papa, mas toda a comunidade internacional. A diplomacia está
a multiplicat as reuniões e videoconferências para evitar uma agressão
militar russa, que no momento nega qualquer possibilidade de uma medida
militar real.
No entanto, há mais de 120.000 soldados russos já posicionados na
fronteira ucraniana e no território do Donbass, onde, como em Kiev, os
exercícios estão na ordem do dia. Também prossegue o fluxo de munições e
instrutores militares dos países da OTAN. Um primeiro carregamento de
armas, cerca de 90 toneladas, já chegou sob as ordens do presidente dos EU Joe Biden.
A partir de segunda-feira, os ministros das Relações Exteriores dos
27 países da UE reunir-se-ão por videoconferência com o Secretário de
Estado norte-americano Blinken, que está a retornar das negociações com
Moscovo, em Genebra. Possíveis sanções em caso de invasão estão a set
consideradas. Também estão previstas conversações bilaterais entre o
Reino Unido e a Rússia.
O brasileiro Wanderson Saavedra Correia é instituído Catequista, pelo Papa Francisco
No Domingo da Palavra de Deus, a homilia do Papa foi repleta de
questões sobre a Igreja que somos e que queremos ser. E fez um
apelo: "Apaixonemo-nos pela Sagrada Escritura", que nos leva a Deus e
aos outros. Durante a celebração, Francisco instituiu leitores e
catequistas.
Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Ouvir, rezar e colocar em prática as Sagradas Escrituras: é o que nos pede o Papa Francisco neste Domingo da Palavra de Deus.
Para a ocasião, o Pontífice presidiu à celebração eucarística na
Basílica de S. Pedro, em que pela primeira vez foram instituídos
leitores e catequistas.
Regina de Sousa Silva (no centro) e Wanderson Saavedra Correia (à direita)
No centro da nossa vida está Deus e sua Palavra
Na sua homilia, o Pontífice comentou a primeira Leitura e o Evangelho
deste III Domingo do Tempo Comum, que têm como protagonista a Sagrada
Escritura. Primeiro, o sacerdote Esdras coloca em lugar elevado o livro
da lei de Deus, abre-o e proclama-o diante de todo o povo. Depois, Jesus
lê na frente de todos uma passagem do profeta Isaías.
“Estas duas cenas comunicam-nos uma realidade fundamental: no centro
da vida do povo santo de Deus e do caminho da fé, não estamos nós com as
nossas palavras; no centro, está Deus com a sua Palavra”, observou o
Papa.
A Palavra consola
Jesus encerra a leitura com algo inédito: "Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura" (Lc 4, 21).
A Palavra de Deus já não é uma promessa, explicou o Papa, mas sim,
realizou-se. Em Jesus, fez-Se carne. Mantendo os olhos fixos em Cristo,
Francisco convidou os fiéis a meditar sobre dois aspetos: a Palavra desvenda Deus e a Palavra leva-nos ao homem. Isto é, ao mesmo tempo consola e provoca.
A Palavra consola-nos porque Jesus desvenda o verdadeiro rosto de
Deus, que veio para libertar os pobres e oprimidos. Deus é misericórdia,
é pai e não patrão, não é neutro nem indiferente, mas compromete-se com
a nossa dor, “está sempre presente ali”. “Está próximo e quer cuidar de
nós. Esta é a sua característica: proximidade.”
O Papa então convida os fiéis a interrogarem-se: trazemos no coração
esta imagem libertadora de Deus, compassivo e terno ou O imaginamos como
um juiz rigoroso, um rígido guarda alfandegário da nossa vida? Ou
ainda: Qual é o rosto de Deus que anunciamos na Igreja: o Salvador que
liberta e cura, ou o Temível que esmaga avivando os sentimentos de
culpa?
Para nos convertermos ao verdadeiro Deus, Jesus indica por onde
começar: pela Palavra. Esta liberta-nos dos medos e preconceitos sobre
Ele, derruba os ídolos falsos e traz-nos de volta ao seu rosto
verdadeiro, à sua misericórdia.
“A Palavra de Deus alimenta e renova a fé: voltemos a colocá-la no centro da oração e da vida espiritual!”
A Palavra provoca
A Palavra, acrescentou Francisco, impele-nos a sair de nós mesmos
caminhando ao encontro dos irmãos, como revela Jesus na sinagoga de
Nazaré: Ele é enviado para ir ao encontro dos pobres (que somos todos
nós!) e libertá-los. Jesus revela ainda o culto mais agradável a Deus:
cuidar do próximo. "Devemos voltar a isso. De momento, há na Igreja as
tentações da rigidez, que é uma perversão. Acredita-se que encontrar
Deus é tornarmo-nos mais rígidos, com mais normas... Não é assim. Quando
vemos propostas rígidas, de rigidez, pensemos logo: este é um ídolo, não
é Deus. O nosso Deus não é assim."
“Irmãs e irmãos, a Palavra de Deus transforma-nos, não a rigidez:
esta esconde-nos. E a Palavra de Deus transforma-nos penetrando na alma
como uma espada.”
Se por um lado consola, por outro provoca. Pois não podemos viver
tranquilos quando o preço a pagar por esta tranquilidade é um mundo
dilacerado pela injustiça. Francisco citou a condição de milhares de
migrantes, rejeitados nas fronteiras inclusive por quem faz política “em
nome de Deus”. “Não há nada a fazer” ou “que posso fazer eu?” não são
mais justificativas. Exige que não sejamos indiferentes, mas diligentes,
criativos, proféticos.
A Sagrada Escritura, disse ainda o Papa, não foi dada para nos
entreter, mas para sair ao encontro dos outros e debruçarmo-nos sobre as
suas feridas.
“A Palavra que Se fez carne quer tornar-Se carne em nós.” E o quer no
tempo que vivemos, não num futuro ideal. Francisco propôs então mais uma
questão: queremos imitar Jesus, tornando-nos em ministros de
libertação e consolação para os outros?
Vamo-nos apaixonar pela Sagrada Escritura
Por fim, um pensamento aos leitores e catequistas que foram
instituídos nesta celebração, chamados à tarefa de servir o Evangelho,
anunciá-lo para que a sua consolação chegue a todos.
Esta, aliás, é também a missão de cada um de nós: ser arautos críveis, profetas da Palavra no mundo.
“Por isso, apaixonemo-nos pela Sagrada Escritura, deixemo-nos
interpelar profundamente pela Palavra, que desvenda a novidade de Deus e
leva-nos a amar incansavelmente os outros. Voltemos a colocar a Palavra
de Deus no centro da pastoral e da vida da Igreja! Vamos ouvi-la,
rezá-la e colocá-la em prática.”