Autor do guia de leitura que conduziu o ano da Palavra no Patriarcado de Lisboa, no ano pastoral 2017/18, o padre Ricardo Figueiredo considera que o Domingo da Palavra de Deus, instituído pelo Papa Francisco e que a Igreja celebra neste dia 23 de janeiro, é uma oportunidade para “reconhecer a importância da Palavra de Deus, que tantas vezes fica esquecida”. “Temos de pôr a Palavra de Deus no coração daquilo que são as nossas práticas”, aponta.
Foi
através do Motu Proprio ‘Aperuit illis’, de 30 de setembro de 2019, que
o Papa Francisco estabeleceu que “o III Domingo do Tempo Comum seja
dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. Para o
padre Ricardo Figueiredo, que escreveu o guia de leitura para o ano da
Palavra na diocese, no ano pastoral 2017/18, esta iniciativa do Papa
teve coincidência com o que o Patriarcado de Lisboa tinha vivido. “Na
altura em que foi criado o Domingo da Palavra de Deus, em 2019, em tom
de brincadeira dissemos que o Papa estava atento à Diocese de Lisboa,
que tinha tido o ano da Palavra”, observa o sacerdote, ao Jornal VOZ DA
VERDADE, acrescentando depois que “o Papa teve esta necessidade de
instituir este dia para todo mundo” para se “reconhecer a importância da
Palavra de Deus”. “Fazendo o diagnóstico com seriedade, havia um défice
da Palavra de Deus naquilo que é a vida da Igreja. Muitas vezes,
contamos apenas com os nossos critérios pessoais e não usamos a Palavra
de Deus como aquilo que ilumina a nossa vida cristã, a nossa vida
comunitária, a vida paroquial, a vida diocesana”, alerta o padre
Ricardo.
O Domingo da Palavra de Deus
acontece, a cada ano, “quase no início do ano” civil. “O Papa vem
reconhecer que toda a nossa vida, enquanto Igreja, tem de ser marcada
por esta centralidade da Palavra de Deus. Portanto, foi com grande
alegria que recebi isto. Ter um Domingo da Palavra recorda-nos que tudo
aquilo que é a nossa ação na Igreja, aquilo que é na nossa pregação,
aquilo que é a nossa oração, tem de ser alimentado, fecundado, pela
Palavra de Deus”, deseja.
O lugar onde nasce a fé
O
Patriarcado de Lisboa dedicou então o ano pastoral 2017/18 ao tema
‘Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé’, naquele que foi o
primeiro ano da receção sinodal, após o Sínodo Diocesano 2016. O padre
Ricardo Figueiredo recorda que o tema “tinha sido retirado da
Constituição Sinodal de Lisboa” e foi mesmo “dos mais votados”. “As
prioridades para os quatro anos de receção sinodal foram pontos da
Constituição Sinodal de Lisboa que foram votados e este ponto da Palavra
de Deus foi um dos mais votados nas várias instâncias que foram
consultadas, penso que de forma quase unânime, como uma grande
necessidade que há na nossa diocese – e na Igreja em geral, diria –, de
termos a Palavra de Deus como uma realidade central daquilo que é a
nossa vida cristã. De facto, é reconhecer a importância da Palavra de
Deus, que tantas vezes fica esquecida. Já nem é ler outras coisas, é de
facto vivermos numa sociedade e num ambiente tão rápido, com tanta
oferta digital, com tanto som, com tanta coisa, que a Palavra de Deus,
muitas vezes, pode ser esquecida”, alerta o sacerdote, que nesta próxima
semana faz 32 anos. Neste sentido, para o jovem pároco, esse ano
pastoral na diocese “sinalizou a Palavra de Deus como algo essencial
para a vida cristã”. “O primeiro ponto fundamental é pôr a Palavra de
Deus no coração daquilo que são as nossas práticas, daquilo que é nossa
oração, daquilo que são os nossos critérios pastorais, daquilo que são
as nossas vivências enquanto Igreja. Ser tudo alimentado a partir da
Palavra de Deus e não só da nossa criatividade – ou melhor, a nossa
criatividade ser fecundada pela Palavra de Deus e pelos critérios da
Palavra de Deus”, explica.
Patriarcado de Lisboa
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