domingo, 11 de setembro de 2022

Papa: deixarmo-nos inquietar por quem se afastou, como Deus que sofre quando nos afastamos

 
 
"Recordemo-nos: Deus espera-nos sempre de braços abertos, qualquer que seja a situação da vida em que nos perdemos. Como diz um Salmo, ele não adormece, ele vela sempre  por nós."
 

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Um Deus com coração de pai e mãe, que sofre quando nos distanciamos dele, quando nos perdemos, mas que continuamente vela por nós, espera o nosso retorno para nos ter nos seus braços.

Jesus a fazer a refeição com os pecadores: escândalo para fariseus e escribas, ao mesmo tempo a revelação de que Deus "não exclui ninguém, deseja todos no seu banquete, porque ama a todos como filhos". 

Três parábolas da misericórdia que resumem o coração do Evangelho: Deus é Pai e vem à nossa procura sempre que nos perdemos.

"Inquietação pela falta"

Inspirado no Evangelho de Lucas da liturgia do dia, o Papa convidou os milhares de peregrinos e turistas reunidos na Praça de São Pedro para o Angelus dominical - a também a nós -, a prestar atenção na "inquietação pela falta", aspeto comum aos protagonistas das parábolas: um pastor que procura a ovelha perdida, uma mulher que encontra a moeda perdida e o pai do filho pródigo.

Os três - explicou Francisco - fizessem-se alguns cálculos, poderiam ficar tranquilos: "ao pastor falta uma ovelha, mas tem outras noventa e nove; à mulher uma moeda, mas tem outras nove; e também o Pai tem outro filho, obediente, a quem se dedicar. Por que pensar no outro que se foi, para viver uma vida desregrada?" Mas nos seus corações, "existe uma inquietação por aquilo que falta: a ovelha, a moeda, o filho que se foi embora."

“Quem ama preocupa-se com aqueles que faltam, sente saudades de quem está ausente, procura quem se perdeu, espera por quem se afastou. Porque quer que ninguém se perca.”

Deus sofre quando nos distanciamos d'Ele

Irmãos e irmãs - disse o Papa - Deus é assim:

Ele não fica "tranquilo" se nos afastamos d'Ele, ele sofre, treme no seu íntimo; e sai à nossa procura, até que nos traga de volta nos seus braços. O Senhor não calcula as perdas e os riscos, tem um coração de pai e de mãe, e sofre com a falta dos filhos amados. "Mas por que sofre se este filho é um desgraçado, foi-se embora?" Sofre, sofre. Deus sofre com a nossa distância e, quando nos perdemos, espera o nosso retorno. Recordemo-nos: Deus sempre espera-nos sempre, Deus esp-nos sempre de braços abertos, qualquer que seja a situação de vida em que nos perdemos. Como diz um Salmo, ele não adormece, ele vela sempre por nós.

Rezar e ter compaixão por quem se afastou

Como costuma fazer nas suas reflexões, o Papa faz o convite para olharmos para nós mesmos e nos perguntarmos:

Imitamos o Senhor nisto, ou seja, temos a inquietação pela falta? Temos saudades de quem está ausente, dos que se afastaram da vida cristã? Carregamos essa inquietação interior ou permanecemos calmos e imperturbáveis ​​entre nós? Noutras palavras, quem falta nas nossas comunidades, realmente faz-nos falta ou fazemos de conta e não toca o coração? Quem falta na minha vida, realmente faz falta? Ou estamos bem entre nós, tranquilos  e felizes nos nossos grupos -"não, vou a um grupo apostólico, muito bom...-, sem nutrir compaixão por quem está distante? Não se trata somente de estar “aberto aos outros”, é Evangelho! O pastor da parábola não disse: "Já tenho noventa e nove ovelhas, quem me faz ir procurar a perdida, a perder tempo?" Ao invés disso Ele, foi.

Neste sentido, a exortação a fazermos uma reflexão sobre as nossas relações:

Eu rezo por quem não acredita, por quem está longe, por quem está amargurado? Atraímos os distantes pelo estilo de Deus, este estilo de Deus que é proximidade, compaixão e ternura? O Pai pede que estejamos atentos aos filhos que mais lhe fazem falta. Pensemos em alguém que conhecemos, que está ao nosso lado e que talvez nunca tenham ouvido alguém dizer: “Sabe? Tu és importante para Deus”. "Mas, por favor, eu estou em situação irregular, fiz isto errado, mais aquilo...". Tu és importante para Deus: dizer isto. Tu não o procuras, mas Ele procura-te.

Deixarmo-nos inquietar

Deixemo-nos inquietar, que sejamos homens e mulheres de coração inquieto, deixemo-nos inquietar por estas interrogações e rezemos a Nossa Senhora, mãe que não se cansa de nos procurar e de cuidar de nós, seus filhos.

Vatican News

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