Mariangela Jaguraba - Vatican News
«Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta». Com esta frase de Jesus que fala sobre o profeta, extraída do capítulo 10, versículo 41 do Evangelho de Mateus, o Papa Francisco iniciou a alocução do Angelus do domingo, 2 de julho.
Da janela da residência pontifícia vaticana, o Santo Padre dirigiu-se aos fiéis na Praça de São Pedro e demais partes do mundo, fazendo a seguinte pergunta: "Mas quem é o profeta?"
"Há quem o imagine como uma espécie de mágico que prediz o futuro; esta é uma ideia supersticiosa e o cristão não acredita em superstições, como magia, cartas, horóscopos ou coisas semelhantes. Mas, a propósito, muitos, muitos cristãos procuram que lê as palmas das mãos! Por favor! Outros retratam o profeta apenas como um personagem do passado, que existiu antes de Cristo para preanunciar a sua vinda", disse ainda Francisco, acrescentando que "o próprio Jesus fala hoje da necessidade de acolher os profetas; portanto, eles ainda existem, mas quem são? Quem é o profeta?"
Profeta, irmãos e irmãs, é cada um de nós: de facto, com o Batismo, todos nós recebemos o dom e a missão da profecia. Profeta é aquele que, em virtude do Batismo, ajuda os outros a ler o presente sob a ação do Espírito Santo. É muito importante ler o presente não como uma crónica, mas lê-lo como iluminado e sob a ação do Espírito Santo que ajuda a compreender os projetos de Deus e a corresponder a eles. Por outras palavras, o profeta é aquele que indica aos outros Jesus, que dá testemunho dele, que ajuda a viver o hoje e a construir o amanhã de acordo com os seus desígnios. Portanto, todos nós somos profetas, testemunhas de Jesus «para que a força do Evangelho resplandeça na vida quotidiana, familiar e social».
Segundo o Pontífice, "o profeta é um sinal vivo que indica Deus aos outros, o profeta é um reflexo da luz de Cristo no caminho dos irmãos. Assim, podemo-nos perguntar, cada um de nós: eu, que fui "eleito profeta" no Batismo, falo e, sobretudo, vivo como testemunha de Jesus? Levo um pouco da sua luz na vida de alguém? Eu verifico-ne quanto a isto? Eu onterrogo-me: como está o meu testemunho, como está minha profecia?"
"No Evangelho, o Senhor também pede para acolher os profetas", recordou o Papa. "Por isso, é importante acolher-nos como tais, como portadores de uma mensagem de Deus, cada um segundo o seu status e vocação, e fazê-lo onde vivemos, ou seja, na família, na paróquia, nas comunidades religiosas, nas outras áreas da Igreja e da sociedade. O Espírito distribuiu dons de profecia no santo povo de Deus: por isso é bom ouvir a todos", sublinhou.
Por exemplo, quando se deve tomar uma decisão importante, é bom primeiro rezar, invocar o Espírito, mas depois escutar e dialogar, na confiança de que todos, mesmo o mais pequenino, têm algo importante a dizer, um dom profético para partilhar. Assim se busca a verdade e se difunde um clima de escuta de Deus e dos irmãos, no qual as pessoas não se sentem acolhidas apenas se dizem aquilo que eu gosto, mas se sentem acolhidas e valorizadas como dons pelo que são.
A seguir, Francisco pediu para pensar "em quantos conflitos poderiam ser evitados e resolvidos assim, ouvindo os outros com o desejo sincero de se entender"! Convidou a todos a fazerem as seguintes perguntas individualmente: "Sei acolher os irmãos e irmãs como dons proféticos? Acredito que preciso deles? Escuto-os com respeito, com o desejo de aprender? Porque cada um de nós precisa de aprender com os outros."
"Que Maria, Rainha dos Profetas, nos ajude a ver e acolher o bem que o Espírito semeou nos outros", concluiu.
Vatican News
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