domingo, 23 de julho de 2023

Francisco no Angelus: cultivar os campos da vida sem julgar aquele do vizinho

 
  O Papa, da janela do Palácio Apostólico, junto a uma avó com o seu neto  
 
O Papa aprofunda a reflexão sobre a parábola do trigo e do joio proposta no Evangelho deste domingo (23) antes da oração mariana do Angelus. Ao descrever os três campos da vida que encontramos diariamente - do mundo, do coração e do vizinho -, o Pontífice exortou a procurar a obra de Deus para cultivar o bem em nós mesmos e também nos outros, sem a tentação de frequentes julgamentos e falta de paciência.
 

Andressa Collet - Vatican News

O Papa Francisco, após presidir a missa especial na Basílica de São Pedro pelo III Dia Internacional dos Avós e dos Idosos, quando refletiu em homilia sobre as três histórias simples propostas no Evangelho deste domingo (23), voltou a recordar a parábola do trigo e do joio (cf. Mt 13,24-43) da janela do Palácio Apostólico. Antes da oração mariana do Angelus, o Pontífice aprofundou os diferentes "campos" que encontramos no nosso dia a dia, a começar por aquele do nosso mundo, onde Deus semeia tanto o trigo como o joio, "e por isso o bem e o mal crescem juntos":

"Vemos isto nos noticiários, na sociedade e também na família e na Igreja. E quando junto com o trigo bom vemos as ervas más, temos vontade de arrancá-las imediatamente para fazer uma 'limpeza'. Mas o Senhor hoje adverte-nos que é uma tentação: não se pode criar um mundo perfeito e não se pode fazer o bem destruindo apressadamente o que está errado, porque isso tem efeitos piores: acabamos - como se diz - 'a jogar fora o bebé junto com a água do banho'."

Há, no entanto, alertou o Papa, um segundo campo em que podemos e devemos fazer a limpeza: é o campo do coração, "o único sobre o qual podemos intervir diretamente". Ali também há trigo e joio, disse Francisco, e é de onde se espalham pelo grande campo do mundo:

"Para cultivá-lo (o campo do coração) adequadamente é preciso, por um lado, cuidar constantemente dos delicados brotos do bem e, por outro, identificar e erradicar as ervas daninhas no momento certo. Portanto, vamos olhar para dentro de nós e examinar um pouco o que está a acontecer, o que está a crescer em mim de bom e de mau. Há um belo método para fazer isto: aquilo que se chama exame de consciência, que é ver o que está a acontecer hoje na minha vida, o que atingiu o meu coração e quais as decisões que tomei. E isto serve justamente para verificar, à luz de Deus, onde estão as ervas daninhas e onde está a semente boa."

Mas Francisco ainda propôs a reflexão sobre o campo do vizinho, "das pessoas com as quais nos relacionamos todos os dias e que frequentemente julgamos", já que acaba por ser mais fácil reconhecer o joio delas do que o trigo que cresce. O Papa, finalizou a sua reflexão, então, lembrando que devemos "cultivar os campos da vida" procurando a obra de Deus: 

"Peçamos a graça de saber vê-lo em nós mesmos, mas também nos outros, começando por aqueles que estão próximos. Não se trata de um olhar ingénuo, mas de um olhar crente, porque Deus, agricultor do grande campo do mundo, ama ver o bem e fazê-lo crescer ao ponto de fazer da colheita uma festa! Portanto, ainda hoje podemos fazer a nós mesmos algumas perguntas. Pensando no campo do mundo: consigo vencer a tentação de 'fazer de cada erva um feixe', de limpar o campo dos outros com os meus julgamentos? Depois, pensando no campo do coração: sou honesto ao procurar em mim as plantas más e decidido jogá-las no fogo da misericórdia de Deus? E pensando no campo do vizinho: tenho a sabedoria de ver o que é bom sem me desanimar com as limitações e a lentidão dos outros?"

“Que a Virgem Maria nos ajude a cultivar com paciência o que o Senhor semeia no campo da vida: no meu campo, naquele do vizinho, no campo de todos.”

Vatican News

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