quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Francisco: o perdão é a carícia de Deus a todos nós

 
 
Na Audiência Geral desta quarta-feira, Francisco citou Santa Josefina Bakhita como exemplo de zelo apostólico. "Esta é a carícia que ela nos ensina: humanizar. Humanizar a nós mesmos e humanizar os outros", disse o Papa. "A vida de Santa Bakhita tornou-se uma parábola existencial de perdão", sublinhou.
 

Mariangela Jaguraba - Vatican News

No caminho de catequeses sobre o zelo apostólico, o Papa Francisco convidou, nesta quarta-feira (11/10), na Audiência Geral, a deixarmo-nos "inspirar pelo testemunho de Santa Josefina Bakhita, uma santa sudanesa".

Infelizmente, há meses o Sudão é dilacerado por um terrível conflito armado sobre o qual pouco se fala hoje. Rezemos pelo povo sudanês, para que possa viver em paz! Mas a fama de Santa Bakhita ultrapassou todas as fronteiras e chegou a todos aqueles a quem foi negada identidade e dignidade.

Santa Josefina Bakhita nasceu em Olgossa, em Darfur, "martirizado Darfur", sublinhou o Papa, em 1869. Foi sequestrada aos sete anos e escravizada. "Os seus raptores chamavam-na de “Bakhita”, que significa “afortunada”. Ela passou por oito donos. Os sofrimentos físicos e morais de que foi vítima desde pequena deixaram-na sem identidade. Sofreu crueldades e violências: no seu corpo, tinha mais de cem cicatrizes. Mas ela mesma testemunhou", disse ainda o Papa, citando as seguintes palavras de Santa Bakhita: “Como escrava nunca desesperei, porque sentia uma força misteriosa que me amparava”.

A vocação dos oprimidos é a de libertar 

Segundo Francisco, "muitas vezes a pessoa ferida acaba ferindo; o oprimido facilmente se torna um opressor. Em vez disto, a vocação dos oprimidos é aquela de de se libertarem si mesmos e aos seus opressores, tornando-se restauradores de humanidade. Somente na fraqueza dos oprimidos pode-se revelar a força do amor de Deus que liberta a ambos. Santa Bakhita expressa muito bem esta verdade".

Um dia ela recebeu do seu tutor um pequeno crucifixo e guardou-o como um tesouro. Olhando para o crucifixo, Santa Bakhita "experimenta uma profunda libertação interior porque se sente compreendida e amada e, portanto, capaz de compreender e amar por sua vez". Ela disse: “O amor de Deu acompanhou-me sempre de forma misteriosa... O Senhor me quis tão bem: é preciso querer bem a todos... É preciso ter compaixão!”.

Santa Bakhita ensina-mos a humanizar

Na verdade, compadecer significa querer padecer com as vítimas de tanta desumanidade presente no mundo, como também ter compaixão de quem comete erros e injustiças, não justificando, mas humanizando.

“Esta é a carícia que ela nos ensina: humanizar. Quando entramos na lógica da luta, da divisão entre nós, de sentimentos rmaus, uns contra outros, perdemos humanidade. Muitas vezes pensamos que precisamos de humanidade, de ser mais humanos. Isto é o que nos ensina Santa Bakhita: humanizar, humanizar a nós mesmos e humanizar os outros.”

Santa Bakhita, tornando-se cristã, foi transformada pelas palavras de Cristo que meditava diariamente: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Por isso dizia: “Se Judas tivesse pedido perdão a Jesus, também ele teria encontrado misericórdia”. Segundo o Papa, "a vida de Santa Bakhita tornou-se uma parábola existencial de perdão". "Que bonito dizer de uma pessoa que ela, ele foi capaz de perdoar sempre, sempre. E ela foi capaz de fazer isso sempre. Perdoar, porque depois, seremos perdoados. Não se esqueçam disto O perdão é a carícia de Deus a todos nós", sublinhou.

O perdão liberta

"O perdão tornou-a livre. O perdão recebido primeiro pelo amor misericordioso de Deus e depois o perdão dado fizeram dela uma mulher livre, alegre, capaz de amar. Assim, Bakhita pôde viver o serviço não como uma escravidão, mas como expressão do dom livre de si. Isto é muito importante: feita serva pela força, escolheu então livremente tornar-se serva, carregar nos ombros o fardo dos outros", disse ainda Francisco.

Santa Josefina Bakhita, com o seu exemplo,indica-noa o caminho para finalmente nos libertarmos das nossas escravidões e medos. Ajuda-nos a desmascarar as nossas hipocrisias e os nossos egoísmos, a superar ressentimentos e conflitos, e a encoraja-nos sempre.

"Queridos irmãos e irmãs, o perdão não tira nada, mas acrescenta dignidade à pessoa, faz tirar o olhar de nós mesmos em direção aos outros, para vê-los tão frágeis como nós, mas sempre irmãos e irmãs no Senhor. O perdão é fonte de um zelo que se torna misericórdia e chama a uma santidade humilde e alegre, como a de Santa Bakhita", concluiu o Papa.

Vatican News

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