Jane Nogara - Vatican News
“Para que o discernimento tenha um bom êxito, é preciso uma atitude de vigilância”, partindo deste ponto o Papa Francisco falou na catequese desta quarta-feira (14/12) sobre a importância de sermos humildes e vigilantes. Disse ainda que depois de um percurso de catequeses sobre o discernimento, e aqui recordou que começou com o exemplo de Santo Inácio de Loyola; seguido pelos elementos do discernimento - isto é, a oração, o conhecimento de si, o desejo e o “livro da vida” – pela meditação sobre a desolação e a consolação, que formam a sua “matéria”; chegou-se à confirmação da escolha feita.
A atitude da vigilância
“Nesta altura”, disse o Papa, “considero necessário incluir a atenção a uma atitude essencial, a fim de que não se perca todo o trabalho levado a cabo para discernir o melhor e tomar a boa decisão: a atitude da vigilância”. E explicou que o risco existe e que este risco é que o “desmancha-prazeres”, ou seja, o Maligno, possa arruinar tudo, fazendo-nos voltar ao ponto de partida, aliás, a uma condição ainda pior. Eis porque é indispensável estar vigilante. Acrescentou ainda que esta atitude é fundamental para que “o processo de discernimento tenha bom êxito”. "Vigiar para cuidar do nosso coração e compreender o que se passa dentro". E disse:
Insistindo neste ponto o Papa disse ainda: “Se faltar a vigilância, como dissemos, será muito forte o risco de que tudo se perca. Não se trata de um perigo de ordem psicológica, mas sim espiritual, uma verdadeira cilada do espírito maligno”. E disse que esta cilada ocorre “quando nos sentimos demasiado seguros de nós próprios, quando tudo corre bem, quando as coisas vão ‘às mil maravilhas’”. E dá um exemplo recordando a parábola evangélica ouvida que diz que “o espírito impuro, quando regressa à casa de onde tinha saído, ‘encontra-a vazia, limpa e adornada’ (Mt 12, 44). Tudo está no lugar, tudo está em ordem, mas onde se encontra o dono da casa? Não está presente. Eis o problema!". Ao esclarecer que o dono da casa não está presente diz:
E isto faz com que o espírito maligno aproveite e regresse àquela casa. Advertindo “o Evangelho diz que não regressa sozinho, mas com ‘outros sete espíritos piores do que ele’ (v. 45). Uma companhia de malfeitores, um bando de bandidos".
Presunção e orgulho
Mas como pode acontecer isto? Francisco recorda que o dono da casa “apaixonou-se demasiado pela casa, ou seja, por ele mesmo, e deixou de esperar o Senhor, de aguardar a vinda do Esposo”. "Uma coisa é certa", completou, "tem a ver com o mau orgulho, com a presunção de estar certo, de ser bom, de estar bem".
Concluindo este ponto o Papa adverte com as palavras de Jesus: “A condição daquele homem torna-se pior do que a primeira”. Por fim o Papa recomenda a todos: “Não é suficiente fazer um bom discernimento e uma boa escolha. É preciso permanecer vigilante. Precisamos de permanecer vigilantes, vigiar o coração. Se eu perguntasse a cada um de vós e a mim mesmo: 'o que está a contecer no teu coração?' Talvez não possamos dizer tudo: diríamos uma ou duas coisas, mas não tudo. Vigiar o coração, porque a vigilância é sinal de sabedoria, é acima de tudo sinal de humildade, porque temos medo de cair e a humildade constitui a via mestra da vida cristã"
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